hey sexy
leiam as notas finais, caso tiverem a fim
"And I can't live without you now, oh oh
I can't even live with myself, oh oh oh
I can't live without you now, oh oh
And I don't want nobody else, oh oh oh
I only have myself to blame
But do you think we can start again
'Cause I can't live without you"
Sleeping With Sirens - Stomach Tied in Knots
Uma hora o sol chegava. Ele sempre chegava.
O sol chegava ao mundo em forma de esperança para alguns, tão iluminada quanto seus raios, clareando o céu e corações reestabelecidos. Já para outros, vinha em forma de maldição. Significava o fim de uma boa noite celebrada ao seu máximo. O brilho do dia tornando-se uma ofensa para aqueles que preferem a escuridão. Porém o Sol não deixava de significar um novo dia. Uma nova chance. Era uma nova oportunidade de viver e acertar os erros feitos nos dias anteriores.
Luke sabia em qual grupo pertencia, não era preciso pensar demais. Soube que fazia parte dos desafortunados pelo sol assim que acordou por causa de seus raios, que invadiram a pequena cabana, e estava totalmente sozinho. Mentiria se dissesse que ficou surpreso ao acordar só, sem Michael ao seu lado, mesmo depois de uma noite como a que eles tiveram.
E ele se sentiu tão mal. Era a melhor forma de descrever o sentimento de tristeza que cresceu por todo seu coração, junto com a decepção. Uma decepção que não era direcionada para Michael, mas para ele mesmo. Se decepcionou com quem ele era ao imaginar Clifford acordando assim, no dia depois de terem feito amor pela primeira vez, tão sozinho naquele colchão que parecia maior do que realmente era. Reconheceu que acordar sozinho depois de uma noite tão apaixonada era desolador.
Mesmo com a certeza de que Michael não voltaria a se deitar com ele, Luke permaneceu um tempo na cama improvisada, fingindo dormir. Pensou nos possíveis motivos para Clifford não estar ao seu lado, como ir comprar café da manhã - que era improvável -, ou ter ido fazer xixi na floresta - que não era tão impossível assim. Ficou o esperando, enquanto observava no relógio os minutos passarem devagar.
Quinze minutos se passaram e Luke continuava sozinho. Assim ele teve a certeza que os raios solares vieram para castigá-lo e que a noite passada não era uma borracha, apagando todos os erros feitos por ele. A noite passada era uma pausa para a discussão inevitável que estava para vir. E ainda que fosse cedo demais, ele teria de enfrentá-la. No entanto, parecia correto, Luke atacou Michael pela manhã, enquanto o moreno recém tinha acordado e estava alheio ao mundo, nada mais justo que ser atacado da mesma forma.
Com passos leves e movimentos imperceptíveis, Luke levantou-se e começou a colocar sua roupa, a mesma da noite passada. Não queria fazer barulho pois não tinha a intenção de chamar a atenção de Michael, ao menos não ainda. E falando nele...
O encontrou após estar totalmente vestido. Michael estava no lado de fora da cabana, sentado no degrau mais perto da porta - o mesmo que Luke tinha sentado naquele outro dia. Clifford estava sem camisa, suas costas e braços nus, com marcas de arranhões avermelhados despontando da pele branca. O mesmo homem que as estudava, era o causador daquelas marcas, e Luke sentiu uma pontada de orgulho delas, ciente de que tinha marcas parecidas em suas costas também. De fato, a noite anterior tinha sido interessante.
Mesmo com as boas lembranças do que aconteceu entre eles marcadas no corpo do homem, a figura de Michael estava ameaçadora, capaz de assustar Luke. Podia ser coisa da cabeça do loiro, uma culpa interna que o fazia ver o que não estava lá, mas só de olhar, conseguia sentir a diferença do Michael doce e atencioso que conhecia, para aquele homem que estava no lado de fora, com as costas curvadas e fumando - o que o loiro odiava, principalmente perto dele. E se fumar já era terrível, o jeito que Clifford segurava o cigarro entre seus dedos era mais tenebroso, como se colocasse seus sentimentos destrutivos que sentia, como a raiva, num mero cilindro delicado.
Eram só alguns passos até ele, e Luke os fez devagar. Em seu interior, pulsava uma mistura de sentimentos antagônicos. Ao mesmo tempo que sentia coragem para ir até Michael; sentia covardia, com uma tremenda vontade de fugir. Enquanto tinha certeza de que tudo acabaria bem; estava incerto de que o moreno ouviria seu lado e o entenderia. Também tinha uma parte sua que considerava seus erros compreensíveis; já outra, os achavam difíceis demais para se perdoar. Com os seus sentimentos conflitantes, ele foi até o lado de fora, em silêncio.
Não tocou em seu namorado e nem fez menção de fazê-lo, Michael também não o olhou ou demonstrou notar sua presença, era como se Luke não tivesse passado por ele. Com uma ironia ácida, Hemmings notou que eles estavam, novamente, nos mesmos lugares de antes. Michael, na escada, e Luke, fora da cabana, onde as gramas cresciam ao redor da pequena casa. Isso pode ser um mau sinal, pensou. Mas não saberia o que aconteceria se não tomasse iniciativa.
Por isso fez o que fazia melhor, que era puxar conversa fiada.
- Hey - disse primeiramente, sem conseguir esconder a sua timidez diante da situação. - Tudo bem?
Michael só o olhou, mas logo moveu seus olhos para outra direção, sem dar atenção para Luke. Ele tragou o cigarro mais uma vez, com uma raiva que normalmente não se é usada para fumar, não só por ele como qualquer outra pessoa no mundo. Um maço pela metade repousava ao seu lado, e Luke estranhou já que Clifford não costumava comprar cigarro.
- Não sabia que você tinha começado a comprar cigarro - pensou em voz alta.
- Coisas mudam em poucos dias - respondeu, seco.
- Mudam mesmo - concordou, inexpressivo.
No entanto, Michael não conseguia mentir deliberadamente para Luke. Ainda tinha aquela parte sua que não queria que o loiro pensasse o pior dele, qualquer pensamento negativo sequer. O conhecia o bastante para saber que Hemmings odiava cigarro, e ele mesmo nem era tão chegado como um real fumante, era algo que acontecia uma vez que outra, sem uma boa razão para justificar o ato. Então, Michael não tinha motivo para enganá-lo assim ou fazê-lo pensar que estava fumando apenas para deixá-lo irritado e/ou desconfortável.
- Na verdade - começou, recebendo a total atenção de Luke -, quem me deu esse maço foi Matilde.
A incredulidade era óbvia na face de Luke por causa do real motivo. Para ele, soava mais fácil Clifford realmente começar a fumar do que Matilde dar um maço de cigarro para ele. Um dos motivos era por que Luke não sabia que a mulher fumava - como o próprio Michael não sabia antes de conversarem. O outro motivo era que a ideia de Matilde dar algo para o enteado - mesmo que um maço de cigarro - era impossível.
- Não precisa mentir pra mim - disse devagar. - Sei que as coisas estão... difíceis entre nós, mas mentir pra mim não é necessário.
Michael riu com escárnio das palavras de Luke.
- Por incrível que pareça, eu não estou mentindo - respondeu, um pouco bem-humorado. - Ela realmente me deu essa merda e fuma também. Inacreditável, não?
- Muito. Quando foi isso?
- Foi naquele dia que nós fomos para o Purple Light, você chegou em casa dormindo e eu estava sem sono. Matilde estava no quintal e me chamou para conversar com ela e, bem, conversamos. Ela estava fumando e me deu o maço no final.
- Quão desagradável foi a conversar?
- Muito desagradável, porém verdadeira - contou.
Os dois entraram num silêncio cheio de palavras, Michael apagou o cilindro fedorento e Luke ficou se mexendo nervosamente no chão. Era necessário um deles começar a falar sobre o que realmente importava, colocar a verdade na mesa de uma vez e conversar sobre o que aconteceu entre eles. Ainda que Luke sentisse seu lado covarde comandar o seu peito, só queria fazer a sessão de pedidos de desculpas para Michael, apenas para pularem direto para quando estivessem bem um com o outro, pois já desejava tocá-lo de novo. Mas isso se eles chegassem nessa parte. Por isso, não tinha coragem de tocar no assunto tão rápido.
- Ahn, a sua bunda está bem?
- O quê? - Michael perguntou confuso. Se não estivesse tão bravo, riria.
- É que, na outra vez, quando nós... sabe? Eu fui o passivo, né? E no dia seguinte, eu senti um desconforto no traseiro, principalmente pra sentar, mas depois passou e não durou muito tempo. Foi nada de mais, pra ser sincero. E é isso que eu estou perguntando porque ontem você foi o passivo...
- Você também foi - Michael apontou.
- Mas eu já tinha a experiência...
- Minha bunda está boa, Luke, fique tranquilo com isso.
- É... é bom saber.
Fora uma péssima forma de puxar conversa e contornar o verdadeiro assunto com necessidade a ser discutido, mas, para Luke, foi a melhor tentativa dele. Ver a expressão confusa que Michael fez ao ouvir a sua pergunta foi extremamente adorável, ou seja, não foi tão em vão assim.
- Acho que nós precisamos conversar - cuspiu as palavras de repente.
- Você acha, então?
- Preciso explicar o meu lado para você.
- Não discordo, mas não tenho certeza que você tem um lado - atacou.
- Eu tenho, se eu não tivesse, não estaria aqui.
- O que fizemos ontem à noite é motivo o suficiente para você vir. Já conseguiu o que queria, ser fodido por mim e até me foder, pronto. Pode voltar para a sua vidinha que eu volto pra minha.
- Você não pode diminuir o que fizemos ontem para foder.
- Você quer olhar para a minha cara, nos meus olhos, e dizer que eu estou diminuindo algo que fizemos?
- Eu sei que eu errei...
- Que foi, Luke? - Michael não o deixou terminar. - Não consegue suportar a ideia de eu ver algo que você considera importante como tão pouco? Não suporta a ideia que ontem, pra mim, foi só algumas boas gozadas e apenas isso, sem sentimentos nem nada?
- Você pode dizer isso, mas eu duvido.
- Então você é só mais um iludido, e eu não posso te impedir de ser isso - respondeu dando de ombros. - Porque eu já simplifiquei as coisas, e você é só um homem em quem eu enfiei meu pau e/ou que enfiou o pau em mim. O resto, não importa.
Se fosse em qualquer outra situação, Luke se sentiria excitado pelas obscenidades proferidas por Michael em tom de provocação, seja na cama ou em outro lugar, na intenção de excitá-lo. Hemmings não era um puritano e percebeu adorar uma boa boca suja, principalmente de seu namorado - teve bons exemplos do que ele era capaz de falar na noite anterior. No entanto, Luke tinha a noção do que o outro estava tentando fazer, ele estava transformando o que eles fizeram em nada, num sexo casual e só. E, sim, fizera até pior que Michael, mas a forma que ele fazia, tão proposital, desestabilizava Luke. E Clifford sabia. Com aquele sorriso irônico que não saía de sua boca, ele sabia.
Mas o loiro tentava relevar, afinal, Michael estava machucado e a culpa era dele.
- Amor, por favor, deixe-me explicar o meu lado. - Luke soube que chamá-lo de amor o afetou quando algo cintilou em seus olhos. Aquele brilho que o loiro conhecia tão bem.
- Estou louco para ouvir - disse entediado, tentando esconder o efeito que a palavra teve nele.
Pela terceira vez naquela semana, Luke contou seu lado da história. Dessa vez, tentou contar com o máximo de detalhes e sentimentos possíveis. Não tentou resumi-la, como fez com Ashley, ou cortar algumas partes importantes, como fizera com a sua mãe, contou tudo. Da parte em que eles fizeram, sim, amor, para o pesadelo e para a parte que eles brigaram, na manhã do dia seguinte. E não contou tudo só porque Michael era a principal pessoa a sofrer as consequências dos acontecimentos, mas por outro bom motivo também, que era bem mais simples: era Michael ouvindo e Hemmings sempre pôde contar o que quer que fosse para o moreno, ele ouviria Luke e o entenderia. Esperava que o ciclo se repetisse.
Michael o ouvia inexpressivo, sem demonstrar tristeza ou compreensão. Era complicado ler o que ele entendia assim, como se não sentisse nada através das palavras. Luke se sentiu inseguro com isso, porque não sabia o que esperar. Tinha a impressão que Clifford poderia atacá-lo no fim da história ou ir correndo ao seu encontro para abraçá-lo e acalentá-lo, mas não tinha certeza do que poderia ser.
O loiro terminou de contar a história no momento que encontrou Alexa ao sair da floresta.
- Luke, eu vou te fazer uma pergunta e eu preciso que você seja sincero comigo - Michael pediu, seriedade vertendo de suas palavras. O loiro podia confirmar que nunca o vira assim, pedindo sinceridade mas com um medo palpável em suas palavras, como se temesse a resposta. Luke sentiu um imediato pavor do que viria a seguir.
- Pode perguntar.
- Em algum momento, na noite que eu te levei para a cabana... - Ele pausou, fechou os olhos e respirou fundo, se preparando. - Você se sentiu... se sentiu...forçado...
- Não, não, não, não, não mesmo! - Luke nunca negou algo tão rápido em toda sua vida. Antes de Michael terminar a pergunta, o loiro a entendeu e nem precisou ouvir o resto para negar.
Sentiu náusea ao se questionar se Michael pensou algo assim dele mesmo durante esses dias, algo tão repugnante e assustador. E a pior parte era perceber que ele, Luke, que o amava com todo seu coração, fez Clifford pensar algo assim, ao ofendê-lo e fugir sem maiores explicações. A sua lista de pecados cometidos só aumentava a cada segundo que passava ali e sentia medo do quanto poderia aumentar.
- Não mesmo?
- Não, Michael, pelo amor de Deus, não.
- Você tem certeza, Luke? Em nenhum momento você ficou "ele me apresentou a cabana, restaurou ela pra nós, eu preciso... dar algo de volta pra ele"? Você se sentiu coagido a se deitar comigo?
- De novo, Michael, não.
Vê-lo respirar aliviado naquela situação foi uma das piores visões que Luke já vira em sua vida.
- Como ousa pensar algo assim de si mesmo? Você pediu permissão a cada pedaço do meu corpo que tocava e tomava. Sem falar que ontem repetimos e foi deliberado, para ambos os lados.
- Eu só fiquei com medo de não ser algo que você realmente queria.
- Não, Michael, não - negou novamente. - Eu queria, você queria e nós fizemos. Pronto.
Mais um silêncio caiu entre eles. A história de Luke ficou passando na cabeça de Michael, a comparando com os acontecimentos daquele dia e dos seguintes também, como o fato de Hemmings se juntar com o grupo de Alexa sem pensar duas vezes e descobrir a origem dessa união inesperada.
Já Luke, respeitou o tempo de Michael enquanto ele ainda absorvia os acontecimentos. Da mesma forma que o moreno ouviu as palavras de Hemmings, ele as analisava. Inexpressivo. Sem demonstrar a sua próxima reação. Porém, quando Clifford suavizou a expressão, o coração de Luke se encheu de esperança e ele quase sorriu para Michael. Mas não esperava a próxima reação do moreno.
Ele riu. E muito. Como se tivesse ouvido a piada mais engraçada e imprópria do mundo e não conseguisse se segurar em deixar as risadas saírem de sua boca. A pior parte era o som. Não leve a mal, Luke amava ouvir Michael rir, era um de seus sons favoritos no mundo - vinha depois de ouvi-lo dizer eu te amo -, mas essa risada... Essa risada era sarcástica e debochada, maldosa, acima de tudo. E ela ficava mais horrível quando Luke lembrava que o motivo da risada era ele mesmo.
- Michael - Luke chamou entristecido, sua boca em um beiço chateado. - Por favor, não ria.
- Não, Luke, espere aí - respondeu entre as risadas. - Eu preciso ter esse momento.
- Não é engraçado - disse baixo, mas Michael conseguiu ouvir.
- Como não é engraçado essa história ridícula e ainda por cima ser atacado por causa de um pesadelo? Luke, me poupe.
- E-eu - gaguejou. - Eu não sei o que dizer
- Então não diga - respondeu ríspido. - Eu só estou rindo, não há o que responder a isso.
- Michael, eu só quero que você entenda um pouco o meu lado, que, ainda que eu tenha agido por impulso, eu tive um motivo.
O moreno revirou os seus olhos teatralmente.
- Ugh, Luke - desprezou. - Que preguiça dessa historinha e dessa ideia de ser normal. Eu pensei que você fosse melhor que isso, vejo que me enganei.
- Eu sei que não é o esperado e eu te peço desculpas pelo que eu fiz...
- Quem você é, então? - interrompeu Luke ao perguntar, sua voz com uma certa aversão. - Que Luke que eu conheci? Com certeza não é o que quer ser como outras pessoas. O normal. Eu sei que você nunca foi alguém que se jogava de cabeça em ser diferente e preferia evitar, mas isso, isso é decepcionante.
- Eu sou eu mesmo quando estou com você - Luke admitiu. - Eu já te falei que você é a única pessoa que me conhece de verdade, Michael
- Não sei - desconsiderou, dando de ombros. - Como eu posso ter certeza?
- Porque eu pensei que você conhecesse o meu coração.
- Bem, Luke, eu também - disse, sincero.
Era inegável, Michael estava abalado com as palavras de Luke, porque também achou que conhecia seu coração, que o conhecia por inteiro e esse conhecimento indo muito além de conhecê-lo fisicamente, cada pedaço de seu lindo corpo. Mas havia verdade no que Luke dizia, conseguia sentir em seu interior. Conhecia o loiro e tinha essa certeza em seu próprio peito. Só não tinha conhecimento dessa parte, justo a parte que o machucou.
Infelizmente, sabia que Hemmings também estava conhecendo uma parte dele. A parte que Michael ataca quando se sente atacado, a parte que ele só mostrava para pessoas que não gostava. Sim, Luke e ele já tiveram suas brigas mas não era como essa, não mesmo. Porque, dessa vez, Michael estava reagindo com a sua pior parte.
- É por isso que você me chama de princesa? - perguntou com toda a ironia que tinha para esconder o receio em suas palavras. - Um desejo hétero não realizado? Tipo, se eu tratá-lo com algo conhecido por ser feminino, eu não sou tão anormal assim?
E, simples assim, algo tão bonito, verdadeiro e, acima de tudo, inocente, estava prestes a ser destruído. Em uma única pergunta, o apelido e as lembranças em que ele estava foram contaminados com a mágoa e a raiva, com aquela briga que machucava ambos. Conseguiram ver, diante de seus olhos, os momentos que Luke chamara Michael de princesa serem pincelados com esses sentimentos tão impuros. E ainda que brincasse a respeito, Hemmings conhecia Michael o bastante para saber o quanto ele amava ser chamado de tal forma.
Por isso tentou apagar as marcas deixadas por esse doloroso e amaldiçoado pincel, porque não havia nada mais puro do que chamar Michael, o seu amor, de princesa, já que o lembrava exatamente disso, da pureza dos dois no começo de tudo. O beijo na casa da árvore.
- Não, é óbvio que não - Luke respondeu, um tanto ofendido. - Você sabe muito bem de onde veio esse apelido e eu não preciso te explicar a origem.
- Não me culpe por não ter como saber.
- Acho que você já está exagerando um pouco e ignorando o ponto da nossa conversa.
- Foda-se, eu não me importo.
- Acho que você esquece do quão diferente nós somos e de tudo que eu passei enquanto nós crescíamos, e tudo que eu já te contei também.
- E como somos diferentes? Nós praticamente somos frutos da mesma merda, nós dois não nos infiltramos muito bem em grupos e temos um pai ausente, ou você também se esqueceu como meu pai foi comigo?
- Não finja que somos os mesmos aqui, Michael. Você não se infiltra em grupos porque você não quer, já eu, porque não me querem...
- O grupo do Garrett te quis bem rápido - alfinetou, mas Luke ignorou.
- E para o mundo - continuou -, você tem um pai, para essa cidade, você tem. Eu nunca tive e desde pequeno, eu fui isso. O garoto sem pai. O garoto da família desestruturada.
- E você se importa com o que eles dizem?
- Sim, porque, enquanto eu crescia apanhando de crianças como você, você estava batendo em crianças como eu.
Michael arregalou seus olhos ao ouvir essas palavras saírem de Luke. Esse assunto sempre fora delicado para os dois e mal falavam sobre, quase nunca. Desde o começo, Clifford deixou seu passado aberto para o loiro e contou tudo para ele, da parte que brigava com outras crianças quando era menor com o seu grupo de amigos-que-não-eram-seus-amigos, de quando quase quebrou o braço de uma delas e da bomba deixada no banheiro de sua antiga escola, motivo de sua expulsão e ida para Holy Way. Luke entendia o lado de Michael, dizia que ele tinha seus motivos para tais ações - ainda que péssimos. De fato o loiro não se sentia mal por esse passado de Clifford, tinha ignorado como tantas outras coisas em sua vida, mas ignorou, principalmente, porque conhecia Michael, conhecia a verdade em seu coração.
Essa era a primeira vez em anos que o assunto vinha à tona e, agora, Luke estava o acusando de seus pecados antigos.
- Eu nunca bati em ninguém por isso... - negou incerto.
- Mas bateu, Michael. Ainda que não soubesse, bateu. Porque crianças como eu nunca foram parte de um grupo. Ou seja, se você bateu em uma criança que era excluída, provavelmente um dos motivos dela ser excluída era por vir de uma família fodida, como eu.
Com tristeza, Michael lembrou que uma das crianças que enfrentou quando tinha seus doze anos era exatamente assim. Ninguém ficava perto do garotinho, e só descobriu depois que era por ele não ter um pai, e que esse era o motivo das outras crianças o perseguirem tanto. Lembrou também que ele era justamente a criança que ele quase quebrou o braço. Essa lembrança sempre foi um fantasma em suas costas, ainda mais quando ouvia Luke triste pela mesma razão.
- Ou você ficou surpreso por Garrett te recrutar tão rápido no grupo dele? - parafraseou o que Michael dissera antes. - Você era como eles.
- Você ficou com inveja? Aposto que queria estar no meu lugar mais do que eu.
- Não, não fiquei. Eu fiquei surpreso por você decidir sair daquele lugar privilegiado e ter ido me ajudar.
- Então essa é a tua ingratidão falando?
- Não, Michael, esse sou lhe pedindo para ver as nossas diferenças. Para ver que, o que eu sinto, não vem de um lugar aleatório e, sim, de algo de anos, que cresceu comigo.
- Porra de nossas diferenças o quê, Luke? Quando eu fiz tudo aquilo, quando eu fui esse merda de pessoa, eu tinha menos de treze anos. Caralho, eu era uma criança!
- E eu também! - Luke quase gritou. - Porra, quando as crianças me perseguiam sem eu entender o porquê delas estarem fazendo isso, eu também era uma criança!
Ficaram de novo em silêncio. Michael era capaz de discernir quando estava errado, e este era um dos momentos. Não adiantava discordar de Luke, ele estava certo. Como Hemmings dissera, enquanto Michael crescia e ia atrás dessas crianças para mostrar sua força e liderança, tentando mostrar o quão homem ele era para o seu grupo e, principalmente, seu pai, Hemmings fazia parte dessas crianças. Era triste e repugnante, mas a verdade.
- Como eu disse - Luke recomeçou -, eu sei que não é a tua culpa, não totalmente ao menos. Eu só estou pedindo que entenda o meu ponto.
- E qual é o ponto, Luke? A parte que você me ataca por causa de um sonho? Ou, a melhor parte, a que você quer ser uma pessoa normal, uma pessoa como tantas outras dessa maldita cidade? Pelo amor, Luke, você é patético.
Michael se arrependeu assim que terminou de falar.
Não era difícil os dois ficarem se ofendendo, afinal, Luke chamava Michael de ridículo muitas vezes quando estavam juntos, assim como Michael o chamava de tapado e por aí vai. Essas ofensas faziam parte deles, de quando eram só amigos até serem namorados. Esta particularidade era uma amostra de que, mesmo que estivessem namorando, eles ainda eram melhores amigos e tinham intimidade o bastante para fazer diversas brincadeiras um com o outro. Mas, quando brigavam, mantinham as ofensas longe e conversavam sérios. Diferente dessa vez.
A palavra de Michael acertou Luke em cheio, direto em seu peito. A forma como ele dissera, com repulsa transbordando de sua boca, só adicionava mais dor para o loiro. Engoliu em seco quando ouviu a ofensa, seus ombros se encolheram em resposta e respirou fundo. Chegou, enfim, ao seu limite.
Sua mãe dissera que estar num relacionamento tão sério cedo em sua vida o faria conhecer seus limites com a pessoa que ele mais amava, de até onde uma briga poderia ir, e até onde ele aceitaria deixá-la ir, e Luke conheceu o seu. Tinha noção de que errou com Michael e tentou explicar seu lado da melhor forma, mas já estava sem paciência para a sua própria persistência. A ofensa final de Clifford ultrapassou a linha de compreensão e ele não aceitaria isso. Já ouvira ofensas demais sobre quem ele era enquanto crescia.
- E-eu, Luke, eu... - dessa vez era Michael sem palavras.
- Retire o que disse - mandou, sério. - Retire o que você disse, agora.
- Desculpa, eu não falei por mal - pediu. - Saiu sem querer.
- É... é isso que você pensa de mim? - Luke perguntou, num sussurro.
- Não, é claro que não - respondeu rápido e arrependido.
O loiro passou todo o período que estavam separados esperando ver Michael dessa forma, com o rosto mais suave em sua direção e sem toda aquela raiva que carregava em seu semblante toda a vez que olhava para Luke nos raros momentos que estiveram juntos na semana. E ali estava ele, o olhando preocupado e com culpa por toda sua expressão, Luke odiou vê-lo assim. Se perguntou, rapidamente, se essa era a forma que Michael o viu durante esses dias e se odiou da mesma forma que Hemmings o fez.
- Eu só quero me desculpar novamente por tudo que eu disse. Não foi algo que viera de um lugar puro no meu coração e, sim, um desejo antigo que ditou muito em minha vida, um desejo que eu mesmo não queria ter. Eu pensei já ter superado isso, mas, depois que transamos, caiu tudo sobre mim de novo e era como não conseguir respirar fora dele, fora do meu fracasso.
"Sim, Michael, eu queria ter essa vida. Uma emprego fixo, esposa e filhos, o famoso sonho americano e sumir na multidão para ninguém me encontrar mais. O normal. Queria dar aos meus supostos filhos do futuro as chances que eu não tive. Ao menos uma vez, eu queria não me destacar por algo tão ruim. Eu sinto a diferença na forma que eu sou tratado por alguém que não conhece o meu histórico para alguém que conhece, sabe? Isso sempre doeu muito em mim.
"Mas, então, começou a aparecer a atração que eu sinto por homens e, como eu te contei, eu fiz o meu máximo para ignorar, para não dar a oportunidade de algo assim interferir no meu caminho. Até, claro, aparecer você e, bem, você conhece essa história. E você sabe que...
- Você nunca terá uma vida normal comigo - Michael completou.
- Não, não terei - confirmou. - Mas eu sou tão feliz com você que eu não me importo. Ainda que eu tenha me questionado, seja no pesadelo ou depois disso, sobre o teu amor por mim e a duração do mesmo, eu percebi com os dias que isso não era a parte mais importante de tudo. Ser eu mesmo e me respeitar por quem eu sou, é. Afinal, como você deve ter percebido, eu ataquei à mim mesmo ao falar aquelas crueldades para você.
Michael tinha, sim, percebido. Só estava irritado demais para pensar mais sobre, machucado demais para considerar o sofrimento de Luke por mais de dois segundos sequer. Se culpava por isso. Poderia ter tentado mais com o loiro, persistido mais e não ter deixado a raiva o consumir por inteiro.
- É só... Talvez tenha sido bom isso ter acontecido, sabe? - Luke falou, dando de ombros. - Talvez assim você note que eu também posso te machucar, que você não é o único monstro entre nós. Desculpe-me.
Ao murmurar seu último pedido de desculpas, Luke decidiu ir embora. Tinham muito mais o que falar, mais conversas para acontecer entre eles e esclarecimentos, mas Hemmings não tinha mais forças, nem vontade para isso. Percebeu que tem que ter muita maturidade para insistir numa pessoa, mas tem que ter ainda mais para simplesmente deixar ir. Não tinha desistido de Michael, longe disso, mas enquanto ia embora, não queria mais continuar a sessão de explicações e pedidos de desculpas, nem engolir o sarcasmo de Michael a seco e fingir que não o atingia. Talvez conversassem melhor na próxima vez. Era o seu limite.
- Luke, espera - Michael pediu ao vê-lo ir embora. - Luke, por favor.
- Deixe-me ir - sua voz soou como se implorasse, e seguiu o caminho.
- Eu fui atrás de você - Michael confessou, fazendo Luke parar. - Não no momento que aconteceu tudo mas durante a tarde, depois de trabalhar. Eu fui até a sua casa e você não estava lá, mas fui pelo caminho do parque e foi onde eu te vi, com eles. E eu fiquei tão irritado contigo. Tão irritado por te ver com aquelas pessoas...
- Eu só estava vendo como era ser como eles.
- E toda essa raiva escondeu a tristeza que eu senti ao ouvir o que você disse - Michael revelou, sua voz quebrou enquanto falava, junto com os corações dos dois. - Essa raiva escondeu a saudade que eu senti de tê-lo por perto e de continuar a te dar o amor que eu sinto por você.
- Eu te machuquei... - Luke se culpou com a voz embargada, lágrimas caíam de seus olhos.
Michael caminhou até estar a poucos centímetros de distância de Hemmings, o sentindo tremer a cada soluço que saía de sua boca, um som doloroso demais para conseguir se segurar. Sem pensar duas vezes, puxou Luke para si e o abraçou forte. O outro nem precisou entender o que estava acontecendo para abraçar a cintura de Michael e chorar ininterruptamente em seu ombro, colocando sua cabeça na curvatura do mesmo. No momento, a diferença de altura - que já não era muita - não importou nem um pouco, para Michael, Luke parecia tão pequeno em seus braços.
- Eu queria poder te dar tudo que você merece, Luke - Michael disse no ouvido do loiro. - Eu queria poder te dar essa vida... Mas... Mas...
Mas eu não posso, Clifford pensou. Eu não posso te dar essa vida. Eu não posso te fazer feliz.
Ficou surpreso consigo mesmo pelo pensamento final que lhe ocorreu. Fez o possível para afastá-lo de seu cérebro de imediato e mantê-lo dentro da caixa preta esquecida em algum lugar entre tantos outros pensamentos indesejados. Mas tinha a impressão de que esse, em específico, ficaria à espreita, como um predador esperando para atacar a sua presa. Era só questão de quando agora.
- Mas...? - Luke perguntou, num fio de voz.
- Nada, Lu. Nada.
- Eu estraguei tudo entre nós, tudo - Luke lamentou. - Eu só... Eu não sabia o que fazer.
Pela primeira vez, Michael notou que Luke nunca tivera aquele momento de se entender - como ele mesmo tivera, com ajuda das pessoas no Purple Light -, e que, se tivera, passou por cima para não pensar demais a respeito, para não chegar numa conclusão que não fosse normal, que não fosse padrão. Quando se permitiu a pensar mais sobre quem era, ele já estava num relacionamento, fazendo o que pessoas num relacionamento fazem e, quando chegou numa situação considerada decisiva para o seu futuro, ficou perdido porque sentiu como se tivesse aberto a mão de um sonho muito importante, de algo que sempre esteve presente em seu interior.
- Não, Luke, você não estragou.
- Eu estraguei a nossa primeira noite juntos. Era algo especial e eu estraguei.
- Você não estragou a nossa noite - Michael protestou, sua voz num tom divertido. - Você estragou a manhã seguinte mas a noite, não.
Em meio as lágrimas e soluços, Luke deu uma risadinha, entendeu que Michael não estava só brincando com ele, como tentando amenizar o seu erro. Se sentiu aliviado ao ouvi-lo falar dessa forma divertida e por sua tentativa, eram muito importantes para Luke. Questionava-se se Michael estava ciente do quanto estava o ajudando.
- A nossa noite foi especial, Luke - repetiu firme.
Mesmo com os problemas e com a péssima reação que tivera quando Luke tentou se explicar e desculpar, Michael permanecia com a memória da primeira noite dos dois como algo bonito e íntimo. Os acontecimentos do dia seguinte não conseguiram contaminar as boas lembranças.
Luke se afastou devagar de seu namorado, tirou o seu rosto que estava enterrado no ombro dele, e levantou sua cabeça para conseguir encarar os olhos verdes. Não demorou muito para se aproximar e colar seus lábios com os de Clifford, selando um beijo entre os dois. Mesmo com os acontecimentos da noite anterior, sentiam como se esse fora o primeiro beijo que deram em dias, porque não tinha a raiva de Michael e o arrependimento entre eles. Era puro.
O beijo foi lento, como se tivessem todo o tempo do mundo para estarem apenas ali, juntos um com o outro. As mãos de Michael estavam no rosto de Luke, o segurando com aquela importância que sentia ao tocá-lo; em suas mãos estava a coisa mais delicada e preciosa do seu mundo, e o segurava como tal. Entristecido, Clifford percebeu que o beijo tinha um leve sabor salgado pelas lágrimas que Luke chorou.
Os braços de Luke permaneceram ao redor de Michael num abraço forte, suas mãos passeavam pelas costas dele numa carícia lenta. Era um tanto esquisito notar de novo que Michael estava sem camisa, e que seu peito nu estava contra o tecido fino de sua camisa. Durante a discussão dos dois, era como se seu cérebro tivesse ignorado essa informação para mantê-lo focado no desentendimento entre eles, mas agora que notara, era difícil voltar a ignorar.
Devagar, o loiro se separou da boca de Clifford, e começou a fazer uma trilha de beijos pelo seu queixo, até a mandíbula, seguindo para o seu belo pescoço. Sentiu a respiração de Michael acelerar e a ficar alerta enquanto Hemmings dava beijos molhados na sua pele exposta em direção ao seu ombro. Suas mãos ficaram ocupadas apertando o dorso de Michael a cada beijo que dava nele. Estava o provocando e com êxito, porque, pela proximidade dos dois, sentia Michael começar a ficar excitado.
- Luke, eu acho melhor não... - conseguiu dizer. Estava, sim, com vontade, mas não tinha certeza da parte de Luke.
- Por favor - pediu manhoso. - Eu preciso de você, por favor.
- Eu não quero que você se arrependa de nada depois - confessou, sua voz um pouco mais de um sussurro. Foi o bastante para fazer Luke se afastar e encará-lo, seus olhos azuis sérios em Michael.
- Eu não me arrependo de nada que aconteceu entre nós dois - respondeu sincero. - Não me arrependo de ter me apaixonado por você, nem do beijo que eu te dei na casa da árvore, nem dos que vieram depois, não me arrependo de ter dito que eu te amo e, se quiser, digo várias vezes até a minha garganta doer...
- Não é necessário - Michael interrompeu rapidamente e Luke só revirou os olhos de brincadeira.
- E por último - continuou -, eu não me arrependo do que fizemos, seja no dia da tempestade ou ontem, e nas próximas vezes que faremos porque, como eu já te disse, você é um gostoso, puta que pariu.- Num tom mais sério, ele continuou. - Eu só me arrependo de ter te machucado, isso, sim, pesa no meu coração. Mas não me arrependo de nada do que aconteceu entre nós e muito menos do que ainda acontecerá. Pode acontecer o que for, Michael Clifford, eu nunca me arrependerei de você.
- Você tem certeza? - insistiu, mas com um sorriso pequeno cintilando em seus lábios.
- Eu tenho certeza absoluta - disse firme. - Por favor, eu preciso de você, eu preciso disso.
Michael entendeu muito bem o que Luke quis dizer com suas últimas palavras. Ainda que fosse cedo, fora um dia longo até ali, até o momento em que estivessem, finalmente, juntos e com os corações em sintonia. Conseguia sentir o peso em Luke, o cansaço mental dele pelo que aconteceu em tão pouco tempo, e Michael admitia que não tinha contribuído nem um pouco para ajudá-lo desde o começo dessa manhã para esse peso ser aliviado. Mas poderia agora.
Ao dizer que precisava de Michael e que precisava disso, Luke estava falando sobre espairecer e parar de pensar, nem que seja por poucas horas, sobre o que aconteceu entre eles e das consequências dos seus erros. Luke só queria esquecer do erro que cometeu - e Clifford também queria, tinha que admitir -, e a melhor forma que encontrou para isso foi transando com o homem que ele amava.
Michael se afastou e estendeu sua mão para Luke, que logo aceitou. Com um sorriso sincero em ambos os rostos, olharam para seus dedos entrelaçados - juntos e firmes -, como deve ser. Após trazer a mão de Luke para seus lábios, Michael depositou um beijo demorado e gentil no local.
- Vem, meu amor - Michael disse. - Vamos foder.
Luke apenas riu alto e murmurou um vamos. Andaram com as mãos balançando e dando risadas até a cabana.
Para a surpresa de Luke, Michael conseguiu ser tão lento e apaixonante quanto na primeira vez deles, o amando por inteiro até ter poucos pedaços em seu corpo que o moreno não tivesse tocado e/ou beijado.
Enquanto se perdiam no corpo um do outro, Luke lembrou-se rapidamente do pesadelo que originou os acontecimentos seguintes, em específico, lembrou-se de tudo que a sua versão de oito anos dissera para ele. Que criança tola, Luke pensou. Sua versão de oito anos não conhecia Michael, nem os sentimentos que ele tinha por Hemmings. Michael o amava por quem ele era, com pureza, sem julgamentos e sem limites, e Luke amava Michael da mesma forma, e não havia mais dúvidas nesse sentimento, tornou-se uma de suas maiores certezas. Mas como sua versão de oito anos podia saber? Além de ser só uma criança, ele não conhecia Michael, a pessoa que, futuramente, Luke reconheceria como seu melhor amigo e amor de sua vida.
eu não sei o que dizer, mas yeeey, muke.
essa publicação é um tanto especial pra mim porque hoje - dia 17/11/2020 - completa um ano desde que eu publiquei o prólogo de give my love to luke, ou seja, hoje é o aniversário de um ano da fanfic. yeeeeeey. eu quero agradecer todo mundo que lê a história, por disponibilizar minutos de seu tempo para ela e ter vontade de continuar a ler, isso é extremamente importante. eu realmente não acredito que vocês perdem algo tão importante como o tempo de vocês nela. obrigada por tudo.
agora, nesse um ano e 37 capítulos depois, há alguma cena e/ou capítulo em especial que vocês lembrem com carinho? algo que você leu e pensou "nossa, eu adorei essa cena de give my love to luke"?
eu sou suspeita em falar, porque há muitas partes da fic que eu acho linda - é o amor de mãe falando -, mas eu tenho um apresso pela cena do primeiro eu te amo deles, enquanto eles dançam no baile da cidade, que eu não consigo descrever, mas me dá a sensação de "é tão lindo, não acredito que eu escrevi isso". há outras cenas também, mas aí eu já me alongaria demais kkkkk.
eu só espero que vocês gostem dela e sintam alguma coisa do que eu tento transmitir, nem que seja dar risada de alguma piada boba, já é o bastante pra mim.