Seokjin não saiu da cama por dois dias. O confeiteiro simplesmente não sentia vontade de se levantar e mesmo que lhe doesse quase fisicamente, deixou seus namorados cuidarem dele com todo o amor ao mesmo tempo que seu coração parecia despedaçado com tudo o que tinha acontecido. Tinha perdido o pai para a morte e tinha perdido aquela que chamava de mãe para o passado. Ele não mais sentia que conhecia a si mesmo.
— Eu estou muito preocupado, Joonie — Taehyung falou, suspirando fundo enquanto estava sentado na sala do apartamento do analista. — Ele mal quer comer.
— Também estou — Namjoon disse, buscando a mão do namorado. — Todo mundo está.
Taehyung mordeu o lábio inferior e inclinou a cabeça na direção do ombro do mais alto, deixando-se assim ficar por um tempo, pensando em tudo o que tinha acontecido e em como nunca tinha visto o mais velho daquela maneira; estava definitivamente preocupado.
— Como foi hoje na confeitaria? — o mais novo perguntou, querendo conversar, pois sentia que iria chorar se ficasse pensando no estado namorado. — Jinyoung ainda grita com você?
Era final de ano e a confeitaria não podia ficar sem ninguém, assim, Namjoon estava ajudando Jinyoung, porém o conhecimento de cozinha do mais alto não era o suficiente para produzir nada naquela magnitude, o que fez ele escutar vários gritos do Park.
— Ele me colocou no caixa — explicou o mais alto, sorrindo. — Assim ele faz todos os bolos e doces e eu somente apenas olho conta do dinheiro. Foi um bom acordo.
— Jinyoung deve estar exausto...
— 'Tá sim, mas nenhum momento ele reclamou. Na verdade, ele está muito preocupado com Jin.
— O que devemos fazer, Joonie?
— Não sei, amor.
Os dois ficaram mais um tempo abraçados até não aguentarem tanto tempo longe do namorado, com a preocupação os correndo por dentro. Assim seguiram para o quarto de Namjoon, que naqueles dias não teve as janelas e nem cortinas abertas, pois o mais velho reclamava da claridade.
Seokjin estava enrolado no cobertor, chorando baixo. A cena partiu o coração dos namorados, que com cuidado subiram na cama e o abraçaram, um de cada lado. Eles sentiram uma certa resistência de início, contudo o mais logo se deixou ser cuidado.
— Jinnie... — Taehyung começou suave, deslizando os dedos pelos cabelos do namorado. — Você não pode ficar desse jeito, meu amor...
— E-eu sei... — o mais velho afirmou, expirando com força. — M-mas... não tenho forças... Sei que idiota, mais não consigo.
— Não é idiota, amor — garantiu Namjoon, correndo os dedos no cabelo do namorado. — Sua mãe ligou...
— Ela não é minha mãe — disse o confeiteiro de imediato e de repente percebeu quem Namjoon queria dizer. — Ah, Sook?
— É... Ela está muito aflita, Jinnie.
— Por que... eles nunca me falaram antes? — Seokjin questionou, sentindo as lágrimas voltando aos seus olhos. — Ela sempre foi mesmo a minha mãe. Me sinto tão idiota! Eu deveria ter percebido antes!
— Você não é idiota, meu amor. Como poderia imaginar esse enredo de dorama, hn? — o mais novo comentou, sorrindo para tentar animar o namorado. — Suas respostas estão com ela, Jinnie. Acho que você vai se sentir melhor quando ouvir o que a dona Sook tem para dizer.
— Eu... não sei bem como olhar para ela. Eles estavam traindo a minha... quer dizer... estavam traindo Micha?
— Você não sabe disso, Jinnie. Não julgue tão rápido, okay? — Namjoon aconselhou, beijando a testa do namorado com carinho. — Nem tudo é como a gente pensa, 'tá?
Seokjin murmurou uma resposta positiva, fechando os olhos outra vez, provavelmente pensando em voltar a dormir.
— Amor... Não durma outra vez... Você precisa comer e tomar banho e sair um pouco dessa cama — o Kim mais novo proferiu, beijando o ombro do namorado, distribuindo carícias pelo tronco do mesmo. — Por favor? Não é bom se isolar, Kookie nos falou.
— Todos sabem? — perguntou o mais velho, envergonhado.
— Eles saem que você está triste, mas deixamos para você contar, se quiser — Namjoon garantiu. — É sua história, não nossa, amor.
— Tudo bem. — Seokjin suspirou fundo. — Mas eu não quero sair daqui.
— Banho e eu trago sua comida na cama — Taehyung insistiu. — Ou quer eu vá para o banho com você? Hm? Eu posso fazer a massagem que você gosta.
— Ei, e eu? — reclamou Namjoon.
— Você 'tá bem — disparou o mais velho, brincalhão. — Só eu ganho massagem.
— Que absurdo! Estou terminando esse relacionamento.
— Vai lá — falou o mais novo. — Tchau, tchau.
Namjoon levantou da cama reclamando, mas com um sorriso no rosto. O analista resolveu deixar Taehyung conversando com o mais velho enquanto preparava algo para o confeiteiro comer. Havia algo na relação deles que era mais profundo que às vezes ele não conseguia alcançar, porém não se sentia de fora, somente sabia que também tinham assunto que era a sua vez de tocar a alma de Seokjin, como também tinham os que eram temas somente do mais novo e dele. Se davam bem dessa maneira e em nenhum momento alguém era esquecido.
— Então, banho de banheira? — Taehyung perguntou novamente. — Eu também estou precisando de um banho.
— Sujinho.
— Ei!
Seokjin sorriu e era o que Taehyung queria, pois parecia tirar um peso das suas costas, afinal quando mais velho estava triste, ele ficava igualmente infeliz.
— Tudo bem — disse o mais velho, novamente sorrindo. — Acho que eu preciso me levantar mesmo, né?
O mais novo somente concordou e assim logo se colocou de pé, puxando delicadamente o loiro, que com dificuldade fez o mesmo, sentindo as pernas fracas assim que se levantou; estava definitivamente muito tempo na posição horizontal.
— Ei, eu te seguro — Taehyung garantiu, segurando a mão do namorado com força. — Não irei deixar você cair.
O loiro não pode deixar de lembrar das vezes que fez o mesmo pelo mais novo e assim veio a vontade de chorar, mas ele estava cansado de se sentir daquela maneira, de se sentir pequeno e influenciável, de se sentir não mais pertencente do mundo em que crescera.
— A banheira vai demorar um pouquinho para encher — disse o moreno, sorrindo fracamente. — Por que você não vai tirando a roupa?
— Safado.
Taehyung mostrou a língua, colocando a banheira para ser enchida e depois indo para o lado de Seokjin, ajudando-o com as peças de roupas. Estavam sendo dias ruins para o confeiteiro, mas esperava que ele logo melhorasse, pelo menos um pouco. A realidade é que era um pouco assustador ver aquele que sempre cuidou dele, precisando ser cuidado.
— Obrigado, Tae — falou o loiro, alguns minutos depois.
— Não precisa agradecer, amor.
O mais velho não sabia que não, mas sentia a necessidade de tal coisa; ele sempre agradeceria aos namorados por existirem e estarem ao seu lado, tanto nos bons quanto nos maus momentos. Verdadeiramente, a cada dia que passava, acreditava ter entregue o coração as pessoas certas. Entraria e sairia verões e seria irrevogavelmente apaixonado por Taehyung e Namjoon; nada e nem ninguém lhe diriam ao contrário.
***
Amber estava passando uns dias com a namorada para dar privacidade para os namorados e de certa forma Namjoon agradecia por aquilo, principalmente quando estava enrolado na cozinha, queimando a comida. Definitivamente, somente sabia fazer panquecas.
O moreno estava colocando no prato ovos mexidos quando a campainha do interfone tocou. Namjoon ficou confuso, afinal era tarde e não esperavam ninguém, então quem seria?
Ele então resolveu atender, escutando do porteiro que a senhora Lee Sook estava ali. Namjoon ficou um pouco confuso, mas autorizou a entrada da mulher, afinal o que deveria fazer? Não a deixar entrar? Não parecia correto.
Antes que a campainha fosse tocada, Namjoon abriu a porta, vendo a senhora saindo do elevador, com uma expressão cansada. Ele não sabia ao certo o que fazer, então somente fez uma rápida reverência e tendo o gesto imitado em seguida.
— Eu vim ver Jin — afirmou Sook, mesmo que fosse um pouco óbvio o que ela tinha ido fazer no local. — Ele... está aqui certo?
— Está sim... Jin está no banho. — Namjoon estava desconfortável naquele momento e com medo de falar alguma besteira para a mãe do namorado, contudo era uma situação complicada e ela ainda apareceu no local quando seu filho nem a queria ver. O mais alto esperava que não desse nenhum tipo de confusão. — Não sei se é uma boa ideia a senhora ter vindo aqui.
— Eu preciso falar com ele, Namjoon — disse a mais velha, mordendo o lábio inferior. — Eu preciso explicar tudo... Se ele quiser continuar me odiando depois, tudo bem, mas Jin precisa saber toda a verdade.
— Ele não te odeia, senhora.
Sook abaixou a cabeça e fitou o piso por um momento, não acreditando muito naquilo. Ela sabia que o filho a odiava depois de tudo o que fizera, afinal por que não odiaria? Escondera a verdade dele por tantos anos, sempre dizendo que contaria depois, no outro ano, quando ele estivesse mais velho, porém nunca tinha falado nada, somente ficado calada e deixando que Seokjin crescesse acreditando que aquela era a sua família completa.
— Preciso falar com ele — repetiu a mulher.
Namjoon suspirou fundo e concordou, indicando a sala de estar com a mão — afinal a mulher tinha entrado pela porta da cozinha —, e indo atrás dela em seguida; precisava avisar aos namorados da visita.
— Sinta-se em casa — falou o mais alto, indicando o sofá para a mais velha. — Pode se sentar... Eu já volto.
— Obrigada.
O moreno se adiantou para o seu quarto, agradecendo pelos seus namorados não estarem andando nus ou seminus por ali, pois não seria a primeira vez. O cômodo estava vazio, então bateu de leve na porta do banheiro da sua suíte e escutou algumas risadas vindo do local para depois duas vozes indicarem que ele poderia entrar.
— Amor, vem tomar banho com a gente! — Seokjin falou, animado. — Podemos depois aproveitar que já estamos pelados... Que foi? Que carinha é essa?
O mais alto odiava ter que estragar a animação do namorado, ainda mais depois de tantos dias estando tão triste, mas era inevitável naquela altura.
— Sua mãe está aqui — Namjoon avisou, vendo o sorriso morrer gradativamente nos lábios do loiro. — E ela quer falar com você.
O loiro quis ser infantil naquele momento, dizer que não iria vê-la e pronto, mas que bem faria aquilo para ele ou para a sua mãe? Tinha que encarar logo aquele problema e assim encontrar um jeito de seguir em frente com aquela história, certo?
— Eu... já irei vê-la — disse o mais velho, respirando fundo. — Por mais que eu não queira.
— É o melhor, amor — garantiu Taehyung, abraçando o namorado ainda na grande banheira. — Assim, vocês podem se resolver logo... Você não quer ficar brigado com sua família assim como eu fiquei, né?
O confeiteiro concordou, buscando os lábios do mais novo antes de ficar de pé, espalhando um pouco de água pelo banheiro, mas Namjoon não se importou, somente estendeu a toalha para o namorado, surpreendendo-se ai sentir os dedos do loiro o buscando para também beijá-lo. Era um bom momento para eles, por isso esperavam que desse tudo certo na conversa do mais velho com sua mãe.
— Vou avisar a ela que você já está indo, okay?
E foi isso o que fez, aproveitando em seguida para ir para a cozinha, preparar o prato para Seokjin, afinal ele não comia direito há uns dias.
Quando voltou para a sala, por consciência, Seokjin entrava no local, claramente sem jeito, como se fosse sua primeira vez ali. Namjoon então se adiantou, colocando a bandeja que trazia nas mãos na mesinha de centro, o que chamou atenção de Sook, que ficou em pé assim que viu o filho. O mais alto conseguia perceber a tensão no ar e não gostava daquilo, afinal sabia como o namorado amava a mulher, então torcia para que tudo fosse resolvido de uma vez, pois nenhum dos dois merecia sofrer daquela maneira e também o analista somente queria o bem de todos.
— Amor...
A voz do mais velho era quase uma súplica para o moreno não o deixar ali sozinho, mas ao mesmo tempo sabia que precisava logo enfrentar aquela situação, se não nunca saberia a verdade e viver de suposições negativas não lhe fariam nenhum bem.
— Prometa-me que irá comer — pediu o mais alto, buscando as mãos do namorado e em seguida olhando para Sook. — Faça-o comer, não importa como.
— Pode deixar.
A senhora sorriu e o moreno retribuiu o gesto, em seguida levando as mãos de Seokjin até seus lábios e depositando um beijo em cada palma. O confeiteiro chegou a abrir a boca para pedir para Namjoon ficar ou o tirar dali — as duas alternativas estavam boas —, mas por fim desistiu e concordou com a cabeça. Ele faria o máximo para ser compreensivo.
O mais alto então deixou mãe e filho sozinhos e era exatamente o que Seokjin não queria. Ele achou que estava pronto para aquela conversa, contudo agora via que não, que somente queria sumir e não ter que conversar com a sua mãe, por mais que tivesse a chamado de babá durante toda uma vida.
— Filho...
— Como você sabia que eu estava aqui? — disparou o mais velho, arrependendo-se no mesmo instante do tom agressivo e por isso acabou por sentar no sofá oposto à da mulher, buscando o prato de os mexidos e começando a comê-los. — A senhora pode se servir de qualquer coisa — disse, tentando melhorar sua fala anterior.
— Taehyung... me falou — explicou a mulher, ajeitando o cabelo atrás da orelha. Seokjin percebeu que era a primeira vez que a via de cabelo solto. — Ele... pensou que seria uma boa ideia eu vir aqui conversar com você.
— Tae é sempre muito otimista em relação as coisas.
Seokjin não se entendia, mas ao mesmo tempo não conseguia evitar a maneira rude que estava tratando a mulher; talvez tivesse mais ressentimento do que imaginou que teria quando saiu daquela banheira e resolveu ir ali conversar. Céus! Conseguia sentir a raiva lhe dominando e simplesmente odiava aquele sentimento.
Sook concordou com a cabeça e abaixou o olhar, fitando os próprios joelhos que estavam descobertos pelo vestido se levantar quando ela se sentou. Talvez tivesse sido uma péssima ideia ir ali, contar a verdade ao filho; talvez devesse ter esperado o momento em que ele estivesse pronto.
— Jin, eu vou contar a minha versão da história, pois você tem o direito de saber do que aconteceu.
— Sua versão? — Seokjin perguntou, surpreso. — Tem mais de uma?
— Tenho certeza que a senhora Kim tem a sua própria versão.
O loiro concordou com a cabeça e voltou a comer, assim outra vez evitando de ter que falar algo. Não sabia se conseguiria se manter calmo se precisasse fazer parte daquele relato.
— Conheci o seu pai quando eu tinha quinze e ele dezesseis. Eu vim para Seul atrás de oportunidades e acabei começando a trabalhar para os seus avôs — disse Sook, observando que o filho não a encarava; aquilo doía, mas deveria merecer aquele tratamento. — Tivemos algo breve; foi... uma diversão de adolescentes, alguns beijos e só... Mas viemos de mundos muito diferentes. Eu bem do interior e ele menino rico. — Ela sorriu. — Hm... ficamos mais velhos e ele começou a namorar sua mãe, depois noivou e casou. Os anos passaram, seu irmão nasceu, seus avôs morreram e seu pai assumiu a empresa e eu sempre lá... trabalhando para a família como babá e como empregada.
— Aí ele se cansou da esposa e resolveu pegar a empregada bonita, né? Eu já conheço essa história, é bem clichê. — Seokjin suspirou fundo. — Eu deveria saber.
A moreno fitou o confeiteiro com um olhar triste e concordou com a cabeça. Era clichê sim, mas não significava que tivera sentimentos profundos pelo pai do seu filho.
— É... Talvez... — Sook falou, apertando a bolsa nos dedos. — Eu... A senhora o Kim o traiu — afirmou a mais velha, vendo o filho a olhar surpreso. — Seu pai... ficou desolado e... e... eu o encontrei no jardim, chorando e... Ele estava tão triste e eu o amava tanto. Você foi gerado naquela noite — explicou a mulher, voltando a fitar os joelhos. — Não estou falando que foi justificado ou o que fizemos foi menos errado, mas eu não me arrependo porque você foi fruto daquele erro e pela divindade, não poderia ter sido mais certo, Jin. Você é o meu tudo.
O moreno não conseguiu falar nada, por isso outra vez se escondeu no prato de comida que estava quase vazio.
— Foi só uma noite, eu juro, Jin — Sook afirmou, expirando com força. — E... quando eu percebi que estava grávida, entrei em pânico e fui embora. Deixei minha carta de demissão com uma amiga e só fui...
Aquilo chamou atenção do loiro, que fitou a mais velha novamente surpreso.
— Seu pai... foi atrás de mim, Jin. Eu chorei tanto naquele dia. Eu estava tão apaixonada... — A mulher sorriu, com o olhar fitando a parede, o que fez Seokjin imaginar se ela estava relembrando alguma lembrança bonita. Seria seu pai? Seria o amor que sentia por ele? Seria algum gesto romântico que dividiram? O sorriso no rosto da sua mãe parecia indicar que era algo que Sook nunca esqueceria. — Então, eu voltei. — Ela respirou fundo. — Ele prometeu que iria cuidar de mim e eu pensei que seria se casando comigo, mas não era. Fiquei triste de início, mas depois culpei os hormônios. — Sook novamente sorriu, dessa vez sem humor. — Assim, eu aceitei que a senhora Kim virasse sua mãe no papel enquanto eu poderia continuar cuidado de você.
— Uau... ele te enganou e você ficou. — Seokjin riu sem humor. — Me diga: como uma outra mulher me criar poderia ser melhor do que você, minha própria mãe?
A morena colocou o cabelo atrás da orelha e trouxe a bolsa para o seu colo, escondendo a mágoa em seus olhos para o filho não ver. Ela tinha errado em muita coisa, sabia disso, mas sentia que o confeiteiro não queria conversar, que tudo era demais para ele, contudo terminaria a história.
— Eu não tinha nada, nem um tostão no bolso. O que você queria que eu fizesse? — Sook estalou a língua. — De um lado tinha pobreza e do outro uma mentira, mas você teria a vida que nunca poderia te prover sozinha. Eu não precisei pensar muito para fazer essa escolha, né?
Seokjin largou o prato na bandeja, passando os dedos com força no cabelo, jogando-os para trás.
— A senhora poderia ter entrado na justiça; exigido pensão!
— E você não sabe com eles são, né? Você acha que eles não dariam um jeito de o tirar de mim? — Sook perguntou, ficando de pé me um rompante. — Olha, eu errei muito, muito mesmo, mas não julgue minhas escolhas como mãe. Eu fiz tudo para te proteger e quando você saiu do armário, te aceitei de braços abr-
— Ah, agora vai usar isso contra mim? — interrompeu o loiro, apontando um dedo para a mais velha. — Eu sou gay e você me aceita, então eu tenho que concordar com tudo? — Seokjin agora estava de pé, irritado por estar tendo aquela conversa. Ele só queria dormir, definitivamente não deveria ter saído da cama. — Você é igual a eles!
— Não fale assim comigo!
— E como eu deveria falar?! Te chamar de "mamãe"? — questionou o loiro, sarcasticamente fazendo aspas com os dedos. — Você nunca me contou, merda! Me deixou acreditar que eu era menos amado por algo que eu nunca soube o que era! Sabe o que eu passei todos esses anos vendo Seokjoong sendo o favorito da família? Eu sempre fui a escória e isso tudo faz sentido agora! Eu era o fruto de adultério que ninguém queria!
Kim estava gritando e somente percebeu quando ficou quieto. O olhar na face de Sook o fez se movimentar incerto para frente, mas acabou desistindo e ficando no lugar, vendo a mais velha se virar e seguir para a porta, mas antes parando e fitando o loiro uma última vez.
— Eu fiz tudo por amor.
E, com aquelas palavras, Lee Sook saiu do apartamento, deixando para trás o filho que logo sentiu as pernas falharem, caindo direto no tapete do cômodo enquanto percebia que sua vida tinha perdido o sentindo, pois não tinha uma história.
Sua vida toda tinha sido baseada em uma mentira e não mais sabia o seu lugar no mundo.