Ao contrário do outro dia, a manhã de segunda já estava fria e cinzenta, como se o Sol nunca tivesse brilhado sobre a cidade de São Francisco.
E eu entendia o porquê, na verdade eu só não queria acreditar. Quando vemos que alguém que nós amamos morreu, tudo fica como um cenário dramático de um filme, pessoas andando para lá e para cá, roupas pretas, lágrimas sem fim, pessoas que você nunca imaginou vir até a sua casa aparecem, seu corpo é levado no automático com um botão para você chorar, abraçar e agradecer pelo comparecimento da pessoa que você não vê a anos.
Todos nós estamos assim hoje, exceto uma pessoa.
— Landom por favor, vamos conversar... — Pedi pela décima segunda vez, sem brincar — todos nós sabemos o que você está sentindo. Por favor me deixa pelo menos te ver — coloquei a minha mão sobre a maçaneta do quarto a forçando, mas nada aconteceu. Apenas o absoluto silêncio.
— Ele não saiu? — Virei meu rosto em direção a escada, e vi Maya subir — se quiser eu sei abrir portas com um grampo de cabelo.
Tentamos dar risada, mas apenas saiu um som sem graça e esquisito entre nós, encarei a porta branca fechada, isto vai me fazer chorar de novo.
— Ele está se isolando. Ele não saiu pra nada, Lili está do lado de Louise sem um segundo de descanso, e Greta está acabada e desolada, mas ainda está lá, elas falaram que após resolver todas as coisas do velório e enterro da Lou ele entrou no quarto e se trancou, não fala, não come está como se não estivesse ali. Eu estou preocupada — tentei conter minha voz que foi embargando aos poucos — eu estou tentando ajudar, mas não tenho mais nenhuma opção a não ser ficar batendo nessa porta e ficar falando com ela.
— Meu pai fez isso por cinco anos Hayle, o processo de luto vai de cada pessoa. — Maya olhou para mim e deu de ombros, como se não tivéssemos opções — vamos dar tempo ao tempo. Até a alguns meses eu me achava culpada pela morte da minha mãe, nós não sabemos quanto tempo Landom precisa levar para ver que isso é real, ou que ele não é culpados ou que Lou não está mais com ele.
Ficamos ambas em silêncio.
— M-mas eu não quero q-quero deixar ele... Assim. — minhas lágrimas caíram sem querer dos meus olhos, e então quando vi Maya me abraçou forte retribui no mesmo instante.
— Shhh tá tudo bem — nunca esperei isso de Maya, nós duas nos abraçando dolorosamente em meio ao choro — vai ficar tudo bem Hayle.
Eu acho que no final a dor da culpa sempre foi algo em comum entre nós, eu só não esperava que ambas, um dia, encontraríamos consolo uma na outra.
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— Eu odeio isso — Tyler murmurou baixinho — é tão estranho.
— Acho que coisas fúnebres tem o seu encanto, quer dizer, quando é que as pessoas se perdoam de verdade? Na morte. Quando todos os familiares se reúnem de verdade? Em velórios, na morte. — Bryanna comentou.
— Meu deus da pra vocês pararem de refletir — fechei meus olhos impaciente — um fato é, isso é uma merda o único encanto que tem nisso é que as pessoas se reúnem por que a consciência deles pesam. Essa menina não era pra estar ali! Ninguém merece esse encanto melancólico e triste — Desabafei — eu não sei o que eu faria se fosse com vocês, com as pessoas que eu amo, ou com a.. minha irmã. — fechei meus olhos livrando minha imaginação — eu não imagino e nem quero imaginar.
— Eu entendo a dor da Lili — Bryanna coloco suas mãos sobre a barriga — é como se um pedaço seu fosse tirado, uma ligação entende?
Observamos os três atentamente Lili e Greta ambas abraçadas do lado do caixão de Lou, era como um coro de tristeza com uma nuvem preta acima, ambas em vestidos simples preto Lili com os cabelos louros soltos e Greta com uma trança simples, deixei meus amigos para trás e caminhei até elas, observei Lou, ela estava linda, com um vestido branco traçado com detalhes dourados pequenos que façam destaque ao seu rosto, em sua cabeça tinha uma tiara de pérolas e seus lábios estavam vermelhinhos em um sorriso o caixão era fino e branco com várias pétalas de margaridas dentro sobre os pés dela.
— Ela está perfeito — comentei.
— É ela esta — Greta não tirou seus olhos dela — parece estar feliz não parece? — ela sorriu e tocou com as pontas dos dedos o rosto da irmã.
— Sim — Sussurei, abraçando ela pelos ombros e beijando o topo da sua cabeça — ela parece mesmo.
— Onde está o Landom? — Lili olhou pra mim, seu rosto estava inchado e vermelho com duas oreólas roxas em volta dos seus olhos.
— Ele não me respondeu e não abriu a porta, está perto do discurso!
— Eu posso fazer se você quiser mãe — Greta se ofereceu.
— Você tem certeza que consegui filha? — Lili olhou pra ela com dor.
— Acho que sim — Greta sorriu ao olhar para a irmã — Eu quero fazer isso...
— Landom precisa descer, já está quase na hora do discurso. — falei apreensiva — vou tentar mais uma vez.
Me distanciei de ambas e fui em direção as escadas quase correndo, mas senti meu braço ser puxado, Maya me levou para longe das pessoas.
— Maya eu preciso falar com o Landom! — puxei meu braço de volta.
— E eu preciso falar com você — franzi meu cenho pelo seu olhar apreensivo — Olívia está aqui, ela veio dar as condolências dela a Lili e eu usei este momento pra colocar ela de canto...
Senti as batidas do meu coração irem dias vezes mais rápidas, estávamos próximas de algo que deveríamos ter medo.
— Maya olha — coloquei minhas mãos sobre seu ombro — eu entendo que quer cuidar de todos, mas agora não é o momen...
— Hayle ela disse que vai nos ajudar — minha irmã me Interrompeu — você sabe o que isso quer dizer? Se mostrarmos os documentos para a polícia iremos liberar a família do Landom de mais um peso horrível. Você pode achar que não é o momento, mas daqui a dois dias pode não ser o momento pra ajudar eles. Hayle precisamos nos encontrar o mais rápido possível com ela, pegar a droga do documento a acabar com a palhaçada do Fred Walker!
Engoli seco e então dei um passo para trás, falar com o Landom e esse momento é a minha prioridade, independente do que aconteça.
— Você está sendo incrível Maya, sério. Mas amanhã, falamos sobre isso okay?
Maya me encarou como se eu estivesse dizendo uma baboseira, mas então ela assentiu ao perceber que ali não era o momento e nem o local.
— Vamos deixar a poeira abaixar, só não vamos enrolar demais, mas quando for a hora eu e você vamos fazer isso okay? — assenti para ela — vai atrás dele.
Corri ao ver que as pessoas já estavam se reunindo no salão da casa, e subi as escadas como se eu não estivesse de salto, o que era uma loucura pois a informação de Maya me deixou preocupada. Cacete! Tem ideia do que isso significa Hayle Davies?!
Fui até o quarto de Landom e bati na porta com firmeza.
— Landom! — Falei — chega disso está perto do discurso e você não tem opção vai descer querendo ou não!
Quando apertei a maçaneta, a porta se abriu com facilidade, franzi meu cenho quando vi o quarto de Landom arrumado e vazio, entrei no closet e no banheiro e não o achei.
Será que ele saiu sem ninguém o ver?
Quando desci as escadas, e fui até o salão ficando entre as pessoas paralisei ao ver Landom em frente ao caixão de Lou, e Greta e Lili ao seu lado em nenhuma segundo seu olhar saiu da sua irmã e o modo que ele fazia carinho em seu rosto era doloroso e delicado, ele estava com os cabelos um tanto bagunçados e o rosto extremamente cansado,como eu nunca vi, ele usava um tendi preto, comuns camisa azul marinho e um paletó.
— Olá Hayle — olhei para o meu lado e me assustei com Greg, assim como todos os homens ele estava de cabelos arrumados e um terno preto, mas seu semblante estava triste.
— Eu pensei que ele não ia descer... — encarei Greg, que apenas piscou para mim. Ele fez ele sair. Sorri para ele, e o abracei forte — seja lá o que fez, obrigada.
Quando todos se voltaram para o caixão Greta se pôs no lugar de Landom e olhou para todos nós:
— A alguns minutos atrás falei que eu queria dizer algumas coisas... Eu realmente quero falar — sua voz falhou — mas, acho que nada. Nunca. Vai explicar o que eu estou sentindo — ela colocou a mão sobre o próprio peito — me desculpem... Eu não consigo — ela soluçou, e então foi até Austin e o abraçou se encolhendo como de quisesse que ele a protegesse.
— Eu queria agradecer todos por vim hoje — Landom se pronunciou abraçando sua mãe e fazendo carinho em seus cabelos, Lili não estava em condições de dizer absolutamente nada — eu poderia ter feito um discurso perfeito, Lou merece mais do que isso não tenho dúvidas — ele sorriu ao pensar — mas, o que define o que estou sentindo além disso? Eu poderia falar da sua alegria que nunca ACABOU apesar dos pesares, poderia dizer que ela lutou. Mas ela apenas era ela mesma. Ela era apenas a minha irmã, ela foi tudo isso e conseguiu ser ainda mais: única, ela nunca precisou disso tudo pra ser única, ela sempre foi única! Eu ainda acho que isso é um pesadelo coletivo e que eu vou acordar e todo mundo vai dizer “ caramba isso foi uma loucura”, mas nada adianta apenas tenho que me conformar e aceitar, no final eu não queria que ela sofresse e não queria ver minha Lou assim, se eu fosse para ter ela de volta eu traria ela do jeitinho que ela sempre foi: alegre, doce e competitiva — ele sorriu — eu amo você Lou, amo tanto que chega a ser difícil pensar que eu não vou ver mais o seu sorriso, e o que vai me restar memórias da sua curta vida, mas eu ainda assim espero que sejam boas memórias por que é assim que você é. Boa demais, para todos nós. Obrigada por fazer da minha vida um pouco de você. Por fazer das nossas vidas um pouco de você. Sempre vou te amar, para todo sempre Louise Walker, todos nós vamos.
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Eu queria dizer, que eu não tô conseguindo dizer muito agora, eu me apeguei demais a Lou e isso me deixa TÃO mal e triste.
Eu queria agradecer por vocês lerem esse capítulo e espero que estejam gostando.
Obrigada por tudo, e caramba não acredito que logo estaremos próximos a 4k em Eu não sou tão fácil assim! Isso e loucura.
Obrigada de verdade!
Tia Mari ama vcs 💗💗💗💗