-- Hye --
Entendo que Jimin não era o santo da história, mas realmente eu tinha esperança de que ele fosse uma boa pessoa. No nosso passeio eu alimentei a ideia de ter uma grande amizade com ele, mas logo me lembrei que eu tinha de sair dali e voltar para a minha família.
- Oi! Hye!? Mundo está te chamando! - Jessie sacudiu meus ombros. - Acorda!
- Ah... - Saí do transe.
- Nossa, você tá muito aérea, não? - Riu fraco.
- Eu tava pensando... sobre... a vida que eu tô levando aqui.
- Hum. - Murmurou.
Jessie e eu estávamos no jardim. Caminhávamos pela grama verdinha.
- Eu escutei os tiros. - Confessei, eu não conseguia esconder nada dela.
- O que? - Paramos em baixo de uma árvore. - Você escutou?
- Sim.
- Me conta tudo! - Ela sentou no chão, e eu ao seu lado.
- Eu estava com fome, então resolvi perambular pela casa até a cozinha, só que no meio do caminho eu escutei sons estranhos...
Jessie escutava tudo com muita atenção, e tinha os olhos arregalados.
- Abri uma porta, de onde vinha o barulho, e deparei-me com Jimin estuprando a Yona. - Não ousei olhar para a loira ao meu lado.
- Ah meu Deus! - Sussurrou.
- Ele matou ela. E ainda por cima matou outra, que também havia escutado os barulhos provavelmente e apareceu no quarto. - Senti vontade de chorar, a menina era tão legal.
- Jimin é um bruto. Não é o anjinho que você tá pensando. - Massageou meus ombros.
- Ah, eu sei, mas... eu tinha esperanças e... - Abaixei a cabeça. - Eu acho que eu tô afim dele, unnie.
- Como é que é?
-- Jimin --
Maldita hora que a Hye foi aparecer. Estava tudo indo bem, eu estava comendo uma, e ela surgiu. Sinceramente, eu iria perder a linha com essa garota logo logo.
- Jimin, ouvi dizer que você matou duas meninas do seu harém. - SeokJin apareceu no meu escritório.
- Legal. Empolgante. - Ironizei.
- Se controla mais um pouco e não mata a Hye, você sabe das consequências. - Sentou-se.
- Eu só me controlo se eu quiser. - Pus o braço apoiado no braço da poltrona de couro, onde eu estava.
- Você sabe que vai se dar mal se fazer besteiras com essa menina, não? - Riu de canto.
- Eu sei disso. Todo mundo agora vive a dizer isso. Eu já tô cansado. - Levantei bufando.
- Vai pra onde? - SeokJin ergueu-se da cadeira e segurou-me pelo ombro.
- Dar uma lição na Hye. - Livrei-me de seu toque.
-- Hye --
- Não acredito nisso! - Jessie estava realmente Incrédula.
- Eu sei, sou uma burra. Mas eu não resisti. Aquele sorriso, aquela voz, aquelas mãos fofinhas... não deu... - Abracei meus joelhos.
- Hye. - Apertou meu ombro mais um pouco. - Jimin está vindo pra cá.
- Hã? O que? - Olhei para os lados, o procurando.
- Jessie some daqui. - Park estava atrás dela, me encarava com um olhar frio e sem vida.
- Mas a Hye...
- Some... daqui. - Ele cortou-a. Minha amiga assim fez relutante.
Percebi que nas mãos do mais alto tinham cordas. Fiquei cada vez mais amedrontada e receosa.
- Levanta.
Obedeci seu comando.
- O que vai fazer comigo? - Quase balbuciei, mas mantive a voz firme. Ele andou para mais perto, e eu fui recuando, com medo.
- Vou te ensinar a arte da obediência. - Pegou meu braço e girou-me, fazendo-me ficar de costas para ele. Senti algo rígido envolver meus braços abruptamente. - Toda vez que você me desobedecer, farei isso.
Virou-me novamente. Me jogou contra o tronco da árvore.
- Sem beber e comer por um bom tempo, só vai sair quando eu mandar. - Começou a dar voltas na copa da árvore, prendendo-me com outra corda, mais grossa e rígida. Cada vez que ele dava uma volta, mais a dor aumentava.
- Não... Isso dói, eu não te desobedeci, por que faz isso? - Protestei com a voz embargada.
- Isso não é um castigo, é só um aviso. - Terminou de dar as voltas.
- Não, Park! - Choraminguei esperneando.
- Até mais. - Sorriu. O vi caminhar para longe em direção a mansão, sem olhar para trás. Senti mais vontade de chorar ao perceber que havia sido enganada.
Eu não conseguia me mover da cintura para baixo, só minhas pernas podiam se movimentar, porém eram movimentos limitados. Isso me deixou frustada e extremamente raivosa.
Comecei a gritar e espernear, o desespero apoderou-se de mim. Mas a esperança de sair dali sumiria.
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Horas depois...
Já era noite. Eu já não tinha voz e nem coragem para gritar. Só consegui ficar fitando o céu.
- Aish... - Reclamei sentindo formigas andarem nas minhas pernas, causando um desconforto.
As cordas perfuravam minha pele, eram farpas espessas fincando-se. Minhas pernas doíam, assim como minhas costas e garganta.
Até que um trovão fez-se presente. As primeiras gotas começaram a vir. Em pouco tempo eu estava na chuva. Era forte, a cada trovão era um mini susto interior que eu tinha.
- Ah, era só o que me faltava. - Murmurei rouca. - Espero que eu não fique doente. - Suspirei.
A árvore protegia-me da chuva, porém mesmo assim várias gotas chegavam até a mim. A sensação de grama molhada era nojenta.