— Eu não acredito nisso! Esse deve ser o pior bordado que eu já vi! E eu estou há anos nessa profissão.
Fazia uma semana que ela havia entrado no palácio Botão de Rosas, e as aulas com a Baronesa Leia na se provaram muito promissoras. A baronesa era uma professora rigorosa, mas as aulas não eram muito produtivas uma vez que Angelina não estava exatamente animada em aprender bordado ou regras de etiqueta, não que ela tivesse muito escolha.
— Você não sabe fazer bordado, não consegue tocar qualquer instrumento, sua etiqueta é questionável até na maneira de andar. Bem, pelo menos sua caligrafia é impecável, tenho que admitir isso. Mas não é o suficiente para ser uma dama na alta sociedade, como o barão ia deixar você casar assim?
Angelina fez uma careta.
— Bem, não é como se eu tivesse precisado disso antes... — Já que não sou nobre, ela quis completar.
Mas Leila pareceu fazer sua própria interpretação.
— Não, não, não! Não me venha com essa de "porque sou filha de nobreza baixa não preciso me esforçar", é exatamente por ser filha de uma nobreza baixa que você precisa se esforçar! Esse é um mundo patriarcal onde seu conhecimento e habilidades são as únicas coisas que irão te separar do resto! Você sabe como eu cheguei até aqui?
Sim, ela quis responder, eu sei porque você já repetiu sua história de vida um milhão de vezes. Mas ela decidiu não se pronunciar, quanto menos falasse, menos sermões escutaria. Isso foi algo que ela descobriu na prática.
— Eu era apenas uma empregada qualquer, mas devido a minhas habilidades, eu fui promovida e promovida até ser dada a missão de ajudar a dama de companhia do Príncipe Francisco! Depois fui dada a missão de cuidar dos Príncipes Felipe e Claude, e o fiz tão bem que ganhei o cargo de baronesa! Tudo pelo meu próprio esforço!
Angelina, que queria mudar de assunto, se deixou levar pela curiosidade e perguntou.
— Você cuidou mesmo do Príncipe Claude? Como ele era?
A baronesa fez um barulho de indignação.
— Não, nem pensar! Já estou farta de tantas jovens damas me perguntando sobre os príncipes, se quiser cortejar um deles faça isso sem minha ajuda, dar informações sobre os príncipes seria o mesmo que trair a coroa!
Ela se arrependeu da pergunta.
— Não é isso... Eu só... Ele me ajudou, pensei que poderia dar um presente para ele ou algo assim, é só isso!
Leila então fez uma expressão que demonstrava pena, todos sabiam a história da menina que encontrou o noivo assassinado. Mas tal pena não durou muito.
— Oh, querida....Se quer fazer algo para alguém faça por si mesma, pois você não sai desse quarto até ser a mais refinada dama possível! Vamos voltar com etiqueta básica, seus hábitos enquanto come ainda são extremamente fora dos padrões e depois eu quero que você estude sobre os 3 países que fazem fronteira com o nosso, e então...
No fim, Angelina acabou sentada em um local remoto do Jardim Real, escondida por um arbusto. A Baronesa Leila estava longe se ser uma má pessoa, mas suas aulas de etiqueta eram a coisa mais próxima de tortura que ela já vivenciou, seus dedos estavam feridos de tantas vezes ela já os havia furado com a agulha e suas pernas doíam só de lembrar o tanto de vezes que ela andou de um lado para o outro do seu aposento. Pelo menos você tem um belo porte. Dissera ela, sem maiores elogios.
Ela estava contando quantas flores diferentes tinha em sua volta quando avistou o Príncipe Claude. Talvez, se ela ficasse imóvel, ele acharia que ela é uma estátua em meio aos arbustos e não a notaria. Claro que isso não deu certo, uma vez que ele acenou para ela e foi em sua direção.
— Bom dia senhorita, me permite perguntar o que está fazendo nesse lugar uma hora dessas?
— Ah, você sabe — disse ela gesticulando com as mãos. — Aproveitando o dia.
— Por acaso não estaria se escondendo de mim não é?
— Por que eu gastaria meu tempo me escondendo de você quando eu tenho problemas maiores que me torturam diariamente?
Ele inclinou a cabeça, como se tivesse encontrado uma resposta.
— Oh. Então você está fugindo da Baronesa Leila.
Ela cruzou os braços. — Fugir é uma palavra muito forte, eu diria evitar. O máximo possível.
— Consigo entender, também estou fugindo do Duque Tairem.
Angelina arqueou a sobrancelha. — Do fantasma dele?
— Não, meu irmão herdou o título, não ficou sabendo? E desde que ele chegou, não me deixa descansar, só papelada atrás de papelada.
— O príncipe fugindo de suas responsabilidades? Que escândalo.
— Não muito diferente de você.
— Se você tivesse que andar de um lado pro outro com livros na cabeça enquanto escuta sermão em quarto fechado você não estaria me julgando.
— Ah, Leila não mudou nada, ela já te contou a história de vida e superação dela?
— Pelo menos umas mil vezes, ela ficou mais rígida com o tempo ou...? — Angelina ponderou.
— Não, ela sempre foi assim, lembro que foi um choque pra mim e pro meu irmão, já que nossa primeira babá era bem calma e gentil.
— Você teve duas babás, como esperado de um príncipe!
O príncipe franziu os olhos.
— Bom, é que a primeira faleceu, então...
— Oh...
Angelina se arrependeu de toda a conversa. Ela definitivamente não sabia o que fazer nesses momentos constrangedores. Ela deveria falar alguma coisa ou...? O príncipe continuava a encará-la, como se quisesse descobrir alguma coisa dela. Eles ficaram em silêncio até ele parecer chegar à conclusão do que estava pensando.
— Já que estamos os dois fugindo, por que não fugimos juntos? Eu estava pensando em visitar o centro, que vir comigo?
Sair da segurança do palácio para as ruas da cidade com o único cara que sabe do seu crime. Mau sinal. Mau sinal. Mau sinal.
— Obrigada, mas me sinto mais confortável aqui no jardim — Angelina retrucou, batendo de leve na grama ao redor para provar seu ponto.
A boca de Claude se curvou em um sorriso.
— Você realmente acha que ela não vai te encontrar aqui? Só pra deixar claro, esse era meu esconderijo quando eu era pequeno.
Ele então estendeu sua mão para Angelina, que hesitou e então se levantou sozinha, começando a caminhar sem esperar para ver se Claude estava ao seu lado.
— A cocheira é para o outro lado. — Ele comentou.
— Eu sei disso — Disse Angelina se virando.
Ela não deveria estar surpresa, mas a carruagem que o Príncipe havia escolhido era simplesmente enorme, praticamente uma casa.
— Você não pode escolher algum um pouco mais chamativo não? — Ironizou ela.
— Eu acho essa carruagem bem normal.
— Ela é grande demais — Ela apontou.
— Talvez as outras sejam pequenas demais.
Ele estendeu a mão para ajudá-la a subir, que foi prontamente ignorada enquanto ela subia sozinha.
— Talvez você seja alguém que goste de chamar atenção.
— Eu sou um príncipe — Disse ele enquanto se sentava na poltrona da frente. — Chamar atenção está na nossa linguagem sanguínea.
Ele deu uma piscadinha que a fez revirar os olhos.
A vida toda ela só esteve em uma carruagem, e tinha que admitir que a que ela estava no momento era bem mais confortável que a do barão. Tendo a noite do baile sido algo que a deixou ansiosa, ela não tinha percebido o quão relaxante era sentir os movimentos da carruagem ou observar a paisagem correndo ao redor.
Tendo o príncipe se mantido em silêncio e não falado nada para irritá-la, eles não demoraram para chegar ao centro da cidade. Era um lugar extremamente movimentado, com belas construções e barracas vendendo os mais variados produtos. Angelina, que tinha vivido apenas nas zonas mais pobres da cidade, ficou deslumbrada. Quando desceram, ele estendeu a mão, mas ela simplesmente pulou para chão.
Ele então estendeu o braço para ela segurar.
— Isso é mesmo necessário?
— Eu não correria o risco de você se perder.
Contrariada, ela segurou nele.
Andaram pelas ruas na cidade, passando por algumas roupas que provavelmente seriam mais caras que a casa onde Angelina morava quando pequena. Uma loja que vendia joias e assegurava que cada peça era única em todo o reino, e outra vendia chapéus tão feios e escandalosos que ela se perguntou se era algum tipo de brincadeira usá-los. Havia uma loja que permitia seus clientes fazerem seu próprio pote artesanal, mas Angelina sabia de suas próprias habilidades artísticas então passou direto.
Eles pararam perto de um pequeno palco, onde dois jovens contavam piadas.
— Estou tão sem grana que até a minha última conversa foi fiada! — disse o primeiro homem.
— Se eu soubesse que você era tão pobre, nem teria me casado com você! — o segundo respondeu, com uma forçadamente fina e mãos na cintura, como se quisesse imitar uma mulher.
— Mas não foi por falta de aviso. Eu sempre te disse que você é tudo o que eu tenho!
Angelina botou a mão na boca e começou a rir, um riso que se juntou à sonora gargalhada da multidão ao seu redor. Ao seu lado, Claude a encarava com uma expressão de desgosto.
— Sério isso?
— Que foi? Humor plebeu é muito pro seu nível?
Ele simplesmente revirou os olhos. Ela ia responder ao quando um casal passou por ela chamando sua atenção. Eles comiam uma coisa estranha, parecia uma nuvem colorida presa em um palito.
— O que é aquilo? — Ela apontou para o casal, e podia quase escutar a voz de Leila reclamando que era falta de educação.
— Algodão doce? Você quer um pouco?
Angelina se sentiu confusa.
— Algodão doce? Por que alguém iria querer colocar algodão em um doce?
Claude a olhou, perplexo, e então começou a rir, tampando a boca. Angelina sentiu as orelhas ficarem vermelhas.
— O que foi? O que eu falei?
—Você nunca comeu algodão doce? — Ele recuperava o ar. — Espera um pouco.
Ele então saiu de perto dela e voltou com um palito com o suposto doce, oferecendo para ela.
— Vai, pode provar.
Desconfiada, ela pegou um pedaço da nuvem e colocou na boca. Ela sentiu apenas alegria e deleite, abrindo um sorriso.
— Tem um gosto docinho e derrete na boca, é tão bom.
Ela colocou mais alguns pedaços na boca, até perceber que Claude a estava encarando
— O quê?
— Alguém já te disse que você faz uma cara muito fofinha quando come?
Ela fechou sua expressão.
— Não existe nada melhor nessa vida do que comer.
— Fico feliz que tenha gostado. Eu compraria mais, porém tem um restaurante aqui perto que eu quero ir.
— Você vai pagar, certo? Eu não tenho dinheiro.
— Não trouxe sua mesada?
— Mesada?
— Sim, você recebe mesada do barão, não é?
Ela riu pelo nariz e começou a andar em direção a uma das barracas que vendiam pequenas estátuas de cerâmica.
— Eu tenho sorte dele ter me mandado os vestidos velhos da filha dele.
Ela encarou um pequeno gato de cerâmica que lhe lembrava mia-miau, o gato que morava perto de sua casa quando ela tinha 7 anos. Ela nunca foi muito criativa com nomes.
— Você quer esse gato? — perguntou Claude ao seu lado.
Angelina respondeu sem se virar.
— Não tenho dinheiro.
Ele então segurou sua mão e, antes que ela pudesse retrair, depositou um bolsa cujo peso só podia significar que havia dinheiro dentro.
— Eu não preciso da pena ou caridade de ninguém — ela respondeu impassível.
— Considere isso um empréstimo, você pode me pagar trabalhando pra mim. Ou, se não conseguir, pode sempre usar o seu corpo como pagamento.
— Eu cortaria fora o seu monumento real com uma adaga se fizer uma coisa dessas, Vossa Alteza.
Ela tentou devolver a bolsa, mas Claude simplesmente levantou as mãos para o alto.
— Calma, foi uma piada. Considera isso um pagamento pelo favor que você me fez, ok? Compre o que quiser com isso, você não me deve nada.
Angelina analisou suas opções, e incluíam um abrangente de matar o príncipe ou chutar suas partes baixas, mas percebeu que se ela quisesse em algum ponto fugir, ia precisar de dinheiro. E a nobreza era podre de rica de qualquer forma. Mesmo se ela roubasse dinheiro suficiente para comprar todas joias do país, ainda sim nem faria cócegas no bolso real.
Ela comprou o gato de cerâmica.
— Tudo bem, eu vou aceitar. Mas você que vai pagar o jantar, já que você quem está me convidando.
— Combinado.
Dentro do restaurante, Angelina se sentiu uma analfabeta, não conseguindo entender absolutamente nada do que estava escrito no menu. Claude parecia estar se divertindo com sua confusão.
— Quer que eu peça pra você?
Derrotada por um papel, ela assentiu e lhe deu o cardápio. Claude chamou o garçom e fez o pedido com nomes estranhos, enquanto ela aproveitou para comer a entrada. Claude então apoiou o queixo na mão.
— Você tem algum fundo na sua barriga?
— Não é falta de educação botar o cotovelo na mesa? — ela repreendeu.
— Pensei que você não sabia etiqueta
— Talvez eu saiba mais do que você acha.
Ele moveu o cotovelo para o próprio colo.
— Senhorita, que tal fazermos um jogo? — propôs o príncipe.
Ela colocou outro pedaço na boca
— Um jogo? — indagou Angelina.
— Sim, eu faço uma pergunta e você responde honestamente, e então vice-versa.
— E pra quê eu iria querer fazer isso?
— Pra gente se conhecer melhor — Para eu saber quais são suas intenções.
Ela parou, analisando o pão como se fosse a coisa mais interessante do mundo, e então respondeu.
— Tudo bem, mas eu começo.
— Justo.
— Por que me salvou naquele dia?
Claude deu de ombros enquanto coçou o nariz.
— Porque sou uma alma generosa?
Angelina o encarou
— Certo, certo. Não é realmente nada demais, eu só não achava que uma pessoa tão jovem morrer por uma coisa daquelas fosse justo.
— Eu matei uma pessoa — ela lembrou.
— Não é o primeiro assassinato que aconteceu no castelo e não será o último, você não é especial — ele retrucou
— Então o que foi isso? Caridade?
— Eu sou uma ótima pessoa... E eu não gosto de ficar em dívida com ninguém. Matar o duque me foi benéfico, logo te deixei viver.
Por algum motivo, aquela resposta a irritava.
— Então minha sobrevivência não foi mais que um capricho seu?
Ele lentamente pegou o pedaço que Angelina estava segurando e comeu.
— Exatamente, minha vez? Por que você foi adotada pelo barão?
Essa pergunta a pegou de surpresa, ela tentou achar algum motivo para mentir para o príncipe, e quando não achou nenhum, falou a verdade.
— Alguns meses atrás, o duque falou que queria uma nova esposa, e ele deu 5 meses para que o noivado fosse oficializado. A filha do barão é extremamente mimada, nunca ia aceitar casar com o duque, então o barão aproveitou essa oportunidade para me adotar, e dizer que eu era uma criança bastarda. Já que casamentos só são permitidos entre nobres e nobres ou plebeus e plebeus, o duque não iria se importar desde que eu tivesse o "sangue azul".
— Então ele te pegou do orfanato? — indagou.
— Não, ele me pegou das ruas.
Claude fez uma expressão engraçada.
— Os orfanatos são regidos pela igreja, então se ele adotasse uma criança de lá com certeza desconfiaram, e para trabalhar numa família de nobres você precisa ter documentos, então anunciar que uma das empregadas era sua bastarda não daria certo.
— Então você foi escolhida?
— Das crianças que viviam na rua, eu era a mais sadia, e também a única que sabia ler e escrever. Um casamento real precisa de assinaturas, então eu fui um achado pra ele. Ele não podia perder tempo ensinando alguém a escrever.
— Mas você não queria se casar com o duque. — Afirmou ele.
Angelina inclinou a cabeça e olhou para ele de soslaio.
— Não, eu não queria, e sim, eu tentei fugir, mas eles sempre me impediam. Me botaram num porão sem comida, e ameaçaram me matar caso achassem uma pessoa que combinasse mais com o papel. Foi assim durante duas semanas. No fim, eu decidi que o melhor era seguir o que eles queriam até eu ter uma oportunidade de fugir.
— E essa oportunidade era o baile — ele concluiu.
Angelina assentiu.
— Meu plano era roubar as roupas das empregadas do palácio e fugir, mas Davi escutou o barão falar que o duque planejava... ter um momento a sós comigo no baile.
— Te violar.
— Sim, eu estava na esperança de que conseguiria fugir sem maiores problemas, mas quando o duque apareceu, não havia muito o que fazer além de matá-lo e fugir. Quando minha ausência fosse notada, a culpa cairia na família do barão, e essa seria uma boa vingança também.
Ele abriu a boca, mas antes que pudesse falar algo seus pratos chegaram. O dele era uma sopa, enquanto o dela era um macarrão com camarão. Ela nunca tinha provado, mas não ficou surpresa quando descobriu que era delicioso. A sopa de Claude parecia triste, então ela ofereceu um camarão para ele.
— Não, obrigado. Sou alérgico — rejeitou.
Angelina deu os ombros. — Meu turno certo? O que você quer de mim agora?
— Eu quero que você me ajude.
— Você já disse isso — ela retrucou. — Como alguém como eu pode ajudar você?
— Você já ouviu falar dos ciclos sociais dos nobres não é? A quantidade de informações que correm pela boca da nobreza parecem triviais mas podem ser úteis. Ter influência nesses ciclos pode ser de grande ajuda. Eu estive fora do país por um tempo, preciso de mais conexão.
Angelina processou as informações por um momento.
— Você quer que eu seja sua fofoqueira oficial. Acho que você deveria saber eu não sou exatamente boa em relacionamentos — ela zombou.
— Aprenda a ser. Eu quero que você estabeleça uma conexão com os nobres, qualquer informação que conseguir, especialmente sobre como eles estão reagindo à corrida pelo trono, quem eles estão apoiando, me pode ser útil. E eu sei que você tem... Outras habilidades peculiares... E caso eu precise de algum serviço extra...
Agora tinha ficado interessante.
— Você quer que eu mate por você.
— Você mataria se eu pedisse? — ele perguntou.
— Talvez por um bom preço? — Angelina retrucou.
— Você daria uma bela mercenária.
— Já me disseram isso.
Claude deu um sorriso malicioso, mas não disse mais nada. Eles terminaram suas refeições em silêncio. Já era tarde quando eles saíram do restaurante em direção ao local onde deixam a carruagem, passando pela baía, onde alguns navios estavam atracados e algumas crianças brincavam na areia. Angelina gostava do cheiro do mar, mas não ao ponto de entrar no navio.
— Hey, Você quer saber o que eu quero? — disse ela enquanto lutava para remover o cabelo que o vento tinha levado ao rosto. — Tudo o que eu quero é uma casa simples em um lugar remoto, onde ninguém possa me incomodar pelo resto da minha vida. Pode fazer isso?
Claude parecia querer rir da situação, mas em vez disso simplesmente respondeu:
— Quando eu for rei, todos que me ajudaram ou apoiaram receberão algo em troca, pode ter certeza.
— Tudo bem, então eu vou fazer o meu melhor para apoiar você, meu Rei — ela disse, estendendo a mão. Não era um negócio ruim, mesmo que ele não conseguisse se tornar rei, ela provavelmente ainda conseguiria acumular riquezas suficientes para fugir. E até lá, ela só teria que aguentar aulas difíceis, mas poderia continuar se deliciando com as refeições do palácio.
— Meu Rei? Você é a primeira pessoa a me chamar disso, eu gostei — ele disse, apertando sua mão.
Quando voltaram ao palácio, um guarda esperava por Claude. Ele fez uma reverência para Angelina, e em seguida segurou o braço de Claude e puxou-o consigo. Não deu nem tempo para ele se despedir. Seja lá o que eles tinham que resolver, ela achou melhor deixá-los sozinhos.
Ao perceber a tempestade que começava em cima dela, ela correu em direção ao seu palácio.