CAPÍTULO 93 - Tortura
***Tiago
Eu e meus irmãos nos afastamos para um canto do salão comunal, sob o olhar curioso e repreensivo de muitos fofoqueiros desinformados.
- Não podemos compactuar com esse absurdo! – Alvo disse irritado
- Não mesmo! Papai e mamãe estão sabe-se lá onde por causa dessas mentiras! Não conseguimos passar em um corredor sem ficarem nos olhando ou apontando para nós, tudo isso por culpa... – Lily disse ficando vermelha
- Por culpa do Runey – Alvo disse com raiva
- Ei, vocês dois... Foco! – os dois me encararam – Temos que cooperar com eles
- O que? – os dois me perguntaram com as sobrancelhas erguidas
- Vocês ouviram – falei dando um longo suspiro – Se nós resistirmos só vai fazer eles acreditarem que sabemos de algo
- Mas não sabemos! – Lily choramingou
- Eu sei disso, Lily – segurei a mão dela – Nós temos que tentar enganá-los! Temos que ser o clássico esteriótipo dos três irmãos desesperados! Se resistirmos, podem nos vigiar ainda mais do que já vigiam
- Eles estão nos vigiando?
- Sim! O Almofadinhas estava sendo inteceptado todas às vezes que mandava ele para nossos pais ou para vovó
- Como você sabe? – Alvo perguntou
- Encontrei machucados nele – falei suspirando
- Tiago! Não deixe mais ele voar – Lily disse assustada
- Eu não vou! Não estou enviando mais nada e vocês dois também não devem! É perigoso!
- Estamos isolados! Não podemos mais falar com nossos pais – Alvo falou com os olhos lacrimejando
- Não... Mas... Temos nossos primos... Temos nossos amigos e... Temos uns aos outros – falei tentando tranquilizar eles
- Eu quero minha mãe e meu pai, Ti – Lily falou com a voz embargada
- Eu também – falei com meus olhos lacrimejando – Mas temos que ser fortes! Papai e mamãe iriam querer isso
- Mas... Para onde vamos? Não temos dinheiro, não temos casa, não sabemos onde papai e mamãe estão! – Lily disse chorando
- Bruxinha... – segurei a mão dela – Essa é a menor das nossas preocupações! Temos nossos avós, nossos tios e temos a casa do Largo Grimmauld. Além do mais, meu sogro é rico, eu poderia pedir dinheiro emprestado a ele, não se preocupem com isso
- Estou com medo, Tiago! – Alvo confessou – O que esses caras vão querer de nós?
- Vão fazer perguntas! Muito provavelmente irão nos separar
- Eu não quero ir sozinha – Lily falou segurando minha mão
- Você não vai estar sozinha! Eu e Alvo estaremos pertinho – beijei as mãos dela – Eles vão querer nos deixar instáveis, vão querer que fiquemos com raiva, vão acusar nossos pais, mas nós temos que manter a cabeça fria
- Impossível! – Lily disse nervosa
- Não é impossível! – Alvo disse ficando sério – Temos que concordar com o que eles disserem, temos que nos esquivar das perguntas, diremos o que eles querem ouvir
- Como assim, Alvo? Eles só vão falar mentiras! – Lily quase gritou
- Se a gente resistir, eles só vão perguntar mais e mais – falei e Lily suspirou
- Não quero ir!
- Temos que ir, bruxinha – segurei o rostinho manhoso da minha ruiva – Vai ficar tudo bem, eu prometo
- Estou com medo – ela me abraçou
- Eu também – falei a abraçando de volta e puxando Alvo para se juntar a nós – Eu amo vocês, estaremos juntos nessa! Pra sempre!
- Sempre – os dois disseram em uníssono
- Mas e se... Se usarem alguma poção na gente? – Lily perguntou, esse também é o meu medo
- Com isso eu posso ajudar – a voz de Andy nas minhas costas me fez virar
- Como? – soltei meus irmãos e olhei para ela, com os olhinhos inchados de choro e o semblante triste
- Com isso – ela abriu a mão e mostrou três sementes pretas – Ana roubou do escritório da mãe dela, que é medi-bruxa. Disse que eles inibem o efeito de qualquer poção que te force a fazer algo
- Sério? – Lily perguntou animada
- Sim! – minha morena deu um sorriso – Peguem logo, o professor Malfoy está chamando vocês – olhei para onde Malfoy está parado, conversando com os outros – Sinto muito por tudo isso que está acontecendo – Andy disse me abraçando meus irmãos
- Obrigado, meu bem – falei beijando o pescoço dela – Eu te amo muito, sabia? – ela deu um lindo sorriso
- Sabia – ela me beijou – Boa sorte!
- Obrigada, Andy – Lily disse – Vamos – minha irmã soou muito mais confiante
- Vamos – eu e Alvo respondemos
O caminho até a diretoria foi extremamente desconfortável, por onde passamos sentimos os olhares em nossa direção, tudo bem que ser um Potter já nos fazia receber esses olhares, mas hoje estava sendo nauseante.
- Quanto tempo será que dura? – Lily perguntou quando paramos em frente a porta da diretoria, com nossas pedrinhas nas mãos, Malfoy entrou na frente para falar com Neville
- Não sei, mas espero que o suficiente – Alvo disse pegando uma e colocando na boca
Repeti o ato, sentindo o gosto amargo da pequena semente que Andy nos deu.
- Venham, entrem – Malfoy disse abrindo a porta – Boa sorte!
- Obrigado! – falamos em uníssono – Com licença, diretor
- Podem entrar – Neville disse
Dois homens muito mal encarados no olharam, com uma cara nada amigável. Senti Lily agarrar minha mão e retribui o aperto.
- O professor Malfoy nos avisou que queria nos ver, o que aconteceu?
- Não se façam de cínicos... – um loiro com os cabelos sebosos jogados para trás em um topete cafona falou
- Yaxley... – Neville o interrompeu – Você pode ser uma figura de autoridade no Ministério, mas aqui não, não vou deixar você falar assim com os meus alunos
- E vai fazer o que, Longbottom? – um outro, dessa vez moreno, falou tirando a varinha do bolso
- Já chega, Leroy e Yaxley! Longbottom está certo... – um cara que até então eu não tinha notado, porque estava estrategicamente sentado em uma cadeira no canto da sala, próximo a porta, com cabelos pretos na altura do queixo, olhos escuros e sombrios – Então senhores e senhorita Potter, creio que vocês já devem saber sobre a fatalidade que aconteceu na noite passada, envolvendo o Ministro da Magia e o pai de vocês, Harry Potter
- Sim, senhor – Alvo respondeu com sarcasmo
- Muito bem.... – ele nos olhou de cima a baixo – Queiram se sentar, essa conversa pode ser mais longa do que esperam
- Estamos bem assim – falei erguendo o queixo
- Tem certeza? – assentimos – Ótimo... Longbottom, pode nos deixar a sós?
- Creio que não é uma boa ideia, eles são de menor e ao tenho autorização dos pais... – Neville retrucou
- Um deles não é mais de menor – o loiro nojento disse me encarando
- Mas isso não vem ao caso, Montgomery ... – Neville até tentou, mas o cara nem olhou para ele
- Você deve ser o mais velho, Tiago Potter, não é? – ele me encarou
Ao olhar nos olhos do nojento, tive a impressão de conhecê-lo de algum lugar e... Esse nome não me é estranho, não mesmo.
- Sim – respondi
- Vejamos, então... Como o diretor fez questão de ressaltar, posso conversar apenas com você, porque seus irmãos ainda são de menor – ele deu um sorriso estranho – Leroy, Yaxley, acompanhem o senhor Longbottom e os dois Potter até lá fora, e não entrem até que eu diga que podem
- Não vou deixar...
- Tudo bem, Neville – o interrompi
Os três já estão perdendo a paciência, se Neville continuar a insistir, vai ser pior.
- Não vamos deixar você sozinho – Lily disse fazendo biquinho
- Eu vou ficar bem, agora esperem lá fora – mandei
- Tiago... – Alvo falou parecendo estar nervoso
- Vão logo – falei apontando para a porta e me soltando do aperto da mão de Lily
Os três saíram da sala escoltados pelo outros dois supostos guardas, nunca os vi trabalhando com meu pai no setor dos aurores.
- Muito bem, senhor Potter, agora sim podemos te ruma conversa de homem para homem – ele deu um sorriso, mas eu trinquei a mandíbula – Ora, não precisa ficar tão nervoso
Ele abriu a maleta e serviu duas doses de Whisky de fogo.
- Aceita?
- Não, obrigado
- Ora, não faça essa desfeita comigo – ele empurrou o copo na minha mão – Beba!
Virei o líquido dentro do copo, sentindo a bebida queimar na minha gargante de uma forma diferente, já bebi várias marcas de whisky de fogo pra saber que esse tá adulterado, assim como Andy esperava.
- Agora podemos conversar... – ele balançou o copo de whisky na mão, me encarando – Imagino que saiba o que está acontecendo não é?
- Só sei o que apareceu no jornal
- E o que acha sobre isso?
- Como assim "o que eu acho?", não tem o que achar, se os indícios apontam para o que dizem no jornal...
- Então quer dizer que acredita que seu pai realmente matou o Ministro?
- Não tenho como afirmar nada, faz tempo que não falo com meu pai, ele não andava muito bem nos últimos tempos – faleis sentindo minha garganta queimar como se estivesse em brasa, deve ser porque eu estou mentindo
- Está mentindo – ele falou baixinho
- O que? – perguntei
- Você está mentindo, senhor Potter
- Não estou – falei firme
- Então como explica isso? – ele jogou cerca de cinco envelopes amassados
- Você estava apreendendo minha correspondência? Por isso meu pai disse que não estava recebendo minhas cartas? – falei com raiva, sem nem pensar
- Então admite que estava se correspondendo com seu pai?
- Sim! Mas como falei antes e você acabou de confirmar mostrando essas cartas, faz tempo que não falo com ele, porque pelo visto, ele não tem recebido as minhas cartas – peguei os envelopes que ele descartou sobre a mesa
- A última carta foi do mês passado – ele pegou mais uma, que estava escondida no paletó dele
- O Ministério não pode fazer isso, é violação de correspondência, é crime! – levantei a voz
- Sabe o que mais é crime? – ele semicerrou os olhos, mas eu não me intimidei – O que eu vou fazer se você não abrir essa boca – levei a mão até minha varinha
Senti duas figuras grandes se projetarem atrás de mim, ele trouxe mais homens, estavam escondidos! Droga!
- Não pense que eu sou bobo, senhor Potter! Segurem-no – murmurei um feitiço antes de um deles me atacar, mas foi em vão, são três contra um
Eles me desarmaram, parti pra cima, consegui acertar dois socos antes de um deles me acertar com um dos artefatos da mesa de Neville. Minha visão ficou turva na hora, meu corpo colidiu com o chão e senti chutes por todo meu corpo.
- Já chega... – o nojento do Montgomerry disse – Levantem-no
- Me larga... – gritei quando eles me imobilizaram, cada um segurando um dos meus braços
- Diga onde estão os seus pais!
- Eu não sei – falei com raiva
- Chega de mentiras, Potter! Conte-me, agora – ele falou ficando vermelho
- Já falei que não sei! Você interceptou todas as minhas cartas, ele não me disse onde está
- Se não vai dizer por bem... – ele me acertou mais um chute no estômago e um filete de sangue escorreu pela minha boca
Senti o ar me faltar por um segundo e depois o puxei de volta com força, meu estômago se revirou e meu sangue ferveu de ódio.
- Cruccio
Mal tive tempo de recuperar o fôlego, quando o feitiço me atingiu em cheio, fazendo minha pele inteira queimar e pinicar de tanta dor. Quando ele parou eu respirei ofegante, sentindo o suor escorrendo pelo meu rosto.
- Tragam a menina... – ele disse com raiva
- O que... ? – falei quase sem ar
- Mas, chefe... O Longbottom está aí fora
- Mate-o se precisar, mas traga a menina! Quero ver se esse moleque não vai abrir a boca
Um cara peludo e alto, um dos que me seguram, seguiu em direção a porta.
- NÃO! – gritei – Eu falo! Eu falo, mas por favor, não toque neles
- Muito bem, senhor Potter, parece que agora estamos nos entendendo – ele sorriu, parecendo satisfeito – Coloquem-no na cadeira
Os dois brutamontes me ergueram do chão e me largaram na cadeira que eu estava antes.
- Abra o bico! – ele disse me entregando um lenço para eu limpar o sangue
- Tem uma casa... Era da minha tia avó, o nome é Chalé das Conchas, fica em uma praia, eles sempre nos levavam para lá durante as férias de verão – menti
O Chalé das Conchas era do meu tio Gui e da minha tia Fleur, mas eles se mudaram há muitos anos e deixaram a casa. Com o tempo uma tempestade derrubou metade da casa, deixando-a inabitável. Mas em tempos como esses não tenho certeza se a casa está vazia... Se tiver alguém lá... Senti meu estômago se revirar com a possibilidade
- Se você estiver mentindo... – voltei ao presente quando a voz asquerosa dele cortou o ambiente
- Eu não estou! Você me deu veritaserum, sabe que não estou mentindo – retruquei – Não menti nenhuma vez até agora. O chalé é registrado no nome do meu tio, você vai achar facilmente
- Muito bem, garoto... por hoje você pode ir, mas se não encontrarmos esse tal Chalé, voltaremos e... Não seremos tão bonzinhos... – ele me lançou um olhar maldoso – Devolvam a varinha dele
Um dos brutamontes empurrou a varinha na minha mão. Me levantei com um pouco de dificuldade e segui até a porta me preparando para fingir que estou bem.
- Tiago – Lily se jogou nos meus braços assim que abri a porta
- Oi ruiva... – falei tentando conter o gemido de dor
- O que fizeram com você? Está suado! – Alvo disse me encarando
- Vamos para a Torre – pedi quando senti o olhar dos outros dois nojentos sobre mim
- Você está bem, Tiago? – Neville perguntou sério, como eu nunca vi antes
- Estou
- Não se preocupe, isso não vai mais se repetir, eles não vão mais entrar na minha escola, agora voltem para torre
- Pode deixar!
Seguimos em passos rápidos, enquanto eu conto para eles sobre a mentira que contei.
- Não tem ninguém lá, não é?
- Não sei! – Alvo disse nervoso – Pode ser que alguém tenha usado para... Para se esconder
- Por Merlim... – falei nervoso
- Por que você disse isso?
- Ele ameaçou pegar você e a Lily – falei com raiva e Alvo me encarou com as sobrancelhas erguidas - Precisamos falar com Andy
Apressei o passo, mesmo que isso faço todas as minhas articulações e músculos doerem ainda mais.
- Graças à Merlim! – Andy disse correndo para me abraçar assim que passei pelo buraco do retrato, assim como todos os outros, que se ergueram nos olhando nervosamente – Você está bem? Tá inteiro? Te machucaram?
- Não me machucaram – menti sob o olhar inquisitivo da minha namorada e do meu irmão – Precisamos de ajuda
- O que foi? – ela perguntou apreensiva
- Precisamos que você descubra se tem alguém no Chalé das Conchas
- Onde fica isso? Tiago, eu não posso descobrir uma coisa assim do nada.... – ela disse nervosa
- Então... – mordi o lábio – Já sei! Entra na mente do meu avô e pergunta a ele se tem alguém lá, se ele perguntar diz que uns caras do Ministério nos interrogaram e eu precisei mentir
-Eu... Eu vou tentar – dei um sorriso a incentivando
***Andy
Fechei meus olhos tentando me concentrar com todas as forças no avô de Tiago, idoso, cabelos brancos com poucos fios ruivos, olhos azuis, alto, magro... Idoso... Ruivo...
"Senhor Weasley!"
"O que foi isso?" – a voz dele soou nervosa
"Sou eu, Andy Tonks"
"O que? Andy Tonks? Onde você está?"
"Estou falando na sua mente, senhor..." – falei rápido, sentindo a conexão falhar – "Senhor... Preciso que me diga se tem alguém no Chalé das Conchas"
"No Chalé das Conchas? Não! Acredito que não, quer dizer, foi destruído há muito tempo, por quê, querida?"
"Uns homens do Ministério entrevistaram Tiago e ele precisou mentir..."
"Por Merlim! Como ele está? Meu neto está bem?"
" Sim, ele está... Por mais que pareça machucado" – não refreei os últimos pensamentos
"Machucado? Machucaram o meu neto?"
" Senhor, em hipótese alguma vá até o Chalé das Conchas!"
"Estou indo para Hogwarts! Agora!..."
A voz do idoso foi ficando cada vez mais longe, até sumir...
- Andy... Andy... Amor, tá tudo bem? – Tiago perguntou me chacoalhando
- Eu...Eu... – falei atordoada, sem conseguir pensar em nada coerente, sentindo minha mente girar
- Andy! O que você fez? – Manu perguntou me segurando pelos ombros
- Conseguiu falar com ele? – Tiago perguntou
- Consegui... – falei sentindo meu corpo mole, senti alguma coisa quente escorrer do meu nariz – Acho que...Que vou...
Não consegui segurar, vomitei no meio do salão comunal, antes de perder completamente os sentidos.
***Tiago
- Andy... – falei nervoso com o desmaio dela, tirei meu casaco e usei para limpar o vômito dela, que está sobre a roupa – O que houve com ela, Manuela?
- Com quem ela estava falando? – Manu perguntou tentando reanimar a irmã, limpando o filete de sangue que escorreu do nariz dela
- Com meu avô – fale tirando Andy do meio do vômito, enquanto Rose murmura um feitiço para limpar tudo, mais uma vez hoje, senti todos os olhares do salão comunal sobre nós
- SEU AVÔ? EM DEVON? – assenti e os olhos de Manu quase pularam do rosto – Tá doido, Potter? Nosso poder tem limites, sabia? Ela não pode falar com alguém que está tão longe!
- Eu não sabia... – falei me sentindo culpado – O que vai acontecer agora?
- Vamos deixá-la descansar, a mente se esforçou muito em pouco tempo
- Tudo bem... – suspirei – Vou levar ela pra dentro
Subi as escadas do dormitório feminino com Andy nos braços, entrei na bolsa dela com um pouco de dificuldade, sentindo todo meu corpo doer e implorar para que eu pare.
Troquei a roupa suja de Andy, colocando um pijama quentinho nela, até finalmente poder entrar na banheira dela e tomar banho. Observei todos os hematomas roxos espalhados pelo meu abdômen, aquele desgraçado! Respirei fundo para não ficar louco com tanta coisa acontecendo.
Saí da banheira com a toalha enrolada na cintura e fui até a sala de poções de Andy, procurar algo que melhore esses roxos e alguma coisa que me faça dormir o resto do dia. O barulho da porta do quarto de Andy me fez suspirar, não quero deixá-la preocupada, já não basta ter feito ela passar mal pra consertar um erro meu.
- Ti? – a voz dela soou por toda sala de poções, fazendo todo meu corpo se arrepiar
- Oi... – falei sem virar de frente para ela
- O que está procurando?
- Alguma coisa que me faça dormir – falei suspirando
- O que foi isso nas suas costas? – ela perguntou assustada quando se aproximou – Tiago, fica de frente para mim – ela pediu com a voz séria
Virei-me de frente para ela, sentindo os olhos azuis me examinarem por completo, aproveitei para admirar um pouquinho cada traço do rosto lindo dela, ainda úmido pela recém lavagem.
- Por Merlim, Tiago! O que foi isso? – ela me olhou horrorizada, tocando os hematomas com a pontinha dos dedos
- Justamente isso que eu quero saber – a voz do meu irmão cortou o ambiente, olhei para o vão da passagem, encarando Alvo
- Eles me bateram – confessei sentando em uma cadeira
- "Eles" ? Mas só tinha um homem na sala – Alvo falou com as sobrancelhas erguidas
- Não! Tinham mais dois escondidos, dois brutamontes, me seguraram e me bateram! – falei dando um suspiro cansado
- E... ? – Andy insistiu, segurando meu rosto e me obrigando a encarar ela
- Depois maldição cruciatos – Andy mordeu o lábio, com os olhos lacrimejando – Eles ameaçaram pegar a Lily e você... Eu... Eu não podia deixar... Por isso menti
- Ah, Ti... – Andy me abraçou enquanto eu encarei o meu irmão, ele está encarando o chão, sem falar nada
- Tudo bem, Andy – falei quando senti ela soluçar – Nem tá doendo mais...
- Tiago, não precisa se fazer de durão o tempo todo – ela reclamou enxugando as lágrimas que escorreram
- Não estou me fazendo de durão – me defendi e ela e Alvo me olharam com deboche
- Eu... Eu vou prepara uma poção para ajudar nesses machucados, vocês precisam conversar – Andy nos colocou para fora da sala de poções, fechou a passagem fazendo-a voltar a ser uma estante de livros
- Não ia me contar? – Alvo perguntou cruzando os braços
- Não sei... Não queria que você se sentisse culpado – suspirei
- Não funcionou – ele disse e eu suspirei
- Eu só quero que esse bendito ano acabe, mal aguento esperar por essa formatura – suspirei – Eu só te peço uma coisa, Alvo. Não saia dessa torre, por favor. Sei que Neville disse que não vai mais deixá-los entrar, mas eu acredito que eles tenham mais contatos aqui, não podemos arriscar
- Eu não vou sair, nem Lily, ficaremos com você, aqui!
- Aqui? – apontei para o apartamento
- Sim! Ficaremos os três aqui passando o tempo, muito melhor do que ficar lá fora. Toda vez que vejo os olhares de pena, os olhares de nojo, raiva... Isso me deixa ainda mais triste, ficar aqui com vocês vai ser melhor
- Concordo – Andy disse saindo da sala de poções com um cálice fumegante enorme e uma pasta nojenta em um potinho – Vai vestir uma cueca
- Pra que? – ergui as sobrancelhas e Andy girou os olhos
- Vocês são tão desnecessários – Alvo disse fazendo careta de nojo – Vou buscar umas roupas e buscar Lily, os próximos três dias serão bem...
- Divertidos! – Andy falou animada – Eu tenho muitos filmes
- Ótimo – Alvo disse terminando de subir as escadas – Até daqui a pouco e... Por favor, estejam vestidos
- Pode deixar... – falei rindo, mas doeu então parei de rir
Andy me deu a poção para beber, depois começou a passar a pasta ao longo dos meus machucados
- Ferula – ela murmurou com a varinha apontada para as partes com a pasta e bandagens envolveram algumas áreas do meu corpo
- Você é a melhor! – falei e ela me beijou
- Eu sei