Miley
3 Meses Depois
Minha cabeça dói, meus olhos pesam e sinto que não estou sozinha na cama, todas as parte do meu corpo estão doloridas mas eu não me sinto em casa para estar à vontade. Com dificuldade abri meus olhos sentindo a luz solar incomodar minha visão, cocei meus olhos sentindo minha visão voltar aos poucos, levantei a cabeça olhando a volta. Uma, duas, três, quatro, pessoas a cama comigo e duas delas apenas de calcinha e sutiã, todos ainda dormindo e eu sentindo que não estou em meu habitat natural.
Me sentei na ponta da cama sentindo minha cabeça girar, passei mais uma vez as mãos no rosto e me levantei com cuidado para não acordar aquelas pessoas que eu não me lembro o nome e não faço ideia de como vim parar aqui. Andando pelo cômodo, desviava de algumas pessoas que também estavam dormindo pelo chão, avistei uma latinha de energético em cima da cômoda ao lado da porta, peguei a mesma e sai do quarto virando o líquido em minha boca.
Deus, a noite de ontem foi completamente insana, muita bebida, drogas e sexo em um lugar só, pessoas dançando em uma casa que não faço ideia em qual parte de Seattle seja. Tem sido assim nesses últimos 3 meses, desde que saí de casa por causa das palavras de Demi, que até hoje me machucam apenas de lembrar, tento me convencer todos os dias de que ela não me disse aquelas palavras. Louca, doente e psicopata. Pensei que todos aqueles dias que estávamos morando juntas ela tinha me aceitado e claro entendido meu lado super-protetor, mas quando Horan chegou naquele estado e ela acreditou em sua história, eu simplesmente fiquei sem chão, sem rumo, e o pior de tudo, fiquei sem ela.
Claro que não foi eu quem deixou Horan naquela situação, sim, eu havia ido ao escritório dele naquele dia, mas não havia encostado a mão nele e deixei claro ao mesmo que não faria nenhum mal.
FLASHBACK ON
Na noite que comprei Batman e Floyd, estava me sentindo bem e feliz com Demi, estávamos no nosso melhor momento, pensei em falar com Horan apenas para ele não achar que eu fosse inferior ao mesmo, eu sabia que Demi havia resolvido o que tinha acontecido quando o loiro me ameaçou, mas eu não gosto de ser ameaçada em minha própria casa, então decidi colocar cada coisa em seu lugar.
Fui ao distrito depois da pet, sabia que ele ainda estaria lá e como liguei antes para Demi, também sabia que a mesma não estaria no distrito para me impedir.
— Sel, como está? – Abracei a morena sorridente.
— Muito bem, e você? – Separou o abraço me encarando.
— Bem.
— Você sabe que a Demi, já saiu né? – Avisou arqueando as sobrancelhas.
— Sim, eu sei. Mas eu vim para outra coisa. – Suspirei. – Sabe me dizer onde é o escritório do Niall Horan? – Franzir o cenho.
— Miley, não vai fazer nenhuma besteira né? – Colocou a mão em meu ombro. – Demi, me avisou que você poderia fazer isso. – Explicou.
— Eu não vou fazer nada, só quero conversar com ele. – Expliquei a tranquilizando com um sorriso.
— Certo, mas se ela descobrir eu não te disse que a sala dele é a segunda da direita. – Apontou me fazendo rir breve.
— Pode deixar, eu saio em dois minutos. – Pisquei para ela que apenas negou com a cabeça voltando ao seu trabalho.
Caminhei até a porta que Selena havia apontado, coloquei a mão na maçaneta e respirei fundo e repetindo para mim mesma que não iria perder o controle, abri a porta e entrei no escritório recebendo o olhar assustado de Horan e o olhar surpreso do moreno que eu não faço questão de saber quem seja, já que o mesmo também poderia estar na minha lista.
— Horan, precisamos conversar. – Encarei os azuis que me dão ódio apenas de olhar.
— Você não pode entrar aqui assim. – Horan protestou.
— Está com medo? – O desafiei vendo seu punho se fechar.
Ficamos nos encarando por alguns segundos e quando ele viu que eu não desistiria de falar com o mesmo, ele encarou o amigo.
— Wilmer, nos dá licença. – Pediu.
O moreno na mesa da frente assentiu e se levantou passando por mim, me causando um frio extremo na nuca. Quando o mesmo saiu do escritório e fechou a porta, eu caminhei em passos pesados até a mesa do loira e bati com as duas mãos no vidro de sua mesa, os azuis de Horan, se arregalaram e por um minuto não senti que ele fosse o mesmo homem que me ameaçou e sim um grande bebezão.
— Qual seu problema para ir até minha casa e me ameaçar? – Olhava no fundo de seus olhos passando toda raiva que sinto.
— Qual seu problema de vir até meu escritório e falar assim comigo? – Retrucou me fazendo sentir o calor da raiva me consumir.
— Eu vou ser clara com você, seu merdinha. – Bati no vidro de sua mesa o assustando na cadeira. – Se você fizer isso de novo, se me ameaçar ou chegar perto de Demi para falar qualquer outra coisa que não seja relacionado ao seu trabalho. – Dei a volta na mesa e girei sua cadeira para que o mesmo ficasse frente a mim. – Eu vou matar você. – Completei ácida. – Deu pra entender? – Balancei sua cadeira o fazendo assentir de imediato.
Escutei o barulho da porta ser aberta então voltei a minha pose formal, encarei o indivíduo que atende pelo nome de Wilmer o mesmo me mediu e logo levou o olhar a Horan, que encarava um ponto fixo em sua mesa.
— Niall, precisamos terminar o relatorio. – Avisou com sua voz que me causou náuseas.
— Eu já preciso ir mesmo. – Sorri para Horan que me encarava ainda assustado. – Até mais ver Horan.
Passei pela porta não fazendo questão de encarar o moreno que me encarava de maneira constrangedora e fixa.
FLASHBACK OFF
E mesmo que eu tente descobrir o que aconteceu com Horan naquele dia eu não consigo, ele por ser colega de trabalho de Demi, a vê todos os dias e desde o incidente que me fez sair correndo de minha casa naquela noite, Horan tem sido protegido pela polícia já que todos – inclusive Demi – teem medo de que eu volte e tente algo com ele. Eu não seria capaz de sujar minhas mãos com Horan, sei que Demi nunca me perdoaria por isso, mas provar que não foi eu que fiz aquilo com ele, não seria lógico com o estado do meu histórico.
Depois de longos minutos pensando no meu estado, me lembrei que ainda estou na casa de um desconhecido com pessoas dormindo a minha volta, joguei a latinha de energético vazia em qualquer lugar do quarto e me levantei caminhando meio desorientada para fora daquele cômodo. Minha cabeça latejar, e eu sinto meu corpo exausto por conta da minha saúde mental, passando por algumas pessoas também estão dormindo jogadas pelo chão do corredor, identifiquei o banheiro da casa, adentrei ao mesmo me encarando no espelho.
Essa é sua vida agora, Cyrus. Não tem o que fazer, não tenho o que mudar, apenas sobreviver dia após dia, até que ela saia da sua mente. Suspirei encarando meu reflexo, liguei a torneira e joguei água em meu rosto sentindo minha dor de cabeça passar e meus olhos arderem devido ao despreparo ótico, assim que terminei minhas higienes sai do cômodo desviando dos corpos pelo corredor, chegando a sala havia mais pessoas, e por ali avistei meu par de coturnos.
Me sentei no braço do sofá ainda meio zonza, calcei meu coturno e logo caminhei até a porta onde ao lado da mesma estava pendurada minha jaqueta de couro preta. Abri a porta sem omitir barulho e saí daquela casa que não faço questão de conhecer o dono, andando pelas ruas reconheci o lugar onde estou, não é tão longe do apartamento de Justin, mas ainda sim do outro lado de Seattle, então assim teria que pegar um trem para chegar a casa dele.
Eu não voltei em minha casa desde o incidente, não conseguiria chegar aquela casa e vê-la vazia, ou se por algum acaso Demi estivesse por lá, eu não conseguiria olhar em sua cara já que continuo carregada de chateação, e não duvido que ela esteja igual ou pior. Fico me perguntando como ela foi capaz de desacreditar em mim, todos esses meses que passamos juntas, morando, convivendo e nos amando, foram em vão para ela, todos os anos de nossa amizade foram em vão e o que mais me dói é que o fim não foi culpa minha, mesmo que eu tenha desobedecido seu pedido.
Desci as escadas da estação de trem distraída com meus pensamentos. Não consigo tirar da cabeça tudo o que vivi com Demi, e como tudo acabou tão rápido me machuca, mas eu não tenho outro modo de esquecer essa situação que não seja bebendo. Assim que o trem parou a plataforma, eu entrei no mesmo e notei que o vagão está vazio, me sentei perto de uma janela apenas esperando até a próxima estação para descer.
Perdida em pensamentos, eu nem notei que o trem já havia chegado, desci do mesmo e caminhei para fora da estação. Em poucos minutos cheguei na frente do apartamento de Justin, distraída com tudo o que vem passando em minha mente durante esses 3 meses nem notei que o síndico do prédio falava comigo.
— Senhorita Cyrus, desculpa incomodar. – Ele tocou meu ombro devido a minha distração. – Mas, eu tenho que perguntar. Você saiu ontem a noite, e só voltou hoje, está tudo bem? – Franziu o cenho com voz carregada em preocupação.
Eu suspirei pesado, odeio responder a essa pergunta. Todas as vezes são como agora, eu tenho que levantar meu olhar de serenidade e sorrir largo como se fosse o dia mais feliz da minha vida, e esse ato parece que me mata mais por dentro a cada vez que o faço.
— Eu estou bem, George. – O tranquilizei com a voz suave. – Sabe me dizer se Justin, está? – Troquei o assunto para que não viesse mais perguntar sobre meu humor.
— O senhor Bieber, saiu pela manhã. Ele pediu para que você fosse a academia quando chegasse. – Avisou.
— Certo, obrigado por avisar. – Agradeci.
Continuei meu caminho para dentro do prédio, o trajeto até o elevador e do mesmo até o andar do apartamento de Justin, já viraram uma rotina para mim. Por todos esses meses peguei o hábito de me distrair com minha situação atual, chego aos lugares desligada e saio deles sem saber para onde vou em seguida, nunca pensei que a vida sem Demi fosse tão sem graça e sem ânimo, mas a cada dia que se passa me sinto morta por dentro e desgastada fisicamente.
Não duvido que isso demonstre a olhos alheios, tem semanas que Justin vem tentando me tirar desse apartamento ou tentando me fazer mudar de ideia para sair todas as noite e cair na bebedeira, mas eu não sinto vontade de voltar a minha rotina, não treino a dias e mesmo que eu vá para a academia e treine qualquer aluno ou até mesmo sozinha, eu não me sinto feliz.
Assim que cheguei ao andar, caminhei até a porta de Justin e abri a mesma com minha cópia da chave. É incrível como o ar muda quando você está em uma casa cheia de pessoas e logo depois "em casa", a sensação de vazio é maior e quase que gritante, sei que esse é um dos motivos por eu não deixar as bebidas e entorpecentes. Se eu parar e ficar sozinha com meus pensamentos, vou acabar me matando, e mesmo que eu queria isso, eu sei que esse não é meu fim.
Caminhei até a o banheiro, abri o armário do espelho e dali tirei uma pastilha antiácida, mas amenizar a dor que a noite de ontem causou em meu estômago, virei o líquido de uma vez em minha boca não me preocupando em esperar a pastilha dissolver. Desligada e ainda indisposta, eu me despi e decidi tomar um rápido banho, não demorei muito momento assim embaixo do chuveiro são quando eu mais paro e penso em Demi. Masl, posso dizer o quanto estou com saudades, saudades de sentir seu cheiro, estar com ela, escutar sua risada e ver seu sorriso no rosto, perceber que o motivo pela qual ela mais sorria era eu e o motivo pela qual estamos separadas também sou eu, me levam a decidir que não vou ficar dentro dessa casa sozinha com meus pensamentos.
Depois de terminar meu banho, caminhei até a mala que pedi para Justin fazer para mim quando ele foi até minha casa pegar meu carro. Eu decidi morar com Justin, desde o incidente, não gostaria de voltar a aquela casa ou muito menos ficar vagando de hotel em hotel, e mesmo que isso tivesse sido uma boa para sumir da vida de Demi – como ela pediu – Justin, não deixaria eu me afastar assim.
Dentro da mala, tirei uma calça jeans preta e uma camisa branca. Coloquei a calça junto ao coturno que usei na noite anterior, assim que coloquei a camisa sem me preocupar com sutiã, me olhei no espelho do quarto e me medi. Aos poucos segundos que me apreciei, me lembrei que estava com essa camisa em uma das vezes que sai com Demi, podia ainda sentir seu corpo me abraçando e ela dizer que me ama ao pé do meu ouvido.
Ainda me encarando, olhei em meus olhos e notei que ambos se enchiam de lágrimas. Não Destiny, você não pode chorar, não por mais um dia. Balancei minha cabeça, e tirei a camisa branca de meu corpo jogando ela em qualquer lugar por ali, revirei minha bolsa novamente e dali tirei uma blusa de frio vermelha, após colocá-la me virei novamente para o espelho. Analisei bem aquela peça, e notei que aquela blusa não é minha, está pequena demais e seu cheiro é diferente, peguei no tecido e levei ao meu nariz inalando o cheiro doce e inconfundível que ali habita. Claro, é a blusa que Demi usou em nossa primeira vez juntas, nunca senti tanta confiança em uma pessoa como naquele dia, nunca me senti tão amada e desejada, quanto era por ela, nunca mais vou me sentir viva sem ela.
Dessa vez sem perceber, minhas lágrimas desciam por minhas bochechas e mais uma vez tive que balançar minha cabeça e jogar todos meus pensamentos para longe, tirei o tecido do meu corpo e antes de devolver a minha mala, eu inalei o tecido sentindo cheiro doce novamente. Como sinto falta dela. Guardei a blusa em minha mala, novamente revirei as roupas ali até achar algo que não me lembrasse a falta por Demi.
Por fim, achei uma regata cavada preta que Justin havia pego quando foi até minha casa para pegar algumas coisas. Quando ele esteve por lá, me disse que Demi não estava em casa e parecia que não teve por lá a muito dias, como se tivesse abandonado tudo que um dia foi nosso, a partir daí eu procurei não saber mais dela, sai algumas vezes com CHristina e Selena, mas sempre deixei claro as duas que não queria saber nada sobre Demi – mesmo querendo saber tudo .
Estou pensando nela de novo. É sempre assim, todas as vezes que estou fazendo alguma coisa ou seja a que mais me puxe a atenção ou a que me deixa com a cabeça nas nuvens, me vem Demi na mente, como se algo estivesse faltando em mim, como se algo estivesse errado e apenas com meu esforço fosse dar certo novamente. Todos esses meses sem tomar uma atitude, com medo de encarar Demi e tentar me explicar, medo de que ela não me aceite de volta, fico me entorpecendo para esquecer essa ideia maluca de correr atrás dela. Mas e se não for uma ideia maluca.
Não, não posso ser impulsiva e fazê-la me odiar mais. Tirando a ideia maluca de ir atrás do amor da minha vida, continuei o trabalho de me vestir, não posso continuar dentro dessa casa sozinha com meus pensamentos. Preciso de outra festa.Coloquei uma calça jeans azul rasgada nas coxas e logo meu par de tênis brancos da Nike, voltei ao banheiro e me olhei novamente no espelho. Estou muito pálida, com a típica cara de quem está sofrendo a meses. Coloquei minhas mãos em meus cabelos loiros recém umedecidos e penteie para trás, deixando que secasse naturalmente, sem perder tempo fiz uma maquiagem escura em meus olhos para que não demonstrasse meus dias de choro, e em meus lábios passei um batom vermelho vinho.
Assim que terminei me olhei no espelho e soltei um suspiro. Só estaria melhor se estivesse com Demi. Suspirei olhando em meus olhos novamente, então sai do banheiro pegando minhas chaves, carteira e um casaco cinza, nem me importo mais com meu celular, já deixei claro a Justin que não me comunico mais pelo mesmo, já que tudo o que está lá me lembra Demi, e não posso ficar revendo nossas conversas e fotos, é doloroso demais já tê-la em meus pensamentos diariamente. Balancei a cabeça esquecendo meu problema e caminhei para fora do apartamento. Preciso fugir de meus pensamentos.
×××
Desci do táxi em frente a academia, paguei a corrida e desci do veículo colocando meu casaco, sem me importar de olhar a acabei esbarrando em um corpo pouco menor que o meu, instantaneamente eu segurei o copo da pessoas pela cintura e levei minha atenção aos seus olhos. Um par azuis que me recordo vagamente, um sorriso tímido que não estava lá quando conheci a loira que agora se desculpava pelo esbarrão.
— Desculpa, não te vi, estava distraída no celular. – Balançou o aparelho na mão.
— Tudo bem, eu também não sou a pessoa mais atenta do mundo. – Entortei a boca sorrindo forçado.
— Espera... Eu conheço você? – Franziu o cenho. – Cyrus não é? – Apontou.
Assenti levemente. – E você é? – Arquei as sobrancelhas esperando sua resposta.
— Stella! Stella Maxwell, nos conhecemos na boate. – Relembrou.
Como um filme, todas aquelas cenas daquela noite se passaram por minha mente. Desde o momento que acordei ao lado de Demi naquele dia, onde estávamos bem e começando a transmitir o que realmente sentíamos uma pela outra, até o momento de nossa discussão na boate até o momento que joguei o carro em cima de Joe. Exatamente tudo voltou em minha mente, e eu apenas consegui demonstrar a cara de recordação daquela noite, mesmo que eu me lembre de ter apenas beijado a loira a minha frente e nem ao menos ter trocado nossos telefones naquela noite.
— Sim, claro que me lembro. – Assenti dessa vez sorrindo sem mostrar os dentes.
— Então, será que dessa vez posso pegar seu telefone? – Soltou divertida
— Claro, porque você não me passa o seu e eu te chamo? – Menti.
Claro que não a chamaria, não tenho tempo para me entreter com alguém, minha vida esteve tão conturbada que não tenho pensado nem em mim mesma. Stella, pegou meu braço e levantou minha manga, assim marcou seu telefone em meu antebraço. Nos despedimos, e eu a observei brevemente ir embora, com a atenção em baixar minha manga eu entrei na academia, e então o único cheiro que tenho sentido falta de estar no mesmo ambiente para sentir nitidamente, tomou conta de minhas narinas me fazendo levantar a cabeça e levar a atenção até o balcão. É ela.
De costa para mim conversando com Justin e Christina, eu a medi lentamente registrando seu corpo perfeito, coberto por um par de coturnos pretos e uma calça jeans azu justa, no torso uma camisa branca e seus cabelos. Agora não estão longos como antes, estão curtos até seus ombros e com uma tonalidade mais escura. Continua perfeita, mesmo sem olhar em seus olhos.
— Miley! – Escutei Emma gritar meu nome de cima do tatame.
Um choque de realidade percorreu meu corpo me fazendo piscar várias vezes, minha atenção foi a Emma que desci do tatame vindo em minha direção, e passam rapidamente por Justin e Christina que sorriram para mim, porém não recebi a única atenção que realmente me importa. Demi, permaneceu de costas para mim ignorando totalmente o grito que Emma deu e a atenção de todos que viram a mim.
— Que bom que veio. – Emma abraçou meu corpo me fazendo sorrir breve.
— Claro que vim, achou que eu ficaria sem ver minha melhor aluna. – Abracei seu corpo levemente.
— É que você não vem a dois meses... – Ela sussurrou revirando os olhos e eu soltei uma risada fraca.
— O que te fez sair de casa, Miley? – Dylan me cumprimentou com abraço e logo olhou em meus olhos sorrindo.
— Só mais uma festa. – Levantei os ombros.
Dylan é um dos únicos que sabe como tenho levado a vida durante esses meses, ela me leva a algumas festa as vezes, mas digamos que o jeito que ele tem de se divertir é civilizado demais para o jeito que estou me sentindo por dentro.
— Tem uma hoje a noite, vai um pessoal legal, quer ir? – Questionou. – Prometo que não vai ser nada morto, se é que me entende. – Sorriu travesso.
— Tudo bem, eu não tenho nada confirmada para hoje mesmo. – Levantei meus ombros despreocupada.
— Miley, chamei você aqui porque estávamos combinando de ir ao cinema. – Justin apontou para Demi e Chris.
— É Miley, vamos vai ser legal. – Chris incentivou.
Levei meus olhos a única pessoa que se mantinha de costas, espero por suas palavras, espero por sua atitude. E por muitos segundos esperei instalando o silêncio piedoso no ambiente, notei que o olhar de Justin e Chris, foram a Demi e então ela negou levemente com a cabeça e logo abaixou. Suspirei, suspirei pesado, sei que até mesmo ela escutou meu suspiro, porque além de frustração está carregado de tristeza e raiva. Raiva por ela achar que não notei seu ato de negação; raiva por ela não ter nem a coragem de olhar em meus olhos ou trocar alguma palavra comigo; raiva por ela me tratar como ninguém. Raiva por saber que nada disso é culpa minha e mesmo assim ela não acreditar.
— Melhor não, eu não quero ser incômodo para ninguém. – Disse em alto e bom som esbanjando a força que não tenho em minha voz rouca.
Novamente a atenção de todos foram a Demi. Sim eu quero atingi-la, quero que ela olhe em meus olhos que seja com raiva e ódio, mas eu quero olhar em seus olhos novamente para ter a certeza de que ela não me ama mais. Assim Demi fez, levou uma das mãos ao rosto e se virou para mim limpando o que eu acredito ser uma lágrima, já que os castanhos estão brilhantes e mais claros que o normal, notei também que em seu pescoço havia marcas levemente escondidas em uma maquiagem que já saia, e logo abaixo de seu lábio um corte que está ainda em processo cicatrizante, demonstrando ser recente. Meus olhos foram aos seus novamente e eu notei que ela tentava esconder ainda mais seu rosto, sem dizer nada, Demi saiu correndo escondendo suas lágrimas, ela passou por mim e saiu da a academia em direção ao seu carro que estava parado a frente. Meu coração já está com batidas mais fortes e rápidas do que antes, aqueles olhos não são os que eu amo, não são os olhos que eu amo ver cheios de brilho e felicidade. Aqueles olhos estão sofrendo, e algo me diz que não são pelo simples fato de termos nos visto depois de meses.
Christina, saiu da academia para conseguir alcançar Demi, porém a baixinha foi mais rápida e acelerou o carro saindo dali sem pensar duas vezes. Assim que Chris voltou a academia, eu não hesitei em perguntar.
— Chris, porque ela está machucada? – Questionei curiosa.
Sei que pedi a tod0os que não falassem sobre a vida dela para mim, mas minha preocupação sempre será maior do que meu orgulho quando se trata de Demi. Por um segundo notei Christina hesitar, seu olhar foi ao de Justin e então a mesma voltou os olhos a mim tentando segurar um possível nervosismo.
— Tivemos um caso sério ontem, ela acabou entrando em uma briga com uma das suspeitas. – Explicou rápida evitando o contato visual.
Suspeitando de suas palavras, eu semicerrei os olhos a encarando, então decidi deixar para lá já que sabia que se Christina estivesse inventando toda aquela estória, então ela não falaria a verdade sobre o que está acontecendo. Mesmo que eu não possa fazer isso, eu preciso saber o que está acontecendo, então vou ter que descobrir sozinha.
— Então, vamos a essa festa hoje à noite. – Encarei Dylan que assentiu sorrindo largo. – Eu te ligo quando estiver pronta. – Caminhei até a porta me preparando para sair.
— Espera Miley, e o cinema? – Justin relembrou.
— Outro dia nós vamos, eu não quero ficar presa em uma sala escura hoje. – Justifiquei o deixando sem argumentos para me manter ali. – Me empresta o carro por favor. – Lembrei antes de sair.
— Claro, mas porque? – Pegou as chaves me estendendo do balcão.
Revirei os olhos e caminhei até o mesmo.
— Só vou passar no apartamento, já trago de volta. – Avisei pegando as chaves de sua mão.
Antes que eu me afastasse, Justin segurou pro meu punho e me puxou para perto novamente.
— Se você precisar eu estou aqui. – Sua voz saiu sincera enquanto olha em meus olhos.
— Eu sei, fica tranquilo. – Sorri para ele me afastando.
— Não vai fazer nenhuma merda, Cyrus. – Escutei a voz autoritária de Christina relembrar.
Eu abaixei a cabeça e caminhei até o carro de Justin, entrei no mesmo e respirei fundo assim que coloquei a chave na ignição. Eu estou certa em ir atrás dela? Me parece o certo a se fazer, me parece o correto, mas e se ela saiu daquele jeito porque não aguentou nem ao menos olhar em meus olhos ou sentir minha presença. Mas e aquelas marcas, aquele corte em sua boca, porque estaria naquela situação, não parecia algo que foi feito ontem e sim a muito dias, como se acontecesse sempre. E seus castanhos já não brilham como antes, não parecem felizes e muito menos sentindo raiva.
Certo, eu preciso fazer isso, preciso matar essa agonia dentro de mim, não posso passar mais dias sem saber como ela está, não posso passar mais dias sem tê-la comigo. Liguei o carro e então dei partida no mesmo indo em direção ao distrito, conhecia o caminho tão perfeitamente que em minutos parei a alguns metros de distância do local, desliguei o carro e desci do mesmo caminhando em direção a entrada daquele lugar.
Quando entrei no local, meus olhos rolaram pelo ambiente atrás da única pessoa que me importa, nenhum sinal dela pela recepção e nem até onde meus olhos alcançam, notei que alguns policiais já que encaram desconfiados de meus atos, então como quem não quisesse nada eu caminhei até o balcão de atendimento. Onde encostada conversando com a recepcionista, está Selena, outra que não vejo a semanas.
— Miley! – Seus olhos arregalaram surpresa com minha presença. Mas na verdade ela parecia nervosa comigo aqui. – O que faz aqui? – Me abraçou levemente.
— Só vim pra te chamar para uma festa hoje à noite. – Menti relembrando o fato mais recente que ocorreria essa noite.
— Oh. – Ela arqueou as sobrancelhas surpresa. – Eu até gostaria de ir, mas vou ao cinema com Justin, Demi e Chris. – Explicou.
— Ah, sei. – Sorri fraco. – Mas, então alguma novidade? – Tentei parecer o menos curiosa possível.
Novamente rolei meus olhos pelo ambiente, e enquanto Selena fala algo que em um piscar de olhos eu não escuto mais, achei a única coisa que me fez entrar nesse lugar novamente. Demi, está a alguns metros de distancia de mim, falando com alguém que não consigo ver devido a uma coluna que está a frente, ela parece séria e distraída. Quando Demi terminou o assunto com quem seja lá fosse, ela se virou e então notei o latino que eu disse que um dia entraria em minha lista negra por algum motivo específico, no qual aquele tempo eu não queria ver o óbvio. Agora a minha frente eu posso ver o motivo por Wilmer, ser tão negado por mim, quando suas mãos foram ao rosto de Demi com certa agressividade e seus lábios tocaram o dela em um beijo meio agressivo, eu senti meu peito suprimir e meus olhos se encherem de lágrimas.
Senti uma mão em meu ombro e minha atenção voltou a Selena. Eu podia sentir seu olhar de pena, dó, e até mesmo o motivo de sua surpresa mista com nervosismo com minha aparição, ela sabe o que está acontecendo e não duvido que Justin e Christina também já sabiam. Sem poder dizer nada, sem ter nada para dizer, eu neguei com a cabeça olhando novamente a cena dolorosa a alguns metros, dessa vez eles separam o beijo e se abraçaram. A atenção de Demi, veio a mim e nitidamente eu pude ver que seus olhos arregalaram, sem ter forças para continuar olhando em seus olhos eu sai daquele distrito o mais rápido possível.
Não posso acreditar que ela tenha feito isso, tenha conseguido outro alguém tão rápido, ter me esquecido tão rápido. Com o choro entalado em minha garganta, eu entrei no carro de Justin e bati a porta com toda raiva que corria por minhas veias, eu me apoiei no volante e soltei minhas lágrimas junto ao choro alto, que tenho certeza que quem passasse próximo ao carro escutaria.
Passei todos esses meses me entorpecendo, enchendo a cara e gastando meu dinheiro com putas baratas, deixei minha vida de lado porque não consigo fazer nada com gosto, por estar a todo momento sofrendo por Demi, e por um momento eu pensei que ela pudesse estar sofrendo como eu, pensei que ela pudesse sentir minha falta, mas eu estava enganada, eu mesmo me enganei para continuar apaixonada por ela. Mas chegou a hora de deixar esse sentimento de lado, eu não posso pensar que só porque estou sofrendo que ela também deve.
A felicidade de Demi, sempre foi meu maior objetivo e eu perdi a chance de conseguir concluir esse feito, então mesmo que seja com outra pessoa eu tenho que aceitar, não é? Segurando minhas lágrimas eu controlei minha respiração e me recompus, olhei pelo retrovisor e notei que minha maquiagem está levemente borrada, nada que algum retoque não ajude, mas nada esconderia esses olhos vermelhos devido ao choro. Dei partida do carro saindo daquele local, prometendo a mim mesma que não iria nunca mais atrás de Demi, prometendo a mim mesma que deixaria de amá-la de uma vez por todas.
Segurando o volante com força, eu bati no mesmo com raiva já que minhas lágrimas insistiam em escorrer por meu rosto mesmo com meu esforço de me manter forte. Tenho que tirá-la da minha mente. De relance notei meu braço manchado, focando minha atenção e secando minhas lágrimas me lembrei do número de Stella, que a mesma marcou em minha pele. Sei que esse não é o melhor jeito de esquecer uma pessoa, mas me ajuda por algumas horas.
×××
Desci do táxi em frente Kremwerk, uma das boates mais conhecidas de Seattle. Parei a frente do local, já posso escutar a música alta do lado de dentro e sentir a vontade de ficar fora de mim para esquecer todos meus pensamentos que envolvam a Lovato. Peguei meu maço de cigarro no bolso da jaqueta e acendi um, enquanto trago aquela nicotina que me relaxou brevemente peguei meu celular em meu bolso e disquei o número de Dylan.
Sei que prometi não pegar em meu celular enquanto não esquecesse Demi, mas depois da cena de hoje, não posso parar a minha vida por uma pessoa que nunca sentiu o mesmo sequer um momento, então decidi deixar todo esse isolamento de lado e continuar meu hábito de esquecimento.
— Dylan, acabei de chegar ao Krem. Onde você está? – Olhei soltei a fumaça após Dylan atender.
— Olha para trás. – Escutei sua voz mais nítida que o normal.
Virei meu rosto e notei Dylan se aproximar com Emma, ambos sorrindo e belos para mais uma noite de festa. É acho que tornei festas em minha vida um hábito diário. Sorri breve para eles e os abracei.
— Emma, pensei que fosse ao cinema com os outros? – Franzi o cenho encarando a menor.
— Decidi me divertir um pouco mais hoje. – Sorriu levantando os ombros.
— Então vamos? – Dylan apressou.
Me preocupa um pouco essa aparição repentina de Emma, eu sei que ela não tem gostado nada dessa vida que tenho levado nesses últimos 3 meses, e sei também que ela está do lado de Demi nisso tudo, mas não posso pensar que tudo que acontece é por causa daquela mulher. Ela seguiu a vida dela e eu preciso perder esse habito de ficar pensando nela. Depois de alguns minutos perdida em meus pensamentos, nem havia notado que estamos dentro da boate e a música já está alta o bastante para fazer meu coração tremer junto a batida.
Senti o braço de Dylan passar por meu ombro e Emma abraçar meu braço livre, decidimos caminhar juntos já que esse lugar está um inferno de tantas pessoas que há aqui.
— Meu Deus, olha aquela garota? – Emma apontou uma garota que são está tão longe de nós.
A mesma está apenas de sutiã em cima de uma das meses dançando a música eletrônica que ecoa o ambiente, com certeza não está em seu estado normal. Passando pela garota maluca que dança em cima da mesa, nos direcionamos até o bar e antes de chegarmos ao mesmo, vimos a cena hilária da garota escorregar em cima da mesa e ir ao chão, nos fazendo gargalhar.
Em meio a risadas chegamos ao bar e ali sentamos nos bancos em frente ao balcão, enquanto Dylan e Emma fazem seus pedidos, eu não posso deixar de ficar incomodada com um olhar que sinto perpétuo em cima de mim. Rolei minha atenção pela boate e logo atrás de mim se aproximava a pessoa que iria me distrair essa noite, com um vestido preto bem justo em seu corpo e cabelos soltos e bagunçados de modo selvagem, Stella se aproxima com seu olhar sedutor me fazendo sorrir maliciosa ao medi-la.
— Pensei que não viria. – Deslizei minha mão por sua cintura a puxando para mim formando um abraço.
— Você ficaria muito triste sem mim, não é? – Ela sorriu com a atenção em meus lábios.
Sem me preocupar em respondê-la, eu aproximei meus lábios dos seus porém não consegui iniciar um beijo, já que o forçar de garganta de Emma nos interrompeu.
— Seria bom que você apresentasse, antes de engoli-la, Miley. – Senti o deboche carregado em sua voz.
— Claro. Stella, esses são Emma e Dylan. – Apontei os dois ao meu lado.
— É um prazer. – Stella respondeu gentil e sorridente.
Após a breve apresentação e a cara de enjoo que Emma fez, eu decidi pedir minha bebida e de Stella.
— Quero dois sex on the beach. – Pedi ao bartender que assentiu.
— Vamos subir e aquecer os animos? – Dylan sugeriu nos encarando.
— O que tem lá em cima? – Franzi o cenho.
— Vamos, vocês vão gostar. – Chamou com a cabeça.
Pegamos nossas bebidas e acompanhamos Dylan, até o segundo andar da boate. Diferente da boate que Justin nos levou, essa o andar de cima é totalmente aberto e há muitos sofás distribuídos pelo grande local, ao meio várias mesas de bilhar e outros jogos. Agora entendi quando Dylan, disse aquecer os ânimos.
— Já que estamos em quatro, vamos jogar duplas. – Dylan aconselhou me jogando um dos tacos de sinuca.
— Podem jogar, eu não faço ideia de como fazer isso? – Stella alertou sorrindo sem graça.
— Para com isso, é a coisa mais fácil do mundo. – Incentivei.
Começamos a jogar uma breve partida de sinuca, a todo momento ensinando Stella como jogar acabou dando muitas risadas do jeito desajeitado da loira. Seu jeito desajeitado e extrovertido me lembra Demi, que odiava qualquer tipo de esporte e mesmo assim entrou para a polícia de Seattle sendo a sedentária que é. Mais uma vez ela roda minha mente e eu preciso ficar mais bêbada para esquecê-la.
Depois que terminamos a primeira partida, eu decidi deixar que Dylan e Stella se divertirem e me juntei a Emma em uma mesa que a mesma estava sentada bebendo e observando nosso jogo.
— Não vai jogar mais? – Questionei sorrindo.
— O que você vê nela? – Ignorou minha pergunta, invertendo o assunto.
— Como assim? – Franzi o cenho a encarando.
— Stella, o que você vê nela? – Apontou a loira que se divertia no jogo.
— Sei lá. – Levantei os ombros. – Ela é engraçada e muito bonita. – Conclui.
— Demi, é mil vezes melhor que ela.
Mesmo que Emma tenha sussurrado e desviado o olhar do meu, consegui entender bem suas palavras. Decidi não respondê-la, não tenho o que falar, suas palavras estão certas, Demi é melhor do que Stella até mesmo em olhares que não conhecem nenhuma das duas, mas eu não posso continuar alimentando meu sentimento por uma pessoa que continuou a vida.
— Você foi ao distrito? – Emma puxou minha atenção a ela novamente. E mais uma vez não a respondi, apenas abaixei a cabeça me lembrando da cena nojento que havia visto naquele lugar. – Ele a beijou na frente de todos não é? – Sua voz me fez levantar a cabeça.
Senti meus olhos arderem e não duvido que estejam cheios de lágrimas.
— Ele faz isso todas as vezes que algum amigo dela vai lá – Explicou voltando a atenção ao jogo de Dylan e Stella. – Christina, nos disse que ele não a deixa sair conosco e quando deixa quer saber exatamente com quem está. – Completou me fazendo arquear as sobrancelhas.
— Não, você só pode estar brincando. – Sorri sem emoção contendo minhas lágrimas. – Demi, não é assim, nunca deixaria alguém contro-la dessa maneira. – Neguei com a cabeça.
— Já se passaram três meses, Miley. – Relembrou. – As coisas mudam. – Pausou voltando a atenção a mim. – Mas não a Demi.
Por alguns minutos ficamos em silêncio, apenas escutando o som ambiente e as risadas de Dylan e Stella com o jogo. Eu não posso acreditar que Demi, tenha deixado alguém lhe controlar, deixado algum tomar conta de sua vida de maneira tão injusta e machista como Wilmer faz, não posso acreditar que ela tenha mudado tanto, não a Demi que eu conhecia.
— Emma... – Puxei sua atenção a mim. – Você acha que ela ainda me ama? – Franzi o cenho sussurrando a questão.
— Sinceramente? – Assenti que sim. – Ela nunca deixou de amar. – Concluiu seria.
Por alguns segundos eu me desliguei da realidade, e as palavras de Emma me fizeram sorrir curta e sincera. Sinto meu peito esquentar e algo dentro de mim ainda gritar por Demi, mas tenho que me manter intacta, ela está com outra e mesmo que as palavras de Emma, deixem meu coração aquecido, eu não posso deixar a realidade de lado. E o que não me sai da cabeça, é seu corpo marcada, quando a vi na academia senti que havia alguma coisa errada, que Demi não estava em seus melhores dias. E que ela está assim a muitos dias.
— Emma, aquelas marcas no corpo dela... – Notei afeição de Emma mudar e ficar tensa com a continuação de minhas palavras. – Aquilo, realmente foi por causa do trabalho? – Franzi o cenho.
Emma, evitou de olhar em meus olhos, seu comportamento está exatamente igual o de Christina, quando a questionei sobre as marcas, está tentando fugir do assunto olhando ao redor mas está nítido que tem algo a me falar.
— Bom...
— Acabamos o jogo! – Dylan se jogou ao meu lado no sofá animado e já meio alterado.
— Porque está com essa cara? – Stella questionou preocupada.
— Não é nada, Emma só estava me contando como tem sido as aulas sem mim. – Sorri sem mostrar os dentes.
— Um saco, mas Justin sabe lidar. – Dylan soltou nos fazendo rir breves. – Vamos descer e nos divertir. – Puxou Emma junto a ele.
Meu olhar seguiu Emma até que a mesma saísse da sala junto a Dylan, seu olhar preocupado e me deixou tensa principalmente por ter sido interrompida quando ela iria falar algo.
— Você está tensa. – Stella se sentou ao meu lado. – Aconteceu alguma coisa? – Colocou a mão em minha coxa.
— Não, só estou pensando. – Levantei os ombros.
— Ok, então vamos nos divertir. – Ela me deu um beijo estalado na bochecha me fazendo sorrir.
Stella, pegou em minha mão direita e me puxou para fora daquela sala. Voltamos ao andar de baixo da boate, onde a música alta toca e muitas pessoas dançam, e se for possível tem ainda mais pessoas do que quando entramos aqui. Encontramos com Dylan e Emma no bar e ambos pediram 4 doses de tequila, para que nós ficássemos agitados e animados para dançar.
— Vamos todos juntos. – Dylan avisou.
Pegamos um copo cada e brindamos a noite, em poucos segundos viramos juntos o líquido e sentindo a mesma sensação, ardência e o corpo esquentar instantaneamente. Depois da Tequila, fiz questão de pegar uma cerveja e virar a mesma até que acabasse, se eu quero me esquecer de Demi, e da cena que vi no distrito, eu preciso ficar muito bêbada.
Segundos, minutos, horas, se passaram e eu já não estou em meu estado normal, na verdade nenhum de nós está normal. Bêbados e chapados, ficamos ao decorrer das músicas na boate, meus pensamentos mesmo embargados são nítidos em apenas uma pessoa, a única pessoa que eu não poderia estar pensando. E mesmo que nesse momento eu esteja recebendo olhares pesados de Stella, eu não consigo nem ao menos flertar com ela, não apenas pelo simples fato de que estou bêbada, ma sim porque não consigo fazer isso com ela, sendo que minha vontade está em outro lugar, em outra pessoa, que está sendo feliz com outra pessoa.
×××
Narrador
Longe daquela boate, em uma nova casa, o pensamento da Cyrus era concreto. Demi, dentro da casa de seu namorado, Wilmer, estava sentada a mesa de jantar forçando sua alimentação como tem feito nesse último mês. Em uma ponta da mesa Demi, e na outra seu maior pesadelo, Wilmer, com seu olhar maldoso e carregado de má intenções em cima da mulher na outra ponta da mesa observava cada movimento dela.
Obcecado, psicopata e acima de tudo, louco. Wilmer, não poderia negar que todas as coisas que tem feito com a detetive nesses últimos 3 meses, não foi nada humano e muito menos ato de amor, mas não admitia para si e nem para olhos alheios, para Wilmer, tudo era uma questão de tempo até que Demi, aceitasse seu amor e finalmente ficasse com o mesmo sem suas chantagens.
Mas, no fundo ele sabia a verdade, e isso lhe causava raiva mútua. Demi, nunca o amaria de verdade, nem sequer gostava dele, no dia que Demi brigou com Miley por conta das circunstâncias que Horan havia chegado a sua antiga casa, Wilmer não perdeu tempo para fazer seu papel de colega de trabalho preocupado e acolhedor. Pegando Demi, em uma situação delicada, com os pensamentos vulneráveis, Wilmer conseguiu um encontro com a detetive e o pior estava por vir, os dias de Demi nunca mais foram os mesmos, sem risadas, sem amigos, sem saídas depois de um caso bem resolvido no trabalho, Demi literalmente estava sem vida.
Seus amigos sabiam o que estava acontecendo, e Demi, implorou para que nenhum deles contasse a Miley o que estava acontecendo em sua vida. Demi, sabia que se Miley, soubesse das coisas que Wilmer, vem fazendo, a loira surtaria e com certeza sairia de seu estado normal para defender seu amor. Por isso tem evitado tanto frequentar os lugares que sabe que a loira estaria, não aguentaria olhar os azuis e sentir a saudade lhe dominar e não poder fazer absolutamente nada, e quando a viu na academia, sentiu seu coração aquecer como apenas a loira poderia fazer, com as marcas no corpo sabia que cedesse o contato visual, a loira questionaria, por isso chorou.
Chorou de saudades, desespero, necessidade, medo. Demi precisava de Miley, mas acima de tudo, precisava que a loira estivesse bem, nem que fosse longe dela.
— Não me disse como foi seu dia no trabalho. – Wilmer com a voz nítida fez com que Demi se arrepiasse de medo do outro lado da mesa.
— Não aconteceu nada demais, você estava lá. – Seu tom saiu sério e seco.
Wilmer, fechou a feição e agora a atenção de Demi está toda em seu prato que ela nem havia tocado, já que não sentia vontade de comer. Valderrama, soltou seu talher no prato ecoando o barulho da prata com o vidro, fazendo mais uma vez todos os pelos do corpo de Demi se arrepiarem, e um frio súbito percorrer sua nuca. Sabia que esse pressentimento não era bom. O latino se levantou e caminhou em passos curtos e lentos até o outro lado da mesa, ficando frente a detetive, que não o encararia nem se tivesse vontade.
— Olha pra mim. – Ordenou Wilmer.
Demi engoliu em seco e lentamente com todo o medo que percorria seu corpo, levou seus castanhos agora sem brilho e emoções felizes, ao latino.
— Quantas vezes eu já disse para não ser rude comigo? – Segurou o pescoço da Lovato com força e precisão.
Sua intenção sempre foi marcar Demi como sua. Já que sabia que nunca a teria de corpo e alma.
— Não fui rude, apenas disse a verdade. – A voz de Demi saiu completamente dificultada devido a força do latino em seu pescoço.
E mais uma vez, sem motivos e apenas por que o latino sente a vontade por a raiva lhe dominar, sua mão livre entrou em contato com o rosto de Demi, em um tapa forte e bruto. Agora as lágrimas da morena desciam, e não apenas por medo, mas sim nojo e odio do homem a sua frente.
— Sei que sente falta daquela vadia da Cyrus. – Ele aproximou seu rosto da mulher. – Mas, você sabe o que vai acontecer com ela se você romper nosso trato. – Sorriu maldoso. – Você não quer ver aquela vadiazinha morta né? – Soltou o pescoço da morena acariciando a bochecha dela.
Demi, desviou seu rosto do toque de Wilmer, e aquele ato serviu para que o latino ardesse em raiva. Não suportava ser rejeitado por uma mulher, principalmente quando essa mulher é apaixonada por outra mulher.
— Sei que faz de tudo para mantê-la segura. – Sorriu forçado. – Então, seja uma boa namorada e me chupa. – Seu olhar de superioridade caiu sobre Demi.
Com os olhos cheios de lágrimas, pescoço ardendo assim como seu lado do rosto, Demi se virou na cadeira se julgando pelo ato que iria completar para que o latino a sua frente, não tocasse em Cyrus. Sem olhar nos olhos de Wilmer, a Lovato levou as mãos ao cinto da calça jeans e lentamente, sem vontade alguma de estar fazendo aquilo, fez o processo de abrir a calça de Wilmer o mais lento possível.
Seus dias tem sido assim, forçada a fazer coisas para satisfazer Valderrama, coisas que não a deixam feliz e muito menos orgulhosa de si mesma, mas não poderia negar nada dessas coisas ao homem, ele sabia que Miley, havia matado para proteger Demi, sabia de todos os óbitos e também tinha as provas que a Lovato, um dia escondeu de todos. Wilmer, tinha Demi na palma de sua mão, mas uma coisa ele não tinha sob-controle.
Valderrama, não contava que Miley, ainda iria lutar por Demi, e se possível, fazer pior do que já fez para proteger a detetive.
Hábito; Tendência ou comportamento, geralmente inconsciente, que resulta da repetição frequente de certos actos.