A Mansão Escarlate (Romance G...

By Lislanne_Amorim

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🥉3° Lugar na categoria LGBTQ (Prêmio Imaginadores) 🥉 3° Lugar na categoria LGBTQ+ (The Champions Awards... More

Noite Sem Lua
Contrato De Sangue
A Sombria Realidade
Terras Sombrias
Olhos Escarlates
Batalha Sangrenta
Espelho
Fera Incontrolável
Sucumbindo
Criação
Frio
Erguendo-se
Enigmático
Mar Vermelho
Poço Da Perdição
Sombras Do Passado
Caçada
Inimigos De Sangue
Fraqueza
Doce E Amargo
Sacrifícios
Conspiração
Lealdade
Confidentes
Calafrio
Banquete
Desejo
Se Entregando
Presságio Do Mal
Verdadeira Face
Partida
Torna-se A Fera
Despedaçados
Caminhos
Humano
Saúdem O Rei
Ascensão Da Guerra
Adaga Escarlate
Possuidor Das Sombras
Inimigos Iguais
Rosa Vermelho Escarlate

Corpo E Alma

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By Lislanne_Amorim

Capítulo 32

Elaja estava parado em frente à janela encarando o céu avermelhado que cortou a completa escuridão que engolia as terras da mansão, a cor se assemelhava a de seus olhos e parecia se tornar cada vez mais vibrante enquanto as nuvens cinzas desapareciam, a luz sangrenta banhava seus aposentos e seu punho se fechava ao imaginar que o tempo estava acabando. A profecia escrita mais de quinhentos anos atrás pelo próprio senhor das trevas antes era algo distante, o céu jamais mudava de cor e as palavras escritas por ele aos poucos se tornavam insignificantes, nesses últimos tempos a tormenta foi sua companheira e agora que seu interior está em paz tudo que o feriu emerge em uma noite e o condena.

Suas garras arranham o vidro desejando rasgar aquele céu, as marcas sobre ele deformam seu reflexo e a luz vermelha mancha seu rosto, refletida em sua pele como se quisesse lembrar de seu passado quando até sua face era mergulhada no sangue inocente e inimigo sem distinções, suas mãos se enchia e o derramavam enquanto de seus lábios escorria, suas vestes sempre manchadas como lembrete de suas crueldades e o seu ser permanecia sem sentir nada. Tempos em que seu interior foi congelado, tudo era tão vazio e sem propósito, a busca pelo poder e prazer eram um dever do qual ele seguia ordenado pela voz daquele que lhe deu vida.

Nunca foi o que ele desejou, nenhuma morte e nenhuma riqueza iria o saciar tanto como a companhia de Adam, tomar seu corpo o fez acordar para seus sentimentos, não era um desejo vazio e pecaminoso era a junção perfeita do eros e do ágape, dois corpos se tornando um de corpo e alma, as sensações de se entregar e ver o outro entregue, as revelações de seus sentimentos e o silêncio que falava mais que as tantas palavras usadas para descrever o que pode ser sentido. Estar naquele abraço, ouvir os batimentos daquele precioso coração e sentir seu corpo se ascender como uma chama é tudo que ele sempre desejou.

Caminhando ao lado do demônio ele lhe estendeu a mão, a alma pura sorriu e a agarrou, ela enxergava mais que a aparência e a friez que o descrevia, ele olhou em seus olhos e viu a batalha em seu interior, enxergou a alma que ele não tinha e sentiu o coração silencioso pulsar. Tudo que ninguém foi capaz de compreender, um jovem que sofreu em suas mãos, sofreu por conta de algo que ele criou agora sorria ao encará-lo e seu sorriso era tão belo e irreal que todas as vezes que era visto Elaja tentava capturar cada detalhe para sempre se lembrar.

Ao se virar para olhar o jovem que até então estava adormecido ele sentiu mãos envolverem sua cintura, o farfalhar do lençol sobre o chão que cobria de sua cintura para baixo parecia um belo vestido e sua cabeça recostou nas costas de seu amado, um longo suspiro foi ouvido e Elaja pegou uma das mãos do jovem e entrelaçou na sua, eram tão delicadas e quentes, seus lábios não conseguem resistir aquela pele que o convida a contemplar com seus beijos.

— A lua de sangue se ergueu, o céu está vermelho como seus olhos.— Adam disse e a mão de Elaja se apertou ainda mais à sua.

— Eu tinha esperanças de que esse momento nunca chegasse, foi quinhentos anos desde a profecia e eu não me importaria que ela nunca se concretizasse.— disse quase em um sussurro.

Elaja se virou e encarou o jovem de cabelos desgrenhados com um lençol o cobrindo, havia muitas marcas em sua pele, o lembrete de cada momento, foram tão instintivas, foram tão ferozes, ansiava por deixar marcas naquele corpo humano, não o brasão que ainda estava em sua pele mas, suas próprias marcas, aquelas que mostraram para o corpo imaculado o gosto daquela noite. Sua mão deslizou pelos cabelos macios de Adam e deu um passo a frente aproximando seus rostos, roçando delicadamente seus narizes e juntando seus lábios.

Aqueles beijos eram como respirar para os humanos, era tão preciso, a sensação de sempre provar daqueles lábios para se sentir vivo, ele se sentia humano e nada mais importava, suas memórias dolorosas eram enterradas e as doces eram colocadas em evidencia, porque ele não sabia até quando poderia tê-lo em seus braços.

— Ele está vindo, não é? — Adam disse se agarrando ainda mais à Elaja.

— Sim, eu posso sentir e não está sozinho. — disse suspirando.

— Quem o acompanha?

— Milhares de homens, posso ouvir o farfalhar das armaduras e o galope dos cavalos. A morte caminha em nossa direção e temo que não seja a minha e sim daqueles corações pulsantes que o acompanham. — disse fechando seu punho.

O paraíso a pouco tempo tinha chegado até Adam e agora faltava pouco tempo para que ele fosse arrancado sem dó, em seus braços ele ousou esquecer da verdade e como ela doí. Agora ela está se aproximando deles, falta pouco para que sangue se derrame novamente e não se sabe se será o sangue do senhor das trevas ou o sangue de Elaja, a dúvida que os persegue e os atormenta, o pesadelo que os fez acordar dos doces sonhos.

Havia se apaixonado por um demônio, havia se entrelaçado ao corpo daquele que um dia feriu muitos e mesmo que tentasse enxergar naqueles olhos a fera terrível que tomou o poder de Sea nada encontrava. Entre os tons de vermelho de seus olhos se escondiam apenas dor e arrependimento, não havia mal, não havia sede de sangue, a fera adormeceu em seu interior e ao tocar seu corpo, afundando em sua alma e ouvindo suas palavras teve a plena certeza que estava preso aquele homem. Não era mais um prisioneiro da vida e da morte, era um prisioneiro do amor, aquele sentimento destruidor e acolhedor que o levava ao céu e ao inferno em segundos, queimando de dor e desejo.

Olhando para a imensidão da janela, deixando suas mãos se deslizarem pela pele de seu amado, observando cada traço da criatura perfeita que fora criada por mãos malignas mas, que se assemelhava á um anjo desde sua beleza até sua verdadeira essência. Uma tempestade estava se aproximando e não havia previsão para a calmaria, rajadas de ventos ferozes e trovoes ensurdecedores se juntariam ao chocar das espadas e talvez uma delas atravessasse sua carne, talvez aquele fosse o último momento que teria com Elaja.

— Deseja mesmo lutar?— não havia lágrimas mas, sua voz soava como um soluço.

— Elaja Valero, lutarei ao seu lado até o meu fim.— Adam o encarou com um sorriso que era incapaz de esconder mesmo que as palavras tivessem um peso enorme.

Elaja se voltou para Adam, suas mãos pousaram sobre a cintura do jovem e em um movimento rápido ele o pegou em seus braços entrelaçando suas pernas em sua cintura. O lençol que o cobria agora deslizava por sua pele o deixando exposto, os braços do jovem envolveram seu pescoço e com os rostos próximos sentiram mais uma vez seus corpos se tornarem apenas um. As mãos de Elaja seguravam as costas nuas de Adam enquanto os quadris de ambos buscavam cada vez mais contato.

A cabeça de Adam tombou para trás, seu corpo se curvou e de seus lábios apenas um nome era dito entre longos suspiros. Seu corpo marcado pelas presas e garras, cicatrizes do prazer, lembrança da ferocidade de um sentimento que o marcou muito além da carne e do qual ele não pretende deixar, mesmo que a guerra esteja chegando e a morte esteja à sua espera, o maldito ceifador que o acompanha desde sua chegada continuará ao seu lado se seu coração continuar se acelerando por uma criatura das trevas.

— Um exército está caminhando em nossa direção e tudo que eu te peço é que não encare isso como uma despedida, jamais me diga adeus. — Adam disse e juntou seus lábios aos de Elaja.

— Eu espero não ter que fazer isso. — Sua cabeça se enterrou no pescoço de Adam e ali ele ficou, tentando gravar aquela doce perfume da pele humana.

Elaja se virou e caminhou até que as costas de Adam se chocassem com a janela, ambos desejavam ficar assim para todo o sempre. Fugir da realidade, construir um mundo deles, se entregar um ao outro sem se preocupar com o dia que estava por vir e, por fim, esquecer de tudo que pesa seus corpos e alma. Eles encontraram uma joia rara, a beleza entre o horror e o ouro entre as pedras.

Adam suspirou e entrelaçou seus dedos nos cabelos de seu amado, seu corpo estremeceu e sentiu o clímax chegar assim que os lábios de Elaja tocaram sua perna e suas presas ali se afundaram. Havia algo sobrenatural entre os dois, tão irreal quanto aquele mundo sombrio e aquela ligação profunda os fazia se entregar, se derramar um pelo outro e as vozes que podiam ser ouvidas por toda a mansão eram a prova disso, reinava o sentimento que transcendia a vida que já não jazia no corpo de Elaja.

Gotas de suor, cheiro de sangue e um suspiro pesado. Então se afastaram com um sorriso em seus rostos.

.

.

.

Elaja em frente a um espelho colocava sua armadura, ao vê-la já podia-se dizer que era impossível uma espada atravessar. O ferro tinha em sua superfície um dragão entalhado que começava em seu peito e se enroscava em sua cintura, textura de escamas foram feitas por toda a superfície e uma capa vermelha caía sobre seus ombros e rastejava no chão. Eis uma figura de poder, aquele ferro que um dia foi banhado por sangue, aquela armadura que ele vestia no tempo em que estava perdido, sob o controle da fera que residia em seu interior.

Cada vez mais próximo o barulho dos galopes, o relinchar dos cavalos, os passos pesados de milhares de soldados que se aproximavam levando consigo o silêncio e a paz. Ele estava vestido para uma batalha que, com certeza, mancharia aquelas terras novamente, o sangue escorreria pela colina e as pobres almas ficariam presas entre as trevas mas, ele assim faria para livrar seu amado e Sea das sombras que a engoliam.

Adam estava de costas para si, ele vestia uma armadura acinzentada, sua delicada pele era coberta pelo metal pesado e Elaja o encarava pelo espelho desejando não ter que levar a pessoa que mais ama em direção á morte, sua existência vil já havia causado muitos ferimentos e tudo que ele desejava era protegê-lo daquele mundo cruel que ele mesmo construiu. Era como ser ferido pela rosa que plantou, os espinhos agora afundavam em sua carne e muitas vezes pareciam rasgá-la de dentro para fora, suas ações os levaram para isso e mesmo que se arrependesse não poderia esquecer que tinha culpa.

Adam, a figura tão delicada que muitas vezes parecia quebrável entre seus braços agora estava pronto para uma guerra que não era sua, ele tomou suas dores e sofrimento, sentiu cada uma das suas feridas e as colocou em sua própria pele mesmo que elas doessem tanto que era possível pensar em desistir.

Lembra claramente daquele sentimento quando o jovem cruzou os portões, a fera urrava em seu interior para devorá-lo e ao mesmo tempo queria envolvê-lo. Pela primeira vez ele foi capaz de parar, as garras em suas mãos não foram longe para feri-lo e então ele olhou naquele olhos marejados e enxergou algo que nunca viu em nenhum outro humano.

Elaja pegou uma espada que tinha o mesmo símbolo do dragão presente em sua armadura e caminhando lentamente se voltou para o jovem que o encarou surpreso. A espada foi colocada em suas mãos e ele a agarrou com força olhando seu amado diretamente nos olhos, agora ele lhe entregara o que um dia foi parte de tragédias para quem sabe se tornar parte de uma revolução feita pelas mãos de alguém realmente merecedor de tal poder.

— Essa lâmina feriu tantos por motivos cruéis e egoístas. Mas, eu acredito que você possa transformá-la em símbolo de um novo começo.

— Obrigada, por tudo que tem feito por mim. — as palavras do jovem fazem Elaja sorrir de lado.

— Realmente não enxerga? Você que me mudou e fez muito por mim. Meu interior frio deveria não possuir nenhum sentimento e agora despertou por sua causa.

— Acho que ambos despertamos de um longo sono, onde não parecia ter esperanças.— disse e acariciou o rosto de Elaja.

O barulho ensurdecedor da marcha dos soldados agora estava bem próximo, a lua avermelhada já surgia entre as nuvens e os corvos sobrevoavam os céus grasnando alto enquanto as árvores mortas da floreta sombria eram chacoalhadas pela horda de homens que com suas espadas cortavam os galhos secos e avançavam sem medo mesmo que as trevas agora os cercasse. Elaja sentia o cheiro da morte, a presença de seu criador que ali estava, não em todo o lugar mas, em alguma casca entre todos aqueles pobres humanos.

A espada deslizou pela bainha da armadura de Adam e após uma última trocada de olhares eles deixaram os aposentos. Desceram a escadaria vendo que ali estava os seis irmãos de Elaja, todos vestidos como a própria realeza que o encaravam com desdem, principalmente Derick que se colocou á frente dos demais como se fosse líder. Seu sorriso cheio de malícia revelava seus pensamentos, naquela noite banhada pela lua escarlate ele esperava ver seu irmão sendo destruído pelas mãos daquele que lhe deu a imortalidade.

— Parece que chegou a hora de nosso criador ver o verdadeiro líder dos Valero. — Derick disse se aproximando de Elaja.

— Meu irmão, desejo que seu sonho se realize para que eu possa ver com meus próprios olhos ele se tornar um pesadelo.

Nesse momento Derick olha de relance o jovem ao lado de Elaja empunhando a espada que lhe foi confiada, sua face séria não se abala diante do olhar dos demais Valero.

— Você está arriscando tudo por causa de um humano? Sentimentos é tudo aquilo que tornaram os humanos tão fracos, derrotados e submissos. Vejo que agora você se tornou um deles.— Derick o olha de cima a baixo e se afasta.

— Espero que acorde Elaja. — Klance disse com sinceridade em seu olhar.

Ali estava os sete irmãos aguardando a hora em que se apresentariam diante de seu criador, seus olhares focavam na porta diante deles enquanto o barulho se tornava cada vez mais alto e próximo. Eles sentiam o cheiro, os passos pesados dos soldados se colocaram diante dos portões da mansão e então o relinchar de um dos cavalos foi ouvido.

— Apresentem-se diante de mim, Vitia de Sea.— a voz de Vitia era ríspida e grave.

"Não temam meus filhos, revelem-se."

Uma voz suave foi ouvida, como um sussurro os alcançou e então as cicatrizes ao redor dos olhos de Elaja se revelaram, seu punho se fechou, suas presas cresceram e suas garras se mostraram em segundos. Ele caminhou à frente dos demais tendo Adam ao seu lado enquanto seus olhos vermelhos se tornavam um mar de larva fervente, a sede de sangue o consumiu e nada o pararia agora que estaria diante dele.

— Aqui estamos nós, meu criador.— a voz de Elaja cortou o silêncio como um trovão, uma fera urrava por sangue em seu interior e ao encarar a casca de Wilfried ele sentiu o poder das trevas que lhe deu a vida.

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