11:50 - My prision:
— NINGUÉM SAÍ ATÉ APARECER O ESTOJO DELE!
Deu merda aqui. Os zé droguinha esconderam o estojo do Ramon. O Ramon tava reclamando deles e esses trouxas sem a magia da inteligência foram lá e esconderam o estojo dele. Mas, não posso falar nada. Sabe como é, você abre a boca e durante uma semana ou até a formatura você sofre repreensão por parte deles. Isso é quase um presídio, deveria expulsar esses idiotas, mas vamos continuar com o drama.
— O QUE É ISSO? NEM PARECEM QUE ESTÃO NO OITAVO ANO! VOU MANDAR CHAMAR AS MÃES DE QUEM FEZ ISSO.
Como se elas fossem aparecer. Vou abaixar a cabeça e dormir, quando for a hora de ir embora alguém me acorda.
11:59 - Escola:
Consegui dar uma cochilada, mas alguém tá me acordando como se a escola tivesse pegando fogo. Ou é a tarada ou a capitã nascimento.
— ACORDA! VAI PERDER A BRIGA DO DIEGO — disse Juli me chacoalhando bruscamente.
ÊTA MERDA! ESQUECI DA BRIGA!
— ACORDEI! Já tô indo, me espera — levantei rapidamente já guardando meus materiais e observando que só a Kath, o Fe, a Juli e a Ely estão me esperando.
— Sim, vamos logo testuda — Juliana pegou meu pulso e saiu arrastando até a porta.
Aproveitei a deixa e saí arrastando a Kath, que arrastou o Fe, que arrastou a Evy e formamos uma corrente sendo puxados pela Juliana.
Chegamos nas escadas da escola e já se pode ver o circulo formado. Descemos sendo puxados pela Juliana e chegamos perto do circulo.
— Quem vai querer ir pra dentro da multidão?
— Vamos você e eu Ágata?
— Bora Kath, vamos desviando desses anões e gigantes.
— De repente isso virou Once Upon a Time. — disse Felipy ficando nas pontas dos pés tentando ver o centro da confusão.
Justo hoje que minha mãe e meu pai não vem me buscar isso acontece. Eles não podiam ter ido no Brás outro dia? Que merda!
— O resto do povo deve estar no centro do circulo, vamos — eu disse e os outros concordaram, fomos diretamente para o centro.
Chegando lá, nos deparamos com o Diego e o Leodroguinha se encarando e rodando que nem uma barata tonta. O Diego parou e olhou para nós que chegamos no centro a pouco tempo e com essa distração Leodroguinha acertou um soco que levou o Diego para trás. Isso vai deixar marca. Diego se curvou um pouco com a mão no rosto enquanto o babaca ficava provocando ele. Num piscar de olhos Leonardo recebeu um murro e foi pra trás com o impacto. Ficamos em silêncio até o tio chegar no meio da confusão e expulsar todo mundo dali. Nós fomos em direção ao Diego e o levamos embora, mas antes teve momento Gabru ( Gabriel e Bruna), com direito a despedida e beijinho na bochecha. Pode não parecer muito mas para duas pessoas que não assumem que gostam uma da outra já é um grande passo.
— Tenta não arrumar muitas brigas Diego.
— Está bem Ágata, mas aquele garoto não vai folgar com a gente.
— Apoiado.
— Você é a senhorita das tretas Juliana — disse Katharina.
— Dou a total razão pra você.
— Cala a boca Fernando! — diz Juli já partindo pra cima do Fe.
Seguro ela e falo pra todos:
— VAMO PARA COM ESSA PORRA QUE BRIGA ENTRE A GENTE SÓ DÁ DOR DE CABEÇA!
— Está bem, mas fala pra ele parar Ágata.
— E você também Fernando, para de implicar com a Juliana.
— Mas eu não fiz nada.
— Não interessa. Tenta não brigar com ela e você também Juliana, aquilo já foi implicância.
— Dá uma cabeçada neles Ágata!
— Katharina Gárcia de Araújo, te dou 10 segundos pra você correr. 1, 2...
Ela saiu correndo e quando eu contei até o dez eu saí correndo atrás dela enquanto os idiotas ficavam rindo. Cheguei até ela e comecei a bater, mas segundos depois comecei a fazer cócegas nela até ela pedir perdão. Aqui é tudo na base da paz.
— Ágata, você mora aonde?
— Na rua Festival Junino, Diego. Por quê?
— A gente pode te acompanhar até lá.
— Mas é isso que a gente faz. — disse Ely ficando ao lado de Guilherme.
— Podemos acompanhar também?
— Sim Jeff.
— Desculpa mas eu não posso, vou seguir esse caminho direto. — disse Beto já se despedindo de todos nós.
Seguimos o caminho virando umas quatro esquinas até chegar na minha casa.
— É aqui que você mora Ágata?
— Sim, avatar.
— Não é melhor outro apelido pra ele?
— Concordo — disse quase todos menos eu e Diego.
Acho que vou pôr porcelana, criei uma história na minha cabeça com um personagem chamado Diego, moreno, com olhos azuis e o apelido dele era porcelana. Sou um X-Men? Talvez...
— Posso pôr porcelana?
— Por quê?
— Porque eu quero mocotó.
— Nossa grossa.
E grande. Eita! Vamos fingir que eu nunca pensei isso, sou moça de família.
— Pode ser esse?
— Pode. — disse Diego, ou melhor, porcelana.
— Então certo. Tchau povo. — abri o portão da minha casa e eles se despediram com um até amanhã.
Fechei o portão, coloquei a mochila na cadeira da cozinha, tirei meu celular da cintura e subi pro meu quarto que eu compartilho com os meus pais. Tem duas camas, uma de solteiro e outra de casal. Deitei na cama de casal, apaguei a luz, peguei meu celular e abri meu WhatsApp. Não tem nada de interessante só o Gabriel avisando que chegou em casa. Ele adicionou mais quatro números. Devem ser dos meninos. Mas quando ele pegou o número deles? Deve ter sido depois que eu entrei em casa. Vou adicionar os números. Porcelana, Jeff, Gui e Mocotó. Amanhã eu pego o número do Beto.
Vou colocar uma música, acho que vai ser a Crossfire. Vamos para a minha reflexão que eu sempre faço enquanto escuto uma música no escuro.
Eu preciso fazer tantas coisas, eu preciso ser, eu preciso, preciso, preciso... Só consigo pensar nisso, eu deveria aproveitar a minha adolescência. Logo, logo vou ter que prestar uma prova para tentar entrar na ETEC ( queira Deus que eu entre). Logo, logo vou provavelmente me separar dos meus amigos, provavelmente as coisas não vão ser como eu imagino. Mas eu queria tanto continuar com essa amizade, até nós envelhecemos, ver nosso netos brincar, juntos, felizes, todas as famílias unidas e felizes. Isso é de desanimar, saber que provavelmente vamos nos separar, que cada um vai seguir um caminho diferente, não vamos mais rir e brincar juntos. Isso é tão frustrante... Que idiota eu sou, chorando por uma coisa que pode nem acontecer. Preciso me esforçar. Quero todos nós juntos, trilhando um caminho de sucesso. Vou me esforçar e fazer os outros se esforçarem para alcançar nosso principal objetivo, morarmos juntos no Canadá. Retardados, rumo ao Canadá.
Continua...