Com a comoção digna de um furacão, o relinchar selvagem das bestas negras anunciaram o fim dos dias pacatos naquela casa de campo. Acordando a mulher que dormia preguiçosamente na cadeira e chamando a atenção de mais delas, todas se juntaram, observando em alerta um cocheiro perigosamente atraente abandonar as rédeas e se apressar enfiando o corpo na carruagem.
Mesmo confusas as três escravas na entrada reconheceram de imediato a duquesa de Manchester entre o caos, e do choque - com a adição de Zarina ao reconhecimento - elas passaram para o horror ao verem o filho dela inconsciente nos braços do tal homem.
- Suba as escadas! Qualquer um dos quartos a direita!
Ignorando as formalidades Cibelle assumindo a liderança, correu na frente utilizando uma memória há muito antiga para reconhecer cada cômodo ali. Como qualquer um dos seis quartos no primeiro andar era mais do que suficiente, ela sem grandes critérios invadiu a porta mais próxima. Instantaneamente seu rosto franziu e sua corrida parou ao descobrir que um caos maior a esperava naquele cômodo em particular.
- Mas, o que significa isso? - Perguntou diante da bagunça feito de madeira, pó e ferramentas de construção.
As únicas coisas remotamente semelhante aos quartos exuberantes - feito para abrigar as amigas mais íntimas de sua mãe - eram alguns móveis. E mesmo assim os poucos que não estavam em ruínas jaziam cobertos por mantas. Sem tempo para a explicação gaguejante de uma delas a duquesa escancarou a próxima e já na quarta porta sua confusão virou frustração.
- A propriedade está em reforma, vossa graça. - Respondeu uma mulher de cabelo castanho e traços fortes. Pela posição que emanava parecia ser a líder entre as duas mais intimidadas atrás.
- Há quanto tempo está assim? - Continuou vendo sinais desanimadores de muito trabalho a ser feito.
- Há pouco mais de um ano, acredito.
- Quando chegamos o lugar já apresentava sinais de abandono, duquesa. - Completou uma que exceto por alguns centímetros a menos e possuir olhos verdes era bastante semelhante em características com as outras.
- Abandono? - Que sua mãe não utilizasse mais o refúgio desde a morte do pai ela sabia e compreendia, mas ainda sim, até o casamento de Ethan, era dela o dever de manter as propriedades em bom estado. - E por que meu irmão não foi informado disto?
- Ele foi vossa graça, fora a nova marquesa quem deu iniciou as obras. - Na mesma hora lembranças distantes de sua amiga reclamando desses eventos vieram a sua mente, mas ela ocupada demais com pensamentos sobre o marido e julgando ser apenas mais uma crise com a mãe havia esquecido tão rápido quanto as ouviu. Para o horror da sua nova irmã, a mãe realmente levara em ação os planos de não gastar com as propriedades que ela julgara de menos valor.
- Cibelle. - Alertou Celine fazendo ela lembrar de sua urgência.
- Todos os quartos estão nessas condições?
- Não vossa graça, há dois quartos prontos para uso e mais quatro na ala dos criados.
- Me leve até esses dois.
Entendendo a necessidade da situação a mulher provando ser a líder entre elas se apressou até a quinta porta a direita onde lançou ordens para retirar os lençóis que conservavam os novos móveis e abrir as janelas deixando a iluminação entrar. Quando tudo estava relativamente pronto os olhares de horror aumentaram no momento em que a manta foi retirada para colocar o corpo de Adika na cama.
- Pegue um dos cavalos e traga o médico da família! - Mal a ordem da condessa fora dada e os passos pesados de Vitor já alcançava as escadas.
- O médico vai entender a situação? - Perguntou Cibelle pensando nas limitações físicas dele.
- Vitor, tem seus meios. - Esses meios significavam levar o homem amarrado no lombo do seu cavalo se fosse necessário. Mas, Celine torcia para que a lembrança do rosto de seu amigo e seu nome ainda fosse de alguma valia para o homem que um dia cuidara tão bem de Heitor.
Para alívio de todas as mulheres - especialmente de Celine - não foi necessário nenhuma atitude drástica e algumas horas mais tardes um senhor de cabelos brancos e olhos bondosos tentava ocultar seu espanto a primeira impressão do seu paciente. Usando apenas uma toalha para ocultar as partes intimas o médico em gestos experientes cortou facilmente os trapos que formavam as roupas dele para avaliar o corpo.
Exceto pela mãe, ninguém conseguiu ficar mais tempo no quarto ao se deparar com os abusos gravados em cada parte dele. Cicatrizes, queimaduras e ferimentos que somente brancos não conseguia distinguir se misturavam a ferimentos tão recentes que ainda sangravam. Suas costas tinham sinais claros de açoites e os danos na perna dele, Cibelle tinha certeza que ficariam gravados para sempre em seu cérebro.
- Você não fez isso. - Sussurrou Celine trazendo ela para mais perto do sofá em que dividiam e enxugando lágrimas que a duquesa nem sabia que derramava outra vez. - Não vai ajuda-lo se afundando em culpa.
- Eu fiz parte disso.
- Cibelle, você vai parar com isso agora. Me ouviu bem? - Ordenou forçando ela a encara-la bem de perto. - Você não os separou porque quis! Foram aqueles porcos que fizeram isso!
Pouco a pouco ela aceitou as palavras que a francesa tão duramente lhe lançava.
- Você já quis matar uma pessoa? - Sussurrou com uma escuridão assustadora.
Naquele instante, Celine sentiu Saymon enegrecer o coração dela também.
- Sim. - Assustava-lhe saber que se tivesse uma arma no dia do seu último encontro com o amante ela teria matado-o a sangue frio. - Porém, isso não traz outra coisa senão mais sofrimento.
- Eu quero mata-los. - Confessou ela deixando mais lágrimas caírem. - Eu odeio esse sentimento, mas não consigo para-lo.
- Ao contrário do que as pessoas pensam uma bala mata duas pessoas... Quando você tira a vida de alguém algo seu é tirado de dentro de você. - Disse acariciando gentilmente os locais em que as lágrimas maculavam seu rosto. - Se alguém é tão horrível ao ponto de morrer por suas mãos só basta que me diga, pois prefiro ser eu a fazer isso do que ver essa parte tão importante sendo tirada de você.
Mesmo as duas sabendo que ela nunca lhe pediria isso a loira acenou ocultando milhões de emoções em seu rosto ao esconder no ombro dela.
- Porém, por mais que eles mereçam. Essa vingança não é sua, Cibelle... É dela. - Retomou vendo Zarina descer as escadas ao lado de Vitor e encontrar o caminho até elas.
- Eu quero que eles paguem. - Em concordância com ela seu amigo tinha aquele mesmo olhar sombrio no rosto.
- Eles vão. - Garantiu a loira deixando claro sua intenção de fazer o que fosse preciso para vinga-lo. - Assim que Adika, estiver melhor cuidaremos disso.
A aproximação daquelas três escravas obrigaram o cessamento da promessa de sangue, quando elas servindo de guloseimas - que Celine estava indisposta demais para sequer olhar sem ter o estômago revirado - se juntaram na longa espera pelo médico. Não sabiam quanto tempo estavam lá, mas havia sido o suficiente para que o sol lançasse sua despedida e as velas tivessem que ser acesas.
Para passar o tempo, a duquesa sem muitas alternativas contemplava com certo horror a casa que já considerou a mais adorável das terras do seu pai. Mas agora, embora fosse notável o esforço das criadas em deixar a casa apresentável os sinais de negligência estavam por todos os lados.
"O que sua mãe estava pensando?" Questionou percebendo uma ausência mais notável, além das cortinas e dos móveis que não datassem de outro século.
- Me perdoe pelo nosso estado, vossa graça. Não esperávamos sua vinda. - Reparando no olhar dela o constrangimento das três era ainda maior que terem sido flagradas sem os uniformes.
- Não se incomodem, viemos sem avisar. - Tranquilizou ela e pedindo as mulheres que dispensassem as formalidades desnecessárias do qual elas aceitaram alegremente.
- Onde estão os criados? - Continuou a duquesa revelando finalmente seus pensamentos. A pergunta parecia tê-las pego desprevenidas, pois elas de repente se entreolharam nervosamente.
- Acredito que em suas casas. - Respondeu a de altura mediana, olhos castanhos claros e um corpo repleto de carne.
- Como em suas casas? Para quê meu irmão os paga, então? - Seu corpo só não erguera em ultraje, porque a francesa nem um pouco disposta a solta-la continuava a mantê-la sob sua guarda numa tentativa de acalma-la.
- O jardineiro vem aqui duas vezes na semana e a governanta uma vez ao mês. - Apaziguou a líder com a expressão intacta.
- Espere, você está me dizendo que desde que chegaram só há vocês nessa propriedade e uns poucos que de vez em quando aparecem? - A expressão sofreu um pouco ao confirmar. - Eles irão ouvir poucas e boas!
- Minha senhora por favor, nós podemos lidar com a casa e preferimos assim. - Suplicou a mais baixa.
- Gostamos de ter somente nós aqui... Sem os brancos podemos desfrutar de uma vida mais tranquila. - A prova estava no fato delas nunca terem fugido mesmo com a guarda mais ridícula que se tinha história cuidando daquele refúgio.
Entendendo o que elas tentavam sem muito sucesso dizer, Zarina com cuidado intercedeu por elas fazendo a duquesa entender seu lado. Sem os outros criados não havia olhares atravessados, insultos a cor de suas peles e elas finalmente experimentavam em suas vidas o sentimento de serem "iguais".
- E enquanto aos homens que vem aqui? Se sentem seguras? - Interrogou Cibelle imaginando a movimentação incessante que uma obra como aquela necessitava.
- São todos bons homens e sabemos cuidar umas das outras. - Um olhar insinuoso da líder delas foi em direção a parte de cima da lareira onde as espadas e as armas que seu pai usava na caça estavam.
- Não tenho dúvidas. - Garantiu Celine esboçando aquele brilho espirituoso que a loira conhecia bem.
Um pigarreio as tirou da conversa e todos se empertigaram a presença do médico na pequena sala de recepção.
- Imagino que seja você a mãe. - Ocultando sua surpresa ao ser o alvo primário da atenção do homem em vez das nobres, Zarina aceitou o gesto respeitoso dele. - O quadro é preocupante, senhora. O menino apresenta desnutrição severa e a perna direita está coberta de lesões. Aparentemente, o repouso que os ossos quebrados dele necessitavam não foi respeitado e isso impediu a cura completa... Sinceramente, é um milagre que nada tenha infeccionado com toda aquela sujeira.
"Não era milagre, e sim as observações curiosas de seu filho as ações das curandeiras." Retrucou Zarina em pensamento sentindo um orgulho ainda maior dele.
- Ele vai ficar bem? - Perguntou Celine dando voz ao olhar angustioso de Vitor.
- O menino ainda corre risco de vida, mas não acredito que isso aconteça. - Um sorriso ligeiro acentuou as rugas dele. - Vocês tem um filho bem forte senhor e senhora Marchand.
Só então Cibelle percebeu que nunca antes havia perguntado o sobrenome daquele mordomo incomum. Todos insistiam tanto em chama-lo pelo primeiro nome que havia sido fácil seguir a corrente.
"Será que eles eram parentes?" Pensou já imaginando diversas teorias em sua cabeça.
- Explico depois. - Sussurrou Celine interpretando os milhares de questionamentos no rosto dela enquanto ocultava um riso observando o peito inflado de Vitor nos vários minutos em que Zarina se manteve ocupada demais para desmentir que não eram casados e muito menos possuíam filhos.
- Com terapia intensiva e um tratamento adequado, diria que ele tem uma taxa de quarenta por cento de recuperação. Mas, ele precisa ser encaminhado para um médico adequado. Eu não disponho de todos os recursos para ajuda-lo e as condições desse ambiente não são favoráveis para uma recuperação saudável. - Divagava ele escrevendo algumas anotações em um caderno. - Porém, no estado em que está a viagem pode ser mais perigosa, então teremos que esperar.
- É o suficiente - Assegurou Zarina confiante na recuperação do filho.
- Quanto tempo até ele ficar melhor? - Lançou uma das criadas ansiosamente.
- Com a administração correta da alimentação que prescreverei e os cuidados paliativos, em alguns dias ele poderá suportar uma pequena viagem. - Continuou rasgando o papel para da-lo a mãe. - Comecem retirando toda a sujeira antes de eu começar a tratar as feridas mais recentes. Dêem roupas e lençóis limpos e façam também uma sopa rala quando o menino acordar... O mais importante agora é mantê-lo hidratado e em absoluto repouso. Amanhã voltarei com os medicamentos que ele necessita.
- Seguiremos suas instruções, doutor. - Afirmou Celine ganhando um sorriso saudoso do homem.
- Foi um prazer revê-la, condessa.
Com as notícias promissoras de Adika e sem muito a fazer, a indignação de Cibelle por aquelas três mulheres mal esperou o médico ir completamente.
- Quero que faça uma lista dos criados que não tem trabalhado. - Mesmo que fosse da predileção delas, aquilo não era motivo para ignorar a situação revoltante. - Enviarei as demissões deles imediatamente.
- Amanhã Cibelle, por enquanto todos precisamos descansar.
As palavras junto ao olhar acentuado da condessa fizeram ela finalmente reparar no estado deplorável em que se encontrava. Desde seu vestido coberto de lama, as botas cheirando a esterco e o penteado arruinado, toda a sua aparência não condizia ao seus status. Até mesmo na francesa o cansaço de duas noites mal dormidas era evidente pelas manchas escuras embaixo do olhos e nos cabelos que parecia não ter visto um pente em dias. E mesmo que a própria não parecesse se importar com isso, não significava que os outros não tivessem reparado no sangue do fazendeiro grudado em cada local.
- Está certa. - Admitiu com um sorriso de pena que fez Celine revirar os olhos evidenciando o óbvio.
- Vou preparar seu banho. - Ofertara Zarina já se levantando da poltrona em que estava.
- Não, irá ficar com seu filho. - Ordenou seriamente.
- E quem irá servi-las? Sou sua criada pessoal.
- Não tenho treinamento, mas posso tentar... - Sugeriu uma das escravas bastante incerta.
- Esqueça, eu preciso de vocês de prontidão para atender a Adika e já estão bem ocupadas com as necessidades da casa.
- Isso não resolve o problema de que ficará sem uma criada. - Rebateu Zarina impaciente.
- Por Deus, acho que consigo me virar sozinha, não sou um bebê! - Exclamou no mesmo tom.
- Podemos nos ajudar... Evidentemente não fui treinada, mas não sou de completa inutilidade. - Interrompeu Celine achando graça naquele interação. As duas pareciam não perceber o quanto haviam se aproximado naqueles míseros dias. - Eu já te mostrei que sei fazer penteados, ajudar com um vestido e várias outras coisas... Posso lhe mostrar como fazer o mesmo comigo.
Sua proposta foi mais do que suficiente para arrancar a atenção da sala inteira.
- Você e eu? Sozinhas?
- Vai me dizer que não percebera? Como só há dois quartos disponíveis teremos que dividi-lo, sua tonta. - Assim que a loira parou de pensar nos outros e somou dois mais dois os olhos arregalaram e a respiração pendeu. - Algum problema, Cibelle?
Aquele rubor adorável ao qual Celine desejava desesperadamente capturar num quadro recebeu seu sorriso provocativo.
- Nenhum. - Negou ela não querendo dar a condessa o prazer de parecer ainda mais desconcertada.
A confiança emitida em Celine pareceu convencer Zarina, que mais satisfeita rapidamente alegou seu desejo de estar com o filho subindo mais uma vez as escadas. Previsívelmente seu amigo não suportou a separação seguindo-a desesperáveis cinco minutos depois.
- Senhora, não podemos permitir. - Novamente uma delas protestou revelando seu incômodo. - Podemos dar um jeito.
- Não foram treinadas para atender uma duquesa ou uma condessa... Me são de maior ajuda estando com Adika. - Negou ela suavemente. - Vocês entendem a dor deles e Zarina precisa de rostos conhecidos nesse momento.
- Lembra-se de nós? - A surpresa era tamanha que até a líder quebrou a posição de durona em que se mantinha.
- Amélia, Hadiya e Anaya. - Listou recebendo um sorriso de cada. - É claro que me lembro de vocês. Teria mandado-as para Herveston Hill se soubesse que "O refúgio" estava em tais condições.
- Qualquer lugar era melhor do que os destinos que nos esperava. - Disse Amélia sentindo os olhos verdes marejarem só com o pensamento de ser obrigada a estar na cama de um homem que não escolhera. - Devemos nossas vidas a você e por isso faremos o que for necessário.
- Falhamos com ela e com o pequeno Adika... Vimos eles serem separados e não fizemos nada! - Cuspiu Hadiya com ira.
- Havia armas apontadas para nós! - Protestou Anaya para a líder.
- Mesmo assim, falhamos com ela! - Retrucou de uma maneira que fez as amigas apenas concordarem reconhecendo. - Ajudaremos eles como pudermos, senhora.
- Agradeço a todas.
Mergulhados na água da banheira seu coração batia de maneiras incontroláveis sobre o peito cada vez que olhava a porta que dava acesso ao quarto... Um quarto que por um número desconhecido de noites dividiria com ela.
"Não esqueça da cama." Zombou uma parte do seu cérebro fazendo ela mergulhar na água para ocultar o gemido frustrante de seu corpo.
Por mais que tentasse acalmar a si mesma com pensamentos de que não faria nada errado, que Cibelle não tinha esse tipo interesse por ela e que só aceitara dormir no mesmo cômodo por ser outra mulher - o que não ameaçava nem por um segundo a honra que ela estimava. - Nada fazia aquele órgão retumbar menos e seu estômago encher-se de uma sensação que nunca vira.
- A covardia não combina com você, sua estúpida. - Sussurrou olhando os dedos já enrugados com o tempo que passara lá dentro.
Uma parte sua queria matar Phillipe por embaralhar seus sentimentos. Bastou umas poucas provocações de seus amigos e todas as ações dela foram a prova. Cada palavra que emitia e cada ação sua era como um medidor que avaliava o quanto estava mexida por ela e quais maneiras - precisamente quantos amantes - precisava para superar aquele sentimento incômodo... No momento suas somas já chegavam em mais homens do que poderia dar conta.
"Aaah pelo amor de Deus! Você já dividiu o quarto com várias mulheres naquele inferno de prostíbulo!" No mesmo instante seus neurônios fizeram uma comparação delas e do sol lhe lançando mais verdades na sua cara.
Mandando para o inferno aquelas batidas esquisitas, Celine saindo da banheira dava os últimos nós no robe quando a maldita figura dela abriu de repente a porta que as separava e o seu coração deu um belo murro de resposta as suas maldições. Novamente seu cérebro travou outra batalha entre a excitação e o arrependimento ao contemplar as escolhas provocantes - feitas para atrair Joseph - causar reações bem primitivas no seu corpo também.
Seu ânimo foi parar no chão quando o exame minucioso sobre a curvatura deliciosa dos seus seios naturalmente subiu encontrando o rosto sério dela.
- O que eu fiz?
Não ajudou em absolutamente nada ela ter começado a dar voltas pelo quarto evitando sua aproximação.
- Precisamos conversar. - No mesmo instante Celine soube o porquê de seus amantes odiarem tanto quando ela dizia essa frase. - Estou há dois dias querendo falar com você sobre isto e não aguento mais adiar.
- Então, diga-me.
- Meu irmão revelou-me que a viu entrando na empresa... Especialmente indo até o escritório do duque.
- Então fora isso que vocês falaram. - Concluiu ela relembrando da conversa que eles tiveram minutos antes de partirem. - Foi por isso que me olhou daquela forma.
"Desde quando era tão difícil assim mascarar minhas reações?" Ralhou consigo mesma percebendo a falsa confiança tremer com o medo do que o sol estaria pensando naquele momento. Se ela decidisse que Celine não era mais digna de confiança, ninguém poderia culpa-la.
"Inferno, nem mesmo eu." Continuou relembrando seu antigo posto de amante.
- Curiosamente meu marido mandou-me uma mensagem mudando sua decisão no mesmo dia em que Ethan a viu. - Continuou ela implacavelmente. - Meu marido não muda de decisão, lady Marchand.
- Onde quer chegar?
- Você o convenceu?
- Convenci.
- O que disse a ele?
Celine queria fechar os olhos e deixar sua covardia entrar, porque a resposta daquela pergunta só aumentaria ainda mais a areia movediça em que se enfiou.
- Que reataria nosso caso. - Poderia dizer milhares de mentiras para evitar aquilo, todas extremamente convincentes. Mas, não considerava justo com alguém que só lhe deu verdades. - Sei o que isso parece, mas acredite em mim quando digo que só fiz isso para engana-lo... Belle, eu não pretendo trai-la.
A sensação de medo deu lugar ao desespero ao ver que ela nem mesmo a olhava enquanto não emitia movimento algum.
- Eu não quero ele!
- Você quer a mim. - Revelou ainda encarando o piso. - Foi até a empresa dele e o enganou por minha causa, não é mesmo? - Ela não precisava de confirmação. - Viajou para um lugar que não queria, apontou armas para um futuro conde enquanto declarava guerra a outro, enfrentou mulheres socialmente mais poderosas que você... Mentiu, amparou, arriscou e embora eu não saiba, posso apostar que fizera ainda mais coisas por mim.
- Cibelle...
- Estou enganada?
A respiração faltava-lhe nos pulmões e suas mãos tremiam quando Celine em um ato impulsivo se aproximou e engoliu as palavras delas com seus lábios. O beijo foi breve, assustado e temeroso como os olhos dela ao afastar o rosto para poder dizer as palavras que queria. Porém, ao encontrar o castanho flamejantes daquele sol sua voz assumiu outro discurso e a verdade neles derrotou sua força de vontade.
" Era como ver a lembrança daquele beijo no piano se repetir. "
- Sente nojo... Eu sei. - Sussurrou vendo o medo, o choque e a incerteza ali de novo. - Vou dormir em outro lugar.
-Celine, olhe para mim. - Exigiu Cibelle, um segundo antes de agarrar seu pulso e beija-la.
Nota: deixo aqui minhas mais complexas e profundas palavras...
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!