MEU DEUS!
AÍ... MEU... DEUS!
Sim, eu havia acordado ao lado do único homem que um dia amei. Eddie parecia um anjo dormindo, e eu ainda não conseguia acreditar no que havia acontecido na noite anterior.
O beijo, o toque... Bem, e aqui estamos, nus e... Atrasados!
Levanto da cama correndo fazendo Eddie se mexer na cama que estralava a cada mexida, o que foi bem irritante é perturbador na noite anterior.
- Volta aqui - ele diz com a voz rouca de sono e estendendo a mão para mim.
- Não dá - respondo me sentindo asa vez mais atraído por aquele homem - Hoje à noite começa o festival de Halloween de Derry, eu tenho algumas coisas para fazer pro jornal.
- O jornal... - ele se senta na cama - Depois de tudo que aconteceu na noite passada até me esqueci que você irá embora em breve.
- Eds...
- Não me chame de Eds! - ele me interrompe.
- Você não reclamou ontem - digo rindo.
Eddie responde com uma careta.
Bem, na verdade nem eu acreditava que daqui dois dias estria voltando para Boston. Não que eu não quisesse, mas depois do que rolou entre mim e Eddie eu não sabia se realmente queria volta para lá, talvez ficar em Derry com ele e meus amigos seria uma boa ideia.
Não, não depois de tudo o que essa cidade espalhou sobre mim, não...
- Tem certeza que você tem que ir? - me pergunta Eddie me abraçando por trás.
Um arrepio passa pelo meu corpo.
- Tenho sim - me viro segurando em sua cintura, ainda sentindo o corpo nu dele em contato com o meu - Mas se quiser podemos nos encontrar hoje à noite de novo.
- Vou pensar no seu caso, Tozier - ele diz aproximando nossos lábios.
Beijar Eddie era como a realização de um sonho. Fazia tantos e tantos anos que eu não beijava aqueles lábios macios que eu já havia até me esquecido da sensação tão boa que era.
- Agora preciso ir - sussurro ainda com os lábios próximos um do outro - Quando você sair tranque a porta e deixa a chave na recepção, ok?
Beijo mais uma vez. E saio do quarto deixando Eddie e seu corpo nu sozinhos.
~•~
- Você está brincando?! - Bev eleva o tom de voz fazendo todos nós encarar.
- Menos, Bev - peço rindo.
- Foi mal - ela levanta as mãos em rendição - Mas, meu Deus, Richie Tozier, como foi?
- Bem, ele foi no meu quarto de hotel, conversamos um pouco e quando ele estava de saída me mostrou um colar antigo que eu havia dado para ele semanas antes de ir embora - fico em silêncio me lembrando do ocorrido - E... Ele me beijou. Depois disso ele me...
- Ok, não preciso saber dos detalhes - ela ri ficando vermelha de vergonha.
- Bev, foi tão bom. Eu... Eu nunca havia me sentindo daquele jeito, sabe? Isso que durante esses anos todos o que mais fiz foi dormir com cara.
- Informações desnecessárias, mas fico feliz por você - ela ri e toma um gole do milk-shake - Pena que você terá que ir embora em alguns dias...
- Eu... - dou uma pausa para pensar - Você... Você acha que ele aceitaria ir embora comigo?
- O quê?! - ela exclama quase cuspindo tudo em cima da mesa.
- Depois de todos esses anos, nós temos a chance de recomeçar juntos, Bev, eu não quero perder essa oportunidade - respondo parecendo o mais sensato possível.
- Você quer viver com o Eddie? Como um casal? O Richie das putari...
- Qual é, Bev? Eu mudei, ok? - falo rindo das minhas próprias palavras - Mas você está certa, ele jamais aceitaria.
- Só tem um jeito de você saber disso - ela me encara.
Mais uma coisa sobre Bervely Marsh: el sempre está certa.
~•~
O dia passou como uma corrida entre uma tartaruga e uma lesma. Eu já tinha entrevistado algumas pessoas e escrito um pouco sobre a organização do evento, e parece que tudo foi feito em dois minutos que pareciam mais dois anos e que na verdade foi apenas duas horas e quinze minutos.
Por sorte o festival chegava e eu poderia lembrar como era festejar com meus amigos, todos juntos.
O Festival de Halloween de Derry era um dos festivais anuais mais famosos em todo Maine e até entre outros estados. Haviam brinquedos, barracas com comidas, entre outras coisas e todos decorados com teias de aranhas e caveiras. Quando batia vinte e duas horas os monstros eram soltos e virava uma grande perseguição e... Parando para pensar, não acho que seria a mesma diversão que era quando éramos pequenos. Enfim, em uma cidade tão pacata quanto Derry, qualquer coisa virava uma grande festa.
Me lembro até hoje do primeiro Festival de Halloween que eu passei com Eddie. Era para irmos a uma festa da turma da escola, mas eu acabei tendo uma crise de ansiedade e ele me ajudou, no final acabamos indo para o festival bem a tempos dos monstros começarem as correr pelas ruas e gramados. Nunca vi Eddie usar tanta bombinha de ar quanto aquele dia.
- Não vai usar nenhuma fantasia, Richie? - Bill pergunta ao me ver apenas com minhas roupas normais.
- Minhas fantasias só podem ser usadas entre quatro paredes, Gaguinho - digo piscando para Eddie que fica vermelho.
Bill estava vestido como um vampiro predador e bem... Sexy. Bev estava como uma Morgana ruiva e mais bonita da família Adams, seguida, é claro, por Ben que estava vestido de Gomes. Stan estava como uma freira alta e magra, isso sim era assustador. Mike, um zumbi extremamente sofisticado. É por último, Eddie, usava uma camiseta com um símbolo de um herói... Batman. Ele havia se lembrado do nosso primeiro festival juntos.
- Você se lembrou... - digo quando ele põe a máscara do homem morcego.
- Você não - ele responde rindo.
- Me desculpe, eu..
- Não se preocupe, Richie - ele chega perto do meu ouvido e sussurra - Até ao final da noite não haverá mais nenhuma fantasia mesmo...
Um Eddie Kaspbrak safado? Era exatamente disso que eu precisava ver antes de morrer. Ele se afasta junto com os outros me deixando para trás com um sorriso bobo na cara.
As horas foram se passando. Era interessante o fato de que mesmo depois de tantos anos nos divertíamos como adolescentes, como se nada tivesse realmente mudado.
De tempos em tempos eu sentia o olhar de Eddie cair sobre mim, e a cada olhar trocado, a cada toque nas mãos e a cada piscada que ele me dava, eu podia ter certeza que ele aceitaria o convite que eu - talvez - iria fazer para ele.
- Vou pegar bebida, alguém quer alguma? - Eddie pergunta.
- Uma cerveja, por favor - peço.
Assim ele sai. Continuo conversando com meus amigos até que ouço alguém me chamar.
- Richie?
Me viro para trás e me deparo com um homem vestido de um palhaço até um pouco assustador que carregava uma bexiga vermelha.
- Desculpa, você é...?
- Bill... Bill Skargard.
- Ah... Claro! Bill Skargard, que supresa te ver aqui.
Ótimo, encontrar o cara que eu dormi há uma semana atrás de Boston, justo quando estou com meus amigos na minha cidade natal. O que mais poderia acontecer para melhorar?
- Eu esperei você me ligar depois daquela noite - ele diz já um pouco alterado da bebida.
- Iiih - ouço Bervely sussurrar.
- Me desculpa é que eu... Eu não...
- Não precisa se desculpas, Richie - ele diz se aproximando de mim - Você terá mais chances para fazer.
Dito isso ele me beija. Eu tentei nos separar mas já era tarde demais. Eddie estava parado logo a nossa frente, com as bebidas na mãos e um olhar de decepção.