-Ah qual é, e só um desafio bobo.- Charlotte diz me seguindo até o lado de fora da casa.
-Já que é bobo faz você.- Falo com sarcasmo indo até minha bicicleta.
-Ei relaxa, ninguém vai falar nada pra ninguém.- Thomas diz meio hesitante oque e levemente suspeito.
-Não me diga que tá apoiando o desafio dessa imbecil.- Digo próxima a Thomas e apontando a Charlotte.
-Imbecil e você dando em cima do Thomas.- Ela diz com a mão na cintura e um olhar debochado, olho de relance pra trás dela e vejo Lindsey e Kate segurarem a risada.
-Amada?- Me afasto de Thomas e me coloco na frente dela que por sinal era mais alta que eu- Eu e ele nunca vamos ter nada, ele e todo seu, não acredito que você tá com ciúmes.- Solto uma risada abafada a encarando incrédula.
-Você é ridícula Cecília, ridícula.- Ela bufa, revira os olhos e vira as costas caminhando de volta a casa.
-Ridícula e quem flerta com quem sabe que nunca terá chances.- Grito a provocando, ela se vira rápido e me encara fulminante.
-Sua...- Ela rosna e levanta a mão quando se aproxima de mim, eu recuo mas antes que ela chegue a encostar em mim Thomas a segura.
-Não preciso de um príncipe encantado pra me salvar.- Digo a Thomas e olho pra Charlotte- Eu já vou embora, solta ela.- Ando até minha bicicleta e respiro fundo ao levanta-la.
-Então eu sou um príncipe encantado?- Thomas pergunta ainda de longe.
-Não.- Subo na minha bicicleta e olho pra trás, o encaro com ódio. Não fazia ideia do porque apoiou a ideia da ruiva – Você é um idiota. -Sorrio com escárnio e olho pra Lindsey, Kate e Juliet. Dou um sorriso doce e começo a pedalar rumo a casa.
...
Dois dias se passaram após a desnecessária discussão na casa se Thomas, dois dias o qual foram bem tranquilos. Fui na biblioteca como de costume, mas só no turno da manhã, não queria ver Thomas ainda. Ele sequer mandou mensagem, nem ligou, deduzi que não queria assunto e eu também não queria. Kate me deu alguns conselhos, disse que eu deveria falar com Charlotte, eu no momento obviamente disse não, meu orgulho não me faria pedir desculpas. Mas felizmente ela me lembrou que eu não poderia agir como criança, e alimentar a rivalidade feminina- desnecessária aliás- e só da mais um motivo pra sociedade empurrar de novo esse estereótipo de mulher surtada e negra agressiva, e fez todo o sentido. Tentaria falar com ela depois, só não sei como.
Estava em casa novamente, após voltar depois de horas conversando e lendo junto a Kate na biblioteca. Estava exausta, psicologicamente. Havia refletido muito sobre meus sentimentos por Thomas nos últimos dias, sem suas ligações tudo pareceu ficar mais entediante. Eu duvidava do que sentia, mas lembrei que nem tudo é tão simples, eu o cativei de forma inesperada e doce, não sei se ele fez o mesmo por mim. Ao chegar ao meu quarto desabei na cama, queria descansar um pouco, cochilar profundamente. Mas então uma ligação atrapalha minha tentativa de dormir.
-O que você quer?- Pergunto de forma fria já sabendo que era Thomas que estava do outro lado da linha.
-Te ver.- Ele responde de forma doce deixando um silêncio se instalar.