Notas da Autora: Essa história é meu xodó! Ela está quase terminada no Social Spirit com o nome NADA É CLICHÊ (Fanfic Sasusaku). Estou mudando algumas coisas e acrescentando outras. Deixem suas opiniões e comentários <3
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Ryan Parker é um babaca!
Mais do que um babaca, é um tremendo de um garotinho de merda com aquele sorriso boboca e o olhar terrivelmente admirado. E eu odeio a mim mesma por ter gastado quase toda a aula de literatura inglesa o encarando rir e conversar com sua namorada, Anne Wright. Essa aula nem está na grade dele, e eu o odeio por estar me fazendo assistir esse show.
Digo a mim mesma que não é ciúmes, como meu melhor amigo David não se cansa de jogar na minha cara. Eu não estou com ciúmes, estou irritada por não ter tido nenhuma satisfação sobre esse namoro idiota que Ryan iniciou com a intercambista sonsa algumas semanas atrás. Eu merecia pelo menos um digno fora, não ficar sabendo sobre o namoro dele numa roda com todos os outros idiotas do time de futebol, como se ele não tivesse na minha cama menos de duas semanas antes disso.
Eu tento prestar a atenção na aula, mas não consigo parar de morder a ponta da caneta e evitar que meus olhos passem do caderno, para Ryan e Anne; da explicação do professor Cooper para Ryan e Anne; da janela ao meu lado para Ryan e Anne. Com um suspiro e depois esfregando atrás da minha orelha com uma mecha do meu cabelo tingido de rosa, eu os encaro com uma carranca, torcendo muito para que eles sintam a fúria do meu olhar e me encarem de volta.
Mas eles estão perdidos em seu mundinho cor de rosa, e não olham para mim.
Eu tento prestar atenção nas minhas anotações, tento mesmo. Eu até mesmo coloco a mão levemente na frente do rosto, para não ver sua imagem no canto dos olhos mas, como se soubesse das minhas tentativas frustradas – e estivesse se divertindo com isso –, sua risada aumenta alguns níveis. O professor Cooper geralmente me irrita com suas explicações desdenhosas sobre a literatura de época — a melhor, na minha opinião —, mas eu gosto um pouquinho mais dele quando ele chama a atenção do babaca do Ryan. Valeu, professor!
Uma parte minha se corrói quando se lembra de que nem sempre fui essa garota amarga e invejosa, que deseja ver uma doce garota tímida tropeçando em seus sapatos só para o meu prazer pessoal. Antes de descobrir que Ryan prefere as recatadas e virgens, eu era uma garota descolada que dava o dedo do meio para todos os rótulos que tinha. Eles iam de "puta safada" a "vagabunda do corredor 12" e, bem, eu nunca tive aptidão para sofrer por ter uma vida sexual ativa.
Ryan também não parecia se importar, se quer saber. Na verdade, ele era diferente comigo em muitas coisas. Nós passávamos bastante tempo juntos — mesmo que transando em oitenta por cento do tempo — eu estava sempre no banco do carona do seu carro ou sentada em sua perna nas festas mais badaladas da faculdade e ele até segurava minha mão no corredor da faculdade. Nós éramos quase namorados, mas sem realmente ser.
Eu estava feliz com isso porque a verdade mais absoluta era que eu também não queria um relacionamento. Achava que estava imune ao sorriso de Ryan e as migalhas de atenção que recebia, mas também sou humana e, sobretudo, sou uma garota. Afinal de contas, bem lá no fundo, toda garota quer acreditar que pode ter um romance digno de um bom livro, mesmo fantasioso como Orgulho e Preconceito ou mais realista como Agnes Grey. Quando um cara te diz que não namora, ou que não pode assumir um compromisso, você aceita porque, tudo bem, em algum momento ele vai querer um relacionamento e você estará lá, como um cachorrinho obediente, no momento exato em que isso acontecer. Mas não é assim, a verdade é que outra garota, mais bonita e menos desesperada que você, aparecerá para fazê-lo se apaixonar.
Foi assim com Christian Grey, em Cinquenta Tons de Cinza e também foi assim com Ryan Parker. Não é à toa que eu acho esse livro uma vergonha para os romances.
Anne Wright foi transferida para esse campus como um carma na minha vida, trazendo nuvens negras para os meus dias ensolarados. Começou com mudanças pequenas: primeiro os olhares. Eu deveria ter dado atenção a eles, mas a princípio eles pareciam ter algum tipo de antipatia em comum e ela não era exatamente o tipo de garota dele. Recatada, delicada e sem sombras de dúvida: virgem. Eu me garanti nesses detalhes, achando que conhecia esse cara, até que tudo ruiu.
Algo mudou nas nossas transas, no jeito que ele me segurava ou me olhava – certa noite, ouvi ele chamar o nome dela, em meio ao orgasmo, mas fingi, até o momento em que ele me despachou, que era coisa da minha cabeça. Eu passei a vê-lo com menos frequência do que antes. Tudo bem, eu pensei, é época de provas, eu também pensei, ele deve estar estressado com o jogo, eu continuava dando a mim mesma desculpas esfarrapadas quando ele nem mesmo estava disposto a me mandar uma mensagem tentando se retratar. E conforme sua ausência se tornou frequente, eu não percebia o que estava muito claro para todo o restante da faculdade: ele estava se apaixonando.
O capitão do time de futebol da NYU, conhecido pela lenda de ter uma coleção de calcinhas de todas as garotas que ele pegou no campus, apaixonado pela intercambista inglesa. Quão clichê isso pode ser?
É bem fácil reconhecer uma pessoa apaixonada; ao mesmo tempo em que ela se torna mais humana e menos um carrasco que destrói corações, ela não consegue enxergar a dor que pode causar a uma pessoa, mesmo que essa pessoa esteja a observando há três fileiras, uma aula inteira. Tudo se resumia ao jeito que ela colocava o cabelo atrás da orelha, sorria ou corava com alguma coisa idiota que ele dizia. Tenho uma licença especial para garantir isso, porque estou observando eles enquanto eles ignoram o resto do mundo. E pode soar despretensioso – e talvez deva — mas eu sei o motivo pelo qual ele se apaixonou por ela:
Ela não sou eu.
— Você vai à festa da fraternidade hoje? — meu melhor amigo David me pergunta assim que me encontra na saída da aula. Ele anda ao meu lado despreocupadamente, segura — Preciso tirar os estresse todos da faculdade, meus professores estão enfiando sem dó e, eu garanto, não está sendo nada prazeroso.
Fico olhando para o casal sensação enquanto eles passam por todos pelo corredor. Ryan pega a bolsa de Anne, para que ela não carregue peso. Ela agradece beijando levemente seus lábios e piscando seus cílios espessos. Eca.
— Você sempre precisa de bebida para relaxar. — digo, andando pelo corredor abarrotado de gente, antes que ele perceba que estou de mal humor. David já me encheu demais sobre essa história na última semana. — Eu tenho mais o que fazer, como estudar. Você deveria se concentrar em fazer o mesmo, para variar.
— Se fosse há dois meses, eu não precisaria te convidar. Se lembra? — ele dá dois soquinhos na minha cabeça, me arrancando uma cara feia. — Ainda existe alguma coisa da antiga Kathryn aí dentro, querida?
David é meu melhor amigo desde o ensino médio. Nós planejamos toda a nossa vida juntos desde então e viemos para a faculdade afim de curtir a nossa juventude da forma mais jovem que existe: sexo, drogas e festas. Eu o amo a maior parte do tempo mas, de vez em quando, eu o odeio um pouco por desdenhar dos meus problemas sentimentais.
— Ainda sou a mesma pessoa, só não quero ir à uma festa de fraternidade.
— Porque o Ryan estará lá, já que é o presidente da Beta Di. — ele cantarola, como se essa fosse uma verdade absoluta. Eu o ignoro, porque meu pavio é bem curto e eu não estou afim de perder a razão numa discussão. Isso só provaria que David está certo. — Você nunca vai superá-lo se não der a cara a tapa, querida.
— Está dizendo isso porque é um narcisista que só pensa em si mesmo. — eu paro, então pontuo cutucando seu peito com o meu dedo indicador. — E pra sua informação, eu já superei o Ryan, tá legal?
— Se querer o próprio bem da minha melhor amiga me torna um narcisista, eu aceito o rótulo.
Eu balanço a cabeça, irritada com ele. David é tão insuportável.
— Você não quer acordar de ressaca numa quarta, em época de prova. — eu mudo minha direção, já que é dessa forma que ele quer jogar. — Uma festa na casa do Ryan não vale a pena, moramos em Nova York! Eu descolo dois ingressos naquela balada super legal em Manhattan.
— A Manh's? — seus olhos brilham um pouco, e eu aceno cm muito orgulho. — Em quem você precisará fazer um boquete para conseguir uma entrada naquela balada? É super difícil, e você sabe porque nós já tentamos.
A verdade é que eu não vou precisar chegar a tanto, porque meu irmão mais velho tem alguns contatos bem importantes na cidade. Eu não disse — e nem vou dizer — a David, porque é em momentos como esses que Carter me é uma carta na manga e também, Carter nunca me dá algo sem querer outra coisa em troca.
— Não importa, o que importa é que eu garanto essa entrada.
— Eu topo, mas vou ter que sair hoje à noite de qualquer jeito. — nós paramos em frente à lanchonete do campus, então eu vou para a fila do balcão com David em meu encalço. — Meu primo foi transferido para esse campus, vai passar um tempo comigo. Eu preciso levá-lo para beber uma cerveja ou qualquer coisa heterossexual do tipo.
— Primo? — questiono, logo depois de fazer o nosso pedido. — Você nunca me contou que tinha um primo. Na verdade, eu não sei muita coisa sobre você além que você é gay, se veste de uma forma horrível e tem tara por pés.
— Tenho dois primos, que cresceram na Austrália. – ele me dá um empurrão com o ombro, se inclinando em minha direção com um sorriso sedutor. – E eu sou bissexual, você sabe muito bem disso. Além do mais, isso aqui é estilo e todo mundo tem direito a ter fetiches. Você saberia mais sobre mim, se prestasse mais atenção no que eu falo.
A atendente, uma menina baixinha e sardenta que sempre lança olhares tímidos na direção de David, reprime um risinho quando ele direciona o mesmo sorriso sedutor para ela. Talvez eu não preste realmente muita atenção no que ele fala, mas eu sempre estou atenta as garotas que ele meio que seduz pelo campus. Mesmo com um estilo duvidoso, David tinha uma beleza muito incomum que vinha das suas linhagens aborígenes e o tornavam um colírio para os olhos.
Eu faço uma careta para o "Katren" escrito no meu copo, escrito de uma forma terrivelmente errada. Por fim, suspiro. Merda de nome.
— Que seja. O que ele fez para ser transferido de tão longe? — eu tomo meu café duplo, encarando meu amigo por cima da tampa. — Assaltou um bancou ou sei lá o quê?
Pelo meu sorriso e a descontração em minha voz, é óbvio que estou brincando. Mas David está sério mesmo quando agradece a garçonete pelo copo — que tem seu nome numa letra cursiva e bem feita e correto — e me encara como se estivesse pronto para contar uma história de terror.
— Oliver é... bem, um pouco difícil. — ele pondera, então toma do seu café e nós nos sentamos numa mesa do lado de fora. — Nós nunca tivemos muito contato e quando tivemos as coisas nunca saíam de um jeito bom. Na verdade, eu preferia derreter meus olhos com ácido a ter que que sair com ele, mas a minha mãe me mataria.
— Você é tão dramático. – faço uma careta, bebendo do meu café forte e quase sem açúcar. – Leve ele para jantar, sei lá, se ele é problemático, é melhor não levá-lo à fraternidade. Vai que ele acaba se dando bem.
Eu sei, melhor do que ninguém, que as pessoas daquela fraternidade não são boa coisa. Pra alguém realmente se degenerar, não leva muito tempo, é só escolher as pessoas certas para andar.
Ou as erradas, no caso.
Ele diz alguma coisa, mas eu me perco encontrando Ryan e Anne, andando de mãos dadas entre várias outras pessoas pelo pátio do lado de fora. Meu cérebro parece ter um sistema automático, que faz meus olhos encontrarem os dois mesmo entre uma manada de corpos. Ridículo! Devo ser alguma masoquista em potencial.
— Pode ser? – olho para David, que tem seus olhos apertados em minha direção. – Meu Deus, você está me escutando?
— Claro que sim. – minto, em seguida tomo mais café. — E sim, pode ser.
— Tá bom, te vejo no bar do Joe às oito. – ele balança as sobrancelhas e se levanta todo feliz.
— Espera! O quê? – eu quase grito quando o seguro pela mão, puxando seu corpo de volta.
— Há! Sabia que você não estava me escutando. – ele aperta os olhos escuros em minha direção, dando um leve empurrão na minha cabeça. – Eu, você e meu primo. Hoje à noite no Joe.
— Eu não vou fazer um ménage com vocês dois. – eu brinco, mesmo que haja um fundo de verdade nisso. David olha para os lados, mais como uma mania dele irritante do que para ver se alguém me ouviu.
— Já te disse que te pegava facinho, e mesmo Oliver sendo um porre, ele dá para o gasto. – ele balança os ombros com desinteresse, mas eu acabo rindo porque sei que ele não está falando sério, pelo menos não na primeira parte. – Mas eu não estou sugerindo isso, só acho que será mais fácil para nós se uma garota bonita como você estiver de mediador.
— Mais fácil para nós?
— Ok, mais fácil para mim. – ele balança a cabeça, rindo daquela maneira sedutora. – Por favor, quebra essa pra mim.
Eu não posso realmente negar algo a David, quando foi ele que esteve comigo em todo processo de luto, na primeira semana, do meu não relacionamento com Ryan. Foi bem pesado, para alguém que não estava realmente num relacionamento.
— O que você me pede chorando, que eu não faço sorrindo? – o encaro por cima do meu copo, vendo meu nome escrito errado nele de novo. — Eu te encontro lá, então.
— Sabia que eu te amo? – ele beija o topo da minha cabeça, me fazendo dar um soquinho em seu abdômen definido. – Fique linda, como sempre.
Eu te odeio, eu te amo
Eu odeio querer você
Você quer ela, você precisa dela...
E eu nunca serei ela.
I hate, i love you (Gnash feat. Olivia O'Brien)