O mascote

By calp16

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Um dia ela acordou e percebeu que o mundo mudou, que ela tinha mudado. Os sonhos não eram os mesmos, as dore... More

Prefácio
O início
u
Outro dia de brincadeira
Com ou sem memória?
Consequências de um milk shake
Brincando de casinha
Dingdong
Língua do amor

Na toca do lobo mau

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By calp16

                      FELIZ NATAL!

Eu tentei enrolar para terminar de comer, mas eu tinha muito amor pelo meu boletim pra não chegar no horário.
Aquele homem apesar de lindo, muito inteligente e bem remunerado era louco e tinha a grande tendência de me deixar louca também. Tanto que comecei a achar fios brancos no meu cabelo depois do início das minhas aulas de francês e como meus cabelos são bem pretos os fios brancos ficavam evidentes, mas o certo a se fazer era entrar na toca do lobo para minha infelicidade.
Já dentro do carro encostei minha cabeça na janela do carona e tentei por meus pensamentos em ordem pra na surtar na casa do meu querido professor e nem dei atenção para o que o Lucas falava tanto que ele percebeu meu estado de espírito e fechou a matraca, nós ficamos uns vinte minutos no carro até ele parar em frente à entrada de um condomínio e depois de eu dar meu nome na portaria liberaram nossa passagem, assim que terminaram de explicar o caminho para a casa do dito cujo.

_ Você vai querer que eu entre com você?-perguntou após pararmos o carro.

_ Claro, não quero enfrentar o Lobo sozinha.-respondi olhando a casa de dois andares em estilo colonial como se fosse minha salvação e perdição ao mesmo tempo.

_ Ainda bem que eu já passei em francês.

_Obrigada pelo seu grande apoio.-falei finalmente abrindo a porta e caminhando em direção a campanhia,  eu conseguia ouvir meus batimentos cardíacos e o som do tênis do Lucas contra a grama, pelo menos eu não estava sozinha.

O som da campanhia era um pouco irritante nada anormal, além do mais não tive que ouvir por muito tempo já que logo a porta foi aberta por alguém com cara de poucos amigos apesar do cheiro de sexo que estava no ar.

_Entrem.-eu ainda tentava identificar se ele falava assim de propósito ou a arrogância estava no sangue, porque a grosseira só podia estar na alma.

_ Sim senhor.

Passamos pela porta quase ao mesmo tempo e logo foi possível ouvir o click da mesma se fechando, eu passei meus olhos rapidamente pela sala e não vi nenhum objeto pessoal, os móveis eram rústicos e as paredes estavam pintadas em tons frios. Já o meu professor estava de calça jeans de lavagem escura e uma regata branca que marcava aquele corpo sarado que eu evitava olhar na sala de aula.

_Vamos nos sentar e começar a falar logo do seu problema que eu tenho que terminar de corrigir algumas provas.- disse indicando o sofá de couro com a cabeça e após sentarmos ele se encostou na poltrona de frente ao mesmo.

_ Bom, eu estou disponível em qualquer horário para receber as aulas menos na sexta.-fui direto ao assunto.

_ A pessoa que eu tinha conseguido só poderia na sexta feira, a outra opção sou eu te dar aula, mas isso não faria sentido já que você não consegue aprender comigo.-disse cruzando os braços e evidenciando os musculos torneados dos braços.

_ Eu realmente não posso na sexta, se o senhor quiser tentar me ensinar de novo eu vou dar tudo de mim.

Antes dele responder um toque de celular começou a ecoar na sala e logo identifiquei que o som vinha do Lucas, que se retirou da sala após pedir desculpa e licença. Eu fiquei apreensiva com a resposta que nunca chegava e meu escudo estava na sala ao lado não  perto o suficiente.

Ele se sentou na poltrona onde estava apoiado e posicionou os cotovelos cada um em cima de um joelho, juntou as mãos e apoiou a cabeça sobre elas, me olhando de forma pensativa e profunda como um verdadeiro Deus grego, só que acabou com minha ilusão ao do nada soltar.

_ Você gostaria de um chocolate quente ?

_ Por essa eu não esperava.-soltei também e pela primeira vez ouvi meu professor dar uma gargalhada.

_ Então, vai querer ?- perguntou mais tranquilo.

_ Sim, por favor.

_ Certo já volto.

Enquanto ele caminha em direção aonde imaginei ser a cozinha, o Lucas voltou e um passou ao lado do outro.

_ Minha mãe tá no hospital vou ter que ir ficar com ela, mas quando acabar a conversa me liga que eu te busco.

_ O que aconteceu?

_ Ela caiu de uma escada e torceu o pulso.

_ Nossa!

_ Pois é, mas eu volto.

_ Não precisa eu volto de uber, vai cuidar da sua mãe e diz que eu desejo melhoras.

_ Nem pensar que eu te deixo voltar de uber uma hora dessas, só me liga.-usou seu tom sério que me irritava já que eu não conseguia dizer não.

_ Ok.-me limitei a dizer.

_ Até logo gata.

_ Até. -uns cinco minutos depois meu professor voltou com uma bandeja de prata e três copos fumegantes bem equilibrados.

_ Seu namorado já terminou a conversa ?

_ Na verdade ele é meu amigo, mas  teve que sair pra resolver um problema.

_ Certo, vamos continuar então.-então ele se sentou novamente onde estava e começamos uma longa conversa tanto que nem reparei a hora passar.

Em algum momento senti aquele cheiro familiar de quando chove, um cheiro que me levava a minha tão amada infância. Mas que naquele momento me deixou bem preocupada, então cortei a conversa de forma educada e fui até a janela ver como estava a situação lá fora e era bem como eu imaginava, mais cinco minutos e tudo estaria alagado. Ou seja, eu estava presa com meu professor arrogante preponte e gostoso de francês.

_ Senhor Carvalho, sinto muito continuar incomodando, mas eu acho que não vou conseguir ir pra casa.

_ Estou vendo, não se preocupe tenho quarto se hóspedes.

Imagina! Eu aqui pensando que ele ia me mandar achar um barco pra chegar em casa e o homem dá uma de fofo pra cima de mim. Acho que hoje é meu dia de sorte.

_ Nem sei como agradecer.

_ Agredecer o que se você não ficar corre o risco de se machucar feio e eu que não quero esse peso na consciência.

_ Que bom, então vou agradecer com um muitíssimo obrigado.

_ Seus pais não vão ficar preocupados ?-perguntou depois de um tempo observando a chuva cair.

_ Não, relaxa.

_ Se quiser eu ligo pra eles e explico o que aconteceu.

_ Não precisa, é sério. Eu já mandei uma mensagem pro meu pai.- mentira, mentira, mentira. Balancei a cabeça disfarçadamente para minha mente parar de me recriminar, mas só funcionou quando mudamos de assunto.

_ Bom, eu vou tomar outro chocolate quente se você quiser.

_ Quero sim, estava muito bom.

_ Ótimo, o banheiro do quarto de hospedes tem chuveiro, você pode tomar banho enquanto eu preparo o chocolate quente.

_ Obrigada por me chamar de fedorenta.-soltei, adoro minha capacidade de não conseguir fechar a boca.

Antes dele parar de rir e conseguir me retrucar meu celular começou a tocar e eu corri para atender achando que talvez fosse meu pai dando sinal de vida, mas era o Lucas.

_ Oi.

_ Oi.

_ Então eu não vou poder te buscar, sinto muito pequena.

_ Imaginei seu bobo, como está sua mãe.

_ Bem, já tá boa de novo e pronta pra outra.

_ Que bom, manda um beijo pra ela.

_ Mãe...-antes de ele terminar é cortado.

_ Oi filha, não esquece de dar pra esse seu professor gostoso por mim.-escuto o  Lucas gritar um mãe bem agudo e vejo pelo canto de olho que meu professor me olha intrigado, tentando desvendar minhas expressões faciais. Há há, boa sorte pra ele.

_ Tá bom, mãe linda.-escutei alguns ruídos e algumas reclamações.

_ Não escuta minha mãe, ela tá a base de remédios.

_ É assim que as pessoas são mais verdadeiras, tenho que desligar vou tomar banho, beijos.

_ Não faça nada que eu não faria.

_ Então vou tomar muito chocolate quente, tchau.- desliguei antes que ele pudesse recrutar e já fui perguntando onde era o quarto.

_ Obrigada.

Andei pela casa de forma desinibida, como eu faço tudo na vida, não cheretei o que estava escondido só o que estava ali para ser visto e depois de subir as escadas e passar por três primeiras portas do corredor cheguei ao quarto que me foi sedido, a porta era de madeira maciça e pesada com cheiro de cera, após fecha-la eu me deparei com uma decoração minimalista e feminina bem diferente do resto da casa tão diferente que me assustei. Logo achei a porta do banheiro que deixei aberta para entrar um ar e me deparei com uma banheira bem grande, paredes brancas, azulejos quadrados pequenos e em diferentes tons de verde até o vaso era chique.

_ Minha nossa, tenho que parar de andar com gente rica, tô ficando mal acostumada.-murmurei.

Liguei as torneiras da banheira e joguei uns sais de banho cheirosos que eu achei por ali, enquanto a banheira enchia eu arrancava minha roupa sem nenhuma delicadeza, depois que encheu bastante mergulhei naquela água quentinha e fiquei de molho lá por um bom tempo até conectei meu celular na caixinha que achei sobre a pia e Sia me acompanhava nesse delicioso banho, mas como nada nessa vida é perfeito a luz acabou e eu que sempre tive muito medo de escuro, entrei em pânico e comecei a gritar como uma louca.

_ Qual o problema?- ele apareceu dentro do banheiro com uma lanterna que iluminava até a alma, ainda bem que eu ainda estava dentro da banheira.

_ Eu tenho medo de escuro, desculpa.

_ Não, me desculpe você, eu que estou invadindo o banheiro.

_ Não desculpo, você veio me salvar.- disse com um sorriso no rosto.

_ Certo, vou deixar a lanterna aqui. Ah! Tinha esquecido, se você quiser roupas limpas pode pegar dentro do armário do quarto.

_ Obrigada.-ainda bem que ele estava mais bem humorado, talvez ele fosse bipolar.

_ De nada.- disse antes de dar as costas para mim e sair do banheiro.

Peguei a toalha branca que tinha tirado da pequena pilha que eu achei dentro do armário do banheiro e me sequei sem pressa, depois me enrolei na toalha e peguei a lanterna com a mão direita para iluminar os cantinhos escuros e assustadores, como eu queria meu professor aqui, não tava nem ligando de ter que me trocar na frente dele só não queria por nada nesse mundo ficar sozinha no escuro.

_ Quanta roupa, deve ser da namorada dele.-falei após abrir o armário em busca de algo confortável, mas só tinha roupa sexy e cara e a vergonha de sair do quarto vestida assim nem estava dando sinal de aparecer.

Desci as escadas rapidamente vendo as sombras aterrorizante dos objetos sob a luz da lanterna e ao chegar na cozinha me deparei com várias velas aromáticas acesas, então desliguei a lanterna e observei  o senhor todo poderoso mexendo em algo sobre o fogão, cheguei de fininho porque não queria assusta-lo, mas fiz exatamente o contrário.

_ Puta que pariu.- disse dando um pulo pra trás e arrancando a camisa em seguida e quando ela caiu no chão percebi o motivo daquela agitação toda, o chocolate quente tinha caído em cima dele.

_ Me desculpa, eu não queria te assustar.

_ Merda, caralho, TOMAR NO OLHO DO CU.

_ Eu sinto muito, onde fica o quite de primeiros socorros ?

_ Ali no banheiro.-apontou agitado para a porta que fica na parede ao lado da escada.

Entrei no banheiro com a lanterna em mãos e peguei a maleta vermelha de metal dentro do armário sob a pia, deixei tudo como estava antes e voltei para a cozinha coloquei a lanterna sobre a ilha americana e me aproximei novamente olhando nos olhos dele com um pedido silencioso de desculpa e eu recebi em resposta apenas um meneio de cabeça.

_ Certo, senta.- falei apontando com a a cabeça o banquinho sob a bancada, assim que ele sentou eu me aproximei como se estivesse perto de um predador perigoso, porque apesar do porte sensual e o cheiro delicioso ele ainda me assustava um pouco.

_ Você está esperado um convite ?-perguntou quando viu que eu exitei um pouco antes de pegar as coisas.

_ Eu...eu...certo.-peguei a pomada para queimaduras e alguns chumaços de algodão além de um pouco de anti-séptico, depois organizei sobre a bancada e peguei os itens de limpeza para começar o procedimento.

_ Espero que você não me machuque mais.

_ Não senhor.

_Gosto disso.

_ Disso!?-na entendi a insinuação.

_ Aí.

_ Desculpa.

_ Pode parar de pedir desculpa, não vai acabar com minha dor.

Certo, grosso.- pensei, mas só expressei com os olhos e continuei o que estava fazendo, peguei delicadamente o algodão e comecei a passar no peitoral definido dele onde o chocolate quente tinha caído e depois peguei a pomada e passei por cima da pele avermelhada e percebi que ele soltava alguns sons de alívio e tinha parado de apertar as mãos.

_ Pronto, professor.

_ Onde você aprendeu isso ?

_ Ah...as vezes lá no orfanato alguém se machuca e eu dou uma mãozinha.

_ Orfanato ?

_ Esquece o que eu disse.- falei após perceber que ele não sabia do que eu estava falando.

_ Mas eu quero saber.- disse bem irritado e com ar de autoridade.

_ Só que eu não quero contar.- respondi atrevida e logo após ouvimos a companhia tocando e junto com ela a luz também veio como um sinal divino, só não sabia se era um sinal bom ou ruim. Mas provavelmente logo descobriria.

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