- Pilar , você quase furou meu ursinho de pelúcia, sua louca! – Renata reclamava pela milésima vez enquanto Carolina ria alto.
- Antes o teu ursinho do que a tua mão, garota! – Pili disse rapidamente e riu sozinha, lembrando do que Purre havia dito poucas horas antes. – Luvas de boxe realmente seriam uma ótima opção. – Ela disse e Rena a encarou, totalmente confusa.
- Que? – Disse e a garota chacoalhou a cabeça, levemente corada.
- Nada, tava pensando alto aqui. – Pili respondeu rindo baixo e seguiu andando em direção ao táxi.
Ao descerem do carro, as quatro amigas encararam a mansão boquiabertas. Depois de quase cinco minutos de sorrisos nos rostos e silêncio, Majo começou a dar pulinhos animados e todas gargalharam.
- Não acredito, é aqui mesmo Pili ? – Caro perguntou e Pilar assentiu, sorrindo mais do que o próprio rosto.
- Ok, quem acha que essas serão as melhores férias das nossas vidas? – Majo perguntou e gritinhos animados responderam rapidamente sua pergunta.
As garotas entraram na mansão e todo o cansaço do dia no aeroporto foi literalmente pelos ares. A piscina gigantesca, a sala enorme com sofás mais do que confortáveis e tudo devidamente arrumado. Correram até o andar de cima e encararam as onze portas dos quartos e riram felizes. Apenas o que pertencia à sua tia estava trancado.
- Pili , por favor, me diga que a sua tia está afim de adotar uma adolescente? – Majo perguntou e Pilar gargalhou – Eu nem vou ocupar muito espaço, ah! Tia Janice me adote! – Ela continuou e as quatro caíram na risada.
Depois de escolherem seus quartos e comerem alguma coisa, a última coisa que queriam era dormir, mesmo com todo o cansaço. Colocaram seus biquínis e foram em direção à praia que tinha logo em frente ao portão. Pili estava maravilhada, não tinha idéia de que a Riviera Francesa poderia ser tão encantadora assim. Mas ainda faltava alguma coisa, e ela sabia muito bem do que se tratava. Um meio sorriso se formou em seu rosto, e Pili preferiu não lutar contra isso. Ele estava chegando, e por mais incrível que isso parecesse, ela estava adorando.
- Meu deus, aquele surfista era simplesmente UMA DELÍCIA! – Renata disse e as amigas riram, ao entrarem na sala da mansão.
- Sou obrigada a concordar amiga, ele realmente era um mau caminho inteiro! – Pilar disse e as duas jogaram beijo no ar.
- Gatas, chegamos! – Simon apareceu rindo alto e seus olhos brilhavam. Pili riu do irmão, mas ainda assim sentiu o estômago revirar com pensamentos malucos de novo. Aquela aproximação com Purre não tinha feito bem para sua sanidade mental.
- É, nada pode ser perfeito, não? – Rena disse e Simon fez careta.
- Não fala assim com o meu chuchu, Renata ! – Pili se jogou no colo do irmão, que riu e a rodou no ar. – Simon , pára com isso! – Ela gritava e o estapeava, enquanto as amigas riam. E em meio a uma dessas voltas, viu Purre parado na porta da sala de jantar, com um sorriso fofo no rosto, apenas observando a cena. Sorriu involuntariamente, e Simon a devolveu para o chão. – BABACA! – Ela segurou a cabeça e Simon riu.
- Hey, meninas! – Purre aproximou-se tímido e Pili sorriu. Majo logo reparou e reprimiu um riso. Ele cumprimentou cada uma delas com um beijo no rosto, e Carolina estava achando aquilo absurdamente estranho. – Hey!
Ele disse baixinho e cumprimentou Pili da mesma maneira que fez com as outras. A garota mal pode responder, ainda estava tonta com a brincadeira do irmão e despencou numa poltrona que estava atrás dela, arrancando gargalhadas de todos os presentes, e de Dani , que chegara ali.
- Nossa Purre , meus parabéns! Olha o que você fez com a garota! – Rosado disse fazendo Simon rir alto, e Pilar levantou o dedo do meio para o garoto.
- Cala a boca, Rosado ! Nem que ele quisesse! – Pili respondeu rapidamente e o sorriso de Purre logo sumiu, mas ele não disse nada. A garota levantou no mesmo instante quando viu Santiago e deu um abraço caloroso no amigo, que sorria abobalhado. E tudo o que Giménez conseguia pensar era que queria estar no lugar de Saez. Chacoalhou a cabeça pra evitar mais pensamentos idiotas e foi até a cozinha, seguido por Simon .
- Aonde vocês vão? – Pili perguntou jogada em um dos sofás e Santiago sorriu.
- Pra praia, precisamos fazer um social, sabe? – Saez arqueou a sobrancelha e riu maroto, fazendo a amiga gargalhar. Majo , que falava sem parar, apenas observava o garoto sem dizer nada.
- Safadão, mal chegou e já quer arrumar uma francesa? Quer dizer que já vai esquecer de mim? – Pilar disse com uma voz afetada e Santiago se jogou em cima dela no sofá, rindo alto.
- Claro que não, você é a titular, mas eu preciso povoar meu banco de reservas! – Ele piscou e a garota desatou a rir.
- Você não presta! – Ela disse e Purre apareceu na sala junto com Dani .
- Estamos indo, Santiago . – Giménez disse simplesmente e Santiago riu, beijando a testa de Pilar e seguindo os dois.
- Arrasa gostoso! – Pili gritou e Dani a encarou, confuso. – Eu tô falando com o Santiago , hein! – Ela disse e Saez gargalhou da cara que o amigo fez. Purre foi o último a sair da sala, sem olhar para onde Pili e Majo estavam, e de uma sensação estranha percorreu o corpo de Pilar por alguns segundos, até Majo começar a falar de novo.
- Pili , você JURA que se eu te perguntar uma coisa, você não vai ficar brava? – Majo disse e Pilar a encarou, com o coração batendo forte. O que diabos ela queria perguntar? Sua amiga era observadora, e isso lhe dava medo.
- Claro que não vou, Majo . Pode perguntar. – Respondeu tentando manter a indiferença e Majo se ajeitou na poltrona.
- Você já ficou com o Santiago?
- QUE? – Pilar arregalou os olhos que começou a gargalhar sem parar. Estava vermelha, roxa, mal podia respirar. Aquela pergunta era realmente absurda. Majo a encarava, também rindo, mas curiosa. Aos poucos a respiração de Pili voltou ao normal e ela encarou a amiga, um tanto aliviada da pergunta não ter sido sobre Purre .
- Tá maluca? Seria como beijar o Simon , Majo ! Eu nunca fiquei e nem ficaria com o Santiago , sua maluca! – Ela respondeu e a amiga sabia que era verdade. Sorriu. – Tá sorrindo porque, baranga? – Pili perguntou e Majo corou, o que era muito difícil de acontecer.
- Por nada, ué. – A garota disparou e Pilar arqueou a sobrancelha, olhando maliciosa.
- Majo ... – Disse com a voz autoritária e a amiga riu.
- Ah Pili ! – A garota reclamou e olhou pro teto, envergonhada. – Por nada. Juro. É que...
- Que?
- Caramba, eu nunca tinha reparado que ele é tão sexy! Ele fica andando sem camisa por aí e MEU DEUS, Santiago Saez me surpreendeu! – Majo disse e Pilar riu alto.
- Quer pegar?
- Pegar quem? – Carolina chegou na sala e as duas gelaram. Majo soltou um olhar piedoso para Pili .
- O surfista gostoso! Eu disse que posso cedê-lo pra Majo , se ela quiser! – Pilar respondeu prontamente e Caro riu, acreditando. As duas ficaram felizes de Carolina não ser extremamente desconfiada e nem muito esperta, porque se não estariam ferradas.
- Eu quero voltar pra praia, preciso descobrir se o gostosão voltou ou não! – Rena disse e as amigas sorriram, concordando.
- Ótimo, estou morrendo por um sex on the beach! – Pili disse normalmente e Caro começou a rir escandalosamente.
- Oh pai do céu, eu só tenho amiga doida! – Pili disse rindo. – O que foi, Carolina ?
- A Pili tá afim de um sexo na praia, olha só que tarada! – Caro respondeu e as amigas gargalharam. Majo deu um tapa na testa de Caro.
- Você é muito boba, amor! – Ela disse e as quatro atravessaram a rua até o quiosque onde haviam ficado pela manhã.
Pilar tirou o vestido preto e ficou apenas com seu biquíni listrado e seus óculos escuros. Pediu sua bebida no quiosque e ficou olhando em volta, tentando convencer a si mesma que procurava o irmão, quando sabia que não era isso.
- AH, GOSTOSA! – Rena apertou a cintura da amiga, que deu um pulo e xingou alto, fazendo a garota gargalhar.
- Tá louca, Rena? Me mata do coração assim! – Pili disse e a menina ainda ria.
- Vamos dar uma volta por aí? As dondocas querem tomar sol, e eu quero ver o que tem de bom nesse lugar... – Rena sorriu marota e Pili balançou a cabeça, rindo baixo.
- Okay, vamos desvendar a Riviera, baby! – Pilar respondeu rapidamente e saiu com Renata para mais perto da água.
As duas estavam andando e chamando um pouco de atenção, e como toda mulher, estavam adorando. Mas Pilar ainda procurava insistentemente por Purre , e aquilo estava ficando irritante. Avistou Dani e Simon bebendo na areia e sorriu de canto.
- Olha lá, meu irmão e o Dani ! Vamos falar com eles, Rena! – Ela disse puxando a amiga, que tentava a puxar para o outro lado, sem sucesso.
- Cacete Pilar , a gente vê eles todo dia, porque temos que... – Renata ia dizendo quando Pili a interrompeu.
- Eu só tô com sede, vou pegar um gole da cerveja do meu irmão, amor. – Pili disse com a voz doce e Rena sorriu, derrotada. – Fala branquelo! – Pili disse e Simon riu.
- Falou a from geto, hein? – Simon disse e Pilar gargalhou, assim como Renata . Ela geralmente não gostava de rir do que Simon dizia, por pura implicância. Mas não conseguiu se conter.
- Me dá um gole disso, mané! – Pili pegou a cerveja do irmão, e sorriu. – Cadê o... – Ela parou ao ver que Dani a encarava. – Santiago ?
Dani riu.
- Acho que ele foi no quiosque pegar mais cerveja. – Rosado disse indiferente e Pili bateu os dedos na garrafa, inquieta. Não sabia como perguntar.
- Que cara é essa, Pilar ? – Rena perguntou e Pili a xingou mentalmente.
- Nada! – Pili respondeu rapidamente devolvendo a garrafa para Simon .
Então ela olhou rapidamente em volta e seus olhos pararam no mar. Olhou mais fixamente e viu que uma garota sorria abobalhada, e mais a frente, viu Purre . Ele também sorria e suas mãos tocavam a cintura da menina.
- Pili ? – Simon a chamou para a realidade. A garota ainda encarava o mar, boquiaberta.
- É o... Purre ? – Perguntou com a voz baixa e Dani riu ruidosamente.
- Meu garoto não perde tempo! – Rosado respondeu e Pilar não sabia o porquê, mas seu estômago parecia dar cambalhotas dentro dela. Respirou fundo e viu Santiago chegando.
- Gatas! – Ele disse e Renata fez careta. Rena realmente não se dava bem com nenhum dos garotos.
- Oi. – Pili respondeu baixo. – Vamos procurar aquele cara, Rena? – Ela perguntou e Santiago olhou para o mar, e voltou o olhar para amiga de um jeito piedoso. Talvez Saez fosse o único que estava captando tudo.
- Claro! – Renata respondeu aliviada e puxou a amiga pela mão.
- Pili ! – Santiago a chamou e ela virou.
- O que foi?
Santiago encarou o mar e olhou para a amiga. Simon , Renata e Dani encaravam os dois sem nenhum disfarce, e Saez desistiu.
- Nada, esquece! A gente se vê mais tarde! – Ele disse e Pilar fez careta, mas não falou nada. Apenas seguiu Rena e sumiu dali.
Pilar estava em uma das cadeiras na borda da piscina, com Caro ao seu lado. Majo e Rena estavam na água, e todas conversavam animadamente naquele fim de tarde. Pili olhava para o céu e tentava entender porque estava com tanta raiva. Sim, ela estava nervosa, mas conseguia muito bem disfarçar, isso já tinha virado normal para ela. Sorrir para quem não a conhece, disfarçar sentimentos, segurar o choro... Tudo isso era básico, simples. Nenhum esforço anormal. Ouviu um barulho no portão e risadas altas. Respirou fundo e continuou imóvel.
- Ué, pensei que ainda estariam na praia! – Dani disse e Majo sorriu.
- Estamos experimentando de tudo um pouco, querido! – Ela respondeu e ele sorriu. Ao contrário de Renata , Majo não tinha nenhum ódio fenomenal por nenhum dos garotos.
- Droga, pensei que a piscina seria nossa! – Simon reclamou e Pili riu, virando-se de lado. Seu olhar encontrou o de Purre e ele sorriu brevemente. Ela desviou rapidamente e levantou. Purre encarou boquiaberto o corpo perfeito de Pilar . Era indiscutível que ela era linda, mas vê-la ali de biquíni, tão próxima dele, era no mínimo tentador.
- Nós não iremos matar vocês, podem usar a piscina, Simon ! – Ela disse e o irmão riu. Purre voltou à realidade e olhou para onde os dois estavam. – Vou pegar uma Coca! –Pilar disse por fim.
- Me dá uma carona? – Rena brincou e Pili riu. – Vou ao banheiro.
As duas saíram e Santiago deitou na cadeira onde Renata estava. Pili seguiu sozinha para a cozinha gigantesca. Ficou encarando a parede, tentando pensar numa forma de agir normalmente, mas depois dos últimos dias, não sabia mais o que era normal para ela. Rena chegou e ela sorriu.
- Ainda tá aqui? Vim pegar uma também! – A garota disse simplesmente e abriu a geladeira, pegando uma Coca. – Você tá quieta, amor!
- Não tô não. – Pilar respondeu rápido e Rena sorriu.
- Eu te conheço, garota! O que houve?
- Nada.
- Desde aquela hora da praia... Que a gente tava com os meninos e você viu o... Espera! – Rena parou e encarou a amiga com os olhos esbugalhados. Pilar engoliu seco e a olhou, tentando parecer o mais normal possível. – Você não gostou de ver o Purre com outra menina? O Purre ? O José Giménez ? O garoto que você odeia e... – Rena disparou e Pili a beliscou, fazendo-a parar. – OUTCH!
- Cala a boca, Renata ! Não é nada disso! – Pili a encarou apreensiva, e tentava manter a voz calma, mas seu coração estava a mil e suas mãos gelavam.
- Então é o que? É claro que é isso! – Rena disse ainda alto e Pilar fez sinal pra que ficasse quieta.
- Não, é que eu não tava me sentindo bem. Você bebeu, Renata ? Eu, justo EU? Pilar Pascual sempre odiará José Giménez . Essa é a lei da vida! – Pili respondeu e seu peito doía. Não gostava de mentir para as amigas, e também não sabia por que estava agindo daquela maneira.
- Mas Pili ...
- Não tem nada de "mas"! Eu tô falando sério, eu não gosto do Purre , e nada mudou em relação a isso. NADA. – Pili respondeu firme e Renata assentiu com a cabeça, ainda desconfiada.
- Ué Purre , cadê minha cerveja? – Simon perguntou olhando para frente e Purre deu de ombros.
- Esqueci de pegar. – Respondeu simplesmente, deitando na grama. Carolina abaixou a haste dos óculos escuros e encarou a expressão séria, talvez de dor que Purre tinha no rosto. Ficou imediatamente preocupada.
- Você tá bem, Giménez ? – Caro perguntou e Purre continuou olhando pra cima.
- Não me enche o saco, Carolina ! – Ele respondeu seco e talvez um pouco alto demais. Caro encarou Santiago , que tinha uma expressão confusa no rosto.
- Deixa ele... – Saez disse baixo e Caro deitou na cadeira, contrariada.
"Ela me odeia. ELA ME ODEIA. Porque eu fui acreditar? Então nada mudou!"
Purre pensava e sentia que o peito ia explodir. Tinha escutado a conversa minutos antes e estava se sentindo um completo idiota. Ouviu a risada de Pilar e viu que ela chegava com Renata . Levantou rapidamente e saiu em passos duros em direção a porta, esbarrando com força em Renata .
- Eita, o que deu nele? – Rena perguntou e Santiago encarou Pilar , que olhava para a porta com um olhar preocupado.
- Não faço idéia. – Saez respondeu, e entrou na casa atrás do amigo.
- Dude, o que foi isso? – Santiago perguntou entrando no quarto e Purre se xingou mentalmente por não ter trancado a porta.
- Nada. – Respondeu simplesmente, forçando um sorriso. – Eu tô bem.
- Ah claro, primeiro você grita com a coitada da Carolina , sinceramente eu nunca vi você fazendo isso com ela... – Saez disse e Giménez mordeu o lábio, lembrando da cena. Caro realmente não merecia. – E depois sai daquele jeito quase quebrando a Renata no meio!
- Não exagera, eu mal encostei nela! – Purre respondeu e Santiago gargalhou.
- Tá forte então hein? Ela quase caiu.
- Ah Santiago , não enche vai! Eu tô bem, vamos descer que eu quero falar com a Caro! – Purre disse saindo do quarto e Santiago chacoalhou a cabeça, o seguindo.
Os oito estavam sentados no chão da sala com várias pizzas apoiadas na mesa de centro. Ninguém estava afim de cozinhar e não tinham a mínima idéia de como fariam isso. Estavam comendo antes de saírem, em grupos separados, para conhecer a noite da Riviera. Pili estava sentada longe de Purre , e de vez em quando se via encarando o garoto, que parecia fazer questão de olhar pra qualquer pessoa que não fosse ela.
- Purre ... - Pilar disse e todos a encararam, inclusive Giménez .
- Hum... – Purre respondeu com a boca cheia e fingindo indiferença. Pili rolou os olhos.
- Me dá um copo? – Ela perguntou apontando para a pilha de copos descartáveis que estava ao lado do garoto.
Purre encarou os copos, olhou para o rosto de cada um dos amigos e voltou seu olhar pra Pili , engolindo seco.
- Porque eu faria isso? – Giménez respondeu e Pilar arregalou os olhos, sem entender.
- Porque os copos estão do teu lado, talvez? – Ela disse com a voz confusa e Purre riu baixo. Todos olhavam pra ele.
- Você quer? Então você vem pegar, docinho. – Ele disse simplesmente com um tom debochado e voltou a comer seu pedaço de pizza como se nada tivesse acontecido. Pili sentiu o rosto queimar de raiva. Não sabia por que Purre estava agindo daquela maneira, mas realmente tinha conseguido a irritar. Odiava aquelas respostas. Odiava aquele apelidinho maldito. Caro estendeu a mão para o copo, mas Pilar a encarou com um olhar bravo e ela parou onde estava. Giménez ainda parecia estar mais interessado na pizza do que em qualquer outra coisa. Pilar engatinhou calmamente até onde os copos estavam, e Purre olhou discretamente. A garota ajoelhou e pegou uma garrafa de refrigerante ao lado de Simon , colocando calmamente no copo enquanto Purre sorria maliciosamente. Então ela o encarou e começou a entornar o refrigerante na bermuda que Giménez estava vestindo, rindo alto.
- CARALHO, VOCÊ TÁ MALUCA? – Purre gritou e Pilar riu escandalosamente.
- Talvez se você tivesse sido gentil uma vez na sua vida, isso não teria acontecido! – Pili disse com um sorriso encantador e voltou para onde estava, vendo que as amigas riam e que os garotos a encaravam amedrontados, mas que queriam rir. Purre rolou os olhos e levantou, saindo dali rapidamente, sem dizer nenhuma palavra.
Pili estava sentada sozinha no enorme sofá da sala de TV. Estava arrumada e esperava que Caro e Majo ficassem prontas. Rena estava com ela até minutos antes, mas fora apressar as garotas. Purre entrou na sala e Pilar percebeu isso, mas não tirou os olhos da televisão. Ele se jogou no sofá de uma maneira rude e pegou o controle remoto, mudando de canal como se ninguém estivesse ali. Pilar resmungou alto e virou para ele.
- Purre , eu estava assistindo, me dá essa porcaria de controle!
- Ah, nem vi que você estava aqui, docinho! – Purre respondeu e a garota bateu com a mão fechada no sofá, fazendo-o rir alto.
- Pára de rir seu idiota, me dá esse controle!
- Nossa, quanta revolta! Fica quieta aí e assiste futebol que é melhor... – Purre disse calmamente e Pilar levantou, xingando baixo.
Quando estava prestes a sair da sala, Dani e Santiago chegaram. Pili parou no meio do caminho e voltou até onde Purre estava sentado. Apoiou suas mãos nos joelhos do garoto, e aproximou seu rosto do dele, tão perto que podia sentir a respiração de Giménez falhar e ele desviar o olhar. Levou uma das mãos até seu rosto delicadamente e levantou seu queixo, fazendo com que olhasse em seus olhos.
- Sabe, Purre ... Você já foi muito melhor nisso! – Ela dizia com a voz doce, e Purre respirava com dificuldade – Nossas brigas já foram tão mais... Adultas, sabe? Ah, você perdeu o jeito! Negar pegar um copo pra mim? Mudar o canal da TV enquanto eu assisto? – Pili parou e riu alto. – Quantos anos você tem, nove? Se for pra ser assim, eu prefiro não brigar, tá? Ignorar você me parece bem mais sensato, e sabe do que mais? – Ela perguntou acariciando o rosto do garoto, com um olhar malicioso – É isso que eu vou fazer! Volte a ser homem e depois venha falar comigo, docinho...
Pili deu um tapinha leve no rosto de Giménez , e saiu rebolando da sala, ignorando os olhares de Santiago e Dani . Assim que saiu pelo corredor, ouviu os dois gargalharem lá dentro e riu sozinha. Se Purre queria voltar a agir como um idiota, problema dele. Ela sempre seria melhor.
- Já vão? – Santiago perguntou vendo as quatro garotas arrumadíssimas passarem ao lado da piscina em direção ao portão.
- Já, queremos sair cedo e voltar cedo... – Pili disse e ele a encarou – Tipo umas sete da manhã, sabe? Cedo! – Ela completou e o amigo gargalhou.
Purre apareceu do lado de fora e encarou a garota que ria enquanto conversava com Saez. Ela estava com uma saia jeans curta, uma baby-look preta com uns desenhos e um scarpin. Extremamente e irritantemente linda. Sentiu raiva ao lembrar do que acontecera momentos antes, e do quanto tinha sido zoado por aquilo. Os outros garotos apareceram atrás dele, também prontos pra sair.
- Vamos à caça? – Dani passou o braço nos ombros de Purre , que riu.
- Com toda certeza, dude! – Ele respondeu e viu as meninas já saírem, seguindo com os amigos para o lado oposto de onde iam.
Depois de darem voltas pela Riviera, os garotos acabaram no mesmo lugar onde as meninas estavam. Simon as avistou de longe e acenou, pegando uma mesa com os amigos. Purre viu Pilar rindo com um garoto, e fez careta. A raiva ainda não tinha passado, e ele queria se vingar. A cada centímetro que o garoto se aproximava, ele ficava mais apreensivo, dando goles gigantescos em sua cerveja. Os garotos mal perceberam as reações do amigo, estavam mais interessados em vigiar um grupo de garotas que estava na mesa ao lado. Giménez olhou para o lado e viu as quatro garotas bonitas chegarem perto, cumprimentando-os e sentando junto com eles. Chacoalhou a cabeça e fixou o olhar no decote de uma ruiva, por mais que isso incrivelmente lhe parecesse bem menos interessante do que ficar se torturando ao assistir Pilar e o outro cara.
- Vou pegar mais cerveja, quer alguma coisa? – Purre perguntou alto, devido a música, e a garota da qual ele não lembrava o nome sorriu, assentindo.
- Traz uma pra mim também! – Ela disse e ele sorriu, já um pouco alterado pela bebida.
Seguiu até o bar e pediu duas cervejas para a garçonete. O pub estava cheio e ele estava tendo dificuldade para conseguir voltar para onde estava sentado. No meio da multidão, avistou Pili e Majo .
- O que você disse Pilar ? – Majo gritou e Pili riu.
- Eu vou pra casa buscar a máquina! – Pilar gritou e Majo fez careta.
- AGORA? Deixa pra depois, a gente tira foto amanhã! – Majo disse alto e Pili negou. Purre ainda tentava passar, mas de alguma forma queria ficar preso ali.
- Não, eu quero registrar nossa primeira noite na França! – Pilar respondeu e a amiga riu. – Temos quatro câmeras e esquecemos todas, lerdas!
- É A EMPOLGAÇÃO DA FRANÇA, UHUL! – Majo gritou e Pilar riu alto, saindo por entre as pessoas.
Purre olhou a garota e teve um estalo. Riu sozinho e abriu caminho para passar, com um sorriso malicioso nos lábios.
Pilar abriu o portão da mansão e entrou calmamente. O pub em que ela estava com as amigas ficava apenas dez minutos dali, talvez menos, mas ela pegou um táxi mesmo assim. Subiu as escadas devagar, e seus ouvidos estavam zunindo, ainda desacostumados com o silêncio repentino. Entrou em seu quarto e encarou as malas, desanimada. Não tinha a menor idéia de onde havia guardado a câmera e aquilo poderia demorar mais do que ela esperava. Fez uma careta pensando nisso, quando lembrou que ela e as garotas tinham tirado fotos no avião com a câmera de Carolina , e foi para o quarto da amiga, diretamente até a bolsa da garota. Pegou a pequena câmera rosa e sorriu, virando-se para ir embora.
- AAAAAAAH! – Pili gritou alto e Purre desatou a rir. – Purre ? Porra, quer me matar de susto? – Pilar ainda berrava e segurava o peito, ficando irritada ao ouvir a risada de Purre . – O que diabos você tá fazendo aqui?
- Ué, eu também estou hospedado aqui, esqueceu? – Purre respondeu indiferente, encostando na parede.
- Ah é, quase esqueci desse pequeno detalhe. – Pili respondeu debochada e Giménez rolou os olhos. – Vou nessa, até depois Giménez !
Pili disse quase passando pela porta quando Purre a segurou pelo braço, a puxando para dentro novamente. Giménez a puxou com força e seus corpos involuntariamente se colaram. Ele respirou fundo e a encostou na parede, prendendo-a entre seus braços. Pilar sentia sua respiração falhar a medida que seu coração acelerava.
- O que... O que você tá fazendo? – Ela conseguiu dizer com a voz fraca, e Purre sorriu malicioso, a apertando novamente contra a parede. Giménez encostou o nariz no pescoço da menina e pode perceber que ela se arrepiou com o toque. Sorriu, aproximando sua boca da orelha dela.
- Repete o que você disse. – Purre disse com a voz baixa, e Pilar suspirou alto.
- Do que você tá falando, garoto? – Pili respondeu quase sussurrando, enquanto Purre brincava com seu pescoço e ela sentia sua pele arrepiar.
- Que eu não sou homem. – Ele disse simplesmente, mordendo o lóbulo da orelha da garota, que num reflexo, apertou sua cintura.
- Você tá maluco? Pára com isso, Purre ... – Pili tentava parecer autoritária, mas sua voz saía fraca, suas pernas estavam moles.
- Repete. – Purre insistiu, ainda sussurrando, enquanto entrelaçava as mãos no cabelo de Pilar , próximo a nuca, e ela fechou os olhos, respirando fundo.
- Purre , já te disse pra me largar! – Ela respondeu, em um tom de ameaça muito baixo. O garoto riu próximo ao seu ouvido.
- Engraçado. Você diz uma coisa, mas age de outro jeito... – Ele parou de falar e encostou a testa na dela. A única luz vinha da varanda, e ele suspirou alto ao encará-la tão de perto. – Se você quer tanto que eu pare, porque está apertando minha cintura com tanta força, docinho? – Ele continuou malicioso e Pilar bufou, sentindo seu rosto queimar.
- José Giménez , é melhor você me largar...
- Pede por favor... –Ele respondeu malicioso e a garota riu sarcástica.
- Me erra, Purre !
- Pede! – Purre apertou a cintura da garota com força, roçando o nariz no da garota.
- Por favor... Por favor! – Pili respondeu baixo e o garoto riu.
- Tudo bem, se é isso o que você quer... – Purre soltou os braços que prendiam Pilar e riu. A garota respirou fundo e abriu os olhos, estava irritada, mas mais do que isso, estava tentada a fazer algo que sabia que iria se arrepender depois. Purre sorriu ao olhar a garota totalmente desnorteada e saiu do quarto, fechando a porta. Pili escorregou na parede com a respiração completamente falha, não sabia o que fazer. Respirou fundo novamente e levantou, girando a maçaneta. Mas a porta não abriu. Girou mais algumas vezes e nada aconteceu. Deu um soco na porta, com a raiva já consumindo seu corpo.
- Purre ! – Ela gritou, mas ninguém respondeu. – Puta que pariu!
Pili correu até a varanda e viu Purre rindo, sentado na grama.
- O QUE DIABOS VOCÊ TÁ FAZENDO? – Ela berrou, e ele se contorcia de rir. – Me tira daqui, Giménez ! – Ela continuou gritando.
- Engraçado, não é Pili ? – Ele levantou, andando de um lado para o outro – Achei que você fosse boa nisso, mas vejo que não! Só foi eu encostar em você – Ele riu presunçoso – Que a mulher decidida foi pelos ares, né? – Purre riu e Pilar gritou descontrolada, fazendo com que ele gargalhasse ainda mais alto. – Novidade pra você: Sinto informar, mas você não é tão boa nisso quanto pensa, docinho. Tenha uma ótima noite presa no quarto!
Purre riu alto e jogou um beijo no ar, caminhando em direção ao portão. Pilar gritava descontroladamente. Ele parou e olhou para trás.
- Tá gritando porque, maluca? – Ele disse e a garota bufou.
- Purre , me tira daqui AGORA! – Pili gritou autoritária.
- Ah, tá afim de sair? – Ele sorriu. – Pula! É baixinho! – Purre disse cheio de si, mesmo sabendo que aquilo tinha sido uma tremenda maldade. Ele sabia que ela nunca pularia.
- Purre , você sabe que eu tenho medo! – Ela disse com a voz chorosa e o garoto respirou fundo. Tinha prometido a si mesmo que não daria para trás.
- Bom, isso já não é problema meu! – Respondeu com a voz meio baixa e saiu dali, sem olhar pra trás, porque sabia que mudaria de idéia.
Purre voltou andando devagar até o pub onde estavam. Por mais que aquilo fosse uma grande lição para Pilar , estava se sentindo mal por tê-lo feito. As imagens da garota frágil entre seus braços, quase cedendo a suas carícias, faziam seu coração acelerar. Não conseguia entender o como tinha sido forte o suficiente pra levar o plano até o final, e por mais que se sentisse orgulhoso disso, aquela sensação ruim não o abandonava. Avistou Santiago com Carolina e Majo do lado de fora do pub e foi até eles.
- Onde você tava, dude? – Saez rapidamente perguntou e Purre colocou as mãos nos bolsos, nervoso.
- Por aí. – Respondeu simplesmente.
- Meu, eu tô preocupada com a Pili , tô falando sério! – Majo dizia apreensiva, andando de um lado pro outro – Eu não agüento mais esperar, já era pra ela ter chegado, Santiago ! Eu vou atrás dela!
- Eu também vou! – Caro disse rapidamente e Purre sentiu as mãos gelarem.
- Não! – Ele disse rapidamente e as duas o encararam, confusas.
- Como não, Purre ? A minha amiga pode estar em perigo! – Majo disse e ele forçou um sorriso.
- A Pili tá bem, eu estive com ela agora a pouco. – Respondeu contra a vontade e Santiago arregalou os olhos.
- Você tava com a Pili ? – Saez perguntou e Giménez assentiu.
- E onde ela tá? – Carolina perguntou.
- Ela foi buscar a câmera pra tirar fotos com vocês, mas conheceu um cara no meio do caminho e ficou conversando com ele. – Giménez respondeu do nada e Majo o encarou, sem acreditar nenhum pouco.
- Fala a verdade, Purre . – Ela disse e o garoto sentiu o rosto queimar.
- Eu tô falando, Majo . Foi isso mesmo. Eu juro pra vocês que a amiga de vocês tá bem segura. – Purre disse – Até demais. – Sussurrou mais para si mesmo, sentindo-se um completo idiota. Carolina encarou Majo .
- Tá, Giménez . Se algo acontecer com a minha amiga, a culpa é total sua! – Majo disse autoritária. – Vem Caro, vamos entrar. – A garota puxou Carolina pela mão de volta para o pub. Antes que Santiago perguntasse alguma coisa, Purre começou a falar.
- É verdade, Saez. Agora eu preciso fazer uma coisa. – Purre disse rapidamente e saiu dali, ignorando o amigo e tudo o que ele pudesse lhe dizer.
Purre pegou um táxi e chegou rapidamente na mansão. Sabia que Pilar iria tentar o matar, e estava preparado pra isso. Tinha pegado pesado demais dessa vez. Subiu as escadas quase correndo e respirou fundo antes de virar a chave na maçaneta. Acendeu a luz do quarto e não viu ninguém.
- Pili ? – Perguntou, com a voz fraca. Ninguém respondeu e Giménez tremeu. Abriu a porta do banheiro, mas também não havia ninguém lá dentro. – Merda. – Sussurrou, indo até a varanda.
Ao chegar à varanda, Purre olhou para o lado e viu Pili sentada no parapeito que interligava as varandas de Caro e Simon . Ela estava sentada, de olhos fechados e com o rosto vermelho.
- Pili , o que você tá fazendo? – Purre perguntou com os olhos arregalados e a garota abriu os olhos, olhando para o lado. Giménez pode perceber que seus olhos estavam vermelhos e sentiu o peito apertar por isso.
- O que você acha, idiota? – Ela respondeu secamente, tentando enxugar as lágrimas.
- É perigoso, você não pode, você tem medo, você... – Purre começou a gaguejar e a se sentir péssimo. Nunca havia se sentido daquela maneira antes.
- Cala a boca! Eu vou chegar do outro lado, sai daqui! – Pilar respondeu se movimentando muito devagar, ainda sentada e de olhos fechados.
- Pili , deixa eu te ajudar... – Purre disse colocando uma perna no parapeito, mas sendo interrompido por um grito.
- Fica aonde você está, Giménez . Eu não quero e eu não preciso da sua ajuda. – Ela respondeu ainda sentada, e Purre podia ver que ela tremia. – Eu não quero nada que venha de você.
Purre sentiu o estômago revirar quando ela disse isso. Respirou fundo, mas não estava se sentindo nada bem daquela forma. Não tinha imaginado que aquilo pudesse acontecer, sabia que tinha colocado tudo a perder. Colocou a perna pra dentro novamente, e encarou a garota, que mantinha os olhos fechados.
- Desculpa, Pili . Eu não queria ter feito isso, eu...
- Eu disse pra você calar a boca.
Purre sentiu os olhos queimarem e colocou as mãos nos bolsos, virando de costas.
- NÃO! – Pili gritou e ele virou para trás rapidamente, assustado.
- O que foi? – Ele perguntou, a voz falha e tensa.
- Não vai, me ajuda! – Ela disse chorando e Purre ficou em silêncio, subindo no parapeito sem questionar. Andou devagar e estendeu a mão para a garota.
- Vem, me dá sua mão. – Ele disse baixo e Pili abriu os olhos, olhando pra cima.
- Eu vou cair. – Respondeu baixo e Purre sorriu.
- Confia em mim.
- Tá meio difícil, ultimamente... – Pili disse baixo e Purre sentiu o coração apertar de novo, mas não disse nada, porque sabia que era verdade.
Pilar segurou a mão de Purre e ele a puxou para cima. A garota envolveu sua cintura rapidamente e fechou os olhos. Purre sorriu.
- Ei... – Ele disse baixo e a Pili o olhou nos olhos – Tá na hora de vencer seu medo. Vem, anda. – Purre disse a puxando pela mão, mas a garota continuou parada e ele riu baixo. – Pili , vem.
- Eu te mato, eu te mato! – Ela murmurava andando pé ante pé até a varanda.
- Não olha pra baixo. – Ele disse com a voz doce e a menina sorriu, mesmo sem querer, olhando nos olhos dele, que andava de costas. – Só mais um pouco, continua olhando pra mim, só pra mim – Ele disse e pulou pra dentro, ajudando-a a voltar pra varanda.
Pili respirou fundo e sorriu.
- Não foi tão difícil. – Ela disse e Purre sorriu largamente, vendo a garota tremer.
- Eu disse que era fácil. – Giménez sorriu. – Você está tremendo! – Ele disse aproximando-se de Pili e apertando seus braços ao redor da menina. Ela respirou fundo, tentando organizar os pensamentos. Rapidamente lembrou de tudo o que acontecera minutos antes, e soltou o abraço, irritada.
- Me larga, Giménez . Sai de perto de mim! – Pilar disse áspera e entrou para o quarto, pisando firme. Purre passou as mãos nos cabelos, respirando fundo. Doce ilusão a dele. Nada era fácil com Pilar Pascual .
Purre entrou em seguida de Pili , andando um pouco mais rápido para alcançá-la.
- Pili , deixa eu falar com você... Eu te pedi desculpas, eu... – Ele dizia quando fora interrompido.
- Não é suficiente, Purre . Você pegou pesado dessa vez! – Pili disse alto e virou-se de frente para o garoto, que ficou em silêncio.
- Eu sei, mas o que você quer que eu faça? – Giménez respondeu com a voz baixa e Pilar bufou, rolando os olhos.
- Faça o que você quiser. Nada vai mudar. – Disse rapidamente e continuou andando.
- Eu sei que não. Eu ouvi o que você disse. – Purre falou e a garota parou de andar, em frente a porta de seu quarto.
- Eu não sei do que você tá falando, lindinho. – Pili respondeu sarcástica e Purre rolou os olhos.
- Então deixa eu refrescar sua memória, meu bem... – Purre disse com a voz já alterada e chegando perto novamente. Era impressionante como aquela garota o tirava do sério. – Você disse pra Renata que me odeia.
Pili arregalou os olhos e não conseguiu esconder o espanto e a vergonha que sentiu. Ele não podia ter ouvido aquilo, não podia.
- Purre , eu... – A garota ia se desculpando, quando parou de falar. – Espera aí! Você anda ouvindo minhas conversas atrás da porta? Ah, só o que faltava! – Pilar reclamou e Purre riu debochado.
- Vocês estavam berrando, quem passasse a quilômetros daquela cozinha ouviria o que diziam. E do que adianta? Não muda de assunto, Pilar . Você me odeia e eu ouvi isso.
- Eu não te odeio, Purre . – Pili disse com a voz baixa e olhando para os pés, e Purre sorriu de canto ao perceber que tinha a deixado desconsertada.
- Então porque você disse que...
- Não sei. Sinceramente eu não sei.
Pili disse o encarando nos olhos e Purre sorriu. Deu um passo adiante e puxou a garota, apertando-a com força contra seu corpo. Pilar sorriu largamente e envolveu a cintura de Purre , sentindo o cheirinho bom que o garoto tinha, e sentindo-se incrivelmente bem enquanto ele acariciava seus cabelos devagar. Os dois passaram incontáveis minutos assim, e Purre deu um longo beijo na bochecha de Pilar , e sem largar sua cintura, encostou a testa na dela.
- Eu sei. – Ele disse baixinho e Pili arqueou a sobrancelha, sem entender absolutamente nada.
- Sabe o que, criatura? – Pilar disse engraçadamente e Purre riu alto, fazendo com que ela risse junto. Era inevitável.
- Porque você disse que me odeia. Eu tenho uma teoria. – Giménez disse e quando percebeu que a menina ia se manifestar, silenciou seus lábios com um toque suave de seu dedo, fazendo com que ela sentisse a nuca arrepiar sem querer.
- Fala. – Ela disse com os lábios quase colados e Purre riu de novo.
- Porque, pelo menos pra mim, é muito mais fácil odiar você, do que... – Purre parou e sorriu, tímido. – Do que gostar de você.
Pili sorriu largamente e sentiu borboletas fazerem festa em seu estômago. Aquilo não estava acontecendo, era tão impossível, tão surreal, tão maravilhoso. Ao ver o lindo sorriso de Purre se formar em seu rosto, tocou o rosto do garoto devagar e levantou nas pontas dos pés, roçando o nariz no dele e o olhando de uma distância tão minúscula que parecia deixá-lo perfeito. Perfeito. Aquele momento era exatamente isso.
- Você tem razão. – Pili disse baixo, sentindo Purre levantá-la um pouco pela cintura até que estivessem da mesma altura. – Parece que você leu minha mente. Era exatamente isso que eu queria dizer.
Purre a puxou pra tão perto que Pilar sentiu que a respiração ia falhar. Respirou fundo e sorriu, mordendo a bochecha do garoto.
- Não. – Ela disse, percebendo o que ele iria fazer. – Não agora.
- Por quê? – Purre perguntou com um olhar fofo e um tanto decepcionado e a garota quase acabou ela mesma com tudo aquilo.
- Muito fácil pra você. – Ela disse e riu da cara confusa de Purre . – Brigue por mim. Me conquiste. Mostre que você não é como nenhum outro. Eu estou cansada de me dar mal com os garotos. – Pili sorriu de um jeito encantador. – Se você realmente quer, você vai achar um jeito de me fazer acreditar.
Purre sorriu malicioso e Pilar riu alto. Por mais que quisesse terminar com aquilo agora, aquele desafio lhe parecia mais tentador do que qualquer outro. Pili estalou um beijo perto da boca de Purre , que sorriu derrotado ao vê-la saindo em direção as escadas.
- Ei! – Purre disse e Pili virou para trás, olhando em seus olhos.
- O que foi?
- Eu aceito o desafio. Sabe de uma coisa? – Purre disse encostado na parede e Pili negou, mas sorria – Você vai ser minha, docinho. Pode esperar.