Lovers

By bittencourtlaura

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Lucy Heather era noiva do piloto Nicholas Grabfield, de uma grande companhia aérea norte-americana. Lucy tem... More

Chapter one - introducing Lucy and Nicholas
Chapter two - Honey, are you pregnant?
Chapter three - Merry Christmas!
Chapter four - Meg troublemaker
Chapter five - let it be till the spring
Chapter six - working hard to get the paradise
Chapter seven - I won't give up
Chapter eight - Girls/London/New York City
Chapter ten - Happy Birthday
Atenção!
Chapter eleven - loving you is easy, baby!
Chapter twelve - snowing, winking, raining, but still Christmas
Chapter thirteen - First thing first
Chapter fourteen - You're the one that I want
Chapter fifteen - Happy Birthday, Julie
Chapter sixteen - Earthquake
Chapter seventeen - Measures of Love
Chapter eighteen - Kill or die pt. I
Chapter nineteen - Kill or die pt. II
Chapter twenty - Everything will be fine
Wedding(s) pt. I
Wedding(s) pt. II
Wedding (s) pt. III
Prólogo
Agradecimentos finais

Chapter nine - Julie Grabfield Clarke

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By bittencourtlaura

Nick narrando


No momento em que a dra. Padoux ergueu os olhos para mim, eu soube que havia começado. Antes mesmo de ouvir o choro desesperado da minha filha logo após tirarem o cordão umbilical do pescoço dela. O sorriso que Lucy me deu, ainda que fraco, me fez ter forças para pegar a minha pequena no colo e niná-la.


- Ela precisa ir. - a enfermeira avisou, sorrindo para Julie - É muito fraca ainda, precisa de vários cuidados.


Antes de levarem Julie, Lucy conversou um pouco com ela, acalmando-a. Outra enfermeira pediu para eu sair dali, que logo mais teria notícias dela, mas eu queria ficar e segurar a mão dela, dizer que estava orgulhoso do esforço que ela tinha feito... Do lado de fora, já sem a máscara que eu estava usando, tirei o celular do bolso e liguei para quem poderia estar ali no hospital, sem reclamar muito.


- Nick, eu juro por Deus que ainda vou morrer do coração se você continuar me ligando a essas horas.

- Jessie, avisa ao nossos pais e ao pai da Lu que a neta deles acabou de nascer. - anunciei, animado. O berçário tinha apenas dois bebês, dois meninos, e eles estavam tão agitados que eu lembrei da minha garotinha.

- Você disse o quê? Nick, faltavam meses. - ela parecia lutar contra algo e eu ouvi uma voz ao fundo. Ótimo, era Max.

- Ela passou mal no jantar. Eu não sei o que aconteceu.

- Estamos indo. Vou acordar o Alex e estaremos aí. - garantiu, desligando o telefone.


Uma hora depois, meus pais, meu sogro, meus irmãos e o Max estavam ao meu lado. Jessie não parava de falar sobre a sobrinha, era algo sobre mimar um bebê.


- Sei que não é o momento certo para dizer isso, porque o dia não é meu, mas... Eu vou ser pai também. - Alex anunciou, sorrindo de canto. Meus pais não se aguentavam de felicidade e abraçaram o filho mais velho, orgulhosos.

- Espere... Você nunca citou uma namorada. - Jessie levantou do colo de Max, totalmente indignada.

- Garota, eu tenho uma vida inteira em Atlanta. Não é como se fosse diferente aqui. E além do mais, estou mais casado do que o Nick.

- Olha, só me resta te dizer parabéns. - eu abracei meu irmão, sorrindo para ele - Já sabe o sexo?

- É uma menina. O nome é Ellie.

- Querido, por que não volta para Nova York? Seu pai e eu queremos conhecer a sua namorada.

- Eu ainda tenho projetos pausados em Atlanta. E minha família depende de mim agora. Assim que tudo terminar aqui, eu volto para casa.


Jessie parecia inconformada, dizendo que já tinha passado tempo longe demais dos irmãos e queria os dois juntos. Eu nunca disse, mas Alex era arquiteto. E ele era muito bom, mas eu não inflaria o ego dele. A obstetra de Lucy perguntou se eu tinha alguma roupa dela, mas eu neguei, sendo interrompido por Jessie, que carregava duas bolsas. Eu não lembrava que tinha dado uma cópia da chave do apartamento para ela e agora ela tinha total acesso a minha casa.


- Você pode vir comigo, ela está acordada. Pediu por um banho e pelas roupas dela. - a médica avisou, me levando até o quarto onde minha noiva estava - Olá Lucy, seu noivo trouxe a sua bolsa e a bolsa da Julie. Vou deixá-los a sós, mas podem me chamar se precisarem de alguma coisa. - e saiu do quarto, me deixando a sós com a Lu.

- Eu consegui? - perguntou, a voz tão quebrada que me deu vontade de cuidar.

- Claro que conseguiu. Vai ficar tudo bem agora. - garanti, segurando a mão dela - O que aconteceu no banheiro?

- Elas me afrontaram. Disseram que estavam juntas para te tirar de mim. Então a Erika estava lá, me ajudando e eu apaguei. - ela resmungou algo e levou a mão até a raiz do cabelo - Quantos pontos?

- Cinco. Foi uma pancada e tanto, mocinha. - ela sorriu para mim, olhando para a porta - Todos vieram? Eles podem entrar?

- Não vejo porque não. - eu levantei da beira da cama e abri a porta. Jessie me empurrou e praticamente agarrou Lucy, brigando com ela.

- Você não é imune a nada, então para de dar sustos na gente. Como você ousa ter filho a essa hora? - Jessie ralhou, puxando uma cadeira para sentar ao lado da cunhada.

- Ah vamos lá, não seja brigona. Esqueça o que essa tagarela está falando. Eu trouxe um presente para a minha sobrinha. - Alex entregou um embrulho lilás à Lucy. Dentro, tinha um par de sapatos de lã cor de mel - Onde eu moro, é tradição dar um par de sapatos cor de mel para um recém nascido. - explicou.

- Você é o melhor cunhado do mundo. Vem cá me dar um abraço.


Alex abraçou Lu com cuidado, se afastando para que o pai dela pudesse lhe dar um lindo buquê de rosas cor de rosa. Já minha mãe, que ainda estava sonolenta, não parava de falar que queria ver a neta, o que desencadeou uma vontade em todos. Eu aproveitei que Lu não estava sozinho e fui falar com a obstetra dela, queria saber como a minha garotinha estava.


- Não sei como falar isso, mas a menina é forte. Determinada. Está lutando para sair da UTI neonatal. Foi um parto difícil e eu acho que sei porque a Julie nasceu antes do tempo. - ela ficou em silêncio, observando algo na prancheta dela - Nick, preciso que saiba de uma coisa que achamos assim que fizemos o parto. Digo, eu já suspeitava, mas...

- O que foi, doutora? O que aconteceu?

- Fizemos os exames de praxe na Julie e encontramos um veneno que foi injetado na mãe e passou para o feto, ainda que em pouca quantidade. Por isso os batimentos das duas estavam caindo.

- E... A senhora saberia me dizer que tipo de veneno era? - perguntei, trancando a maxilar.

- Ele não é encontrado aqui, apenas na Europa. - eu ergui uma sobrancelha para ela. Europa é vago demais - Sei que é vago demais, mas ele é proibido aqui. Só tem na Europa.


Europa automaticamente me remeteu a Londres. Quinn. Ela não podia ter sido tão baixa a ponto de fazer uma coisa dessas. E Amanda mancomunada com ela, são duas loucas.


- Você pode ver a sua filha. - ofereceu - Mas precisa de uma roupa especial. Me acompanhe.


Em poucos minutos eu estava em uma UTI neonatal. Haviam cinco bebês ali e quatro eram meninos. Julie estava mais escondida do resto dos bebês, toda pequenininha. Usava apenas uma fralda descartável e tinha vários fios grudados nela, o que me deixava preocupado. A médica me instruiu a não ter medo, porque ela sentia tudo o que eu sentia, apenas deveria ser eu mesmo.


- Hey, garotinha... Você veio tão cedo. Outro dia eu estava pensando e... Bem, eu quero que você saiba que é a melhor coisa que me aconteceu. Sem arrependimentos, apenas amor. E eu quero que você saia logo daqui, preciso te exibir para todos os meus amigos. Vou te contar um segredo: você é a minha vida agora, Julie. E eu prometo não deixar ninguém te machucar.


Eu não esperava, mas minha garotinha suspirou e abriu os olhos, franzindo o cenho por causa da luz. Tinha os olhos da mãe. Ela abriu e fechou a mão, agora me encarando.


- Você é forte, vai estar em casa conosco logo. Seus tios não se aguentam de tanto amor. E você tem quatro tios, o que não é muito legal porque vão querer te mimar. E você tem uma prima que é um pouco maior do que você. Ah, e seu tio Alex vai ter um bebê, então você vai ter outra prima. - ela nem me dava bola, mas parecia importante que eu conversasse com ela - Preciso mostrar uma foto sua para a sua mãe. Ela deve estar com o coração na boca.


Tirei duas fotos antes que ela voltasse a dormir. Deixei minha filha aos cuidados das enfermeiras e voltei ao meu quarto. Meus pais e meu sogro estavam acomodados no sofá e Jessie estava no colo de Max, na mesma cadeira de antes. Alex parecia inconformado por estar de pé.


- Trouxe fotos. - anunciei.


Todos se mobilizaram para ver as fotos, mas eu entreguei nas mãos de Lucy, que parecia estar a beira de um ataque de choro.


- Ela está bem agora, não vai demorar muito para sair de lá. - acariciei o cabelo dela, sorrindo - Ela tem os seus olhos, se parece muito com você.

- Eu quero carregá-la, quero sentir o cheirinho dela...

- E você vai. Eu tenho que resolver um assunto sobre o bebê, então vou me ausentar. Alex, você pode vir comigo?

- Claro.

- Posso ir junto? - Jessie se prontificou, arrumando a saia preta justa que usava.


Eu ergui uma sobrancelha para minha irmã, mas ela seria de uma grande ajuda. No carro, deixei a falsa calmaria ir embora, dando lugar a um sentimento novo: a raiva.


- Você não vai me dizer o que está acontecendo, não é?

- Não preciso, você vai descobrir. - sussurrei a última parte, apertando o volante.


Ao chegarmos no prédio no Brooklyn, respirei fundo, olhando para meus irmãos. Subimos até o quinto andar e eu toquei a campainha, encostando na parede.


- Sim? - Amanda abriu a porta, vestindo um pijama curto demais.

- Eu vou ser breve: onde está a sua amiga?

- Amiga? Eu não sei do que você está falando. - franziu o cenho, sorrindo debochada.

- QUINN, ONDE VOCÊ ESTÁ?

- Não grite, ela não está aqui. Por enquanto.


Eu respirei fundo, fechando as mãos em punho. Ela era dissimulada até o último fio de cabelo. O elevador deu sinal e abriu, revelando uma Quinn distraída. Em um movimento rápido, eu a peguei pelo braço e a joguei dentro do apartamento de Amanda. Ela caiu sentada no sofá, desajeitada.


- Você chega a ser ridícula, Quinn! Como você pôde?

- Ah, então já descobriram. E pelo jeito que você está agindo... Elas morreram?


Eu ri totalmente sem vontade, pegando-a pelo pescoço, subindo lentamente em cima dela.


- Ouça bem o que eu vou dizer porque eu não sou um homem paciente e muito menos de repetir as coisas. Eu não quero que você se aproxime da minha família novamente.

- E... E se eu desobedecer? - perguntou, a voz entrecortada. Mas aquele sorriso debochado ainda continuava.

- Então teremos um milhão de problemas. E eu juro que se algo acontecer com elas, eu vou te caçar pessoalmente - apertei mais o pescoço dela - no inferno.

- Então foi por causa dela que a Julie nasceu mais cedo. - Jessie ergueu os olhos, encarando Amanda - E você sabia disso o tempo todo.

- Calma lá, sua louca. Eu não sabia de nada!

- Querido, está ficando impossível aqui. Pode me soltar? - Quinn debochou, sufocando.

- Eu estou avisando, Quinn. Não haverá uma próxima vez. Não mexa com a minha família.

- Eu sou a sua família. - corrigiu, rindo levemente.

- Não é. Nunca foi. Saia de Nova York e me deixe em paz.


Eu larguei o pescoço de Quinn, que tossiu brevemente. Amanda estava escorada na parede atrás de mim, quieta até demais.


- E você... Foi baixo demais. O mesmo se aplica a você.

- Veremos.


Amanda era insuportável quando queria, mas tinha passado dos limites dessa vez. Alex estava enojado em um canto, imóvel, como se nem estivesse lá. Jessie era totalmente o contrário, estava impaciente ao meu lado.


- Você trouxe toda a sua gangue e eu não vejo como isso pode te ajudar.


Jessie empurrou a cabeça de Amanda contra a parede com toda a força que ela encontrou, arrancando um grunhido dela.


- Odeio quando gente como você se faz de idiota. - apertou mais a cabeça de Amanda contra a parede. O sangue começou a brotar da raiz do cabelo dela - Eu poderia te matar agora, ia ser delicioso, mas a minha prima entrou na lista de prioridades. Eu vou adorar te deixar nas mãos dos meus irmãos, o Alex é acostumado a quebrar madeira e o Nick... Ah, ele fez judô. Pense bem antes de se meter conosco.

- Pobrezinha, quem vê pensa que sabe se defender. Como era antes, Jessie, quando foi violentada? Você sabia se defender?


Jessie era força cega. Não era algo que se pudesse e nem quisesse confrontar. Ela simplesmente deu um murro em Amanda, partindo o nariz dela. Alex tentou segurar os braços da nossa irmã, mas acabou levando um tapa no rosto e cambaleou para trás, acariciando o rosto. Ela pegou o cabelo de Amanda com uma mão e a arrastou, levando-a até a varanda, onde tinha algumas plantas. Jessie forçou a cabeça de Amanda para baixo, em direção ao lado de fora da varanda.


- ME OUVE, SUA PUTA! EU AINDA NÃO PARTI A SUA CABEÇA POR PURA SORTE. TENTE ME AFRONTAR OUTRA VEZ E VOCÊ VAI CAIR. - gritou empurrando a cabeça de Amanda para fora da varanda.

- Já chega, vamos embora. - Alex se pronunciou, puxando Jessie pelos braços para fora do apartamento.

- O aviso foi dado. Não quero ter que voltar aqui de novo.


Durante o caminho de volta ao hospital, Jessie ficou calada, contendo o ódio que sentia. Alex não estava indiferente, apenas controlado. No quarto de Lucy, meus pais estavam conversando sobre o batizado ou algo do tipo, enquanto o pai dela estava tirando um cochilo. Max recebeu Jessie de braços abertos, beijando o rosto dela.


- O que houve com o seu rosto, meu filho?

- Nick freou o carro e eu não consegui me segurar e bati o rosto no banco do carona, mãe. - mentiu, olhando para Jessie. Minha irmã negou com a cabeça, rindo, e deitou a cabeça no peitoral de Max.


Lucy notou a tensão no quarto e olhou para a mão de Jessie, que tinha sangue. Não sei como minha irmã não notou isso porque agora ela teria que explicar o que aconteceu.


- Tudo bem, eu vou contar. - pausa. Ela alisou o cabelo com a mão limpa, totalmente vaidosa - Um cara veio mexer com os meus irmãos. Disse que os dois estavam furando fila, mas eles não estavam! Então ele veio para cima de nós e eu me meti, empurrando o cara de perto dos meninos. Aí ele tentou socar o Nick, mas eu arrebentei o nariz dele. - mentiu, empinando o nariz. Alex prendeu o riso, negando com a cabeça - Não que eles não saibam se defender, mas eu fazia jiu jitsu.

- Sabe qual o ponto positivo em você? É que você é linda. Ninguém nota as suas mentiras. - meu pai comentou, rindo de leve - Garota, eu sou seu pai, te criei.

- Quinn envenenou a Lucy e a Julie e eu arranquei sangue da Amanda porque ela sabia. Nick esganou a Quinn e eu achei pouco. - ela pendeu a cabeça para o outro lado, franzindo o nariz - Por que vocês estão olhando para mim assim? Não matei ninguém.

- A Quinn está aqui? Ela está sozinha? - minha mãe olhou para mim, apreensiva.

- Acho que sim. O que não muda o fato de que terei que ir a Londres logo para pressionar meus tios.

- Como assim ela me envenenou? E eu não senti... Eu vou acabar com elas assim que eu me recuperar. - Lucy apertou a colcha do hospital, furiosa.

- Está tudo bem, vocês estão bem agora. Eu acho que vocês já podem ir embora, se quiserem.

- Nem pensar! Agora que eu estou me divertindo aqui.

- Querida, como você consegue ser assim? - Max abriu a boca, pela primeira vez na noite. Acho que ele ainda estava se acostumando com a família e suas oscilações.

- Acho que está no sangue. - franziu o nariz, beijando o rosto de Max.

- Ei vocês dois, parem com isso. - Alex ralhou, incomodado.

- Pare com esse seu ciúme, meu irmão. Vamos lá, você tem uma namorada em Atlanta e eu não fiquei reclamando. E ainda vai ser pai.

- Oh, então eu serei tia e ninguém me avisou. Muito bonito. - Lucy implicou, se fazendo de sentida - E você ainda queria namorar uma das minhas irmãs. Canalha! - acusou.

- Ah céus, agora eu vou ser linchado. - revirou os olhos - Você engravidou e eu nem sabia também.

- Porque você não mora aqui. E também não dá notícias. Qual o nome da sua namorada? Onde ela mora? Como vocês se conheceram?

- Mas... Tudo bem. O nome dela é Sarah Evans, ela é herdeira de uma marca de roupas, mas trabalha comigo na empresa. Ela morava em Orlando, mas então a gente se conheceu em Atlanta e eu a convidei para trabalhar comigo. A gente se conheceu tem pouco mais de dois anos e namoramos desde então.

- Você é patético. - impliquei, empurrando o ombro dele - De quantos meses ela está?

- Sete meses. Eu saí de Atlanta deixando tudo nas mãos dela e por isso que eu preciso voltar logo. - explicou.


Dava para ouvir a paixão na voz do Alex e eu nunca imaginei ver meu irmão apaixonado. Na verdade, nenhum deles. Mas vê-los conversando e falando de seus respectivos amores me fez ver que ainda havia algo de bom dentro deles.

*

Dois dias se passaram. Lucy teve alta, mas nossa filha não iria conosco para casa ainda. Alex decidiu ir embora e por isso estávamos no aeroporto.


- Não me olhem assim, talvez eu volte em breve. Eu só vou esperar a Sarah ter o bebê.

- Pois vá logo então. - Jessie disse, empinando o nariz. Não era necessário dizer que ela sentiria falta do irmão.

- Também vou sentir sua falta, garota.


Alex se despediu de todos e embarcou, deixando Jessie indignada. Fomos para casa e, ao chegar, Lucy se surpreendeu com o quarto do bebê trancado. Na porta, tinha um bilhete com a caligrafia de Alex.


- "Sei que fiquei devendo uma decoração melhor, mas atrás dessa porta, o seu maior tesouro vai repousar. Espero que goste. Com carinho, Alex." Vamos ver o que ele fez aí dentro.


Ao abrir a porta, nos deparamos com um belo trabalho do meu irmão. Acho que ele tinha pedido ajuda às minhas cunhadas porque o toque feminino era notável. As paredes foram pintadas em listras rosas, brancas e lilases. O teto era rosé e a luminária era redonda, dando um ar mais infantil ao quarto. O armário era branco e tinha duas portas lilases e quatro gavetas. O berço foi presente de Jessie e ele era quadrado com algumas flores pintadas. O mosqueteiro já estava colocado e o colchão levava um lençol lilás, com um urso de pano do lado. O trocador era na frente da cômoda e combinava com o móvel. Lucy e Jessie tiraram os sapatos para poder sentir o tapete e eu me arrependi de não tê-lo feito.


- É macio. - Lu constatou, cruzando os braços. Logo em seguida, virou-se para mim - Você deveria ter feito o mesmo, sorte que o Max não entrou.

- Não quero problemas com você agora. - Max ergueu as mãos, ajeitando a touca cinza logo em seguida. Lucy riu, satisfeita.


Eu tomei um banho e deixei minha noiva na sala com minha irmã e o Max, mas não poderia demorar porque eles tinham que viajar a trabalho. Coloquei uma calça de moletom cinza e uma blusa de meia manga azul e desci, encontrando Jessie rindo de algo extremamente hilário.


- Estou rindo de você anteontem enforcando aquela vadia da Quinn.

- Como se fosse diferente você ter jogado a cabeça da Amanda contra a parede, não é mesmo? - comentei, sentando ao lado de Lucy, que repousou a cabeça em meu braço.

- Meu punho está doendo até agora, mas acho que não tanto quanto o nariz e a cabeça dela. Deveria ter jogado-a pela janela naquela chance que eu tive. - lamentou, repousando as mãos no colo - Você sabe que elas vão vir de novo, não sabe?

- Eu avisei a elas. Se vierem, vai ser pior para elas. Eu vou precisar ir a Londres novamente, pressionar meus tios para que eles parem com isso. Eu tenho uma noiva, uma família agora.

- Não precisa ir. Eu vou por você. Ela está ameaçando não só a você, mas a mim também. Com a Amanda eu me entenderia, se ela pudesse respirar com um nariz partido e pensar com a cabeça quebrada. - caçoou, consultando o relógio - Oh, é melhor nós irmos, não queremos perder o voo.

- Eu levo vocês na porta. - Lucy se ofereceu, fazendo um breve esforço para levantar, o que era errado.


Não sei para onde os dois iam, mas pelo olhar romântico dos dois, deveria ser algo bom. Lucy logo voltou para o meu lado, ainda cansada e com olheiras e repousou a cabeça novamente em meu braço, quieta demais para o meu gosto.


- O que está te deixando preocupada, baby?

- O fato de não saber tudo sobre você, Nick. Eu nem sabia que você tinha uma prima e muito menos que... Você manteve relações com ela.

- Foram vidas atrás, antes de eu te conhecer. Antes de eu conhecer a Amanda também. Eu morava em Londres ainda e, bem, ela me atraía. Eu gostava dela sim, mas era porque parecia algo novo e proibido. Terminamos tudo antes de eu vir para cá, quando conheci a Amanda. E isso eu já te disse, não deu muito certo.

- Não estamos falando da Amanda, mas de você não me contar da sua prima. Ela quase me mata e eu não sei quem ela é.

- Ela só fez isso porque até meus tios incentivam, mas tudo que eu sentia por ela morreu naquele banheiro. Eu juro.


Ela respirou fundo e olhou nos meus olhos, sorrindo em seguida.


- Tem mais alguma coisa que você queira falar? Seus olhos te entregam, Nick.


"Oh sim... Querida, eu beijei a sua inimiga, mas foi a tanto tempo que eu esqueci de contar". Poderia funcionar se eu fosse um babaca, mas a primeira coisa que me veio a cabeça foi me ajoelhar e segurar suas mãos.


- Eu fiz uma coisa sim. Foi naquela viagem para o Canadá. A Amanda me beijou e... Eu correspondi.

- Oh... - ela ergueu as sobrancelhas, digerindo a notícia - Tudo bem, eu posso lidar com isso, eu só preciso me acostumar com a notícia. Querido, você ainda gosta dela? Digo, como mulher...?

- Não, claro que não. Eu só... Me senti um merda naquele dia, minha irmã estava com problemas e eu me deixei levar.


Lucy levantou do sofá e começou a andar com um pouco de dificuldade pela sala, segurando o baixo ventre. Eu já estava preocupado com aquela andança quando ela se pôs a falar, tranquila.


- Você vai dormir na sala até a última ordem. A sua punição por ter me traído é ficar longe de mim. O tempo todo.

- E...?

- E depois eu vou morar com meu pai em New Jersey. E vou levar a Julie.

- Você disse que podia se acostumar com a notícia.

- E eu me acostumei, só estou te punindo. Eu vou embora e vou levar a minha filha.

- Você não pode fazer isso.


O olhar que ela me lançou fez com que eu voltasse a sentar no sofá, assustado.


- Sim, eu posso e sim, eu vou. Lide com isso. Você tem os meus quarenta dias do resguardo para lidar com o sofá. - disse e subiu para o quarto, batendo a porta.


Não via vantagens em ter contado a verdade para Lucy. Só vejo desvantagens e o fato de eu ter me ferrado.


*


Primeiro dia: tudo bem. Dez dias: suportável. Vinte dias: Julie estava em casa finalmente, teve alta, mas mudava apenas sessenta por cento do erro que eu tinha cometido. Trinta dias: um mês inteiro morando na sala, porque não dava para dormir. Julie chorava durante a noite para meu desespero e dormia de dia, para alívio de Lucy. Quarenta dias: eu estava louco. Via coisas na sala, como por exemplo: Lucy de lingerie amamentando nossa garotinha pela casa inteira.


- É impossível, Alex. - reclamei, certo dia, via skype. Meu irmão riu, mas eu ouvi um chorinho ao fundo e o vi se levantar e puxar o carrinho da minha sobrinha para perto, pegando-a no colo - Céus, nasceu quando?

- Semana passada. Foi um parto normal lindo. Mas escute, você não pode reclamar, fez besteira e tem que ser punido.


Eu ia reclamar quando ouvi Julie "conversando" com os bichinhos do berço. Ela fazia isso há alguns dias e achava o máximo.


- Ah, minha sobrinha é demais. Até ela fala sozinha. - caçoou, sendo observado por Ellie - Essa aqui também é boa de papo. Tem uma semana e já puxa uma conversa com a mãe...


Fomos interrompidos por Lucy, Jessie e o meu sogro, que estava vindo de viagem. Pelo que eu pude ouvir quando eu fingi estar dormindo, as duas iam ao médico e logo depois iam buscar meu sogro para que ele pudesse ficar com Julie enquanto eu trabalhava e ela descansava. Revirei os olhos para algo que Jessie disse, fazendo Alex rir da minha cara. Desliguei o notebook e o guardei no quarto sem que Lucy visse e desci com minha garotinha no colo, que parecia feliz em me ver. Ela usava um macacão amarelo com uma flor bordada no lado direito e uma touca branca e se movimentava preguiçosamente.


- Olha quem chegou. A nova dona da casa.

- Não tem nem dois meses e ela já dita os horários da casa. Ela dorme de dia e acorda de noite, praticamente berrando de fome. - Lucy comentou, tirando Julie do meu colo. Eu não me movi, porque minha garotinha sempre chorava quando saía do meu colo - É bem filha de quem é mesmo. - resmungou, fingindo ajeitar a touca dela.

- Acho que ela não nega ser uma Grabfield mesmo. - franzi o cenho, caminhando até Jessie - Acho que ela ouviu a sua voz e se agitou. Sabe que você sempre traz presentinhos para ela...

- Eu não vou trazer mais nada, essa menina tá crescendo muito rápido. E tem só um mês. Na próxima vez vou desenhar um vestido para ela.

- Quando ela estiver com um ano, você pode dar o que quiser para ela. - encerrei a conversa, caminhando com Julie pela casa.


Desde que minha garotinha tinha chegado à casa, muita coisa mudou, mas dentre elas a minha vontade de ir trabalhar como piloto mudou bastante. Eu tinha um ser dependente de mim dentro de casa agora e não me sentiria confortável em sair para trabalhar e voltar no dia seguinte.


- Ei garotinha, que cara é essa?


Ela franziu o cenho para mim e começou a chorar. Não era um choro de fome porque ela tinha mamado há menos de duas horas e a fralda tinha sido trocada. Chequei a temperatura para saber de tinha febre, mas não era nada. Eu sentei com ela no sofá até que ela foi cessando o choro enquanto eu massageava a barriguinha dela bem de leve. Aquele bico de choro ainda permanecia e eu achava um charme. Ao erguer a cabeça, vi Lucy parada na porta, me observando. Os braços estavam cruzados e a expressão era de prontidão para tirar Julie do meu colo ao primeiro choro, mas eu já tinha resolvido o problema.


- Consegui controlar o choro dela, não precisa vir tirá-la de mim.

- Meu pai quer vê-la. E ela ainda tem que tomar o remédio dela.


Lucy estava agindo de forma ridícula. Na cozinha, o clima era horrível. O pai dela me olhava de canto de olho e Jessie parecia me ignorar. A única que me dava atenção era minha filha. Eu já estava cansado de tudo aquilo e eu resolvi agir.


- Tudo bem. Eu vou embora. Você fica aqui, com a Julie e eu vou para outro lugar.


Lucy me lançou um olhar de desdém intenso, mas eu me virei para ir tomar meu banho e colocar meu uniforme. Arrumei uma mala um pouco maior do que a de costume e desci novamente, sendo ignorado. Julie começou a resmungar quando eu me aproximei para beijar a testa dela, caindo em um choro doloroso. Acho que Lucy pensou que fosse mentira minha quando eu disse que ia sair de casa, mas depois de dois dias, ela deve ter percebido que eu falava sério. Não saí porque a traí, saí porque aquela situação foi ao extremo. Ela me privava de ficar com Julie e se ela queria que fosse assim, então seria assim. Foi infantil da minha parte sair, mas eu era fraco demais para suportar tal situação. Minha noiva não me dirigia a palavra e nem deixava eu conviver com minha filha.

*

E assim se passaram quinze dias. Eu estava morando em um flat no Queens e todo dia alguém ia me visitar para comprovar que eu estava lá. Jessie ia todo dia com o Max e minha mãe ia aos finais de semana. Lucy não atendia minhas ligações e procurava evitar qualquer tipo de contato, como um almoço na casa dos meus pais.


- Está na hora de você ir para casa e reconquistar a sua família. - Max disse, pela terceira vez na semana. Jessie estava andando pela sala, recolhendo uma pilha de folhas que eu tinha deixado no sofá.

- Minha família não é mais a mesma. E eu sou o culpado, mas Lucy passou de todos os limites. - disse, desabotoando a camisa branca de linho.

- Escuta aqui você! Eu não me desloquei de Manhattan para visitar meu irmão e ele resolve dar um ataque. Você vai voltar sim e aproveita que daqui a cinco dias é aniversário da Lucy.


Eu ergui as sobrancelhas, encarando minha irmã. Eu tinha me esquecido completamente disso.


- Oh, mas que linda data para voltar para casa. - sorri, girando a aliança de noivado no dedo.

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