Passos Arcanos: Caminho da Ho...

By Slenderur

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Caveleiro e Escolástico desde sua infância, Orion Baker é membro de uma família desonrada de Magos. Sua histó... More

Capítulo 1 - O Estudante de Magia
Capítulo 2 - Arcanismo
Capítulo 3 - Líder dos Vidian
Capítulo 4 - Começando
Capítulo 5 - Esperança
Capítulo 6 - Lembre-se
Capítulo 7 - Escolhas
Capítulo 8 - Caminho
Capítulo 9 - Seleção
Capítulo 10 - Sentimento
Capítulo 11 - Hora
Capítulo 12 - Saída
Capítulo 13 - Kaio Ufric
Capítulo 14 - E de Espadachim
Capítulo 15 - Em Tempestade
Capítulo 16 - Florestas de Archaboom
Capítulo 17 - Ritual das Trevas
Capítulo 18 - O Corpo
Capítulo 19 - Promoção a base do quê?
Capítulo 20 - Controle Essencial
Capítulo 21: Missão Lago do Céu
Capítulo 22 - Desestabilidade
Capítulo 23 - As Barreiras do Lago do Céu
Capítulo 24 - Destino da Injuria ou Injuria do Destino?
Capítulo 25 - Linha
Capítulo 26 - Conversa Estranha
Capítulo 27 - Inimigos à espreita
Capítulo 28 - Linha e Ferro
Capítulo 29 - Novo Detalhe
CapítulO 30 - O Escolástico Orion Baker
Capítulo 31 - Compassos
Capítulo 32 - Um Estopim Curto
Capítulo 33 - Presságio
Capítulo 34 - Tubos de Confissão
Capítulo 35 - Fios de Cobre
[Vol 2 - Livro Sagrado]: Capítulo 36 - Histórias Paralelas
Capítulo 37 - Nobre Donzela?
Capítulo 38 - Cani-Dirus
Capítulo 39 - O Ciclo Protetor
Capítulo 40 - Olho de Gato
Capítulo 41 - Canção de Lenda e Escória
Capítulo 42 - Encosto
Capítulo 43 - Cobranças
Capítulo 44 - Cruzadas em Terra
Capítulo 45 - Forja de Grilho
Capítulo 46 - Lunático Imperfeito
Capítulo 47 - Saural
Capítulo 49 - Título
Capítulo 50 - O Pequeno Sinal dos Pássaros
Capítulo 51 - Expec Antrax
Capítulo 52 - Aposta de Impressionamento
Capítulo 53 - Traços de Mana
Capítulo 54 - Campeão?
Capítulo 55 - Campeão e Mestre
Capítulo 56 - Poderio Elevado
Capítulo 57 - Passos de uma Despedida
[Volume 3 - Termologia]: Capítulo 58 - Contato
Capítulo 59 - Evento de Vieszk
Capítulo 60 - O Poder da Idade
Capítulo 61 - Entre Colinas
Capítulo 62 - O Tédio Adoece a Alma
Capítulo 63 - O Fogo
Capítulo 64 - Tenra e Vento
Capítulo 65 - Aprendiz Supremo
Capítulo 66 - Conexão, Imagem e Controle
Capítulo 67 - 5 Dias
Capítulo 68 - A Ilusão de um Golpe
Capítulo 69 - Pontos
Capítulo 70 - O Conto do Mago
Capítulo 71 - Novo Lar
Capítulo 72 - Outras Rotinas
Capítulo 73 - Mesma Rotinas
Capítulo 74 - O Contexto do Experimento
Capítulo 75 - Primeiros Passos
Capítulo 76 - Corruptores
Capítulo 77 - Luz e Sombra
Capítulo 78 - As Duas Pontas
Capítulo 79 - O Vislumbre do Fogo
Capítulo 80 - Fiasco
Capítulo 81 - Símbolo de Comando
Capítulo 82 - Teste Antes da Chuva
Capítulo 83 - O Rio Caído
Capítulo 84 - Fogo, Água e Terra
Capítulo 85 - O Caminho do Sol Negro
[Volume 4: Conflito] Capítulo 86 - Ibizu'Kan
Capítulo 87- Pequeno Ladrão
Capítulo 88 - A Mentira Paga
Capítulo 89 - Homens e Garotos
Capítulo 90 - Vapor
Capítulo 91 - Ponta Negra; Machado Vermelho
Capítulo 92 - Corte Zilio
Capítulo 93 - Sonhos de um Tolo
Capítulo 94 - Realidade Ilusória
Capítulo 95 - Sopro de Dois Pontos
Capítulo 96 - Vieszk + Air
Capítulo 97 - O Terceiro Grolldon
Capítulo 98 - Sem Ressentimentos, Apenas Objetivos
Capítulo 99 - Lácrina: O Caco Imperfeito
Capítulo 100 - O Sonho do Homem; Objetivo da Criança
Capítulo 101: Pântano Fino
Capítulo 102 - Fontes Termais do Exílio
Capítulo 103 - A Anciã do Exílio
Capítulo 104 - O Complexo Gera Simplicidade
Capítulo 105 - O Aço e o Mato
Capítulo 106 - Chuva
Capítulo 107 - Triângulo Invertido
Capítulo 108 - Mãe, Filho e Forasteiro
Capítulo 109 - Compatibilidade
Capítulo 110 - Estradas
Capítulo 111 - Escriba e Comerciante
Capítulo 112 - Aluno (Professor)
Capítulo 113 - Luta Improvisada
Capítulo 114 - Gaiola
Capítulo 115 - Entre o Magma e o Gelo
Capítulo 116 - O Gelo Conta Histórias
Capítulo 117 - Os Vulcânicos
Capítulo 118 - A Porta Lacrinária
Capítulo 119 - Poder dos Fracos
Capítulo 120 - Formidável
Capítulo 121 - Conformidade em Dupla
Capítulo 122 - Pegadas Finais
Capítulo 123 - Pela Honra
Capítulo 124 - Máscaras e Faces do Sol
Capítulo 125 - O Sopro do Céu e do Mar
Capítulo 126 - O Ato de Coragem (I)
Capítulo 127 - O Ato de Coragem (II)
Capítulo 128 - Céu Vermelho, Campos Dourados e Mar Azul
Capítulo 129 - A Primeira Cartada
Capítulo 130 - Um Momento para Recordar
Capítulo 131 - O Poder do Elfo Negro
Capítulo 132 - Prelúdio do Inevitável
Capítulo 133 - O Monstro e o Demônio
Capítulo 134 - Entre Elementos
Capítulo 135 - Breve Encontro
Capítulo 136 - Lugar Estranho (I)
Capítulo 137 - Lugar Estranho (II)
Capítulo 138 - Morada dos Feiticeiros
Capítulo 139 - Iniciação
Capítulo 140 - O Mundo do Rei Elfo
Capítulo 141 - Rainha Xama
Capítulo 142 - Venenos
Capítulo 143 - Os Caminhos se Unem ao Tempo
Capítulo 144 - O Rato
Capítulo 145 - Ao Vale Xama
Capítulo 146 - Auxílio
Capítulo 147 - O Escravista de Raças Menores
Capítulo 148 - A Guardiã do Vale Xama
Capítulo 149 - Ceifeiro
Capítulo 150 - Pai, Mestre e Deus
Capítulo 151 - Posição de Poder
Capítulo 152 - A Flor de Lótus
Capítulo 153 - As Chamas Invocadas e Areias Encarnadas
Capítulo 154 - Estratégia para o Futuro

Capítulo 48 - Baile de Xiak

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By Slenderur

A biblioteca dos Jionita era quase da mesma proporção que a antiga na qual trabalhou poucos dias, ao sul de Archaboom. Seus livros estavam lado a lado, como vizinhos, em estantes largas e altas cobrindo quase todas as paredes do imenso salão.

Porém, os Jionita não eram apenas consumidores de livros, eram amantes, uma caracteristica que diferenciava nas pessoas. Consumidores eram egoístas, levando em conta sua grande quantidade de conhecimento, mas nunca disponibilizando ao mundo. Os amantes eram a própria encarnação da leitura, compartilhando seus sentimentos pelas palavras como eles possuíam.

Um estava fadado a morrer ignorante, o outro, nunca morreria.

E por conta de Orion gostar de ler, e fazia facilmente passando seus olhos por cima, atribuindo cada conhecimento em seu arsenal de conhecimento, era um dos poucos dentro da biblioteca com mais de 2 livros abertos.

Sua mente se dividia em ler um deles, e gravar o outro, tentando armazenar informação de maneira mais detalhada, gerando duas centelhas de informação. E sua atenção estava focada nos livros, então, não viu a mulher se esgueirando por trás dele.

Concentrado, Orion foi pego de surpreso quando seus olhos foram tapados por dedos quentes, gentis e suaves. Ele reconhecera, o mesmo contato que teve em Olho de Gato, no dia da cantoria.

- Uma dama não precisa tapar a visão de um homem apenas para chamá-lo, senhora Hana – disse, sorrindo com o canto da boca.

Ela retirou rápido e sentou-se na cadeira, compartilhando do sorriso.

- Você me ouviu? Eu tentei ser a mais silenciosa possível.

Orion fechou os dois volumes de Fauna Bestial e o empurrou para o centro da mesa, recobrando sua atenção para a mulher.

- Se eu te contar como descobri que era você, suas bochechas ficariam rosadas.

- Então, não me conte – ela recuou, ainda meio tímida pela ofensiva. Olhando para os dois livros em cima da mesa, seus olhos se curvaram em certa intimidação – Não está querendo entrar em uma batalha de conhecimento com meu tio, certo?

- Por que eu iria querer isso? Seu tio parece ser formado em Fauna, eu sou leigo nesse assunto – encolhendo os ombros, repousou um dos braços sobre a mesa. - Existe algo que posso fazer pela senhorita?

Os guardas se remexeram, e recuaram rapidamente, como se esperassem por essa pergunta. Hana se aproximou, bem perto do ouvido de Orion, e depois de reunir certa força, conseguiu dizer:

- Na verdade, eu gostaria que me fizesse um favor.

***

- Você está bonito – Carla dava um sorriso ao ver Orion se encarar no espelho. - Da próxima vez, tente se olhar no espelho estando com roupa, não quero ter o desprazer de vê-lo sem roupa. Tive que fazer uma runa de espelhamento para desver.

- Não foi de propósito, alias, você nunca tinha mencionado isso antes – Orion continuou penteando seu cabelo para trás, gentilmente, conseguindo arrumá-lo em um topete natural, pouco volumoso.

- Por incrível que pareça, seus olhos nunca estão focados no seu corpo quando está tomando banho, então, eu consigo muito bem simplesmente ignorar. - Demorou um pouco, claramente um pouco envergonhada – e eu faço o mesmo.

- Não espero te ver nua durante um banho, Carla.

- E nem vai ver, estou reproduzindo Runas Justas para dobrar a visão que nos liga, e parece que um dos Arcanos daqui sabem um pouco de ligação entre mana, então, vou perguntar a eles – seu tom de voz era rápido demais.

Era a primeira vez que Orion a via falar tanto.

- Claro, eu não vou conseguir retirar toda a visão, mas vamos ser incapazes de nos ver em certos momentos. E isso vai ser ótimo.

- Apenas continuemos do jeito que está, por ora.

Carla concordou, voltando sua atenção para os rabiscos de seu caderno, mas forçando o lápis contra as folhas. Os números nunca foram bons com ela, e mesmo depois de treinar tanto com exercicios, ela estava começando a pensar em desistir.

Poderia muito bem pedir a Orion, mas estava bem claro de que ele não estava na sua melhor disposição. Arrumava o rosto, olhando para si com uma roupa completamente diferente da habitual. O couro de sua vestimenta era sem dúvida uma das melhores peças que já usou em vida, e com o tom formal, de um pequena gravata em sua gola, e as golas grossas, parecia ser da elite nobre de Mermet.

Mesmo depois de ficar muito tempo se encarando, a sensação de desconforto ainda continuava junto dele. Não parecia o Cavaleiro de dias atrás.

- Essas roupas não são muito boas para se colocar armas. - O comentário de Carla o despertou. - As adagas não vão caber no bolso, não tem suporte nem para a espada ou para o cajado.

- Acho que não vou precisar delas, hoje.

- Todo cuidado é pouco – ela coçou os olhos, e enfiou a ponta do lápis no papel, furando-o com raiva. - Acho que vou ficar te observando dançar com donzelas de Mermet ao invés de ficar sendo surrada por esses números.

- Seu estudo é mais importante do que a preguiça. E não é tão difícil, você só está errado os sinais das equações. Como é uma raiz, joga para o outro lado em forma de potencia e depois continua fazendo. Responda primeiro todas as numerações dentro do parêntese e continue.

Carla estava anotando os comentários, e depois olhou novamente para seu estudo. Após alguns minutos, ela largou o lápis, impressionada.

- Isso é Arcanismo?

Orion riu.

- Parece divertido quando se sabe como fazer, não acha?

- Se os meus professores fossem duas vezes mais simples, como você foi, eu conseguiria aprender Runas Justas mais rápido do que os Anões de Juntorrill.

- Duvido disso. Os anões são muito mais impressionantes com Runas, e eles desenvolveram seu sistema de uma forma completamente diferente da nossa, então, para aprender as deles, deve saber Arcanismo Comum e a Natureza Arcana, dos nativos.

Carla balbuciou as mesmas palavras de Orion, zombando dele, mas parando, tornando a suspirar e ficar calada. O cansaço das horas de estudo e os treinos estavam começando a surtar um efeito negativo, estava muito mais exausta e com dores espalhadas pelos pulsos e dedos, algo que não era comum para ela.

A Igreja era rigorosa com os estudos, mas nunca a forçou ao ponto de deixá-la dolorida. Juntorril era a terra dos Anões, homens de resistência e amplitude conhecida pelo mundo inteiro. Carla deveria ganhar as mesmas características.

- Não se esforce mais por hoje – Orion a arrancou de seus devaneios. - Uma boa noite de sono a fará bem, além do que, você está ai desde o começo do dia.

- Só deitar não é descansar, e perco tempo com isso.

- Não, você deveria entender que um bom descanso completa a mente. Além de treinar, é necessário exercitar as outras partes do corpo, só porque tem uma mente que grava tudo, não quer dizer que você pode simplesmente ignorar o que seu corpo, o resto dele, precisa.

Orion reforçava, com urgência, e continuou:

- Coma carne, e depois fique um pouco a luz do luar, durma e amanhã vai se sentir melhor. Te prometo.

- Promete o quê? - avançou Carla, o desafiando.

A porta do quarto de Orion foi forçada com dois leves toques, repercutindo ao redor. Orion saiu da frente do espelho e se apresentou para sair.

- Falamos disso depois – e abriu a porta.

Carla apenas assentiu, saindo de perto do caderno. Irritada por ter sido cortada do outro lado.

Ao abrir a porta, Orion deu de cara com um dos soldados de Macsa. Estava envolto de uma armadura, com seu elmo embaixo dos braços e uma espada na cintura, como um verdadeiro guerreiro.

- Sou Loiaso, Mestre Orion – sua cabeça desceu, em uma reverência longa. - Estou aqui para levá-lo.

- Por favor.

Diferente do que fora da última vez, e Orion agradeceu por isso, eles andaram apenas alguns minutos, conseguindo atravessar o caminho até um imenso salão feito de piso limpo. Deveriam descer as escadas de pedra, para chegarem diretamente onde as vozes se erguiam.

Era um baile, e Orion nunca participara de um. Estava apenas acostumado a ficar sentado ou andando, viajar, mas nunca participou de uma reunião ou um baile. E estava fora de cogitação ficar calmo em uma horas dessas.

Loiaso parou antes de começar a descer os degraus, inclinando seu olhar para o homem ao seu lado.

- É o seu primeiro baile, mestre?

- Seria estranho se eu dissesse que sim – com um pouco de resistência, ele suspirou. - Sei dançar apenas o básico, mas são muitas pessoas, tantos rostos, tantas mãos para apertar. E claro, estou no baile do feriado de Xiak, não posso desapontar Lorde Macsa.

Surpreso por Orion reconhecer o feriado Xiak, Loiaso se virou completamente para ele, e se aproximou, ajeitando a bola do casaco longo, e depois passando a mão sobre os ombros, retirando qualquer poeira que pudesse ter se acumulado ali.

- Meu pai sempre me dizia para enfrentar casualidades anormais como se fossem inimigos cruéis, pronto para matá-lo. Pode soar estranho, mas foque em si e fique firme.

- Seu pai era um homem sensato, Loiaso.

O soldado riu ao ter sido chamado pelo nome. Poucos o faziam.

- Ele era, realmente. Agora, senhor, eu soube que sua parceira é nada mais nada menos do que Hana Jionita. Ela não irá decepcioná-lo, aposto claramente.

- Invejo da sua confiança para esse tipo de coisa – Orion respirou profundamente, e deixou o ar sair pela boca, provendo uma calma em seu interior.

Loiaso poderia claramente dizer que apenas respirar não ajudaria em nada, homens estavam fadados a temer coisas bobas e simples a todo momento, era algo comum da humanidade. Os ensinamentos de seu pai eram apenas um pequeno suporte para uma vergonha maior.

Quanto mais Orion se sentisse seguro, mais fácil seria para que não se constrangesse diante a nobreza. Ainda assim, sua hesitação não iria sumir.

Pelo menos, era isso que Loiaso acreditava.

Quando os olhos do Cavaleiro se abriram vagarosamente, o guarda quase recuou um passo ao ver a negritude implementada por dentro, e algumas veias pequenos avermelhadas. Foi como se todo o recinto acima fosse preenchido por uma única pessoa, ignorando o guarda ou até mesmo alguns convidados que chegavam.

A sensação era que um gigante estava presente, e que os outros, ao seu redor, eram minúsculos.

- Me sinto um pouco melhor, Loiaso. - Até mesmo a voz de Orion mudara para uma mais forte, e ao esboçar o sorriso, assustou-o. - Pareço alguém da nobreza agora?

Quase gaguejando, o homem concordou, e depois deu um passo para trás, se afastando silenciosamente.

Orion desceu devagar, um passo de cada vez, deixando sua face endurecer e seus olhos se encherem de uma espécie de sentimento rigidez, o tornando mais centrado a encarar uma multidão que já estava em sua linha de visão.

E como Loiaso sentiu, os outros também não decepcionaram. Algo perambulou por suas costas, algo poderoso, como se uma força estivesse descendo, adentrando seus domínios pessoais. O primeiro a se virar foi um dos Barões convidados, encarando Orion com certa curiosidade e um pouco de medo.

Sem se importar com os comentários, elevou sua voz a um dos conhecidos dos Jionitas, o tocando com seu copo de vidro largo.

- Quem é esse?

O homem, ao se virar, sorriu. O Barão acionara o mordomo de Macsa Jionita, que devolveu com um aceno de cabeça ao rapaz que descia.

Sem responder ao Barão, ele se dirigiu até a ponta da escada, e deixou que seu convidado concluísse a trajetória.

Orion o saudou com uma reverência básica e foi respondido da mesma forma. A ligação que possuía por Bacer Jionita, o mordomo, foi aprofundado nos dias que visitava a biblioteca, o achando trabalhando a mercê de seu Lorde, procurando por livros.

Poderia dizer que eram colegas.

- Está perfeitamente encantador, Mestre Orion.

O título gerou certos comentários no fundo. Os Jionitas, até pouco tempo, anunciavam que não teriam um Mestre em seus oficios. Até mesmo os mais nobres não estavam acostumados a ver tal performance de um único homem.

O homem era bonito, respeitoso e sua presença sufocava as outras ao seu redor. Misterioso e até mesmo desconcertante, os Jionita acharam uma agulha de ouro em um palheiro em chamas.

- O senhor está ainda mais bonito do que eu, Bacer. - Orion arrastou a mão no braço do mordomo, o ajudando a limpar certa sujeira de alguma comida. - Só precisa maneirar nos petiscos.

- É a minha fraqueza, mestre.

Os dois sorriram, e Bacer esticou um dos braços. O mordomo apresentou Orion apenas para as pessoas nas quais a confiança dos Jionitas era saudável e bem articulada, o que gerou certa intriga em alguns pormenores.

Alguém cujo sorriso era um filete branco e seus olhos não o denunciavam, como se sua vida fossem bailes como aqueles, conquistaram os mais complicados com apenas alguns ajustes de voz, e piadas nobres.

Orion não entendia metade das piadas, mas fazia força e complementava consideravelmente com sua inteligência e conhecimento de áreas amplas. Em meia hora, até mesmo Bacer estava intrigado pela conduta perfeita do Cavaleiro.

Entretanto, ao conversar com um dos duques de Archaboom, uma mão pequena segurou o pulso de Orion, o puxando algumas vezes. Ao se virar, a surpresa estava estampada no rosto dele.

O vestido longo de Prisma ia até o chão, arrastando um pouco, mas realçando seus cabelos curtos e seus olhos. Ela usava um colar esverdeado que combinava com seu vestido, e sorria largamente, em euforia.

- Senhor Orion...

Antes que pudesse avançar, uma mão deteve a garota, a segurando pelo ombro. Meria Jionita, a linguista da família Jionita, a impedia.

- Deve se portar de maneira educada perto de alguém que possuí o título de mestre, Prisma – com certa rigidez, disse.

A garota abaixou a cabeça, concordando.

- Eu não preciso – Orion riu.

Ele se abaixou e a abraçou fortemente, e Meria foi obrigada a soltar a garota, mas ainda continuou com um esboço de sorriso no rosto.

- O porte de um mestre deve ser sempre honrado, e você parece seguir isso estreitamente, certo, Mestre Orion?

Orion se levantou, e concordou.

- Eu devo muito a essa garota.

- Não, não – Prisma balançou a mão, rapidamente. - Não deve nada a mim, mestre. Viemos para cá por sua causa, meu pai deveria agradecer pessoalmente, mas não acho que ele vai conseguir formar mais do que algumas palavras.

As risadas do homem do outro lado do salão eram claras, sobrepondo todas as outras. Orion deu uma olhada, e avistou Mauro segurando uma caneca larga e funda de cerveja enquanto conversava e ria com outros homens.

Por incrível que parecesse, estava se dando bem.

- Vocês merecem – foi o que saiu de sua boca para Prisma. - Eu espero que não pegue leve com ela, senhora Meria. Ela pode ser esperta, mas se sair de sua direção, pode entrar em becos escuros.

- Estou aqui justamente para ser a luz guia dela, mestre Orion. - E com um gesto de cabeça, agradeceu. - Eu a teste, e sinceramente, não acreditei que ela estava conseguindo ler a língua dos Subterrâneos tão facilmente. Devo agradecer por trazer essa joia até minha casa.

- Uma mão lava a outra, senhora.

- Com certeza, mestre.

Orion e Meria poderiam continuar sua conversa por horas, se quisessem. Seus conhecimentos em linguisticas eram amplos demais para que pessoas normais pudesse entender, mas algo chamara atenção do homem.

Seu olhar captou um semblante mais longe do que esperado, conversando com algumas mulheres da corte. Estava em um vestido longo, com pedras brilhantes agarrados a ela, vislumbrando o que parecia ser as estrelas do céu, refletidas na água.

Por um momento, Orion atribuiu a beleza do Lago do Céu, ao Sul de Archaboom, diretamente a Hana Jionita. Com os cabelos presos, em um formato simples, mas arrumado perfeitamente, o vermelho tomava conta do ambiente, como um ponto de refúgio para olhares entediados.

E Orion se perderam nele, retornando apenas ao concentrar na pele da mulher. Por alguns segundos, no meio de tanta falação e brindes, conseguiu ouvir seu coração.

Do outro lado, Hana erguera a cabeça, como se olhos familiares estivessem pousados sobre ela. Sem procurar, mas indo diretamente na direção que sua intuição dizia, seus olhos se encontraram com os de Orion Baker.

Ela sorriu docemente, exalando toda a sua beleza escondida, e o cenário não importava muito diante os dois.

- Deveria ir até ela – Prisma tentou falar, mas Orion não a respondeu. Então, o balançou algumas vezes, o fazendo voltar a si. - Mestre, não fique encarando uma mulher por tanto tempo, é falta de respeito.

- Prisma tem razão, mestre Orion – Meria deu uma risada, um tanto quanto impressionada pelo tempo de olhares que os dois tiveram. - Hana é uma mulher segura de si, mas ainda falta muito para ser alguém cuja atitudes sejam de uma Lorde.

- Ela se tornará uma que ninguém irá esquecer – com sua voz perfeitamente segura, disse com leveza. - Acredito que ela tem o que poucas pessoas possuem hoje em dia.

Meria não respondeu, mas seus olhos mudaram de foco, indo para atrás dele.

- Então – a voz doce de Hana soou atrás de Orion – você acha isso mesmo?

A mão dela agarrou o punho da camisa, o fazendo se virar. Perto o suficiente para que as pessoas fizessem comentários, os dois não disseram nada um para o outro, desfrutando de uma aproximação quase tão íntima quanto parceiros cujo tempo juntos passavam anos.

O desconhecido era alguém que quase todos deveriam respeitar. Suas ligações eram até mesmo altos para conhecer Meria, quem diria Hana Jionita, e serem tão próximos.

- Irá me chamar para dançar, Mestre Orion Baker?

- Pra você é só Orion. E, não. Não posso te chamar para dançar.

Um pouco confusa, Hana estava prestes a argumentar contra quando a mão que agarra o punho da longa camisa de Orion foi tomada por ele, em um gesto veloz.

- Acho que você fez esse pedido dias atrás, não lembra?

E o tom triste retornou para um sorriso largo.

- Você realmente não se esquece de nada. - Antes que pudessem sair, Hana se virou para Prisma que estava olhando para ambos, com as duas mãos juntas, admirando. - Vou roubá-lo de você só um pouquinho, está bem?

- Pode ficar com ele o quanto quiser, senhora.

Apreciando a resposta adorável, Hana deu um aceno e partiu para o meio do salão segurando a mão de Orion.

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