Alessa
— Eu adorei a noite passada, professor! – Digo ao telefone, logo pela manhã, enrolada em minha toalha pois acabei de sair do banho, enquanto ando de um lado ao outro em meu quarto.
— Fico muito contente em saber disso, Alessa. Devo confessar que eu estava morrendo de vontade de fazer isso com você fazia tempo
Ele diz do outro lado da linha e eu me sinto lisonjeada.
— E será que podemos repetir em algum dos próximos dias? – Pergunto ansiosa, mas me contenho.
— Com toda a certeza, sim! – Ele solta o ar. – Eu entro em contato com você.
Diz de forma que me dá a entender que precisa desligar. Eu me adianto.
— Tudo bem, então, professor. Eu preciso ir. – Digo.
— Até logo, Alessa... – Ele diz. — Ah! E veja se me atende da próxima vez! Eu odeio não ser atendido.
— Claro...
Digo e ele mesmo desliga o telefone.
Largo o telefone na cama e vou até o guarda-roupa. Solto a toalha no chão, despindo todo o meu corpo.
Escolhi uma roupa de final de semana, em casa, tranquila.
Coloco um babydoll novo, eu sei que eles são pra dormir, mas eu gosto de usá-los em casa, quando não tenho nada de extremamente importante para fazer.
Desço para a sala com o celular em mãos e disco alguns números. Peço comidas, e compro alguns filmes online.
Papai me mandou um pouco mais de dinheiro ontem de noite, enquanto o professor estava comigo.
Obviamente ele me ligou para confirmar se eu havia recebido o dinheiro e me informou o valor que deveria ter entrado em minha conta para que eu o informasse.
Eu confirmei que recebi, e como meu pai é um bom observador, percebeu que eu estava um pouco agitada.
Menti, dizendo que havia acabado de sair do banho e que estava com frio por não ter posto ainda uma roupa.
Enquanto eu falava com papai por telefone, senti os olhos do professor em cima de mim o tempo todo.
O que fizemos noite passada... eu já necessito de um replay.
Me ensinou técnicas sensacionais para memorização de diversas coisas. Aprendi em algumas horas, o que eu não tinha aprendido em meses de estudo.
O meu sonho é ser uma grandiosa musicista, quero que milhares e milhares de pessoas venham e me assistam tocar.
Quero que meu nome seja gritado e aplaudido mundo a fora. Quero dar autógrafos, tirar fotos, quero ser importante!
Eu sei, eu sei, é bem ambicioso. Mas é uma realização pessoal que eu quero me dar o prazer de realizar. É uma dívida comigo mesma. Eu sei que você me entende!
Pra quem está aí com pensamentos maldosos, eu e o professor apenas falamos e fizemos música.
Ele apareceu, disse aquilo sobre me dar uma lição, mas, era literalmente sobre lição mesmo, lição de aula. Ah! Vocês entenderam muito bem que eu sei!
Nós entramos em minha casa, e , por mais que eu quisesse muito me jogar nos braços dele, eu não fiz nada.
Não sei, ele tem essa cara de mal e esta pinta de, "Sou o ogro, ninguém fala comigo" e blá, blá, blá, mas acho que no fundo, ele não é assim.
É uma situação complicada, vou me abrir com vocês.
O professor Dean, sempre teve essa fama de pegador, e de um ótimo trepador.
Todas as professoras que já ficaram com ele, todas mesmo, disseram a mesma coisa:
"Ele é um pedaço de mal caminho!"
"Ele me deixou toda aberta e super a vontade!"
"Ele me fez ficar sem sentir as pernas"
É até um pouco constrangedor dizer isso para vocês, mas não são relatos meus, e sim, das professoras.
Não sei o que eu esse homem tem ao certo. Mas eu super me faço de inocente quanto ele está por perto. Fica mais interessante, e eu sei que ele percebe isso.
Não é de hoje que eu percebo o jeito que ele me olha. Não sou nada boba.
Não que eu seja uma mulher totalmente dada, mas eu já tive algumas experiências que me fazem contar histórias.
Com o professor não é diferente.
Ele mexe com o meu corpo. Tem me feito sentir níveis de excitação que eu nunca senti antes.
Dessa vocês não sabiam! Hahahahaha!
Sinto muito por não ter contado antes. Queria ter certeza de que é um relacionamento aberto o que temos aqui, e já que eu pude ver que você tem me acompanhado bastante, resolvi contar.
Bom, ainda é de manhã cedo. Fim de semana geralmente eu faço coisas aleatórias. Não tenho algo específico para fazer aos sábados e domingos, então, só me jogo no sofá e por lá eu fico mesmo.
Mas já que eu não pretendo ir na casa de ninguém hoje, acho que vou fazer uma hidratação nas madeixas.
Me levanto num impulso do sofá e corro até o banheiro novamente. Tudo bem que eu acabei de sair de lá, mas é no banheiro onde eu deixo todos os meus produtos de cabelo.
Pego o meu shampoo e o condicionador, máscara capilar e um óleo que eu comprei tem algum tempo. Ele é justamente para essas hidratações mais profundas.
Caminho até a lavanderia e coloco tudo dentro do tanque. Ponho no potinho da máscara de hidratação o óleo que comprei e misturo bem.
Com a cabeça abaixada, dentro do tanque, abro a torneira e deixo a água fria bater em meu couro cabeludo de forma delicada e frequente.
Passo o shampoo e esfrego bem, lavando como se fosse a última vez na minha vida. Tiro com água o shampoo e termino todo o processo de lavagem para deixar somente a máscara.
Passo a máscara e começo a fazer uma massagem capilar, deliciosa. Vi num tutorial no YouTube de como fazer uma excelente massagem capilar em si mesma. Coloco a touca térmica e vou para a cozinha.
Pego do congelador um pacote de pão de queijo semi pronto e os coloco alinhados numa forma de forno.
Ligo o forno e coloco a forma la dentro.
Vou para a sala e pego minha bolsinha de esmaltes. É hora de cuidar das unhas um pouco.
Vou aproveitar este dia para cuidar melhor de mim.
Molho o algodão com a acetona e retiro todo o esmalte preto antigo que estão em minhas unhas das mãos e pés.
E passo o dia assim, cuidando de mim, da minha pele, dos cabelos e da fome.
Comi os pães de queijo como se a minha ultima refeição.
Obviamente que os lanchinhos que eu pedi, eu já comi também. Inclusive fiz um brigadeiro de panela delicioso. Já devorei.
Tirei pela tarde a máscara capilar e sinto meu cabelo um pouco úmido ainda, porém, sedoso e cheiroso.
Unhas feitas! Vermelhas e foscas. Lindas que só, e não porque foi eu quem fez, mas sim, por que esmalte fosco é a coisa mais linda do mundo.
19:40
Alguém bate em minha porta e eu me levanto para abri-la.
— O que você quer aqui? – perguntei grosseira, deixando transparecer toda a minha repugnância pela pessoa.
— Não gostei do jeito no qual acabamos . Vim resolver com você, porque, como eu já disse milhões de vezes, eu gosto muito de você!
— E você acha que eu gostei? – Pergunto irônica mesmo sabendo que ele sabe da resposta.
— Obviamente, não gostou, não tem nem olhado na minha cara!
— Eydan! Sai daqui por favor. Eu realmente não quero me estressar com você hoje, ok? Eu tive um dia maravilhoso de beleza, lavei e hidratei meu cabelo, fiz as unhas, comi os docinhos que eu queria e coloquei em dia minhas séries na Netflix, eu realmente estou muito bem pra ter qualquer tipo de discussão com qualquer um hoje.
Solto o meu discurso e ameaço fechar a porta, mas ele me impede bloqueando-a com o pé.
— Eu quero falar com você, agora! – me olha sério como quem não está para brincadeiras.
"Por que é que eu não tenho a porra de um momento de paz?" Pensei comigo.
— É a minha casa, é o meu terreno, minha propriedade! E eu exijo que você saia daqui!
— Alessa, foi uma deliciosa noite de amor. Fizemos sexo quatro vezes naquela noite...
— Eydan!!! – Me exaltei gritando com ele, que no mesmo instante para de falar. – Cala a droga da boca e esquece aquele dia! Eu te dou um voto de confiança e você quebra ele toda vez!
— Alessa...
— Não, Eydan! Qual o problema de vocês homens? Qual a necessidade de contar para os "amiguinhos" de vocês com quem transaram ou não? Pra dizer que é toper e fode quem quiser?
— Eu não sei, mas é comum fazermos isso.
— Comum? É doentio! Essa necessidade de se mostrar um macho alfa que come quem ele quer é enojadora!
— Sinto muito...
— Eu também, Eydan, sinto muito!
Fecho a porta em sua cara com força, fazendo um estrondo alto o suficiente para acordar a vizinhança.
Fico na porta, esperando ouvir passos se afastarem. O portão bate e entendo que ele já se foi.
Volto para o sofá, onde eu estava antes de todos os últimos nos instantes de estresse desnecessário.
Me sento onde estava e coloco as mãos no rosto, contendo o grito que insiste em tentar sair de minhas cordas vocais.
Pego meu celular e passo por todos os meus contatos, tentando escolher alguém para ligar, e talvez, convidar para sair.
Vejo então o número do meu irmão, com quem eu não falo faz um bom tempo.
"Alessa, você tem um irmão?" A resposta é, sim! Sim, eu tenho um irmão, mais velho, mais alto, mais atraente e mais babaca.
É uma longa história, depois em uma ocasião apropriada eu conto para vocês.
Observo o número dele, que não teve alteração alguma sequer.
"Será que eu ligo? Faz tanto tempo..."
Penso comigo alguns minutos antes que meu dedo involuntariamente, e totalmente contra a minha vontade clique no botão de ligar.
Minha mão, teimosa, leva até o pé de meu ouvido o telefone e eu me obrigou a mantê-lo onde está.
Chama uma vez... chama a segunda... e na terceira eu já penso em desligar.
Tiro da orelha e coloco no viva voz.
— Desliga enquanto você ainda tem tempo, Alessa. – Digo para mim mesma.
— Mal atendi e já quer desligar, maninha?
Ouço sua voz do outro lado da linha e instantaneamente meu coração gela.
— Jason...
— Faz tempo que não ouço a sua voz. – Ele diz e eu sinto saudade em seu tom.
Fecho os olhos reprimindo o sentimento de saudade com um misto de angústia e amor.
— Faz muito tempo mesmo. Como você está? – Pergunto enquanto tento manter meu equilíbrio emocional.
— Você realmente ligou para saber como é que eu estou? – Perguntou desconfiado.
— Não vejo outro motivo para ligar pro meu irmão mais velho e chato. – Brinco com ele e ambos rimos.
— Continua uma bobinha, né?! – Retruca em suave tom.
— Tudo bem... – Solto o ar de meus pulmões liberando o meu cansaço emocional. – Eu preciso conversar, por algumas coisas pra fora.
— E a sua amiga, Betsy?
— Não posso dizer tudo para ela. – Me explico.
— Pensei que fossem melhores amigas. Melhores amigas contam as coisas umas para as outras, ou eu estou errado?
— Mesmo ela sendo minha melhor amiga, você sabe que há coisas que é melhor manter onde estão. – Digo. – Ela não aceitaria a verdade.
— Ela ou o estúpido do irmão dela? Tenho quase certeza de que você se referiu a ele.
— Péssima ideia ter te ligado.
Desligo o telefone sem deixar que ele diga mais nada. Eu sei que ele não vai retornar minha chamada, então eu apenas lago o celular em qualquer lugar e me jogo em minha cama, depois de quase morrer subindo as escadas.
Amanhã é um novo dia, e eu posso tentar de novo.
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