Se der ruim, não dirija

By BonaYoo

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Quando Hyejin se envolve em verdadeiros apuros, com uma dívida que a deixa literalmente encurralada entre a v... More

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By BonaYoo

 — Eu gostaria de fazer uma objeção — Yongsun se manifestou após um quilômetro rodado na estrada de volta.

— Nós não vamos ter uma sósia sua para participar dessas coisas no seu lugar, Yong — Wheein disse, antes que a Kim tivesse qualquer chance de continuar sua fala. — Supera.

Moonbyul gargalhou baixinho, lembrando da última vez que Yongsun viera com a ideia de ter uma substituta para eventos arriscados aos quais ela sempre era arrastada (último, porque, sim, ela havia levantado o debate mais de uma vez). Não fazia nem uma semana.

— Não é sobre isso, embora essa ideia seja discutível — Yongsun esclareceu. — Eu gostaria de dizer que...

Ela não teve chance.

O solavanco repentino da vã não lhe deu permissão de prosseguir. Outra vez, estavam acelerando loucamente pela pista, sem explicação nenhuma. Yongsun caiu para o lado no estofado, Moonbyul bateu com a testa na janela ao seu lado e as duas na frente tomaram um sacolejo nos assentos.

Uma vez que conseguiu controlar o automóvel novamente, Hyejin freou. No entanto, não foi ágil o suficiente para evitar que ele despencasse por um barranco e atolasse diretamente na areia de uma praia que surgiu, aparentemente, do nada.

— Eita porra — Wheein, que viu o tudo de camarote no banco do carona, soltou.

— O que houve? — Yongsun levantou, tonteando passos incertos. — Tá todo mundo bem? O que aconteceu? — Ela disparou as questões enquanto ia a lugar nenhum, trotando em círculos no interior da vã.

— Eu tô bem — Moonbyul afirmou. — Você tá bem?

Nesse momento, Yongsun olhou no fundo dos olhos da amiga, prontíssima para despejar mil e uma palavras de desespero, pavor e lamento, em um ataque de nervos. Feliz-(ou infeliz)-mente, foi imediatamente impedida, por uma Hyejin distraída com os mais frescos problemas.

— Então, acho que atolamos.

— Nós o qu... A gente tá na PRAIA?! — Yongsun correu até elas, atrapalhando-se nas próprias palavras porque, no meio de tantas opções, sequer sabia com o que surtar exatamente.

— Pois é, que louco, né? — Wheein comentou, em estado emocional oposto ao da Kim. — Faz o maior tempo que não via a praia. Vou tirar uma foto.

Wheein abriu a janela ao lado de si e inclinou metade do corpo para fora, com o celular aberto na câmera em mãos. Yongsun e Moonbyul (aproximando-se logo atrás) observaram por meio segundo de perplexidade.

— Tem certeza que atolamos, Hyejin? — Moonbyul voltou ao foco principal.

— Bem, eu tô tentando sair do lugar e nada acontece, pela minha experiência, atolamos com certeza — a mais nova contou, enquanto esforçava-se na direção (em vão).

— Ótimo! — Yongsun se exaltou. — Excelente!

— Calma, vocês estão se precipitando — Wheein, inteiramente de volta ao interior do veículo, disse. — Essa vã é potente demais pra atolar com um pouquinho de areia assim.

— Acha que estou me precipitando? — Hyejin disse, sarcasticamente, arregalando os olhos e elevando as sobrancelhas para a Jung enquanto acelerava.

— Acho — Wheein respondeu, como se não tivesse percebido que era ironia (na verdade, ela não percebeu). — Sai daí.

Hyejin levantou e deu o lugar a Wheein.

Vinte segundos de tentativa.

— É, parece que atolamos — ela concluiu.

— Parabéns, gênia — Hyejin levantou os polegares, recebendo uma careta como resposta.

— Mesmo assim, é só desatolar. A gente já fez isso antes, nada demais — Wheein começou.

— Na verdade, vocês atolaram uma vez e eu tive que resgatar as três porque não conseguiram desatolar sozinhas — Yongsun lembrou.

— Isso são detalhes, Yongsun — Wheein disse, mexendo ambas as mãos. — A gente vai conseguir, não tem muito mistério. Vamos lá, guerreiras.

Wheein saiu da vã, sem esperar resposta (até porque ela sabia que a possível resposta seria um sacode de Yongsun). Ela não precisou chamar para que as outras duas a seguissem, deixando Hyejin sozinha no posto de motorista. Yongsun veio reclamando, Moonbyul veio dando instruções, Wheein não deu ouvidos a nenhuma e acabaram cada uma para um lado.

Dois minutos depois, elas se reuniram para agir em equipe como se nada houvesse acontecido.

Então, elas fizeram o que sabiam e conseguiam sozinhas no meio do nada.

Não saíram do lugar por meia hora.

— Yongsun, me ajude aqui! — Wheein chamou, agarrada comicamente a uma das rodas traseiras do automóvel (àquela altura, o cabelo já era um ninho de areia e não havia mais compostura para preservar). — Rápido! — Ela exigiu, mas não teve resposta imediata. — YONGSUN!

Nada, de novo.

— Yongsun? — Wheein olhou ao redor afinal.

Yongsun estava desmaiada.

Certo, com uma aproximação, Wheein e Moonbyul puderam perceber que a amiga não estava desmaiada de fato. Ela só estava estirada na areia mesmo, encarando as nuvens acima com olhos arregalados e cara de nada.

— Yongsun, vadia! que está fazendo aí? — Wheein a abordou, com toda calma e delicadeza de sua personalidade cavala. Ela até deu um empurrão no corpo da Kim com a ponta do pé. — Levanta!

— Eu desisti. Nós estamos atoladas, provavelmente em outra dimensão, sem ajuda, sem saber como voltar, sem saber como sair disso. Estamos presas. É isto. Resta-me ficar aqui e deixar meu corpo morrer com dignidade nessa paisagem serena enquanto torço pra que minha alma chegue a seu destino, diferente do meu fracasso como humana! — Ela despejou tudo de uma vez.

Wheein entendeu metade do discurso, se perdeu quando a voz da mais velha começou a embargar com o choro.

Moonbyul entendeu tudo, só não tinha compreendido.

— Profundo, bro — alguém comentou. Wheein olhou para Moonbyul que, por sua vez, olhava por sobre o ombro dela.

Um desconhecido, baixinho, de cabelo escuro, trajando jeans e preto, estava logo ali ao lado delas, encarando-as com expressão neutra.

— E você quem é? — Wheein perguntou.

Ele ergueu uma sobrancelha, como se estivesse curioso. Então, tirou uma das mãos do bolso do moletom e estendeu à Jung.

— Min Yoongi — ele disse. A expressão permanecia serena e neutra, assim como o tom de voz.

Wheein aceitou o cumprimento, sem dar muita confiança ao estranho.

— Ok, Min Yoongi, que dia é hoje? — Ela perguntou.

O homem mexeu em todos os bolsos que tinha em suas roupas, como se procurasse algo. Yongsun pensou em se proteger de um possível ataque, porém, seu estado melancólico era mais forte naquele momento e a fez ficar estática.

— Foi mal, esqueci o calendário em casa hoje — Yoongi, então, disse, com uma seriedade cheia de rachaduras de deboche estampada no rosto.

Wheein fingiu uma risada.

Moonbyul riu de verdade.

— Muito engraçado, você — a Jung falou, revirando os olhos e cruzando os braços. — Mês e ano em que estamos, isso você sabe?

— Sei, sim — ele respondeu. E se silenciou.

Simplesmente, ele se sentou na areia, ao lado de onde Yongsun estava dramaticamente jogada, com naturalidade e totalmente calado. E permaneceu calado até Wheein perceber que ele continuaria calado.

— Pode, por obséquio, me dizer qual é? — ela questionou, gesticulando para que ele prosseguisse e desenvolvesse aquela resposta.

— Posso sim — o homem respondeu. De novo, não falou mais nada.

— Diga, amado! — Wheein se estressou. — Tá difícil?

— Julho de 95, madame — Yoongi, enfim, revelou. O sorriso sutil foi a única coisa que mudou na expressão.

— 95? 1995? — Moonbyul não acreditou.

— Costumava ser quando eu saí de casa hoje — disse. — Por acaso vocês atolaram ali há tanto tempo assim? — Yoongi apontou para a vã a alguns metros deles.

— Talvez — Wheein respondeu, dando-se conta que a vã ainda estava atolada bem atrás delas. E que haviam abandonado Hyejin lá.

— Aliás, a gente tem que desatolar a coisa né — Moonbyul falou, como se houvesse caído em si assim como a Jung (e havia mesmo). — Yong, levanta daí.

— Não tenho motivos para levantar quando já estou emocionalmente morta — a Kim disse, tão séria quanto mórbida, sem sequer desviar os olhos do céu.

— Yong, pare de palhaçada — Wheein posicionou o rosto bem diante dos olhos de Yongsun para dizer, ríspida. —Vamos, você...

— QUE QUE TÁ ACONTECENDO AQUI?! — Hyejin surgiu atrás delas, aos gritos. — Vocês me abandonaram, suas sem noção! Eu tô chamando igual uma maluca, achei que tinham sido transportadas pra outra porcaria de lugar sem mim!

— Foi mal... — Moonbyul começou, mas Hyejin não tinha terminado.

— Que isso, uma conferência? — Hyejin encarou cada uma, terminando em Yongsun e percebendo o homem desconhecido ao lado. — E quem é você? — Perguntou, talvez um pouco rude, mas não por querer (mas porque estava p da vida por ter passado pânico à toa naquela vã, achando que tinha ficado para trás sozinha numa dimensão qualquer). Então, procurou respostas nos olhos de Moonbyul.

— Apareceu aí do nada — a amiga deu de ombros, oferecendo a resposta bem mais ou menos. Mas, respostas mais ou menos era o que tinham para aquele dia.

Yoongi soltou uma risada soprada, então apontou para o lado oposto da vã. Especificamente, o indicador mostrava um outdoor enorme que tinha exposto ao longe. A propaganda de uma banda. Cypher, o nome.

— Eu sou aquele cara ali do meio — ele revelou, com tranquilidade.

As quatro se espantaram. Wheein abriu a boca várias vezes para pronunciar algum comentário, mas não tinha nenhum: esse era o nível de espanto (ou seja, altíssimo). Até Yongsun precisou olhar e ficou surpresa.

Então, o tal Yoongi levantou, batendo nas roupas para tirar a areia.

— Mas, por hoje, eu devo ser o salvador de vocês — ele completou e se virou, andando em direção a vã sem falar mais nada.

As quatro amigas se entreolharam, cem por cento confusão e zero por cento entendimento. Em seguida, seguiram-no às pressas.

— A minha vã ele não rouba! — Wheein falou do nada enquanto corria.

As outras preferiram não discutir aquela ideia descabida.

Quando alcançaram a vã, Yoongi estava abaixado diante das rodas traseiras terminando de fazer sabe-se lá o que.

— Tu veio com a farinha e a gente já tá com o bolo, meu filho — Wheein falou, observando o homem levantar. — Já fizemos todo o procedimento, essa merda tá encalhada aí, vai adiantar de nada.

— Beleza — Yoongi respondeu, calmamente enquanto se levantava e tirava um maço de cigarro do bolso. — Tentem lá — ele sugeriu, com um cigarro na boca pronto para ser aceso. — Devagar, segunda marcha.

Wheein revirou os olhos enquanto Hyejin voltava para dentro do veículo.

O que aconteceu em seguida é óbvio. O carro desatolou, como se mágica tivesse sido feita.

— Caralho! — Moonbyul soltou, com um sorriso aberto e sobrancelhas erguidas, virando-se para Yoongi. — Lançou a braba, moleque!

— VIVA — Yongsun disparou, quase ao mesmo momento, lançando os joelhos ao chão numa cena em que mais drama seria impossível. — A MINHA ESPERANÇA ESTÁ VIVA!

— Filho da puta — Wheein se reduziu a dizer, boquiaberta.

 — Deu certo mesmo, é? — Hyejin chegou perto delas, surpresíssima, para conferir a perspectiva externa.

— De nada — Yoongi disse e deu uma tragada, escondendo um sorrisinho mínimo. — Se me permitem perguntar — ele tirou o cigarro da boca —, para onde as dondocas estão indo?

— Dondoca teu rabo — Wheein rebateu de imediato. Mais por força do hábito de retorquir qualquer macho.

— Pra Terra, moço! — Yongsun gritou, afobada e descontrolada. Àquela altura, já estava desconfiável de que aquelas viagens causassem algum efeito colateral no cérebro, porque aquela ali estava fora de si havia tempo. — Eu só quero voltar pra minha vida na dimensão em que eu nasci, só isso!

— Tá bom — Yoongi disse, dando uma última tragada antes de enterrar o cigarro, tão calmo e imparcial que parecia até piada. — Podem me deixar no centro?

— Se você nos disser como chegar lá — Hyejin respondeu, olhando a vã que, embora desatolada, ainda estava no meio de uma praia.

— Eu digo.

Então, Yoongi mais uma vez saio andando em direção a vã, sem dizer mais nada. Ele entrou na vã enquanto elas se entreolhavam. Em menos de um minuto, estavam os cinco dentro do automóvel, saindo da areia para a estrada pela parte com o nível mais baixo entre os dois. Era engraçado como pareciam estar em um filme clássico naquela estrada cheia de carros antigos. Engraçado senão trágico.

— Então, você faz parte de uma banda — Moonbyul puxou assunto para acabar com o pequeno silêncio formado.

— É — ele respondeu. Muito receptível.

— E o que você toca? — Wheein tentou ajudar.

— Bateria.

O silêncio se estabeleceu por mais um minuto.

— E como é? — Moonbyul insistiu.

— É como uma longa história. — Yoongi desviou o olhar da janela, pela primeira vez na conversa, e o guiou a ela. — Quem sabe um dia você leia a nossa por aí — ele disse e piscou.

— Claro — Moonbyul concordou por educação.

— Aqui é o centro onde você queria chegar? — Hyejin colocou a voz na falida conversa para perguntar. O homem ergueu o olhar através da janela para avaliar.

— É. Pode me deixar na Quinta Avenida.

— E a gente tem cara de quem sabe onde é isso? — Wheein rebateu, entediada.

— Talvez — ele deu de ombros, levantando-se e indo até os bancos da frente. Assim que parou entre os dois, apontou a placa dois metros a frente que dizia Quinta Avenida, direcionando um sorrisinho para Wheein ao falar: — Aqui tá bom.

— Valeu — o tal baterista disse, antes de descer.

— Mas, moço! Você não vai ajudar a gente a chegar em casa? — Yongsun voltou a se manifestar. Totalmente desesperada, a programação seguia normal por ali.

— E onde é a casa de vocês? — Yoongi perguntou.

— Seul, 2019 — a Kim respondeu. — Por favor, moço. Eu não aguento mais!

— Seul? Na Coreia? — o homem questionou, descrente. As afirmações com as cabeças que teve como resposta o fizeram balançar as sobrancelhas em choque. — Bem, o aeroporto é por ali. Sigam reto que vocês chegam lá. Boa viagem! — Foi tudo que ele disse antes de pular para a calçada, fechando a porta e deixando-as ali, em um momento de silêncio reflexivo.

— E agora? — Moonbyul foi a corajosa de pronunciar a pergunta.

— A gente segue por onde ele apontou né — Hyejin disse, fazendo o contorno na rua para seguirem pela estrada que lhes fora indicada.

Cinco quilômetros.

Foram exatos cinco quilômetros naquela direção em diálogo zero. O gato tinha sumido, ninguém tinha notado. Se tivessem notado, também não mencionariam. Estavam todas em transe.

Hyejin estava em transe enquanto dirigia e tentava não pensar em nada. Wheein estava em transe enquanto ouvia o som de sua playlist de pop natalina e pensava em tudo. Moonbyul estava em transe enquanto ajudava a amiga mais velha e tentava não ser levada pelo mesmo pânico. Yongsun estava em transe enquanto chorava copiosamente e murmurava coisas indecifráveis. Todas em transe.

Até que, de novo, a paisagem do lado de fora passou rápido demais e o automóvel pareceu perder o controle.

Wheein desligou a música.

Moonbyul deu um grito, sendo levada ao chão.

Hyejin começou a xingar, saturada daquela palhaçada.

Yongsun começou uma espécie prece desesperada.

— Não há lugar como nosso lar! — A Kim estava gritando quando elas pararam.

Pararam.

Daquela vez Hyejin conseguiu parar o veículo sem nenhum risco ou grande acidente ou risco de um grande acidente. Quer dizer, ela pensou que havia conseguido quando, na verdade, havia quase atropelado um jovem baixinho, deixando-o imprensado entre a vã e um fusquinha estacionado casualmente na rua.

— Pelo amor à Santa Ciência! —  O tal jovem gritou, levando uma mão ao peito. Então, recuperado do susto, ele se inclinou para a direção da vã, encarando com seus olhos arregalados à Hyejin. — Moça, tenha piedade?! Pode até me matar, mas, por obséquio, não mate o Nelson Filho!

— Puta merda! — Moonbyul exclamou da traseira, ainda processando o motivo de estar no chão, literalmente.

— Ei! Eu estou falando com a senhorita —  o dono do fusca continuava com os gritos diante da vã. — Por acaso tem algum conhecimento das regras de segurança no trânsito? 

— Hyejin, ele tá falando com você — Wheein falou, com desconfiança no tom e no olhar enquanto observava o baixinho furioso e maluco do outro lado do para-brisa.

No entanto, a amiga não estava ouvindo. Ela não ouviu o dono do Nelson Filho, não ouviu Moonbyul, não ouviu Wheein, nada nem ninguém. Hyejin estava surda para o mundo, totalmente imersa pelos pensamentos frenéticos enquanto olhava a rua.

Uma rua familiar.

Com construções familiares, árvores familiares, pessoas familiares.

— Tá todo mundo bem? — Moonbyul questionou enquanto se levantava do chão.

— Como eu posso estar bem, Moonbyul? — Yongsun aproveitou a deixa para começar um novo ataque de lamento. Ou, apenas prosseguir um ataque que aparentemente nunca tinha fim. — Estamos perdidas, eu já caí e bati minha cabeça um milhão de vezes, estamos vagando por dimensões que NÃO SÃO A MINHA DIMENSÃO, COMO EU POSSO ESTAR BEM?!

— CHEGAMOS — Hyejin berrou junto com a exaltada Yongsun. A amiga parou na hora para dar atenção.

— Chegamos? — As três repetiram a palavra, em um misto de descrença, dúvida e confusão.

— Puta que pariu, eu conheço a minha rua! — Hyejin foi falando enquanto abria a porta.

Nem aí para o fusca e o jovem que havia até desistido, ela correu até o primeiro cidadão que viu na calçada: um guarda de trânsito. Não um guarda de trânsito qualquer, o guardinha Hyunsoo com quem ela acabou fazendo amizade depois da décima vez que ele disse a ela que não podia estacionar com as rodas sobre a calçada.

Ela abraçou o pequeno senhor como se fosse seu próprio pai.

— Hyunsoo! Diga que o senhor lembra de mim, por favor — ela pediu, sacudindo o homenzinho pelos ombros.

— Senhorita Hyejin, não pode estacionar com as rodas sobre meio-fio — ele suspirou. Então, Hyejin o agarrou em um novo abraço.

— Ah, eu senti sua falta, Soo! — Ela disse, enquanto o girava como um boneco. — Agora, me diga, que dia é hoje?

— 21 de Dezembro, senhorita Hyejin — ele falou, de volta ao chão. Um pouco tonto demais para questionar o motivo daquela pergunta.

Àquela altura, as outras três amigas já estavam logo ao lado da mais nova para presenciar a cena e as informações que ela continha. Yongsun, mais uma vez, foi ao chão. Parecia que tinha chegado a Terra prometida. Moonbyul teve que puxá-la e arrastá-la para que se compusesse. Wheein ajudou com outro cenográfico, mesmo que ela já estivesse de pé (era só para garantir).

— Recomponha-se, mulher!

— Ela só tá feliz — Moonbyul disse à Jung, sorrindo. Porque, naquele momento de vitória, sorrir era de graça.

— Vocês tem que lembrar de uma coisa — Wheein declarou, trazendo as atenções para si mesma. — Ainda temos um recorde para vencer.

Elas se entreolharam.

— Então, vamos buscar essa grana — Hyejin afirmou cheia de convicção.

. . .

— Como assim a gente não ganhou? — Wheein reclamou pela enésima vez, enquanto entravam todas no apartamento de Yongsun.

A Jung estava fazendo as mesmas perguntas, completamente incrédula, desde que haviam saído da locadora de vãs sem o prêmio supostamente merecido. Bem supostamente. Porque, tudo bem que havia sido uma viagem de menos de 30 horas, mas elas não haviam ido a Hong Kong. E isto constava no GPS da máquina móvel. Assim como a quilometragem risível. O dono da empresa ainda foi gentil o suficiente para deixá-las isentas do pagamento da locação (graças as vozes sensatas e suplicantes de Moonbyul e Yongsun, porque Hyejin teve que ficar do lado de fora amansando a fera Wheein que queria matar o homem). Mas, no fim, nada da bufunfa para elas.

— Constava que a gente sequer saiu de Seul, Wheein — Moonbyul tornou a repetir. A única que ainda aguentava discutir com a Jung.

— E daí? A gente saiu de Seul, sim!

— Vai lá e explica pra ele então que a gente tava dando umas voltar em outras dimensões e vê se ele aceita como vitória — a amiga sugeriu, com ironia na voz.

— Vocês não me deixaram — reclamou, sentando-se no braço do aconchegante sofá da Kim.

— Porque você queria matar o homem — Hyejin lembrou, ocupando a poltrona.

— E vocês deviam ter deixado eu acabar com ele!

— Gente — Yongsun chamou. A voz baixa indicava que estava atônita, mas só serviu para não ser ouvida.

— Ai, Wheein, supera! — Hyejin mandou. — A gente tem coisa maior com o que se preocupar agora, tipo a máfia sedenta por dinheiro ou sangue.

— Calma, a gente vai pensar em algo — Moonbyul falou, apoiando a mão no ombro da amiga.

— Gente — Yongsun tentou de novo. Yongsun falhou de novo.

— Eu tenho um plano, a gente vai lá, vocês me deixam matar ele, a gente pega o prêmio e fica tudo bem — Wheein falou, com uma calma falsa que tentava encobrir um ódio verdadeiro.

— Wheein, eu já disse pra superar...

— GENTE! — O berro da Kim certamente foi ouvido por ambos os vizinhos, talvez até pelo prédio inteiro. — Alguém pode me explicar por que isso tava junto com minhas entregas?

As três observaram quietas Yongsun colocar na mesa de centro a caixa de papelão que ela havia pegado na sua caixa correspondência.

— Rbw — Hyejin leu a escrita em cima do embrulho.

— Eita porra — Moobyul se inquietou. — Abre logo!

— Não! — Yongsun exclamou.

— Por que não? — Moonbyul indagou.

— Porque da última vez que a gente mexeu com algo da tal Rbw deu muita merda, ou você não lembra? Eu não quero passar por isso de novo! Nunca mais!

— Ai, Yongsun, deixa de neurose...

— Não é neurose, Moonbyul...

— É dinheiro! — Wheein gritou, chamando as atenções.

Porque, enquanto as duas discutiam, a Jung já estava abrindo a caixa com ajuda de Hyejin. E ali dentro estavam bolinhos e mais bolinhos de notas e mais notas de alto valor. Certeza que havia 100 mil ali brincando.

— É o nosso pagamento, porra! — Moonbyul se alegrou, ajoelhando-se perto da caixa junto com as outras duas.

— Conseguimos — Hyejin afirmou baixinho, olhando todo aquele dinheiro, sem acreditar.

— Conseguimos? — Yongsun questionou, também sem crer.

— Conseguimos! — Moonbyul confirmou, em pura celebração.

Logo, as estavam aos pulos, espalhando as notas pela sala de estar como se fosse confete.

— Nós conseguimos! Caralho, eu amo vocês — Hyejin disse, de cima do sofá, com algumas notas na cabeça.

— Morte aos machos! — Wheein pulou ao lado dela, jogando um bolo de dinheiro.

As outras três a encararam mudas por um segundo, sem saber o nexo que havia em declarar aquela frase. Então, deram de ombros, porque não importava entender. Talvez, fosse uma longa história para depois.

Importava, naquele momento, que elas haviam conseguido.

[🌈]

THE END.

eu tô-

última fanfic que eu posto até que se prove o contrário, ai meus sentimentos desgovernados

espero que quem leu até aqui tenha curtido a jornada uhul

aliás, um detalhe importante a ser falado é que essa fanfic é um crossover, então, alguns personagens daqui foram tirados de fanfics que já existem

Jeon Jungkook veio diretamente de Ele É Virgem

Jeon Jeonghwa pertence a São João Tenha Piedade

Min Yoongi é meu amorzinho de Rockstar

E o ilustre dono do fusca Nelson Filho é Park Jimin, de As Visões de Jungkook (que não podia de jeito nenhum ficar de fora e eu dei um jeito de adicionar no finalzinho)

todos são meus bebezinhos de fanfics que estão disponíveis e completas nesse meu perfil, galero

(exceto Rockstar que talvez migre pro meu novo perfil, @rebellisflos pres interessades)

é isto, até uma próxima

~Bona says XO :3

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