''Eu descobri o que era amar, pelo toque do seu beijo... ''
LANA
Levantei cedo antes de todos, a noite havia sido desastrosa, havia algo estranho acontecendo, algo que eu não poderia ver, pelo menos não por enquanto. Eu podia sentir a estranheza em meu próprio pai, como se apenas para si houvesse um segredo guardado. Arrumei minha bolsa, atravessando nossa sala em direção à porta, eu parei rapidamente, quando sua voz soou tão próxima.
-Lana...
-Pai, acordado tão cedo. -Falei o vendo levantar e seguir em minha direção, de repente, eu o tinha junto a Mario, que praticamente se arrastava para fora do escritório de nossa casa, o que ele estava fazendo ali?
-Mario? Você dormiu aqui? -Perguntei um tanto surpresa, estava longe das oito da manhã ainda, o que também me estranhava já que aquilo não havia sido avisado a mim.
-Não Lana, eu não dormir. Precisamos conversar. -Eu podia sentir o medo em sua voz, à tristeza que praticamente se instalou dentro de mim.
-O que houve? Não estou entendendo mais nada. Papai?
-Eu preciso que você sente querida, temos algo muito serio que precisamos conversar.
-Não! Não vou sentar. Vamos diga, o que está acontecendo aqui? -Gritei um tanto nervosa vendo aquilo, parecia que o mundo estava prestes a desabar, e com ele, minha felicidade.
-Não esconda mais Roberto, é melhor contar de uma vez, não temos como esconder mais isso. -Avancei em direção aos dois exigindo uma explicação, eu não tinha ideia de que todo aquele suspense se tratava, eu só sabia que não era bom.
-Diga-me! Vocês estão me assustando! -As lágrimas logo se fizeram presentes em meus olhos, e o temor claro em seus rostos.
-Lana, eu sinto muito, sinto muito em te dizer que errei e que infelizmente o meu erro foi consequência do que tenho a te dizer minha filha.
-Papai... -Gaguejei.
-Seu pai está falido Lana, ele perdeu tudo. -Mario não perdeu tempo em me dizer o que eu jamais poderia desconfiar. Engoli minhas palavras e me joguei nos braços dele, eu não me importava com fortuna alguma, tudo que me interessava, era sua saúde, como ele estaria com tudo.
-Pai...
-Me perdoe Lana... Perdoe-me filha. -O apertei negando suas palavras com a cabeça. Ele não tinha que me pedir perdão, apenas ele importava ali, mais nada.
-Pare com isso, você é tudo que importa pai, tudo. Podemos conseguir tudo de novo, vamos trabalhar juntos, lutar como sempre fizemos. -Chorei, suas mãos lentamente afastaram meu corpo e seus dedos tocaram com amor minha face.
-Eu tenho uma divida querida, eu preciso pagar, caso contrário....Nossas vidas estarão em perigo.
-Não importa! Mario vai nos ajudar não é querido? Ele pode fazer isso, nos emprestar, não é? -Sussurrei para o homem que eu amava quando nenhuma palavra saiu de sua boca. Soltei os braços de meu pai e agarrei os dele, ele não podia me deixar na mão, não agora.
-Mario, me responda.
-Eu sinto muito. Sinto muito mais eu fui impedido por meu pai. O que tenho não é suficiente para sanar nem mesmo a metade da divida de seu pai, eu fiz o que pude querida, me ajoelhei para meu próprio pai e ele me negou , me ameaçou Lana... -Aquilo era um pesadelo, solucei alto não acreditando naquilo, não poderia ser possível.
-Seu pai não fez isso! Vamos nos casar! Como ele pode se negar a nos ajudar Mario? Como? -Limpe o rosto me afastando dos dois descontrolada, o dinheiro não era importante, porém a vida de meu pai sim.
-Não acabou Lana, eu queria que o mundo ruísse, acabasse para que eu não precisasse te falar isso, despejar mais. -Virei rápido os olhando mais uma vez, eu não suportaria mais.
-Não pode ser. Mario para de enrolar, fale de uma vez!
-Eu tentei todas as possibilidades junto a seu pai, quando me perguntou se algo estava errado, eu menti em não saber. Eu fui ao fundo do posso tentando encontrar uma solução que me fizesse mudar toda essa situação. Eu não tive escolha Lana, não quando meu pai me negou ajuda. Não tivemos alternativa meu amor, você pode até me odiar, mais foi a única solução que encontramos para salvar a vida de seu pai, a sua vida meu amor. -Engoli o nó que se formou em minha garganta, sabendo claramente que as próximas palavras me destruiriam.
-Mario, querido....
-Meu pai me impediu de casar com você Lana. Ele me proibiu de até mesmo tentar ajudar seu pai nisso, caso contrário, ele me deixará na lama, sem absolutamente nada. Eu não posso lutar por você sem me sacrificar meu amor.
-Não! Não! Nosso casamento... Nossa felicidade... -Gritei histérica não aceitando aquilo. Eu havia sonhado com nosso momento certo, por cada ano que se passava. Cada segundo esperando o seu sim. Seus braços me apertaram e com força o agarrei.
-Lana, eu sei que você não pediu por isso minha filha, e eu te peço mais uma vez desculpas pelo que causei, porém eu tive que aceitar a única alternativa que apareceu. O único que apesar de tudo, ofereceu-me ajuda. -Virei vendo meu pai tentando não desabar, como aquilo era possível?
-Salvatore Marshall me estendeu a mão minha filha, eu não tenho como te proteger, assim como Mario que ficou sem alternativas, foi doloroso, mais foi tudo que pudemos estar fazendo para protegê-la querida.
-Salvatore, não, ele não. Papai, por favor, me diga que não aceitou! Diga-me! -Eu sabia bem o quanto aquele homem podia ser, o quanto nada poderia vir de graça de alguém como ele.
-Seu pai não teve escolhas querida, e isso é a pior parte, eu fiz de tudo que estava a meu alcance para evitar isso, porque eu te amo...
-O que você quer dizer? O que mais pode me destruir?
-Ele será o seu marido agora. -Tonteei para trás os vendo me segurar, foi a última visão que pude ter antes de cair e internamente, desejar nunca mais acordar.
SALVATORE
Feliz, essa era a apalavra que descrevia a melhor sensação que meu corpo exalava no momento. Poderia ser uma felicidade baseada em uma quase tragédia, porém nem mesmo o mesmo coração, conseguia ficar calmo com tudo. Lana poderia não me amar, mais eu sabia que com o tempo, eu poderia lutar e estaria fazendo isso por nós. Devagar eu abriria espaço em seu coração, me chegaria e o tomaria para mim, mostrando meu verdadeiro amor.
-Aqui, um closet maior, você sabe, quero novas cortinas e todos os moveis que te mostrei lá em baixo. Fui claro?
-Como água querido Salvatore. Você ainda não me disse por que está redecorando a suíte, trabalho há anos e nunca soube que era um homem de manter segredos, conte-me. -Sorri, eu queria ser discreto, por minha futura noiva que merecia meu respeito principalmente naquele momento.
-Você logo saberá. Bom, eu não vou te atrapalhar mais, preciso resolver outras coisas, bom trabalho.
-Obrigado. -Deixei Tony meu decorador no andar de cima e fui para o andar de baixo. Eu tinha meu advogado junto a Leon e Irina, que parecia com sangue nos olhos com tudo. Eu jamais esconderia meus planos para os dois, e com o apoio deles ou não, eu os queria ali, juntos a mim.
-que bom que desceu, eu precisava que lesse os documentos, devo adicionar um acordo de separação de bens e...
-Não. É comunhão total de bens, ela terá tudo que é meu sem nenhum centavo fora Emanuel. Isso já foi decidido. -Ressaltei o espantando, eu sabia o quanto ele era meu advogado e se preocupava, assim como eu também em deixá-la amparada de todas as formas possíveis.
-Não pode fazer isso Salvatore! Já é um absurdo ter a realização deste bendito casamento apressado, agora vai passar todo o trabalho duro nas mãos daquela mulher? Não seja burro. -Irina gritou me enfurecendo.
-Não vou aceitar que critique minhas decisões Irina, não se tratando de Lana, que será minha futura esposa. Eu amo você, porém você precisa entender que aquela mulher é minha vida, ela terá tudo que eu tenho e que isso fique claro. -Fui duro vendo seu olhar baixar, não era daquela maneira que as coisas deveriam acontecer.
-Tudo bem, eu queria apenas o ajudar, acho melhor eu ir, talvez sua futura esposa não aceite minha presença aqui, melhor eu ir me recolhendo antes que você faça isso a pedido dela.
-Eu jamais faria isso Irina, não com você, que considero muito além do que apenas parte da minha vida.
-Eu tenho minhas duvidas. Licença. -Fechei os olhos a vendo sair com sua bolsa, teríamos um longo tempo pela frente.
-Vamos lá meu caro, apresse-se, você sabe que ela tem apenas ciúmes, isso passa. Lembre-se que teremos um jantar na casa de sua esposa hoje, estou doido para saber como vai acontecer.-Leon sorriu batendo em minhas costas, não seria bem um jantar, seria nosso primeiro contato depois de tudo que havíamos acertado.
-Eu espero que ela não me ache um oportunista por isso.
-Ela vai estranhar o que é óbvio, mais ela verá o que você está fazendo para ajudar a família dela mano, e eu sei que devagar você vai conseguir o que sempre quis. Estou feliz por você Salvatore, sabe que é um irmão para mim. -Assenti recebendo seu abraço com firmeza, eu entendia por completo aquilo.
-Deseje-me sorte, eu vou me casar. -Sorri, o vendo fazer o mesmo enquanto Emanuel trabalhava de seu lugar.
-Toda a sorte do mundo meu irmão, toda ela. -Era tudo que eu precisava.
MARIO
Acalentei o corpo de Lana ainda frio e perdido sobre meus braços. O dia tinha sido desastroso para sua realidade, o que apesar de tudo havia me machucado profundamente. Eu sabia que Salvatore a levaria, assim como me contentava em saber que logo, eu resgataria muito mais que apenas Lana, eu o tiraria tudo. Aceitar o que tinhas proposto tinha sido e continuava sendo difícil, ela estava à beira de um abismo.
-Olha, não esqueça do que eu te disse, não irei a abandonar meu amor, eu jamais faria isso. Ele será seu marido em uma folha de papel apenas, o seu para sempre sou eu. Enquanto estiver lá, eu estarei aqui, tentando encontrarmos uma forma de pagarmos aquele infeliz, nos encontraremos as escondidas, nada vai mudar.
-Não posso acreditar que isso esteja acontecendo, quer vou me casar com aquele... Com aquele homem... -Limpei seus olhos a vendo gaguejar, o que era compreensível a conhecendo tão bem.
-Prometa-me que iremos nos encontrar? Nada vai mudar e você vai confiar em mim para mudar tudo isso.
-Eu prometo, eu amo você Mario... Amo você.
-Eu também querida. -Agarrei seu corpo deixando que suas lágrimas caíssem. Eu não poderia me encontrar mais feliz.
LANA
Tristemente eu assistia a lua brilhar no lindo céu. Eu queria poder ser ela e estar longe dali, esquecer tudo que havia acontecido por todo o dia. Apertei meu corpo, lembrando para mim mesmo a promessa que fiz a minha mãe, que sempre em todas as ocasiões eu estaria cuidando de meu pai, e por ele, eu tinha me dado em sacrifício. Limpei os olhos quando ouvi levemente a porta do escritório abrir, eu sabia que era ele. Virei meu corpo gelando ao vê-lo fechar a porta, eu tinha diante de mim o que a maioria pensaria ser o salvador de minha família, que na verdade, nunca deixaria de ser meu carrasco.
-Boa noite, é muito bom ver você Lana. -Ele falou, pondo sobre a mesa a minha frente, um buquê de tulipas. Era ela, sempre havia sido ele.
Não me peça para sorrir ou agradecer por algo. Estou fazendo isso por meu pai apenas, só isso. Não quero suas flores, suas palavras, não quero absolutamente nada que venha de você. Não espere amor ou uma esposa dos sonhos, não terá nem mesmo minhas palavras Salvatore. -Fui direta e me afastei quando o vi contornar a mesa próxima a mim, era tudo que nos separava.
-Eu entendo que esteja triste e magoada por tudo, eu sinto muito e acredite que estarei fazendo possível para ajudar seu pai com tudo que ele precisa, quero proteger você, com meu coração, e minha alma Lana. Quero que possa sorrir sem se preocupar com o amanhã, que possa ser feliz.
-Isso é impossível, não posso ser feliz sabendo que estou prestes a me casar com outro, um maldito infeliz no qual não tenho nem mesmo afeição. Você não passa de um contratempo, apenas isso. Um psicopata que me persegue e isso só ficou ainda mais claro hoje.
-Eu te amo. -Engoli em seco presa no fundo de seu olhar, havia uma convicção assustadora em seus olhos, uma na qual eu jamais havia sentido tão forte antes, tão necessária ser dita.
-Pois eu odeio você. Absolutamente não sinto nada pela pessoa medíocre que é. Eu jamais irei o perdoar por está fazendo isso comigo, jamais.
-Eu te esperei desde que éramos adolescentes Lana, eu não me importo de esperar mais um milhão de anos até ouvir de seus lábios que me ama. Eu sei que isso vai acontecer, sabe por quê? Porque o amor que tenho aqui dentro, é capaz de tudo por você, se for pra morrer em seu lugar, eu vou, lutar para que seja feliz eu vou! Carregar a porra de todo o mundo nas costas, eu estarei fazendo sem sombra de duvidas, porque eu te amo, e isso nem mesmo que apaguem minha memória vai mudar. -Respirei fundo diante de suas declarações, sem ter forças para revidar aquilo, eu nem mesmo sabia o que dizer. Parei o vendo tirar do bolso uma pequena caixinha, e sem demoras arrancar de dentro um anel.
-Eu o escolhi, especialmente para você. -Não fiz absolutamente nada quando o mesmo segurou minha mão e com delicadeza o colocou em meu dedo. Eu sentia as lágrimas escorreram quando o senti beijar ali e finalizar o que seria meu fim. Salvatore Marshall me possuía.
-Eu amo você, hoje e sempre. -Suas palavras me fizeram tremer e sem mais nada a dizer o vi se afastar e sair do escritório em silêncio, deixando claro, que não havia acabado.