Pietro ajudou a filha a se levantar e a abraçou forte e suspirou. Margarida e Pedro estavam de cabeças baixas, ele abraçava a esposa para consolar e ela tinha vergonha de olhar para a filha. Victoria olhou para eles e para os pais adotivos e correu para as escadas e subiu, saiu dali o mais rápido possível, as lágrimas escorriam pelo seu rosto e naquele momento ela só conseguia chorar e pensar em sua dor de anos. Não foi do jeito que ela esperava ou queria, ela não sabia como agir, ela parou no corredor do hospital, olhou para os lados e correu em direção ao quarto de Heriberto, ele saia do banheiro com ajuda da enfermeira e Bernarda. Ela entrou no quarto chorando e o olhou.
- Tory? O que houve? - Ele a olhou surpreso e preocupado .
Victoria foi até ele e o abraçou forte chorando, soluçava e não conseguia dizer nada, ele a abraçou e beijou a testa dela e acariciou as costas dela.
- Me deixem sozinho com ela! - Falou calmo olhando a mãe e a enfermeira .
Bernarda assentiu e saiu com a enfermeira e encontrou com Pietro e Juan, e um casal desconhecido para ela.
- Cadê ela? - Pietro a olhou.
- No quarto, chorando abraçada ao Heriberto. O que aconteceu? - Perguntou o olhando.
- Senhora Margarida, senhor Pedro, essa é Bernarda, mãe do ex marido da Victoria! - Juan olhou para eles.
- É um prazer senhora! - Margarida a olhou.
- Igualmente! - Bernarda falou confusa.
- Eles são os pais biológicos da Vicky! - Pietro olhou para ela .
- Aí meu Deus! - Colocou a mão na boca surpresa.
Margarida suspirou e abraçou o marido, e Bernarda suspirou e olhou para eles.
[...]
Heriberto ficou abraçado a ela deixando ela chorar e acariciou as costas dela, quando percebeu que ela parava de chorar ele levantou o rosto dela e acariciou.
- Está pronta para me contar o que aconteceu? - A olhou nos olhos.
- Eles...eles existem...- Falou entre soluços e fungou.
- Eles? Eles quem? - Foi com ela até a cama e se sentou.
- Os meus pais biológicos! - Sentou ao lado dele e o abraçou deitando a cabeça em seu peito.
- Sabem quem eles são? - Sorriu a olhando - Isso é bom, você buscou por eles a vida toda.
- Mas, eu nunca...nunquinha ia imaginar que eles...- Chorou mais - Heriberto, eu não sei lidar com isso, eu imaginei tudo de outra maneira, eu não posso.
- Tory, você é forte, sempre foi, tem que seguir sendo forte. - A olhou nos olhos.
- Não...Eu nunca fui forte Heriberto. Você era minha força. Eu te conheço a mais de vinte e cinco anos, você esteve nas minhas piores fases, ao meu lado. - Abaixou a cabeça - Você foi meu melhor amigo!
- E eu estou aqui. Com você, como em todos aqueles momentos, não estou? - Segurou o rosto dela - Victoria, eu sei que tudo está confuso e que você não sabe como agir, mas fugir não é a solução. Vamos ver os prós e contras dessa situação, ok? E no final acharemos uma solução. Tudo bem pra você?
- Está bem. Pode ser...- Sorriu leve o olhando.
- Qual o lado positivo? - Perguntou calmo.
- Bom, acho que...bom, eles estão vivos. - Suspirou e o abraçou.
- Negativo? - Acariciou o braço dela.
- Acho que...eles terem me abandonado! - Falou triste.
- Como eles são? Ricos? - Se ajeitou na cama.
- Não, na verdade é o oposto. Eles são bem humildes! - Se sentou de frente para ele e suspirou.
- A verdade é que você tem que conversar com eles para entender o porquê do abandono, sem essa conversa você não ficará livre desse seu passado. - Segurou a mão dela - Você sabe que eu vou estar aqui com você. Se quiser pode marcar o encontro com eles aqui no meu quarto.
- Faria isso por mim? - O olhou nos olhos e sorriu leve.
- Mulher você não imagina o que eu faria por você! - Sorriu e acariciou o rosto dela.
Victoria sorriu o olhando nos olhos e tocou o rosto dele e se aproximou e o beijou devagar. Heriberto ficou surpreso mas a correspondeu. Foi um beijo calmo,foi um encontro de almas que buscavam matar a saudade, ela tocou o rosto dele e o olhou nos olhos, estavam tão próximos que um sentia a respiração agitada do outro.
- Me...me desculpa! - Se levantou apressada - Eu, eu tenho que ir. Você está bem?
- Eu estou ótimo! - Sorriu - Está nervosa? Calma. Foi só um beijo. Já fizemos coisas bem mais comprometedoras.
- Eu estou com o Heriberto e eu o amo! - Falou atordoada.
- Não quis dizer, Renato? - Perguntou com um sorriso travesso.
- Foi o que eu disse. Eu amo o Renato! - O olhou e secou o rosto .
- Ah, sim, claro que sim! - Sorriu a olhando - Até mais tarde então Tory.
- Para de querer entrar na minha mente! - Saiu apressada e deu de cara com os pais - Eu estou bem. Só preciso de espaço.
- Filha, precisa falar com eles! - Apontou para os dois .
- Agora não, por favor! - Suspirou e olhou para eles - Eu sinto muito, mas agora eu estou tão confusa, eu prometo falar com vocês uma outra hora. Deixe o endereço de vocês com os meus pais, por favor.
Margarida assentiu a olhando e viu ela sair apressada.
[...]
Fernanda estava na sala da mãe com a irmã em seu colo e girava na cadeira da mãe fazendo Amanda gargalhar. Antonieta sorriu e entrou com Pepino que carregava um manequim.
- Oi tia Antonieta e tio Pepy! - Fernanda sorriu - Minha mãe ainda não chegou?
- Não querida, ela ainda não chegou. Deve estar com seu pai ainda! - Antonieta sorriu e foi até ela e beijou a testa dela - Você está sendo uma excelente irmã para a Amanda, e sabe disso né?
- Sim, eu estou tentando! - Suspirou a olhando - Ela sente falta dele.
- Eu acho um absurdo, uma...uma falta de respeito não deixarem a herdeira do hospital ver o dono! - Pepino se aproximou - Porque? Porque? Se eu pego os responsáveis pelo sofrimento da mini princesa eu corto a cabeça deles. - Falou agitado como sempre e tirou a cabeça do manequim.
- Nequim...- Amanda arregalou os olhos assustada.
- Ele está brincando princesa! - Antonieta a pegou e a encheu de beijos.
Fernanda riu e se levantou olhando para Pepino que batia na manequim.
- Bom dia! - Victoria entrou com a feição triste.
- Mãe ..- Fernanda foi até ela e a abraçou forte.
- Meu Deus. Como eu precisava desse abraço minha vida! - A abraçou forte.
- Minha amiga, o que houve? Que cara é essa? - Antonieta se aproximou com Amanda.
- São as enfermeiras? Os médicos? Eu mato Vicky, eu juro que mato minha rainha! - Pepino se aproximou.
- Só você para me fazer rir Pepino! - Falou calma e sorriu leve - Não foram as enfermeiras.
- Então o que houve mãezinha? Foi o papai? Ele está mal de novo? - Fernanda arregalou os olhos .
- Não, seu pai está bem Fer, está se recuperando! - Pegou Amanda e cheirou ela - Depois conversamos.
-A última vez que te vi com essa cara mãe a senhora e o papai estavam se separando! - A olhou preocupada.
Victoria respirou fundo com os olhos marejados e entregou a filha para Antonieta e chorou abaixando a cabeça.