Lan Wangji suavemente beijou toda a pele exposta. Seus lábios macios tilintavam e faziam do outro refém.
Wei wuxian era incapaz de afastar-se. Seu corpo era quente e ansiava por aquele toque fervoroso. Em abuso, abaixou o rosto e mordiscou a orelha vermelha, fazendo o outro pousar o beijo em paralisia por alguns instantes e soar o primeiro gemido.
O toque fez seus corpos amolecerem. Sentados ao chão em pleno contato e contraste, foram escorregando. As vestes frouxas desprenderam e deixaram Wei em roupas íntimas bagunçadas. Sem muito trabalho Lan pode desatá-las, expondo o tronco do outro.
Os lábios foram unidos novamente. O beijo era rápido, salivado e impiedoso. Nesta altura os estímulos já serviam como tortura. A rigidez tornava-se sofrida e dolorosa. O corpo clamava por toques.
Lan desceu seu foco e atenção, parando à altura abaixo do umbigo em um caminho lento e cheio de carícias com os lábios. Trouxe suas mãos trêmulas à calça alheia, abaixando-a até total remoção. O outro ergueu o quadril em ajuda.
Ainda que fosse a primeira vez de ambos, seus movimentos pareciam exatos. Os corpos conversavam entre si. Não havia desencontro.
Lan Wangji observou a excitação exposta mas não revelou qualquer expressão, sequer a tocou, porém estava prestes ao delírio. Era como se há muito quisesse encontrar um tesouro e nesse instante o tivesse feito. Seu tesouro poderia ser tomado por completo naquele momento. Subiu o corpo, sentando-se em seiza. Suas mãos correram às amarras de seu próprio traje, desatando-as rapidamente. Não removeu as peças de cima, apenas as abriu, exatamente como estava o outro. Removeu totalmente suas calças.
Wei wuxian acompanhava com os olhos. Sua mente tinha culpa e por isso preferiu não agir. Ao ver o outro desnudo abriu os olhos em espanto, trazendo consigo uma face totalmente maliciosa e um sorriso debochado.
- Er-Gege, não sabia que carregava consigo tal porte. – Lan o puxou para mais perto, posicionando-o. – Pode ser gentil?
Sentado, se inclinou e encaixou prestes a adentrar.
- Por favoooor, tenha piedade. – Fazendo manha com a voz, sua face expressava certo nervosismo.
- Hnf! – Lan Wanji virou o rosto fazendo um biquinho e franzindo as sobrancelhas.
Certa vez havia encontrado em um livro, recomendado por Wei, algumas considerações a serem feitas durante relações carnais. Nos últimos adendos haviam explicações a respeito do amor entre o mesmo sexo. Dizia-se à importância do relaxamento e exemplificava alguns padrões. A leitura à época fora feita por curiosidade e pressão, no entanto tais conhecimentos seriam de utilidade agora.
O corpo pronto retornou à posição sentada. Wei wuxian buscou a mão do outro e a levou até sua boca, sugando dois dedos. O movimento de sucção era sentido por Lan, deixando-o em impaciente agonia. Sua excitação pulsava. A mão então foi rude e se alçou em um movimento forte, alcançando a garganta. Wei salivou, tornando-a muito úmida. Em seguida foi retirada e encaminhada à baixo.
A entrada estava apertada e permitiu a passagem de apenas um dos dedos. Tal corpo se contraiu, soando um gemido de dor. Lan Wangji iniciou um pequeno e curto movimento, aumentando gradativamente conforme podia sentir permissão. Ousou ao encaixar o segundo dedo, fazendo Wei soltar sua dor.
- Hmf... Lan Zhan! – Seu membro pulsou junto, liberando um líquido viscoso e brilhante que prendia-se como uma teia entre o abdômen e o orifício de onde surgiu.
Wangji não podia mais aguentar o calor que o tomava, observar aquilo era torturante. Removeu seus dedos e posicionou-se novamente. Com um movimento lento encaixou-se e adentrou.
De início pretendia-se movimentos suaves e gentis, mas o toque da glande rígida às texturas internas, aliada ainda à contração e passagem apertada, geraram estocadas bruscas e impiedosas.
Wei tentava acompanhar com o quadril. A princípio a dor era ardente mas findava extremamente prazerosa. Sua face mergulhava em sofrimento e êxtase.
As pernas finas subiram, agarrando e forçando Lan à maior aproximação. Os tórax trocavam calor quando Wei ergueu o tronco, abraçando Wangji de forma apertada. Ele era capaz de sentir os batimentos acelerados e os músculos em contração. Os lábios avermelhados se uniram novamente.
Wangji mantinha sua expressão, apertando os olhos e soltando forte respiração quando o movimento adentrava. Era coberto por prazer nessa repetição.
As faces de wuxian entorpeciam Lan, fazendo-o buscar mais força e alcançar mais fundo. O membro era maior que o comum e possuía uma leve curvatura para cima que, em perfeita harmonia durante o ato, poderia alcançar a próstata de forma certeira. O primeiro toque fez Wei tremer e contrair todo o corpo em arrepio, soltando um gemido alto. Dessa forma, forçou o quadril contra o outro, permitindo maior alcance do local.
O Quarto do Silêncio ecoava mais barulhento que de costume, espantando alguns pássaros que repousavam no telhado.
- Er-Gege... hmf!... Toque lá novamente. – Sua voz saiu alta e sofrida.
Wangji repetiu o movimento, indo a fundo. Nessa sequência o líquido perolado desatou do membro de wei wuxian, derramando-se em seu abdômen. O diafragma se contraía e relaxava fortemente. O deleite tomou conta do corpo.
Mais estocadas foram seguidas até que Lan fosse posto ao mesmo sentido. Sua masculinidade viera tomada pela grande quantidade de líquido espesso e esbranquiçado que ousou escorrer por entre as coxas magras de Wei.
O olhar vindo de baixo era sereno, em paz.
- Wei Ying... – Lan Wangji o fitou com os olhos enquanto ainda tinha espasmos.
As mãos ao chão subiram até o rosto ofegante, trazendo as mechas de cabelo, misturadas ao suor, para atrás da orelha. Os dedos retornaram apoiando-se a fonte enquanto as palmas cobriam a bochecha úmida. As pontas dos dedos tocavam a fita da testa.
- Tão precioso, minha jade. – Os olhos de Wei fecharam e juntos ao sorriso pareciam sorrir também.
Lan wangji não teve reação. Seus olhos se abriram e os lábios relaxaram. O coração parecia correr risco enquanto misturava-se o susto das palavras e o êxtase do ato feito.
- Este demônio só pode ter vindo ao céu por engano. - Cobriu os olhos com o antebraço enquanto ainda sorria, em total vertigem.
Lan desprendeu-se do corpo do outro e levantou-se, ainda com ao traje aberto. Suas pernas eram trêmulas e pareciam fracas. Seu corpo não era totalmente satisfeito e parecia relutar pelo afastamento. No momento em que ficou estável e em pé, deu as costas e caminhou para longe em perfeita postura. Os longos tecidos brancos eram esvoaçantes ao caminhar.
Wei apoiou-se com os cotovelos enquanto ainda estava ao chão e foi acompanhando o outro com os olhos.
- Lan Zhan, você está... – Franziu a sobrancelha em dúvida. – Sóbrio?
Ao ruir das palavras, a jade curvou-se e desalinhou ombros e costas, passando a caminhar de forma sinuosa até desaparecer pela porta de acesso à sua cama. Misturavam-se álcool e fraqueza pós exercício, mas a consciência era plena. Em repouso, fechou os olhos e permaneceu imóvel.
Isso não é permitido no Recanto das Nuvens. Forçou sua mente tentando meditar enquanto seu corpo extasiado tremia em alta pulsação. Flashbacks o esmurravam a todo momento, não sabia quão errado isso poderia ser mas, de alguma forma, tal estado, ato e união pareciam o pertencer.
Como pôde ser tão perverso Wei Wuxian... Wei socou a própria cabeça enquanto sentava-se ao chão. Era pintado por suor, sêmen e sangue. Um pequeno recipiente de água estava disposto a mesa e fora usado para limpar tal pele.
Vestiu suas roupas como pôde. Enquanto isso, amaldiçoava a si próprio.
- Lan Wangji ficará furioso. Ah não seeer... Esfregou o nariz com o indicador. – que ele ainda esqueça do que faz bêbado. Mass... – Abaixou o olhar, rodeando um dos braços à cintura. – Eu serei capaz de lembrar de tudo pelo resto dessa vida e talvez, de outra.
Uma caminhada talvez me ajude a mudar o foco. - Frente às portas tornou-se imóvel. - Ainda é dia. Posso ser reconhecido. E estou com muita dor. - Apalpou a nádega.
Em meia volta, buscou o resto de Sorriso do Imperador que era disposto à mesa, terminando a bebida em um gole comprido.
Em ócio, Wei Wuxian vasculhava os pertences de WangJi, encontrando conforto em outros tipos de pensamentos. Certo tempo era tomado enquanto tentava entender extensas anotações e partituras encontradas em um móvel de madeira escura. Mergulhado à busca, fora surpreendido por uma pequena anotação ao canto de uma das folhas:
"WangXian"
Seus olhos viraram em direção aonde o outro estava, unindo a sobrancelhas.
- Lan WangJi, ah Lan WangJi... Gosta de mim tanto assim? - Chacoalhou a cabeça, fechando os olhos. – Foque em outras coisas, Wei Wuxian.
Wei desperdiçou tempo dentro do espaço até a sagrada rotina noturna dos Lan se iniciar. O sol descia e, rajadas laranjas e vermelhas atingiram-lhe quando as portas foram abertas. Caminhou pelo Recanto das Nuvens tentando ser o mais sorrateiro possível.
Ao atravessar os portões, parou. Eles o dirigiam à outra realidade, cuja própria existência era subjugada e desprezada. Ali permutava-se em um mundo obscuro e violento.
Virando o olhar em sentido oposto encontrava as cores claras dos trajes dos Lan, a hospitalidade de XiChen e o amor de WangJi.
Mas o que faço aqui?
Estar com os Lan era algo que seu coração ansiava.
Travando-lhes um destino sanguinário e cruel.
Tecidos brancos foram tingidos de vermelho em seus pensamentos. Uma dor no peito o preencheu. Era a certeza de que não queria causar mal a mais ninguém mesmo que suas intenções não fossem nesse sentido.
Não posso perder a única confiança que me restou... Depois de hoje, será que ainda a tenho?
Iniciou a caminhada em sentido à cidade Caiyi, onde planejava buscar a apreciação do álcool e o tempo necessário até que soubesse para onde ir. No entanto, por ainda estar enfermo e em costume ao corpo frágil de Mo, possuía baixo calibre pelo espaço. Com mais de três horas de caminhada ainda permanecia na floresta.
O trajeto era em mata fechada que desaparecia pela escuridão. Alguns sons provinham das árvores e arbustos. A lua cheia iluminava, mas era insuficiente em adentrar ramas, folhas e galhos.
Uma sombra atravessou paralelamente.
- Quem está aí? – Wuxian parou. Tentando forçar os ouvidos a qualquer novo som. – Apareça! - Estou desarmado e fraco. - Pensou.
- A-Xian. – Uma voz doce ecoou.
- Quem? – Seus olhos se abriram em susto.
- A-Xian!
- Shi...Shijie? É você? – Rodou em volta de si mesmo, buscando. – Onde está?
- A-Xian! O que procura? Está perdido?
- Shijie, me mostre o caminho... sim, sim. – Caiu de joelhos sobre as folhas secas.
- Mas esse caminho só você pode encontrar. Ninguém mais.
- Me ajude a sair desse lugar, por favor. – Sua mente retomou pedaços cruéis de sua existência e lágrimas deslizaram por suas bochechas. – Shijie, algum dia você poderá me perdoar?
- Xian xian, não chore. Seu coração ainda é puro e capaz de lhe dizer a verdade. Mas eu nunca o perdoarei.
O vento soprou gelado, arrastando os cabelos negros como um afago.
- Não sei o que fazer, nem para onde ir. – Levou a mão para o topo da cabeça recentemente tocado.
- Talvez para o inferno, de onde nunca devia ter saído. – A voz era firme.
- Shijie? – Sentou ao chão.
- Suma! Você nunca deveria ter voltado. Pessoas boas poderiam ser poupadas se você não existisse naquela vida, agora lhe dão outra? Para destruir mais famílias? Para trair mais pessoas? Você me tirou tudo!!
- Quem é?? – Procurava ao redor.
- JinLing cresceu sem um pai!
- JinZiXuan? É você?
- Quando me diziam o quão manipulador era, eu não podia acreditar aliás cresceu com todo o amor da seita YunmengJiang. Mas era uma verdadeira ninfeia entre as lótus!
- Não, eu não...
- Ainda nega? – O som ecoou.
- Líder Jiang, eu disse para não dar tanta audácia a esse menino! Olha o que nos custou. Como eu previa!!
- Yu Ziyuan!
- Líder Jiang, Madame Yu... São vocês? – Se levantou tonto e correu entre alguns arbustos procurando alguém.
- Mas dessa vez só posso me desculpar com vocês. Eu falhei em criá-lo. Ele causou o nosso padecimento. Pobre Jiang Cheng, sozinho reerguendo uma seita e ainda com a culpa do inimigo em seus ombros.
- Eu não... eu realmente... – Wei wuxian pôs as palmas das mãos cobrindo as orelhas e os dedos às fontes. Cerrando os olhos com força, mais lágrimas corriam.
- Wei Ying, fique longe. Eu não desejo o mesmo para GusuLan.
- Lan Zhan? – Arregalou os olhos e rodeou o espaço, cambaleando entre as árvores. – Me ajude!
Em seus pés faltavam equilíbrio. Um galho sob o chão fora suficiente para leva-lo à queda. O demônio aceitou seu destino novamente, cruzando os braços rente ao tórax e em posição fetal.
- Não parece mais tão invencível e poderoso, cultivador demoníaco.
Às 5h da manhã Lan WangJi se levantou. Em sua compostura e perfeito visual caminhou até a cama em que Wei Wuxian dormia rotineiramente. As mantas estavam alinhadas da maneira que arrumara na manhã anterior.
- Wei Ying?!
WangJi buscou o outro por todo o Quarto do Silêncio mas não obteve sucesso. Percorreu o Recanto das Nuvens adentrando salões e verificando os telhados, mas ainda assim não pôde encontrá-lo.
A Fonte Fria fora o último lugar. Ao notar uma presença imersa às águas iniciou um caminhar mais espaçoso e rápido.
- Wei Ying??
- WangJi. – Xichen emergiu.
- Você o viu? – Tal rosto de poucas expressões demonstrava preocupação e angústia.
- Não. Mas alguns guardas o viram pelas fronteiras em sentido à cidade Caiyi.
- Ele partiu novamente... – Sussurrou enquanto baixou o olhar.
- WangJi, escute. - Seu tom de voz era mais grave e alto devido à distância. – Consigo ler seu coração há muito tempo e, acredito que talvez seja a hora de você permitir que mais pessoas consigam. Entenda que a percepção é algo variável e as vezes necessita de mais.
- Acho que está...
- Me escute. – O interrompeu. – Eu não entendo como as coisas caminharam, mas não pretendo impedi-las e ainda, como alguém que o quer muito bem, quero que não corra o risco de perder essa chance.
- Xichen, eu... – Suas orelhas avermelharam.
- Eu o quero bem. Há muito não o vejo assim e vê-lo me traz paz. Não desperdice o que recebeu como fortuna pois, acredite, nem todos possuem tal sorte. – Seu olhar esvaziou.
- Vou buscá-lo. - A Segunda Jade de Lan assentiu com a cabeça e retornou pelos degraus que havia descido.
Rumo à cidade Caiyi, ultrapassou os portões do Recanto das Nuvens. Sabia que era a chance que clamara aos céus durante todas as 5840 noites. A dor da rejeição, das responsabilidades, punições e quedas hierárquicas já não pareciam tão insuportáveis quanto a distância daquele ao qual seu coração pertencia.
Os passos firmes e ombros alinhados seguiram. A mente da jade sequer ousou questionar-se pois a escolha já estava feita antes de que se houvesse dúvida, nada mais o impediria de viver o que lhe fora negado, nada mais ditaria o certo ou o errado além de seu coração. WangJi fora traduzido em palavras pelo irmão.
No caminho, ainda na floresta que separava a cidade de destino do Recanto das Nuvens, percebeu uma bifurcação na estrada que não se recordava. Puxando suas lembranças, notou que nunca o fizera.
Hesitou em dúvida. Wei Wuxian era sagaz, mas ainda debilitado.
Pássaros voaram em massa, vindos da parte inexistente nas recordações de WangJi, pondo-o àquela direção.
Com longos minutos de caminhada floresta adentro ouviu vozes e alguns sons diferentes vindos das folhagens. Seguiu.
Os passos rápidos à medida que se aproximaram foram dados lentos e quando os olhos encontraram o outro, pararam.
Wei wuxian rodava perdido. Caminhava manco em círculos, hora entrava entre arbustos e galhos secos, deferindo golpes e maldições. As mãos voltavam à cabeça, cobrindo as orelhas. Os olhos se fechavam em força.
- Para! Para! – Ele gritava cuspindo. Possuía lesões no rosto, pernas e mãos. – Jamais irá me dominar. Suma!
A pouca experiência fez de Wei vítima ao desconhecer os surtos que o antigo dono de seu corpo sofria. Não era comum a permanência de características após a prática de sacrifício, no entanto ela existia. Além disso, Mo era desacostumado com o álcool, fazendo com que Wei ficasse um pouco alterado.
- Wei Ying! – Falou baixo, caminhando devagar em direção ao outro.
- Sumaaaa!! – Ele gritou mais alto.
- Wei Ying, sou eu! – Faltavam poucos centímetros para alcança-lo.
WangJi estendeu um dos braços na tentativa de tocá-lo ao ombro, mas os reflexos do verdadeiro Patriarca Yiling ainda eram vivos. Wuxian desviou e em uma meia volta e disparou um golpe contra o antebraço em vestes brancas, quebrando-lhe a ulna. As roupas naquela área tomaram cores avermelhadas e fizeram a jade se afastar assustado.
Ele respirava fundo e encarava os tecidos enquanto estes escureciam nos tons. Lan WangJi se lembrava de poucos golpes acertados com tanta exatidão contra seu corpo em um duelo. Talvez a despreocupação o fizera vítima. Uma dor surgiu, longe da onde estava a fratura, fazendo-o levar a mão, junto à bichen, ao peito. O coração batia de forma diferente, magoado e ansioso.
Wei fixou o olhar ao tecido manchado, ele amoleceu e seu joelhos dobraram, levando-o ao chão.
- Fique longe ou posso destruir os seus. – Seus olhos já não possuíam foco.
- Wei Ying, acalme-se. Eu... – Hesitou por um instante e suas bochechas esquentaram. – O ajudarei. – Abaixou o olhar.
- Não busco coisa alguma de nenhum de vocês! – Encarando o chão, seus olhos focavam o nada. – Me fizeram acreditar, mais uma vez, que eu poderia encontrar algo diferente nessa vida. Porque trouxeram-me? Este é meu inferno pessoal? Preparado exclusivamente para mim!? – De joelhos ao chão, apoiou as palmas feridas. – Eu realmente imaginei que encontraria a compreensão. – Sussurrou.
WangJi sentiu as palavras virem até sua garganta e, descerem amargas pelo mesmo caminho. Sentia raiva por não conseguir dizer o simples e veradeiro. A dor do ferimento era imperceptível tamanha sua revolta interna. Toda e qualquer glória, nome ou adoração eram invalidados ao cenário de dor em que se encontravam, ali pode-se ser refletido os motivos.
Criado entre as virtudes, Lan era incapaz de ser egoísta e só pode sentir a si mesmo quando já não havia mais o que ser feito. Tais acontecimentos o permitiram enxergar além, os julgamentos dentro de si deixaram de fazer sentido, o certo e o errado deixaram de ser meros escritos em nanquim e papel.
Cercado por suas concepções, Wuxian fora desamparado pelo poderio e acabou acometido por grandes traumas. Sua presença era detestada, os líderes o marginalizaram, seus entes padeceram e a revolta tomou posse de seu ser. A segunda chance era mais calma, anônima e em outras estruturas.
A segunda chance era precisa pois nela era permitido o real transcender de duas almas aflitas.
O vento, um pouco mais forte, cessou deixando poeira de terra e folhas pelo ar em queda. Um barulho metálico ecoou, seguido pela contemplação baixa de Bichen ao solo. As folhas secas quebraram-se nos viscos das botas brancas. O momento em slow, foi rápido e impulsivo. Joelhos brancos escorregaram após serem jogados ao chão, parados quando toparam o corpo em preto. Mangas compridas rodearam o tórax de Wei enquanto seus ombros receberam a dolorosa pressão do queixo de Lan. Para esse abraço foram despejadas todas as forças de WangJi, que era impulsionada pelo alto batimento cardíaco.
- Volte comigo para Gusu. – A voz saiu apertada entre os corpos.
- Minha jade? – Sussurrou.
- Hm. – Consentiu.
- Desperdiçar todo o seu brilho com alguém rodeado pelas sombras é ilegal. – Sua voz saía mais fraca, o aperto segurava seu diafragma. – O partirei em pedaços... Depois partirei os que am... – Fechou os olhos, perdendo a consciência.
- O único em minhas memórias. – Afrouxou os braços e recebeu o corpo. – Compartilharemos felicidades e tristezas, não se lembra? – Em um tombo leve, deitou-o em seu colo.
Os dedos longos caminharam pelas bochechas sujas, trazendo as mechas de cabelo preto para trás. Abaixou o tronco e suavemente uniu seus lábios.
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Oiii gente, eu sei que demorou mas por favor não desistam de mim, muita coisa acontecendo nesse começo de ano (entrei na faculdade, mudei de cidade, corona...). E eu quero escrever essa fic com capricho pois ela significa muito pra mim. Espero que gostem, seguirei firme com o próximo capítulo. Beijao 😘
Seiza – é aquela posição que os japoneses tradicionalmente sentam, joelhos juntinhos, coxas juntinhas e em cima das canelas.
Ninfeia – planta aquática, como a lótus, no caso é usada no texto com sentido de "erva daninha" ou "diferente dos demais, os lotus".