A vingança é uma espécie de justiça selvagem.
Francis Bacon
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"Eu Luka Couffaine recebo a ti..."
Anos de casamento... todas aquelas promessas...
"... como a minha legítima esposa..."
Mentira.
Tudo mentira.
"... prometo ser fiel"
É essa sua fidelidade? É isso que você considera ser fiel à alguém?
"Amar-te e respeitar-te"
Amor.... respeito...?
Não, você não sabe o que significam essas palavras... esses sentimentos... você é apenas mais um egoísta... uma perda de tempo total.
Agora sim, seu coração estava em pedaços.
Seus olhos não acreditavam no que viam, mas a lágrima que escorreu pelo canto do rosto não deixava a realidade mentir.
O homem no qual passou tanto tempo amando, que era o seu tudo, sua base, seu companheiro... aquele mesmo a quem jurou amar e respeitar diante de Deus e das suas famílias...
Estava entrando em um motel com outra.
Quem era ela?
Desde quando?
A quanto tempo?
E.... porque?
Eram perguntas sem respostas, porque não precisavam ser respondidas. A traição era real e isso explicava tudo. Não tinha necessidade de buscar algo que pudesse amenizar sua decepção.
Apenas... doía demais. Doía a ponto de querer sumir. Ir para sua casa, lugar onde compartilhava com aquele mesmo homem alegrias e tristezas, onde viveram sua saúde e a doença... levantou da pobreza o conforto que a riqueza lhes proporcionava mas que não bastava. Era uma fortaleza feita à pó, pois foi destruída muito facilmente.
Ela queria buscar suas coisas para desaparecer no mundo sem deixar vestígios.
Mas isso seria fácil demais. Iria apenas abrir o caminho para que tudo ficasse bem com relação à ele e a merda da sua amante.
Era justo? Simplesmente deixá-los livres assim? Sem que sofressem, sem que se arrependessem amargamente do que estavam fazendo com o seu coração?
Não. Isso não era justo. Porque só ela era quem deveria sofrer? Porque era ela que perderia sua casa, suas coisas e ter de refazer a vida desde o início?
Claro que não. Tinha que ter outro modo. E a melhor maneira de dar a volta por cima, seria se vingando.
Mas não iria se rebaixar ao nível de "armar barracos" ou se aproveitando de expedientes dos quais não faziam parte da sua compostura. Isso não servia. Tinha de ser algo lento... preparado... elaborado... algo que os fizessem tremer na base... que os fizessem pensar em tudo o que tinham feito até aquele momento.
Tinha de ser algo tão certeiro que acabaria com os dois, mas não para que ela tivesse seu marido de volta... aah isso não. Para que reaver algo que nunca foi seu? Algo que tinha sido usado por outra, algo que... não valia a pena.
Era o que deveria focar. Era exatamente o que precisava fazer.
Por enquanto, se manteria quieta e observando, apenas colhendo dados e informações. Teria de ser fria, se congelar em uma armadura de falsidade, ainda que seu coração estivesse sangrando por dentro, ainda que tivesse que se deitar na mesma cama com aquele homem desprezível que agora, não passava de um desconhecido qualquer. Um rato, um inseto.
Esse seria o caminho até pelo menos, descobrir a melhor forma de dar o primeiro passo.
E quando terminasse... tudo estaria acabado para aqueles dois.