Eu não me sinto bem em meio a multidões; pessoas demais em espaços pequenos me deixam nervosa.
Esse era o porquê de eu não ir à festas. Então, onde eu estava com a cabeça quando disse sim a Eline? Ah, sim. Ninguém nunca consegue dizer não a ela. Eline, minha irmã do meio, tem a tendência de conseguir sempre o que quer, e isso às vezes é um pé no saco.
Foi fácil para ela convencer a nossa mãe a deixá-la sair. Nossos pais amam paparicá-la. Até mesmo Corjan, nosso irmão caçula de dez anos, tem menos regalias do que ela.
Além disso, mamãe não gosta que Eline vá a tantas festas e reclama do fato de eu não ir a nenhuma. Então, se eu for acompanhar Eline, será uma vitória para ela. Assim como se eu não for, e Eline consequentemente ficar em casa, também a deixaria feliz.
Com o pequeno "empurrão" que nossa mãe deu, praticamente me obrigando a ir com Eline, e mais o seu suborno de lavar os pratos nos meus dias de escala de limpeza, não tive como negar o seu pedido de ir à festa.
Por que as pessoas não conseguem resistir ao seu sorriso? Ela é linda, isso é fato, mas não é só sua beleza. É sua personalidade, sua espontaneidade, ela é extrovertida e comunicativa, é difícil não notá-la e não admirá-la.
Por isso não é uma surpresa quando a encontro em um dos quartos, depois de procurá-la pela casa inteira, beijando um cara. Não qualquer cara, logo percebo, mas o cara que estava no Midnight Coffee hoje, o do celular estridente. Claro que Eline conhecia ele. Claro que ele se interessaria por ela.
— O que você está fazendo com minha irmã?
Ele olha de mim para Eline, e posso ver as engrenagens em sua mente maquinando, talvez assimilando a informação que acabei de lhe dar. E pela sua expressão é fácil saber que ele não fazia ideia da minha existência.
— Não fiz nada com ela — ele diz, enquanto Eline começa a rir.
— Eu quero que você faça — Ela diz, descaradamente.
Ele olha para ela com o cenho franzido.
— Não sou o Eliot, Eline. Quanto você bebeu? — Ele volta seus olhos para mim, acusação estampada neles — Ela não tem idade para beber, por que você a deixou beber assim?
Me aproximo e puxo Eline dos seus braços. Ela é maior do que eu e joga completamente seu peso sobre mim, fazendo com que tropece em meus próprios pés. Revirando os olhos, ele segura minha irmã novamente, equilibrando-a com facilidade.
— Está de carro? — questiona. — Bebeu?
Talvez ele esteja me deixando levemente intimidada.
— S-sim. E não.
Ele puxa Eline em seus braços com facilidade e desce as escadas sem verificar se o sigo.
— Droga — reclamo, enquanto sigo o cara escada abaixo.
Eline, nada boba, se aproveita da situação e passa as mãos pelos ombros e pescoço do seu salvador.
Quando chegamos ao gramado, ele me olha por cima do ombro, esperando, pelo o que, não sei.
— Onde está o carro? — pergunta, talvez notando minha cara de interrogação.
Ah. O carro. Passo a sua frente, conferindo se ele está me seguindo. Ouço os risinhos de Eline, que agora traça os lábios do homem que a carrega, com as pontas dos dedos. Ele reveza o olhar entre ela e o chão, tomando o cuidado para não tropeçar com ela nos braços, mesmo assim, anda com confiança, como um rei com sua rainha nos braços.
Certo, eu estava divagando.
Paro ao lado do carro cinza de nossa mãe e destravo as portas, abrindo a do carona para acomodar Eline.
— É melhor ela ficar atrás — ele diz e eu logo obedeço abrindo a porta traseira.
Eline puxa o gorro da cabeça dele e passa os dedos por seu cabelo, puxando-os um pouco.
— Gosto deles — ela afirma, mordendo o lábio inferior.
Vejo quando o olhar do cara fica preso na boca de minha irmã, hipnotizado.
— Melhor colocá-la logo aí dentro — limpando a garganta e digo, me sentindo uma intrusa.
Ele balança a cabeça e assente, ajustando Eline no banco do carro.
— Eu não quero ir embora — ela diz, fazendo beicinho.
Entro pela outra porta e puxo o vestido curto de Eline, tentando cobrir um pouco de suas pernas. Enquanto o cara prende ela com o cinto de segurança, Eline se vira para mim e choraminga. Ela fez muito isso hoje.
— Não quero ir para casa, Fran.
— Já cedi demais a suas vontades hoje — falo, afastando sua mão do meu braço. — O que vou dizer a nossa mãe, Eline?
Respiro fundo e me afasto, recostando-me na porta do motorista, pensando.
Eu não fazia ideia de quando Eline havia bebido. Ela trouxe refrigerante para mim e para ela durante a festa... Será que ela havia mentido e em seu copo havia bebida?
Solto um gemido de insatisfação. Minha mãe iria me matar.
Quando o salvador de Eline fecha a porta do carro e se vira para mim, fico tensa instantaneamente. Ele é muito mais alto que eu, e tenho que erguer a cabeça para poder encará-lo. Sem o gorro, seu cabelo escuro está em um lindo emaranhado, depois de Eline ter passado os dedos entre eles.
— Obri...
— Leve-a para casa e se assegure de que ela vai ficar bem — me interrompe, voltando o olhar para minha irmã, que aparentemente já estava dormindo. — Ela não deveria ter bebido assim.
Sinto uma pontada de culpa, pois eu deveria ter tomado conta dela. Ele volta a me olhar e me sinto desconfortável. Ele me deixa nervosa. Só consigo assentir, feito uma boba. Quero fugir do seu olhar acusatório. Estou me sentindo como uma criança que fez algo de muito errado.
— Eu já vou — falo e indico o carro. — Preciso ir. Nossa mãe deve estar esperando, temos que chegar no horário e não quero preocupá-la. Provavelmente vamos ouvir reclamações, mas nada com que Eline não possa se safar, ninguém briga com ela por muito tempo. Então...
Dou um passo para trás, com receio de lhe dar as costas. Abro a porta do carro e sento atrás do volante. Prendo o cinto e respiro aliviada. Pulo de susto quando ele bate na janela, para me chamar atenção. Desço o vidro e o olho, curiosa.
— Tem certeza que não bebeu?
Abro a boca, indignada.
— Eu tenho cara de quem bebe? — pergunto, incrédula.
— Seu falatório me deixou confuso — diz, passando a mão pelos cabelos.
Sinto meu rosto corar e desvio o olhar.
— Acho melhor eu ir — digo e ligo o carro. — Temos que... — me interrompo e o olho sem graça.
— Certo. — Ele olha mais uma vez para minha irmã e se afasta do carro.
O vento bagunça o cabelo dele e me obrigo a afastar o olhar, para colocar o carro em movimento.
No caminho, penso no que direi a minha mãe. Como eu pude deixar Eline me enganar assim? Eu deveria ter notado o cheiro do álcool, não deveria?
Tirar ela do carro foi muito trabalhoso. Entramos em casa, Eline já desperta dando risinhos, me fazendo revirar os olhos. Para meu alívio, a casa está banhada na escuridão e chego ao quarto dela sem encontrar ninguém.
— Você vai me dar banho? — ela pergunta, deitando em sua cama.
— Não — falo, tirando os seus sapatos — Amanhã você toma.
Ela assente e puxa o cobertor sobre ela.
Estou saindo do quarto quando ela chama o meu nome.
— Obrigada — diz, quando olho por cima do ombro.
Sorrio, mas ela não vê, pois já está dormindo. Volto para o carro para pegar minha bolsa e o celular dela que ficou no porta-luvas, quando algo no banco traseiro chama minha atenção. É o gorro do cara da livraria. O salvador de Eline.
Será que eles são namorados? Ela teria me contado se tivesse um namorado... Pelo menos é o que eu acho que ela faria.
Levo o gorro para o meu quarto e o deixo sobre a mesinha do computador. Digo a mim mesma que darei a Eline para devolver ao seu dono no dia seguinte. Então me dou conta que nem mesmo sei o seu nome. E pelo estado embriagado de minha irmã, é provável que ela também não saiba.
***
O refeitório da faculdade está lotado no dia seguinte, tanto que Kim tem dificuldade de encontrar uma mesa, e me arrependo de não ter apoiado a ideia de Layla de ir almoçar fora do Campus.
Nós três éramos o que você pode chamar de amigas improváveis. Layla é loira e ama moda. Kim é ruiva e super nerd. E eu... Bem, eu sou uma mistura peculiar, que resultou em uma pele marrom, cabelos negros, baixa estatura e muito amor por jornalismo.
Juntas, nós temos um blog, e cada uma é responsável por uma coluna nele. A ideia inicial foi minha, mas sem o apoio delas, ele não teria ido para a frente.
Como estudante de jornalismo, gosto de compartilhar informações, notícias e entretenimento. O blog começou como uma brincadeira, mas se tornou algo que nos diverte e amamos. Já até ganhamos mimos. Para Layla, alguns itens de maquiagem e até mesmo algumas roupas. Para Kim, itens geek e história em quadrinhos. Para mim, alguns livros e ingressos para assistir filmes no cinema e fazer reviews.
Layla está nos explicando sua ideia para um sorteio, quando subitamente me lembro do dia anterior, quando estávamos no nosso lugar predileto, o Midnight Coffee, discutindo as coisas do blog, e havia aquele cara.
O cara que Eline beijou apenas algumas horas depois.
Meus olhos se movem ao redor do refeitório, e tento dizer a mim mesma que não estou procurando por ele. Mas a possibilidade de ele estar aqui é grande, e simplesmente não posso me conter.
Mas queria que tivesse conseguido, porque um segundo depois, eu ou encontro a apenas duas mesas de distância, e como se me sentisse olhando-o, seu olhar encontra o meu.
Clássica cena de filme. Quero até bufar por isso, mas seu olhar azul é realmente difícil de ignorar. Não sei por quanto tempo fico encarando-o, e acho que teria continuado, se Layla não se enfiasse em minha frente, quebrando o contato visual.
Ficamos por ali até que as meninas vão embora, para assistirem as suas aulas. Eu me levanto e decido ir à biblioteca para ler e passar a hora vaga que tenho até a próxima aula.
Porém, alguém sai da biblioteca e não consigo parar meus passos a tempo e me choco a ela.
— Ugh — ouço o gemido. — Cuidado aí, cara.
Olho para cima e vejo a surpresa nos olhos dele quando percebe que não sou um cara.
— Desculpa — digo, sem saber ao certo o que fazer na sua presença.
Estou segurando o braço protetoramente e ele parece notar isso. O salvador de Eline ergue uma mão e tenta me tocar, mas me afasto automaticamente.
— Você se machucou? — pergunta, parecendo genuinamente preocupado.
Nego com a cabeça, um pouco freneticamente, fazendo meu cabelo se agitar.
— Tem certeza? — questiona, olhando de volta para o meu braço. — Eu posso ser um pouco duro às vezes.
Okay...
Apesar de ver o duplo sentido da frase, a forma como ele olha para cima, exasperado, me faz entender que ele não quis dizer o que disse.
— Ahn... Não quis dizer isso — fala rapidamente. — Não me entenda mal.
— Eu sei — digo, e então começo a falar sem parar. — Quero dizer, eu entendi. Bem, na maioria das vezes os meninos falam esse tipo de coisa intencionalmente, então quando alguém fala acidentalmente é meio óbvio. Não que você esteja mesmo falando algo que devesse ser considerado sexual. Quero dizer, não é sexual, dependendo do contexto, mas se pensar bem...
Ele limpa a garganta. Eu paro de falar e mordo o lábio tentando me controlar.
— Acho que deu para entender — fala.
Assinto.
— É.
Ele assente também.
— É.
Coro e desvio o olhar.
— Vocês chegaram bem? — pergunta e o olho sem entender. — No domingo, vocês chegaram bem em casa?
— Hum. Sim — digo, assentindo. — Obrigada.
— Isso é bom — murmura.
— Escuta — digo baixinho.
Ele me olha quanto eu o encaro por alguns segundos, antes de remexer em minha bolsa. Capturo o que procuro e estendo para ele.
— Isso é seu — digo.
Ele pega o gorro com cuidado.
— Eu pensei em lavá-lo, mas então pensei que talvez isso fosse uma coisa ruim a se fazer. Quero dizer, não estou dizendo que estava sujo, mas, você sabe, é o que as pessoas fazem quando pegam roupas emprestadas. Você não o emprestou, é claro, mas é cortesia. Mas se eu o lavasse, talvez você ficasse bravo, porque é uma coisa sua e eu não tenho direito de me intrometer e também...
Ele leva o gorro ao nariz e cheira.
— Qual é o seu nome? — questiona, me cortando.
— Fransien — respondo.
Ele me oferece um sorriso e então, com movimentos rápidos ergue o gorro e o coloca em minha cabeça.
— Não ande por aí sem agasalho, Fransien — diz.
O encaro confusa com sua atitude e palavras.
— Estava frio no domingo — fala. — Você não estava usando um agasalho. Panteras deixam de serem sexys quando estão doentes.
Pisco, sem entender.
Panteras?
O que ele quis dizer? Será que é alguma piada interna? Será que ele estava fazendo piada à minhas custas?
Volto a andar, e lembro do gorro na minha cabeça, feliz por não ter lavado.
Quando as aulas do dia terminam, sento em um dos bancos de concreto que ficam espalhados pela faculdade, pego meu livro da mochila e começo a ler. Estou esperando Eline, para podermos ir embora. Diferente de mim, minha irmã parece conhecer metade da faculdade e tem bastantes amigos. Me pergunto como nossos pais conseguiram gerar duas crianças totalmente diferentes uma da outra.
Estou tão concentrada na leitura, que não percebo quando Kim se senta ao meu lado.
— O que é isso? — pergunta de repente, me assustando.
— Isso o que? — pergunto de volta.
— Essa coisa na sua cabeça. Você não estava com ele mais cedo.
Toco o gorro, involuntariamente.
— Eu meio que ganhei.
— Ganhou hoje? De quem?
Resumo a história de domingo a noite e meu encontrão com o cara que continuo sem saber o nome.
— Por que pantera? — questiona.
— Eu me perguntei a mesma coisa.
A piscadela que ele me deu não sai da minha cabeça, porém. Nem mesmo o fato de, mesmo ele olhando para Eline da forma que ele olhou, ainda assim reparou que eu não estava com um agasalho. Isso não deveria ter importância. Não mesmo. Tenho certeza que para ele não tinha.
— Então, você vai investir?
Olho para Kim com o cenho franzido.
— O que você quer dizer? — pergunto.
— Ele chamou a sua atenção, talvez até esteja interessado em você...
— Ele não está — a corto—- eu te disse, ele está muito interessado em Eline para me notar.
— Como você pode ter certeza disso? — indaga.
Solto um suspiro.
— Eles estavam se beijando, Kim. E eu vi a forma como ele olhava para ela. Como ele foi cuidadoso com ela. Talvez até mesmo esteja acontecendo algo entre eles — dou de ombros — de qualquer forma, não estou interessada em namoro. Muito menos um com um cara que minha irmã já namorou.
Kim revira os olhos e ajeita o óculos na ponte do nariz.
— Onde está Layla? — pergunto, mudando de assunto.
— Está com Hector — diz ela, erguendo as sobrancelhas sugestivamente.
Hector vem paquerando Layla a algum tempo. Eles até mesmo já saíram duas vezes. Dando fim a conversa, Kim retira uma HQ da mochila e juntas, focamos em nossas leituras.
Ouço risos e olho em volta, só para ver minha irmã vindo com um grupo em nossa direção. Entre eles está Layla sorrindo enquanto Hector diz algo a ela. Um punhado de garotos conversam e riem fazendo bastante barulho. Mas um em particular chama minha atenção já que seus olhos verdes estão focados em mim. O grupo vem em nossa direção, e é tão estranho ver Layla entre elas. É aí que percebo que ela está de mãos dadas com Hector. Kim também nota, a julgar pela cutucada que ela me dá.
Quando param próximos a gente, o cara de olhos verdes me lança um sorriso ferino e senta ao meu lado. Entre mim e Kim.
— Te vi na festa, no domingo — ele diz, sem rodeios.
Penso em fingir que não sei de que festa ele está falando, mas não consigo, então apenas balanço a cabeça positivamente. Meus olhos percorrem o grupo a nossa frente e me surpreendo ao encontrar o salvador de Eline entre eles.
— Não lembro de já ter te visto por aqui antes, é caloura? — o cara ao meu lado pergunta.
Volto meus olhos para ele, sem saber exatamente o que lhe dizer.
— Eu sou o Rick — ele estende a mãe diante o meu silêncio, aperto a mão dele, tímida.
— O meu é Fransien — falo, incomodada com toda aquela atenção.
— Deixa a minha irmã em paz — reclama Eline, fazendo alguns dos olhares se voltarem para ela.
Rick reveza o olhar entre nós duas várias vezes.
— Eu não sabia que você tinha uma irmã, Eli — ele diz, soando bastante íntimo.
Faço uma careta. Não só por aparentemente Eline nunca ter falado sobre sua irmã. Mas pelo fato dele ter permissão de chamá-la de Eli, quando eu não tinha. Minha irmã dizia que Eli era um apelido infantil e sem graça, e aos poucos parei de chamá-lo assim.
— Agora sabe — Kim se pronuncia, levantando do banco.
Rick olha para ela, como se só a tivesse notado agora.
— E você é? — ele pergunta a ela.
— Kimberly — ela responde rapidamente, então olha para mim e Layla — estou de saída.
Sem dizer mais nada, minha amiga vai embora sem olhar para trás. Rick se volta em minha direção e abre outro sorriso que tenho certeza que deve arrasar os corações das garotas.
Queria poder fazer o mesmo. Penso em me levantar e avisar a Eline que esperarei ela no carro, mas ela está entretida em uma conversa com uma garota loira, e não olha em minha direção.
— Você é sempre calada assim? — Rick pergunta, de repente. Ele ergue uma mão e toca as pontas de meu cabelo, deixando um dedo tocar no meu ombro e tenho certeza que foi algo proposital — não que eu me importe — acrescenta.
O que esse cara quer que eu fale?
Ouço a risada de Eline e olho em sua direção. Ela está olhando para Rick, achando graça.
— Ela fala sim. E muito — responde por mim.
Coro e me remexo, inquieta. Os olhares voltaram para mim e me sinto incrivelmente exposta.
— Não seja cruel — Layla diz em minha defesa, lançando um olhar cortante a minha irmã.
Limpo a garganta.
— Não, tudo bem. Eli tem razão — dou ênfase ao "Eli".
Talvez ninguém a não ser minha irmã e Layla tenham notado o meu sarcasmo.
Eline decide ignorar e Layla sorri para mim.
— Achei vocês — diz um cara que se aproxima, correndo.
Eu o observo, achando-o um pouco familiar. Ele era alto e mesmo de camisa, era notável seus músculos. Ele cumprimentou alguns dos seus amigos antes de se voltar para o talvez rolo de minha irmã. Então noto a semelhança entre eles. Embora o corte de cabelo seja diferente, e um ter mais massa muscular que o outro, era notável que eles deveriam ser gêmeos. No mínimo, irmãos.
O modo como minha irmã olha o recém chegado me deixou confusa.
— Quer fazer alguma coisa mais tarde? — Rick pergunta.
Me obrigo a desviar o olhar dos homens conversando em minha frente.
— Hum... Eu acho melhor não — respondo. — Tenho coisas para fazer em casa, fora os trabalhos da faculdade. Eu não posso simplesmente sair no meio da semana, me deixaria atolada no dia seguinte e tudo viraria uma bola de neve.
Rick sorri, como se eu tivesse contado uma piada.
— Entendi agora o que Eli quis dizer.
Mas uma vez sinto o rosto corar. Seguro o livro com força contra o peito e me levanto forçando um sorrio.
— Já estou de saída — digo, então me viro e aviso a minha irmã que a esperarei no carro.
— Espera, eu te acompanho — Rick se oferece, já se levantando.
— Não precisa — aviso, forçando outro sorriso.
Antes de virar, meus olhos encontram os do talvez-meu-cunhado, mas logo desvio, apressando os passos e saindo dali.
Ouço quando Layla me chama e paro, tentando não olhar para o grupo atrás dela.
— O que é isso? — Ela aponta para o gorro. — É um assassinato a sua roupa.
Layla é muito ligada a moda, por isso não discuto.
— É uma história para outra hora. Mas me diz, o que está rolando entre você e o Hector?
Ela sorri docemente e cochicha:
— Ele me pediu em namoro!
Sorrio e tento não comemorar, para que ninguém veja.
— Depois conversamos melhor — digo.
— Sim, depois — ela concorda.
Ela já estava virando para voltar para o seu novo namorado, quando a chamo.
— Será que você pode matar uma curiosidade? — quando ela assente, mordo o lábio, tímida. — Qual o nome daquele garoto?
Aponto discretamente para ele, que conversa com o outro em paralelo.
— O de cabelo maior? É o Chase Banks e o outro é Eliot Banks. Eles são gêmeos.
Ah.
Claro. Ele era jogador. Eu já ouvi muito falar sobre os Banks. As meninas os adoravam, claro. E assim fica muito claro para mim, que mesmo se não houvesse minha irmã na jogada, ele nunca teria me notado.
Me despeço de Layla e vou para o carro esperar minha irmã.
Esperar por longos minutos até descobrir que ela já tinha ido de carona.
Perfeito.