Bae Jinyoung POV
Quando me acertaram por trás da cabeça eu caí, desorientado. Enquanto eles me acertavam chutes, eu tentava me defender, mas na minha mente eu só conseguia pensar em Seunghun. Seria esse meu fim? Como eu poderia morrer sem confessar meus sentimentos? Um pontapé no estômago quase me fez vomitar. Um soco no rosto e eu caí de vez, batendo novamente a cabeça.
Eles pararam por um momento e começaram a me revistar a procura de pertences. Pegaram meu dinheiro, relógio, reviraram a minha mochila inteira na calçada. Meu celular não estava ali.
- Ele não é uma graça? Talvez possamos terminar isso em outro lugar, que tal? – Eles riram. Nojentos.
Eu só podia ouvir, não tinha forças para me mexer. O mundo girava e minha cabeça doía, mas eu tentava a todo custo não perder a consciência.
Quando iam me puxar pelo braço eu ouvi pneus freando. Farol alto. Eu não conseguia assimilar muita coisa, mas ouvi alguém gritando, e isso espantou aqueles monstros. Virei a cabeça e pude ver que eles corriam para longe. Olhei de volta no momento que meu salvador se aproximou.
- Hyunsuk... – O chamei enquanto tentava me levantar.
- O que foi isso? Você está bem? – Ele passava a mão pelos meus braços, rosto e cabeça.
- Eu estou... só... me leve até Seunghun? – Estava cada vez mais difícil formular frases, o que estava acontecendo comigo?
- Desculpe, mas preciso ligar para a emergência primeiro, sua cabeça está sangrando. Jinyoung? JINYOUNG??? – Eu conseguia ouvir sua voz, mas minha mente estava cada vez mais longe... até que tudo ficou preto.
Seunghun POV
Estávamos ensaiando há pouco mais de uma hora, mas eu não me sentia bem. Algo estava me incomodando e eu não sabia o que era. Demos uma pausa, eu fui beber água e decidi dar um pulo no escritório para pegar meu celular. O celular de Jinyoung estava ali também, esquecido, e, como se sentisse a minha presença, ele começou a tocar.
A palavra "Mãe" piscava no visor, e eu hesitei antes de atender, mas não poderia deixar de fazê-lo pois poderia ser algo importante.
- Alô?
- Jinyoung? Meu filho, é você? – Ela parecia angustiada.
- Desculpe senhora Bae, aqui é o professor Seunghun. Jinyoung esqueceu o celular no meu escritório. Aconteceu algo? – Um momento de silêncio se seguiu, ela respirou fundo.
- Não, não... provavelmente não é nada. Eu só estava preocupada, ele disse que vinha cedo para casa e ainda não chegou. – Um alarme começou a disparar na minha cabeça. Ele já havia saído há quase 2 horas, tempo mais do que suficiente para chegar em casa.
Foi quando eu vi o nome de Hyunsuk na tela do meu celular. Por que ele me ligaria se estava vindo para cá? E eu soube que tinha algo errado.
- Senhora Bae, um momento e eu já lhe retorno. – Desliguei a ligação enquanto atendia o meu celular desta vez.
- Hyunsukie?
- Hyung, houve um assalto....
Infringi todas as leis de trânsito possíveis no caminho para o hospital, mas quem ligava? Eu só queria vê-lo. Minhas mãos tremiam enquanto lágrimas involuntárias escorriam pelo meu rosto. Milagrosamente consegui chegar ao hospital, e fui correndo até a área de pronto atendimento. Hyunsuk estava sentado lá, as roupas com machas de sangue.
- Me diga que ele está bem... – Perguntei enquanto parava na frente dele. Ele parecia pálido.
- Eu não sei... ele... apagou de repente... eu não sei... – Eu mal conseguia ouvir sua voz.
- Hyunsukie, aonde ele está?
- Ainda está sendo atendido. Só nos resta esperar. Eu... preciso ligar para os pais dele.
- Não se preocupe com isso, eu já falei com eles. – Respondi enquanto me sentava ao lado de Hyunsuk. Eu só queria vê-lo...
Algum tempo depois vieram um médico e um enfermeiro falar conosco. Os pais de Jinyoung já estavam ali, e um silêncio pesava sobre nós 4.
- Doutor, por favor, como meu filho está? – O pai de Jinyoung tomou a frente, enquanto a senhora Bae só sabia chorar, amedrontada.
- Ele teve contusões superficiais pelo corpo, e rosto, o mais preocupante foi a corte na cabeça. Têm ideia do que pode ter acontecido? – O médico perguntou.
- Ele... foi uma pedra, durante um assalto. Eu cheguei um pouco tarde, mas vi a pedra perto dele. – Hyunsuk contou enquanto olhava para o chão. Ele sentia culpa, mas eu só poderia agradecê-lo por ter aparecido quando eu deixei Jinyoung sozinho. Se eu não tivesse desmarcado nosso encontro...
- Entendo. Nesse caso, iremos acionar a polícia. Fizemos uma tomografia para verificar algum sinal de coágulo interno, mas felizmente foi apenas superficial. Ele deve acordar a qualquer momento. – O médico completou.
- Se os pais puderem me acompanhar, irei levá-los para vê-lo. – O enfermeiro falou e saiu acompanhado dos pais de Jinyoung.
Eu me sentei novamente, não poderia sair dali sem vê-lo, sem saber se ele iria ficar realmente bem.
- Hyunsukie, pode ir embora se precisar, eu irei ficar por aqui.
- De forma alguma hyung, vou ficar com você.
Cerca de uma hora se passou até que os pais de Jinyoung retornaram dizendo que ele estava nos chamando. Ele já havia acordado? Sorri, agradecido, e me segurei para não correr.
Bae Jinyoung POV
Soube que tinha retomado a consciência quando senti o gosto de sangue na boca. Minha cabeça latejava e eu só queria voltar a dormir. Mas ouvi soluços do meu lado e virei o rosto, vendo a minha mãe.
- Mãe... não fica assim, eu estou bem. – Tentei falar o melhor que podia.
Eles me abraçaram e começaram a fazer um monte de perguntas que eu não conseguia responder. Eu lembro que saí da academia e estava andando na rua, depois... tudo embaralhava. Então eles disseram que meu professor da academia estava ali. Seunghun. Meu coração tombou ao pensar nele, e o medo que eu senti retornou com tudo.
Pedi meus pais para o chamarem e nos dar um momento. Quando ele entrou na sala e olhei nos seus olhos, foi o suficiente para eu começar a chorar. Ele veio correndo e me abraçou.
Seunghun POV
Ver o rosto perfeito de Jinyoung com hematomas me matou por dentro. Fui até ele e o abracei. Não queria soltá-lo nunca mais.
- Desculpe, Jinyoung, a culpa é minha... – Ele sacudiu a cabeça, ainda com o rosto no meu pescoço.
- Não é. Eu que fui imprudente de querer ir andando, eu não deveria...
- Não... O que fizeram com você é crime, seja em qual situação for. Eu vou cuidar melhor de você, ok? Eu prometo, meu bebê... – Beijei levemente seu rosto, nariz, testa. Eu só queria guardá-lo em um potinho e proteger de tudo.
Como poderiam ter feito algo tão ruim com uma pessoa tão linda? Eu estava triste e com raiva, de mim, de todos, mas principalmente daqueles desgraçados.
De repente ouvimos a porta se abrir. Era Hyunsuk.
- Desculpe interromper... Como está se sentindo? – Ele perguntou sério.
- Estou bem, graças a você. Obrigado por ter me salvado...
- Queria ter passado por lá antes... Mais um pouco e... Não gosto nem de pensar. – Jinyoung abaixou o olhar e eu engoli em seco.
- Obrigado, Hyunsukie, de verdade. Você esteve lá quando eu não estava. Foi um verdadeiro herói. – Eu o agradeci.
Nesse momento, o Sr. e Sra. Bae entraram no quarto, e Hyunsuk explicou como tudo aconteceu. Eles agradeceram muito pelo seu ato de heroísmo. Eu ainda estava em pé ao lado da cama de hospital, segurando a mão de Jinyoung. Os pais dele perceberam e eu soltei de repente, mas Jinyoung pegou minha mão de volta, apertando-a forte.
Seunghun POV
No dia seguinte, eu dei folga aos trainees para poderem visitar Jinyoung no hospital, estavam todos muito preocupados. No outro dia, ele teve alta do hospital e eu dei espaço para ele e sua família descansarem. Dois dias depois ele me disse que eu ainda não poderia visitá-lo. No outro também. Eu já estava ficando angustiado sem entender o porquê de ele me pedir para não ir vê-lo. Mas no sexto dia ele me chamou.
E aqui estou eu na sala da casa dele com dois balões, um urso gigante, flores e uma caixa de bombons que ele não poderia comer por causa dos pontos. Jinyoung do meu lado e os pais dele de frente para mim.
- Não precisa fazer essa carinha de cachorro, a gente já sabe que vocês estão juntos. – O Sr. Bae disparou à queima roupa.
- Oh... hm... Sim? – Olhei para Jinyoung em busca de ajuda, mas ele só sorria com a cara mais deslavada do mundo.
- Está tudo bem. Só prometa que isso não irá interferir na carreira dele, que você vai respeitá-lo e cuidar bem dele. – A Sra. Bae disse, mais emotiva.
- Eu prometo, sim. O que aconteceu não irá mais se repetir.
Dessa forma eles se retiraram como se nada tivesse acontecido.
- Foi por isso que pediu para eu não vir antes?
- Sim, eles ainda estavam bravos. – Baejin disse rindo.
- Então... você é oficialmente meu namorado agora?
- Você me ama. Eu te amo. Como não poderia ser? – Acho que eu nunca sorri tanto na vida.