Remember °Vkook°

By MonoThaly

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[CONCLUÍDA✓] Taehyung havia conquistado Jungkook em seus últimos anos de faculdade e agora iniciavam uma vida... More

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01 - Best Part Of Me
02 - Feelings
03 - Mixed Signals
04 - "It's You"
05 - 3:00 am
06
07 - Certain Things
08 - Thinking Bout You
09 - Winter Flower
10 - Empty Space
12 - Breathin
13 - Eleven
14 - To Each His Own
15 - Breathe
16 - You Like Me
17 - Sweet Night
18 - Falling Like The Stars
19 - If This Is Love
20 - Safe Inside
21 - Photograph

11 - Hold On

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By MonoThaly


Taehyung 


Os olhos de Jungkook estavam enormes me encarando surpreso e foi nesse instante que me dei conta do quanto deixei meu coração falar mais alto diante de suas fraquezas.

- Hm... - limpei a garganta, desviando meu olhar do dele. - ... sempre que precisar, pode... contar comigo. - Ri fraco, sem humor, me sentindo nervoso por seu silêncio que continuou por mais alguns segundos...

Meu coração acelerou por não conseguir decifrar seu olhar ainda fixo em mim, nem muito menos ler sua mente como de costume. Talvez o medo de ele me chutar para longe estivesse me afetando aos poucos.

- Estou aqui para isso – resmunguei, baixando meus olhos e sorrindo pequeno tentando manter a calma. - Não é mesmo?

- Sim, está.

Para minha surpresa ele suspirou essas palavras de forma doce, me incentivando a erguer novamente os olhos e encontrar os seus, escuros, profundos e cheios de brilhos, fazendo meu corpo inteiro relaxar. Ele realmente parecia sincero e agradecido em sua resposta.

- Ok – respondi tímido, me ajeitando na cadeira e voltando a pegar algumas folhas novamente enquanto me aproximava dele, que também se achegou a mim quando voltei a ensiná-lo sobre o que deveria fazer...

Em poucas horas o clima de seriedade voltou e tive de me concentrar no que fazíamos para não ser fraco diante de seu corpo tão próximo ao meu, me deixando quente apesar do ar-condicionado congelando a sala. Tão pouco poderia ser fraco enquanto seu cheiro exalava o ambiente me deixando louco de saudade daquela pele macia...

Ele se afastou de mim enquanto recostava completamente na cadeira, agora parecendo mais entendido do que deveria analisar e juntei levemente minhas sobrancelhas quando pude sutilmente o admirar melhor por entre as folhas... Meus olhos caíram sobe a abertura entre a gola da blusa social e meus lábios se separaram quando reparei no quanto ela estava apertada em seu corpo...

O que ele quer? Me matar?

Deslizei meus olhos um pouco mais para baixo e observei seu quadril aprisionado com um cinto de couro preto enquanto suas pernas grossas estavam espalhadas no estofado da cadeira...

Umedeci meus lábios quase inconscientemente.

Ai, que saudades de tudo isso...

Choraminguei internamente, tendo apenas alguns segundos para desviar meus olhos dele quando de repente baixou as folhas, antes em seu rosto, e se aproximou de mim, fazendo algumas perguntas que não fiz questão nenhuma de responder.

Era engraçado como, mesmo sabendo de suas dificuldades para iniciar na vida como CEO, não imaginava que seria algo tão difícil para ele...

Antes, quando conversávamos sobre o assunto, eu tinha uma visão bem diferente da realidade que vejo hoje em sua rotina... eu realmente achava que ele aceitaria os tantos funcionários que tem, para quem sabe, o auxiliar e fazer muitos de seus serviços do qual são capacitados e remunerados a fazer...

Talvez, se ele assim fizesse, poderia apenas supervisionar os processos, como tantos outros chefes fazem por aí. Mas pensando bem, esse não seria meu Jungkook...

Pude observar durante nosso pouco tempo juntos o quanto é compromissado e determinado, jamais deixaria seus compromissos a terceiros e por isso está se matando dessa forma...

Em parte, eu até o entendo, é a empresa do pai dele, é tudo o que o viu conquistar com o suor de seu trabalho, é algo mais do que familiar e por isso realmente compreendo seu esforço e preocupação. E no meio de tudo isso, também havia seu "eu" teimoso e cheio de si que jamais aceitaria perder tudo para um estranho. Muito menos por incapacidade profissional. Não mesmo.

E muito talvez por conhecer seu perfil, acreditei que mesmo não tendo experiências no trabalho, ele se portaria diferente daquele Jeon frágil e inseguro agora a minha frente, eu realmente não esperava por aquilo...

Talvez, se naquela época eu sequer imaginasse que ele estaria assim em seus primeiros dias, aceitaria imediatamente sermos sócios, quando me propôs tempos atrás e me colocaria ao seu lado, enfrentando tudo isso junto dele até que pudesse andar com as próprias pernas.

Por outro lado, penso que talvez, aquele meu Jungkook, antes do acidente, mais maduro e seguro de si, não tivesse essas fragilidades...

Aquele maldito acidente levou além das suas novas memórias... levou também a personalidade forte que adquiriu a partir daquela noite chuvosa, quando reapareceu em minha casa com suas malas e uma bagagem triste no coração...

- Minha nossa – ele resmungou, olhando a hora em seu relógio, antes de encarar meu rosto com espanto. - Você não deveria estar aqui uma hora dessas!

- Nem você. - Devolvi com humor e seus olhos se estreitaram em minha direção, enquanto colocava as folhas que segurava na mesa, se colocando de pé logo em seguida.

- Já chega por hoje. Amanhã continuamos com tudo isso.

- Claro. - Resmunguei também me levantando da cadeira e deixando os papeis no mesmo lugar que os dele.

O observei caminhar sem pressa até suas chaves, as pegando antes de desligar as luzes. Vesti meu casaco, pegando também minha bolsa e caminhando junto dele para fora da sala.

A empresa estava silenciosa e vazia, fazendo com que eu encarasse a tela do meu celular curioso com que horas seriam e me surpreendendo ao ver que realmente estava bem tarde... já passava das 22h.

- Você deveria ter ido embora as 14h, como pedi. – O ouvi dizer atrás de mim, fechando a porta enquanto eu rapidamente guardava meu celular, temendo que visse a foto dele em meu bloqueio de tela. - Pode fazer esse horário amanhã então, sr. Kim.

Eu não o respondi, pois faria como hoje e o deixaria esquecer desse horário bobo só para fazer meu horário normal. Irei ficar perto dele o quanto puder, não vou perde-lo de vista nunca mais, não mesmo. Meu coração se aperta sempre que lembro daquela tragédia e de que poderíamos estar um sem o outro agora...

Nesses momentos sou grato por estar – mesmo que de forma complicada – ainda ao seu lado, tendo uma segunda chance de concertar toda essa bagunça entre nós. E mesmo desesperado internamente, com medo e cheio de saudades, sou paciente. Já passei por isso antes e venci essa guerra, não será diferente agora.

Anos trás, fui firme e persistente e posso ser outra vez.

Na faculdade, enfrentei seu melhor amigo, minha rotina pesada de estudos, um time de basquete - mesmo não sendo muito fã do esporte -, inúmeras aulas de administração em sua turma, quando já havia assistido em meu curso a décadas, e até ele mesmo... tudo para que ele me notasse e entendesse meus sentimentos.

Eu o queria... E eu ainda o quero.

Então... o que seriam algumas horas a mais?

Mesmo assim, desviei meus olhos, me sentindo incomodado enquanto a forma como se direcionou a mim ainda ecoava em minha cabeça... Era como um gatilho, me lembrando sempre da situação em que estamos a cada "Sr. Kim" que ele dizia tão formalmente.

No começo, não foi algo incomodo, foi até diferente, mas depois de tantos dias ao seu lado, tão perto e tão distante ao mesmo tempo, noto que estou começando a ficar sensível demais...

Lembro que, quando estávamos... juntos, ele demorou a me chamar por outros nomes. Começou apenas com o "Tae", depois fomos para o "neim", depois para o "anjo" e finalmente ele pareceu gostar mais de me chamar de "moh". Não era sempre, mas saía algumas vezes e eu me derretia todo...

Eu conseguia continuar o chamando de "neném" as vezes sem que ele me encarasse de cara feia por isso. Ele cismava que eu estava implicando com sua diferença de idade o chamando assim, mesmo quando explicava mil vezes que não era nada disso, mas ele não entendia e se ofendia do mesmo jeito. No fundo, eu apenas achava graça...

Um pequeno sorriso atravessou meu rosto enquanto respirei fundo, perdido em meus pensamentos e lembranças, chegando à conclusão de que até as pequenas coisas fazem falta...

Muita falta...

- Sr. Kim? - Ele me chamou enquanto eu, sem perceber, caminhava sozinho rumo a recepção.

Me virei, o observando próximo ao estacionamento, parecendo sem jeito com algo e confirmei sua timidez quando com a ponta dos dedos longos coçou o cantinho da testa, comprimindo os lábios antes de encontrar meus olhos novamente.

- ... você está de carro? - Ele perguntou e agora quem baixou os olhos fui eu ao lembrar do destino de nosso carro, após o acidente.

Respirei fundo, fechando brevemente meus olhos antes de o encarar, agora um pouco mais centrado. - Moro apenas algumas quadras daqui – o respondi, com um pequeno sorriso forçado. - ... e, a noite deve está linda para uma caminhada.

Uma de suas sobrancelhas subiram rapidamente, antes de olhar para os lados e voltar a focar em mim, ainda sem jeito... Meus olhos caíram disfarçadamente em seus pés inquietos.

Ele queria me propor algo, eu sei que queria.

- Quer me dizer alguma coisa? - Perguntei ansioso demais para esperar que decidisse por si só e então o vi pôr as mãos no bolso, olhando para os carros atrás de si antes de olhar para mim novamente.

- Bom... está tarde e você dormiu debruçado em uma mesa – ele foi dizendo, de forma fofa e quis agarrar suas bochechas finas e beijar sua boca desenhada. - ... você deve estar cansado e... poderia me deixar agradecer por seu esforço te dando uma carona.

Wow... Aquilo me pegou de surpresa e brevemente arregalei meus olhos por uns instantes antes de prensar meus lábios um no outro, segurando um sorriso bobo e feliz...

Eu poderia dizer que não, pois tinha medo de estar tão perto e estragar alguma coisa. Mas ele parecia realmente estar apenas agradecido. Por isso assenti, caminhando sem pressa junto dele rumo ao estacionamento e não me surpreendendo ao ver seu antigo carro estacionado ali, o carro que ganhou de presente de sua mãe, quando fazia faculdade...

Também o mesmo carro onde fizemos amor pela primeira vez, após o baile.

Meu peito se encheu de ar e apenas o soltei bem devagar ao observar a forma educada que Jungkook abriu aporta para que eu me acomodasse ao seu lado... uma forma tão seca e diferente de quando no passado - enquanto nos beijávamos afoitos – mesmo que de forma atrapalhada, ele abriu a porta de trás e apenas me deixou cair no estofado, sentindo suas mãos me apertarem enquanto seu corpo cobria o meu...

Fechei forte os olhos tentando me concentrar em não me desmontar todo ao seu lado quando finalmente entrou no carro e girou as chaves.

Não era para tanto, seria apenas uma simples carona.

Seria rápido e tranquilo.

Ele me encarou com seus olhinhos cansados, porém carismáticos antes de partir meu coração com uma simples pergunta, antes tão bem conhecida...

- Onde você mora?

Pisquei lentamente umas duas vezes e não consegui segurar as lagrimas que levemente encheram meus olhos, fazendo com que eu rapidamente desviasse o olhar, limpando a garganta antes de o responder com a melhor voz que pude.

- É um bairro pouco conhecido. Posso ir te guiando até lá?

Ele deu de ombros e apenas seguiu os primeiros comandos que fui lhe dando até pararmos em um sinal fechado onde meu coração bateu errado encarando a rua lá fora... Diante do silêncio, quando não trocamos uma palavra por longos minutos, minha mente começou a maquinar ideias que pareciam boas, ao mesmo tempo que assustadoras diante de sua possível reação...

Sei lá... ligar o rádio e ouvir nossa música tocar?

Me perguntei internamente qual seria sua reação a isso... ou, quando pararmos frente ao meu apartamento?

Talvez, ele apenas não tivesse nenhuma? Quer dizer, ele acabou de entrar tranquilamente no carro como se... nada tivesse acontecido.

Naquele momento, meu peito doeu ao ponto de eu apenas desejar abrir a porta e sair... pegar um taxi, sei lá...

Respirei fundo, passando uma de minhas mãos pelo rosto. Eu precisava ser forte e não pensar coisas assim ou não conseguiria prosseguir com todo esse plano louco de me aproximar aos poucos...

Às vezes, eu me sentia desesperado demais e desejava apenas agarra-lo e botar pra fora tudo isso preso em mim, tudo sobre nós dois, fazê-lo lembrar de alguma forma! Mas o medo de ele sumir da minha vida era maior, me fazia continuar como estava... calado.

- Continuo nessa rua? - Ele perguntou, me tirando de minha tortura mental para encarar seu rosto e dar mais algumas coordenadas até que finalmente chegamos na minha rua.

Calmamente ele estacionou o carro frente ao prédio onde moro e meu coração ainda estava acelerado, tendo uma leve esperança...

Eu não queria, mas era mais forte que eu.

O vi olhar brevemente ao redor... tudo estava escuro e não podia se ver muito, mas mesmo assim, encarei seu rosto com um certo desespero em meus olhos e recebendo sua atenção logo depois, me fazendo forçar meus sentimentos goela a baixo.

- Não são algumas quadras da empresa. - Ele resmungou bem humorado, me dando um de seus belos sorrisos de canto enquanto eu dolorosamente observava em seu rosto que era apenas isso... gentileza e gratidão apenas. Nada mais.

Me restou desviar o olhar, antes que eu não conseguisse segurar mais a dor em meu peito e o deixasse confuso por apenas sair chorando de seu carro sem explicações, e sem mais demoras o sorri forçadamente, pousando minha mão na porta com intenção de sair.

- Obrigado pela carona.

Minha voz saiu uma merda enquanto apenas abri a porta do carro e sai meio desengonçado. Eu ainda sentia meu peito doer e por isso não tive coragem de olhar para trás enquanto caminhava rumo a entrada do prédio.

Ele continuou ali, talvez esperando que eu entrasse em segurança antes de finalmente ir embora, então apenas fui educado em o lançar um último olhar indecifrável, prensando meus lábios ao acenar sem forças, sumindo de suas vistas ao passar pela porta da recepção, o deixando para trás.

Permaneci parado do lado de dentro, tudo estava vazio e silencioso, me fazendo ouvir com clareza o barulho do motor, ainda ligado... Por que ele não acabava com essa tortura indo embora de uma vez por todas?

Se ele soubesse que meu coração idiota esperava naquele instante...

Engoli quadrado quando com todas as forças desejei uma cena de filmes o imaginando sair correndo atrás de mim, me beijando e dizendo que se lembrava de tudo...

Mas é claro que isso não aconteceria e fechei forte meus olhos, deixando as lágrimas finalmente caírem quando ouvi seu carro começar a andar e ir embora...

Limpei minhas bochechas úmidas com as costas das mãos, ajeitando a bolsa em meu ombro e apenas caminhando pesado rumo ao meu apartamento. Eu não poderia esperar algo diferente, eu deveria saber que coisas assim não aconteceriam do nada...

Mas isso não me impediu de trancar a porta e me deixar deslizar sobre ela quando um choro violento me invadiu de dentro para fora e abracei meus joelhos, deixando minha testa repousar sobe eles...

Talvez eu estivesse errado quanto a minha própria força... Antes, eu era mais firme, talvez pelo simples fato de ter vivido um amor imaginário... Mas agora, depois de tudo o que criamos juntos...

Eu não sei se posso suportar...

[...] 


Jungkook 


Eu não sei o que deu em mim para simplesmente o oferecer uma carona?

Quando saímos do escritório, foi uma briga feia interna dentro de mim, porque... eu acho que não deveria. Mas, ele havia sido tão incrível fazendo coisas que são responsabilidades exclusivamente minhas e me dando tanta assistência sem que fosse seu dever... eu apenas quis retribuir de alguma forma.

Mas assim que ele entrou no carro... aquelas cenas, dos sonhos absurdos que tive dias atrás com ele se fizeram presentes em minha mente e eu senti que poderia derreter ainda mais naquela blusa apertada!

Me senti nervoso e pensei até em inventar uma desculpa para anular minha generosidade... um compromisso, talvez? Uma dor de barriga? Qualquer coisa que não me colocasse dentro daquele espaço junto dele... não depois de tudo o que senti aquela madrugada.

Apesar de ser apenas fruto da minha imaginação perversa e sem piedade, foi... real demais.

Mas tudo bem... estava tudo bem e continuaria bem. Eu apenas o deixaria em casa e pronto.

Concentrado em manter a calma diante do meu nervosismo que persistiu, nos mantivemos calados durante o trajeto e apenas fui guiado por ele até um bairro não muito estranho a minha mente... uma sensação que me fez ficar longos minutos parado frente ao prédio, com olhos grandes e um bico nos lábios...

O som incomum do toque do meu novo celular me despertou do transe em que estava. Era minha mãe. Eu havia esquecido dela e do quanto ela deve estar um saco depois do meu sumiço desde ontem...

Eu queria não ter que ir para casa e desejei com todas as minhas forças ter um cantinho para mim. Preciso ver isso com urgência! Mas então, por agora, apenas ignorei sua chamada mais uma vez e segui o caminho inevitável que teria de fazer de qualquer maneira... não incomodaria Yoongi por mais uma noite, não estamos mais na faculdade e agora ele tem que descansar da vida adulta que adquiriu.

Bom, que todos nós adquirimos...

Até o Taehyung, que sempre foi animado estava um caco hoje e com razão. Perdi as contas das tantas vezes em que o vi respirar fundo e passar as enormes mãos no rosto visivelmente abatido. Ele deve estar realmente muito cansado de tudo o que o fiz passar...

Eu queria não precisar de nada disso. Muito menos vindo dele. Mas o que posso fazer? Estou sem saída e ele tem sido minha solução, não posso negar.

Entrei em casa com esperança de dias melhores e respirei fundo quando, para minha sorte, encontrei minha mãe adormecida no sofá com a tv ligada e caminhei sem muitos barulhos rumo ao meu quarto.

Eu ainda estava tão cansado e preocupado, mas admito que também estava estranhamente agradecido por tudo o que Taehyung tem feito por mim...

Ele parece... tão diferente agora.

De repente, um fio de pensamento passou por minha mente e por um segundo pensei que quando eu aprendesse tudo o que preciso, até que não seria uma péssima ideia tê-lo em minha empresa.

Que pena que ele já tem outros planos... E que pena ainda ser tão errado permanecermos tão próximos.

Pelo menos para mim é, já que da parte dele não tenho nada a falar. Ele tem sido muito profissional, mesmo que eu possa jurar ter visto seus olhos atrevidos em mim mais cedo...

Quem sabe talvez por culpa dessa roupa pequena e ridiculamente apertada em mim! Ao me lembrar dela, ainda sufocando, a arranquei com cuidado para não danificar a costura e fiz o mesmo com o restante, entrando no chuveiro logo depois.

Enquanto a água quente relaxava meu corpo exausto pensei que, de qualquer forma, o que aconteceu hoje mudou muitas coisas em mim com relação a Taehyung e sem dúvidas uma delas foi o temor de estarmos no mesmo ambiente, sendo substituído pelo respeito e admiração a sua lealdade para com o trabalho e... comigo.

Ele visivelmente abraçou uma causa que não é dele e isso fez com que eu o olhasse de outra maneira... Não que antes ele não fosse um cara legal, ele sempre foi e isso era um dos motivos que me faziam continuar longe. Já não bastava sua beleza e agora também seu jeito? Eu não precisava de mais para constatar meus sentimentos escondidos por ele. Já era o bastante. Sempre foi.

Mas agora era diferente. Somos adultos e com problemas a resolver. Ele precisa de algo e eu também, e quando conseguirmos tudo o que precisamos, nos separaremos novamente e viveremos nossas vidas como todas as pessoas normais fazem...

Apenas vivem.

[...] 


Taehyung 


O som distante do toque do meu celular ecoava em meus ouvidos me fazendo despertar aos poucos. Ao me mexer, pensei que fosse quebrar todinho, sentindo todos meus ossos doerem, me dando conta que adormeci no chão, encolhido frente a porta, ainda abraçado aos meus joelhos...

Meus olhos ardiam, mais inchados do que o normal pela manhã, sem dúvidas por culpa do choro que nem sei quando sessou e com dificuldades encarei a tela do aparelho ao meu lado, vendo ser Minho, o empresário que ficou de me ligar...

Deixei minha testa cair novamente sobe meus joelhos desejando apenas sumir no espaço, porquê... como tudo isso pode estar acontecendo comigo?! Eu não tenho cabeça para resolver nada, mas apenas não posso ignorar a tão esperada oportunidade de meus sonhados projetos se tornarem finalmente realidade...

Respirei fundo pela primeira vez aquela manhã, deixando meus ombros caírem enquanto atendia a segunda ligação que também já estava para cair na caixa postal.

- Bom dia. - Desejei sem animo algum, ouvindo minha voz rouca e pesada ecoar pelos cômodos vazios de meu apartamento enquanto me arrastei com dificuldades até o sofá, me acomodando mais confortavelmente.

- Olá, sr. Kim! - Ele quase gritou, animado como sempre e me encolhi por sentir meus ouvidos sensíveis, junto de uma dor de cabeça que começou a surgir forte e violenta... - Tenho ótimas notícias!

Não respondi, fechando meus olhos adiantadamente afetado com o que poderia ser a seguir e não precisei perguntar quando logo sua voz animada retornou com mais alegria.

- Meu sócio chegou ontem à cidade e gostaria muito que, se puder, possamos nos encontrar ainda hoje?

- Hm... - Resmunguei bem baixinho, afastando o celular para que não ouvisse e passei uns cinco segundos decidindo entre jogar tudo para o alto e apenas desligar a ligação, esquecendo que um dia ele me procurou... ou aceitar sua proposta e seguir adiante com essa oportunidade.

- Sr. Kim? O senhor está me ouvindo? - Sua voz distante me fez pensar mais rápido e apenas retornei o aparelho ao meu ouvido. - Vou compreender perfeitamente se ainda estiver indisposto a sair de casa, como já me avisou, está se recuperando do acid...

- Pode me passar o local e o horário, por favor. - Pedi, rápido, antes que eu pensasse melhor e o ouvi claramente suspirar alegre do outro lado da linha.

- Claro! Farei melhor, passeai o contato dele para que marquem tudo isso.

- Tudo bem. - Resmunguei massageando minha testa, ainda latejando. - Nos falamos em breve, então...

- Sim. Até breve.

Desliguei a ligação, deixando o aparelho cair ao meu lado e sem demoras me acomodei entre as almofadas sentindo meu corpo finalmente relaxar junto da dor que aos poucos foi sumindo... Mas é claro que o despertador tinha de tocar e fazer tudo voltar como um furacão, me forçando a levantar de onde estava e me arrastar para o banheiro...

Depois da noite horrível que tive ontem, eu agora estava mais cansado e como se não bastasse, agora também estava ainda mais em pedaços... Eu deveria saber que seria difícil entrar nessa loucura e enfrentar tudo por nós dois, mas sinto que mesmo sabendo, não tornaria as coisas menos dolorosas.

Me arrumei mais simples que os outros dias e caminhei sem pressa para fora do prédio rumo a empresa. Eu me sentia tão cheio... tão fraco e sem esperança... Meus olhos, ainda pesados, se enchiam com facilidade, mesmo que eu me esforçasse o máximo para que isso não ocorresse novamente, me deixando preocupado em estar ao lado de Jungkook dessa forma.

Aishh... eu estava tão farto em apenas alguns dias ao seu lado.

Parei no jardim daquele enorme e belo lugar, tomando coragem para mais um dia, tentando apenas me concentrar no que atualmente mais importava: ajudá-lo.

Nós dois... bom, eu teria de ser paciente por nossa hora, mesmo que o medo de essa hora nunca chegar me sufocasse silenciosamente.

Meu celular tocou novamente, me trazendo para a realidade e agora me vejo sem saída enquanto Jimin me ligava outra vez... Ele deveria estar preocupado então o atendi se demoras.

- Bom dia, meu amigo... - Desejei carinhosamente, afastando o aparelho do ouvido quando seus gritos nervosos me acalcaram.

- Amigo?! Agora eu sou seu amigo? Eu estava preocupado! Já estava entrando no carro e indo para sua casa! Por que você sumiu? Quer me matar?

- Calma, Jimin... - Pedi com a voz fraca, sentindo minha cabeça latejar outra vez. - Eu peguei no sono trabalhando...

- Ah! – Ele resmungou. - Mesmo assim, custava me avisar?

- Eu sei, me desculpe. Foi tudo tão corrido... - Suspirei, me recostando em uma das colunas próximas a mim. Minhas pernas ainda estavam cansadas. - O Jungkook apareceu e não quis deixa-lo sozinho, então quando me dei conta, já era outro dia...

- Eu entendendo que ele está precisando de sua ajuda e que você quer ficar perto, mas... não se mate tanto assim... – Ele pediu, ainda com um tom preocupado. - Pelo menos está se alimentando direito? Vi as poucas coisas em sua geladeira estragadas.

- Não se preocupe com isso. - Pedi, não contendo um sorriso amável por seu jeitinho sempre lindo comigo. Sou grato por tê-lo em minha vida, principalmente em um momento como esse. - Estou cuidando de mim, como posso...

Ele suspirou e isso foi o suficiente para que eu perdesse o sorriso em meu rosto, sentindo meus olhos cheios. Se existia alguém nesse mundo que entendia exatamente o que eu estava sentindo, esse alguém era Jimin. E naquele momento, eu poderia explodir.

- Vai passar... - Ele tentou me incentivar, mas tudo o que conseguiu foi desatar as amarras que fiz dentro de mim e no segundo seguinte tive que correr para o banheiro mais próximo, sentindo as lagrimas caírem sem controle, escorrendo por minhas bochechas quentes... - Ei, está chorando? Eu vou até você, onde você está?

- Não precisa – Eu pedi meio engasgado e ele fez silêncio, esperando que eu me recuperasse um pouco. - Só... acho que o pedi de vez...

- Por que está dizendo isso? - Ele perguntou confuso, apenas ouvindo meu choro abafado como resposta. - Yoon, o que aconteceu? - O ouvi resmungar sofrido, perguntando ao namorado, provavelmente ao seu lado e no segundo seguinte ouvi a voz grave e rouca de Yoongi ao celular.

- Aconteceu alguma coisa? - Ele perguntou, tão preocupado quanto.

- Não foi nada... - Resmunguei ainda da mesma forma decadente, tentando me conter, me trancando em uma das cabines antes que algum funcionário entrasse e me visse naquele estado. - Ele apenas me levou para casa ontem e...

- Não lembrou de nada. - Yoongi completou minha fala, quando não tive mais forças para continuar explicando o óbvio, sentindo o choro aumentar, sem que eu conseguisse conter...

Era como se tudo o que eu precisasse fosse apenas desabafar com alguém. Mais precisamente, com meus amigos. Me fazia sentir menos louco no meio de tudo isso... menos sozinho nessa batalha, mesmo ainda perdido e sem uma direção certa.

- Ontem nós nos encontramos e bebemos um bocado... - O ouvi dizer calmamente, quando meu choro começou a cessar. - Ele se abriu comigo, como o velho Jungkook universitário de antes...

Sorri em meio as lagrimas, porque, por algum motivo, não era tão doloroso quando outros falavam dessas épocas... me fazia sentir mais lucido, tornava tudo um pouco mais real dentro de mim.

- O que ele te disse? - Perguntei ainda com um pequeno sorriso, secando alguns rastros de lágrimas em meu rosto, me sentindo curioso, ao mesmo tempo que medroso quanto ao que ouvir a seguir.

- Ele me contou algumas coisas, alguns mesmos problemas e preocupações das épocas antigas e que ainda o perturbam... - O ouvi dizer, quebrando aos poucos a pequena esperança em meu coração... - Mas, também me confessou o que sente por você.

Meu mundo parou naquele instante e tudo o que eu escutava era as batidas desesperadas de meu coração, esquecendo os medos enquanto a esperança renascia de que, de alguma forma eu o teria de volta em minha vida...

- Ele me confessou que gosta de você, Taehyung.

Ao ouvir aquelas palavras, todo o ar que eu prendia em meus pulmões saiu suavemente por minha boca, me permitindo suspirar aliviado, junto da tranquilidade que tomou todo meu corpo e mente, levando embora a dor e o medo...

Eu sei que não era o veredito para nós, mas era tudo o que eu precisava saber naquele instante.

Saber que eu ainda existia dentro dele.

- Não brinca comigo, Yoon... - Implorei, ainda engasgado.

- Não brincaria com algo assim. - Ele disse e apenas concordei, o conhecendo bem... Feliz, mordi meus lábios enquanto me levantava, não conseguindo me conter. - Agora para de chorar e levanta a cabeça. Aproveita a oportunidade que tem em suas mãos e foque apenas nisso. O faça lembrar ou o conquiste novamente, o que lhe for possível... apenas, não desista.

- ÉH! NÃO DESISTA! - Jimin gritou no fundo, me arrancando um sorriso ainda maior. - AGENTE TÁ COM VOCÊ!

- Eu amo vocês. - Resmunguei, ouvindo o silêncio surpreso de Yoongi a isso. - Obrigado. Vocês renovaram minhas forças.

- De nada. Agora só vai. Jungkook já deve estar te esperando.

- Quem dera... Ainda está muito cedo, ele deve estar chegando daqui a pouco. - Suspirei, me despedindo deles antes de desligar e caminhar para fora da cabine, encontrando meu reflexo horrível no espelho... Lavei meu rosto e passei algumas das maquiagens guardadas em minha bolsa, disfarçando o vermelho e o inchaço do choro.

Era isso, eu não poderia parar. Muito menos agora, depois dessa declaração maravilhosa e com esse pensamento positivo sai do banheiro, caminhando rumo ao escritório, quando uma mensagem de Minho chegou ao meu celular: 


[Minho - Empresário]

Bom dia, acabei de te enviar o

contato do meu sócio.

Marquem algo e me avisem,

Por favor.

[27/02/2020 - às 7:45] 


[Minho - Empresário]

Ah, o nome dele é Park Bogum.

Até mais tarde, Sr. Kim.

[27/02/2020 - às 7:46] 


Sem outra saída quanto a esse compromisso inesperado, apenas salvei o número do tal sócio com quem conversaria dentro de algumas horas e adentrei ao escritório meio distraído... Assim que guardei o celular, me assustei ao perceber uma bela moça em pé frente a uma das enormes janelas.

Ela não me viu, estava de costas para mim, por isso me aproximei com cuidado desejando não a assustar, mesmo me sentindo nervoso por quem poderia ser.

- Com licença? - Chamei sua atenção e finalmente a vi perceber minha presença, virando em minha direção e fazendo meu corpo gelar junto do meu rosto, que sem dúvidas, perdeu a cor ao perceber quem era...

Era a garota do álbum de fotos do Jungkook.






Notas Finais


"Não consigo imaginar um mundo em que você se foi
Eu estaria tão perdido se você me deixasse sozinho
Você pode me ouvir gritando: Por favor, não me deixe?
Espere, eu ainda te quero
Volte, eu ainda preciso de você
Me deixe pegar a sua mão, eu vou consertar tudo
Juro te amar por toda minha vida
Espere, eu ainda preciso de você"
Hold On - Chord Overstreet


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