QUATRO MESES DEPOIS
Jongin não estava mentindo em suas palavras quando disse que não desistiria de nós.
Ele estava tentando realmente me mostrar que ele poderia ser uma boa pessoa, que ele poderia voltar a ser o cara para quem eu me entreguei naquela noite um ano atrás. O mesmo cara com quem sempre dividi a minha vida, meus medos e minhas felicidades.
Acontece que nos últimos meses, Sehun também estava sendo esse cara, ele me ajudou a construir tudo que eu e meus filhos temos hoje. Sehun foi literalmente meu anjo da guarda.
E agora eu estou aqui, vendo um Jongin com olheiras de quem não dorme a três dias, trocando a fralda de TaeYing enquanto eu dava mama para TaeHee, que já quase dormia enquanto mamava.
— Você deveria ter ido direto para casa Jongin, não precisava ter passado aqui hoje, você mora longe e parece estar ficando a cada dia mais cansado com esses trajetos. – disse baixinho enquanto colocava a pequena no berço.
— Isso é escolha minha, Kyungsoo, eu não vou deixar de ver meus filhos um dia se quer, por mim tanto você quanto eles estariam na minha casa e você sabe disso.
— Não é tão simples...
— Porque você não quer. Você tem uma amizade com Sehun, não é um relacionamento como o nosso.
— Nós não temos um relacionamento. – disse pegando TaeYing de seus braços e sentando na poltrona com ele, começando a amamentar meu filho.
— Cheguei, amor. – disse Sehun entrando no quarto e sempre que seus olhos cruzavam com os de Jongin parecia que raios saiam entre eles. – Oi, Jongin.
— Eu volto amanhã. – disse Jongin e deu um beijo em cada um dos bebês, logo depois um em minha testa e saiu, sem cumprimentar Sehun de volta.
— Bem educado ele. – comentou sehun em tom irônico.
— Um dia ele se acostuma, Hunnie. – disse baixinho.
— Uhum... eu vou tomar um banho e encontro você no quarto.
(...)
Depois de alimentar TaeYing e niná-lo, fui para o quarto, onde Sehun já se encontrava deitado, vestindo apenas uma boxer branca. Sorri e engatinhei na cama, até minha cabeça estar no nível de seu peito, onde deitei.
— O que queria falar, amor? – perguntei beijando seu peito e acariciando sua pele.
— Hm... eu vou ter que ir pra China essa semana.
— E ele vai estar lá? – perguntei olhando para seus olhos.
— Estará sim. Mas não quero que fique preocupado com isso antes do tempo.
— O importante é que mesmo que a gente não for um casal, vamos seguir juntos, certo? – perguntei entrelaçando nossos dedos.
— Certo. – sorriu e beijou meus lábios – Mas como somos um casal, vamos aproveitar muito como um. – disse malicioso, me virando na cama e deitando entre minhas pernas, me fazendo sorrir.
E enquanto estávamos entre beijos e sorrisos, eu sabia que aquela era nossa última vez como um casal de verdade.
(...)
SEIS MESES DEPOIS
O tempo às vezes passa muito mais rápido do que podemos pensar, ele transforma nossa vida em um piscar de olhos, de um jeito que muitas vezes não esperamos.
Mesmo que o que eu tivesse com Sehun fosse acima de tudo uma grande amizade, eu não estava pronto para aquilo, eu não estava pronto para perdê-lo, não depois de tanto tempo, não agora que nossos filhos já estavam com um ano e parecia que as coisas iam se acertar entre ele e Jongin. Mas seria egoísmo demais da minha parte querer apenas a minha felicidade, desejar que ele fique comigo e Jongin se dedique apenas aos nossos filhos, isso é errado. Ao mesmo tempo que eu acho injusto ele ir embora agora que tudo parecia tão feliz.
Eu estava perdido em meus próprios pensamentos, sem entender a mim mesmo, sem conseguir processar todas as suas palavras e o sentimento de angústia que elas me traziam.
— Amor, eu não quero que fique magoado, comigo.
— Você vai pra China, Sehun, pra China! É longe demais! O que eu vou fazer aqui sem você?
— Você nunca vai estar sem mim, Kyungsoo, nunca! Além do mais, eu pretendo vir morar aqui quando o Luhan tiver o bebê. Mas não se preocupe, essa casa vai ficar para você e os bebês.
— Eu estou me sentindo egoísta, eu não queria te perder agora. – disse sentando em seu colo.
— Desculpe bebê, eu sei que fui fraco.
— Tanto quanto eu sempre fui com Jongin, mas antes de ir...Quero uma última noite com você. – disse e beijei seus lábios, rapidamente sendo retribuído com todo o seu carinho.
Sehun me pegou no colo e levou para o nosso quarto, tirando nossas roupas e beijando todo meu corpo. Eu gostava do carinho que ele me dava, dos seus beijos e seus toques.
Eu estava com saudade de Sehun, de senti-lo daquela forma íntima, de subir sobre seu corpo e rebolar até sentir meu corpo suar, enquanto nossos gemidos saiam baixos e os supostos ficavam presos em nossos lábios que pouco se juntavam durante os movimentos.
Aproveitei ao máximo aquela noite, sentindo tudo que eu podia de Sehun, deixando claro que o amava a cada toque, pois eu sabia que seria a última vez.
(...)
Quando Sehun foi definitivamente embora para a China, que já estava com uma gestação avançada, eu achei que eu iria me sentir sozinho naquela casa enorme.
Há três meses eu havia terminado o ensino médio, feito as provas e começado uma faculdade a distância, meus bebês já tinham um ano de idade e eu ainda não tinha voltado para o trabalho ainda, nunca foi difícil viver com o salário do Sehun, mas agora eu estava pensando em como seria minha vida sem ele.
Por mais que tivéssemos um acordo mútuo de que nossa amizade e os laços que criamos não seriam desfeitos mesmo se voltássemos com aqueles que realmente amamos, eu nunca me imaginei sem ele, nem por um momento da minha vida eu acreditei que realmente voltaríamos com eles.
Nosso relacionamento teve teoricamente traições, de ambas as partes, Luhan esperava um filho de Sehun e Jongin permanecia em minha vida dia após dia, mesmo com tudo isso, com essa relação nada convencional, eu realmente nunca achei que ele fosse ir embora.
Ouvi um barulho na porta e a princípio estranhei ser alguém aquele horário, já era mais de meia noite de um dia de semana, Jongin era a única pessoa que me visitava em horários nada convencionais, mas dado o seu trabalho, duvidei que fosse ele.
Me surpreendi ao ver Baekhyun e Chanyeol em minha porta, o maior com a pequena Myung Hee dormindo em seus braços de forma fofa.
Dei passagem para que eles entrassem e, em silêncio, recebi um abraço de Baekhyun, que parecia saber que eu precisava de seu conforto, enquanto Chanyeol apenas sussurrou que levaria a pequena para o meu quarto, logo voltando para a sala onde eu estava sentado com Baekhyun.
— Kyungsoo, sabe que se precisar do emprego no bar, ele ainda está esperando por você.
— Obrigado, Chanyeol, eu na verdade nem sei o que fazer, eu estava pensando sobre tudo isso.
— Eu imagino Soo. – disse Baekhyun de forma doce – Mas o Sehun me disse que as despesas da casa, como água, luz, hipoteca, ele vai continuar mantendo, não tem com o que se preocupar e quanto aos gêmeos, eu ajudo a cuidar deles, o Jongin chega por volta de 19 horas, certo? Ele sempre vem ficar com as crianças crianças depois mesmo, não seria incomodo.
— Nem me fale em Jongin, não sei como minha relação com ele vai ficar, agora ele vai achar que está um território fácil para voltar comigo e na verdade eu estou muito confuso. Eu amo o seu irmão, Baekkie, mesmo dessa forma confusa.
— Eu sei, ele também te ama Soo, mas pelo que eu sei isto era um acordo de vocês, certo?
— Sim... eu só ainda não sei viver sem ele. – disse em um sorriso um tanto choroso, tento novamente meu corpo abraçado por Baekhyun.
(...)
DOIS ANOS DEPOIS
Assim como havíamos prometido um ao outro, Sehun nunca me deixou, isso foi uma coisa que Luhan demorou a entender, Jongin também. Era difícil para aqueles que estavam fora, entender como funcionava a nossa amizade, nutriamos um amor de verdade um pelo outro, e mesmo que não fosse o amor como aqueles que damos para um parceiro, era muito mais forte que um amor qualque.
Sehun realmente veio morar com Luhan em Seul quando o filho que os dois tiveram completou sete meses, assim ele nunca precisou ficar longe de TaeYing e TaeHee, que o chamavam de Tio Sehun, mas nutriam por ele o mesmo sentimento que tinham por Jongin.
Minha vida seguia assim, um tanto monótona, tentando evitar Jongin que passava muito tempo aqui por causa do meu trabalho, mas pelo menos eu seguia.
(...)
Aquilo foi o primeiro aniversário das crianças que Sehun não conseguiu comparecer.
Jongin e eu limpávamos a bagunça de uma festa infantil, mas estávamos tão cansados que o que acabamos fazendo mesmo foi deitar no sofá comendo alguns salgadinhos enquanto nossos filhos dormiam.
— Eu estou muito cansado, essa semana foi horrível! – disse Jongin suspirando – Me deixa ficar aqui, ninguém merece dirigir cansado desse jeito quase uma da manhã, posso acabar sofrendo um acidente. – disse de uma forma tão fofa que eu ri.
— Eu só deixo porque também estou cansado, não aguento mais essa semana, graças a Deus amanhã é sábado.
Mal tive tempo de me dar conta quando esse sorriso virou um beijo, quando seus lábios macios já estavam sobre os meus.
Há muitos anos eu não beijava Jongin, e desde que Sehun foi embora eu não havia beijado outro alguém, eu sentia saudade sim, eu ainda amava Jongin sim, e apesar de tudo que ele fez, apesar dele ter realmente mudado por nossa família, de estar sempre focado em nossos filhos e se esforçar para manter tudo em ordem, nada parecia o bastante para tirar o medo que ele colocou sobre meus ombros no dia em que resolveu ir embora.
Eu sempre tive o medo dessa hora chegar, de ceder ao seu beijo, de estar fragilizado ao ponto de deixar toda a mistura de sentimentos que eu senti nos últimos anos vencer todo a muralha que eu havia construído não só em mim mesmo como entre nós.
Mas como era de se esperar, seu beijo estava me derretendo pouco a pouco, meu corpo foi deitando sobre o sofá com o seu sobre o meu, enquanto Jongin sugava meus lábios como se sua vida dependesse disso.
— Jongin...
— Por favor, eu estou com tanta saudade...
Eu não conseguiria mentir e dizer que eu não queria aquilo também, por isso apenas cedi ao que eu tanto queria, deixando que nossas roupas fossem caindo ao chão pouco a pouco enquanto seus lábios descobriram novos caminhos em minhas curvas.
Me entreguei a Jongin sem nem pensar nas consequências. Estava bom estar entre seus braços naquela noite, no meio da minha sala de estar, ainda bagunçada pela recente festa infantil dos nossos filhos.
Era bom sentir seus beijos novamente e seus movimentos em meu interior.
Apenas me concentrei em fechar os olhos e gemer baixinho o seu nome, enquanto cavalgava rápido, me segurando em seu peito e na guarda do sofá.
No fim daquele ato me senti um adolescente novamente, fazendo algo errado quando os pais não estão em casa.
Mas Jongin não me deu muito tempo para pensar, não quando ele estava me levando ao meu quarto entre beijos, pronto para me tomar como seu outra vez.
(...)
UM ANO DEPOIS
— Tchau papai. – disseram os gêmeos em uníssono, beijando minhas bochechas quando me abaixei para ficar da altura deles.
— Eu vou levar eles pra escolinha, tenho uma reunião sobre a fusão da empresa, uma prova na faculdade, mas eu prometo voltar para o jantar com Sehun e Luhan. – disse chegando mais perto, me fazendo abraçar meu próprio corpo.
— Para de agir como se fosse meu namorado.
— Eu sou seu namorado e pai dos seus filhos. – disse com um enorme sorriso.
— Não é. – disse manhoso, recebendo um beijo em meus lábios.
— Está me enrolando há mais de um ano, Soo...
— Você merece isso para a vida toda, não somos namorados!
— Ótimo, somos casados então, te vejo no jantar... Marido. – disse com tom irônico, me dando mais um selinho e descendo as escadas em direção ao seu carro.
O pior de tudo isso é que eu sabia... eu sabia que meu coração sempre voltaria para Kim Jongin.