VINTE E CINCO

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By debora_almeida77

-Me solta, por favor, pode levar minha bolsa, mas, só me solta—falei desesperada me debatendo.

-Calma, só vamos conversar—o homem, que era mil vezes mais robusto que eu, falou de forma nojenta.

-Eu não quero, por favor, me solta—gritei, começando a chorar e com medo, do que ia acontecer.

-Fica quieta, a gente só vai conversar, fica calminha—ele proferiu e eu consegui sentir um bafo, de bebida forte.

Minha cabeça começou a rondar, e eu já estava em completo desespero. Era como se eu tivesse voltado a anos atrás e tivesse relembrando, de tudo de novo.

-Por favor, não faz nada comigo, só me solta—falei num fio de voz, sem força nenhuma.

-Ela disse, pra soltar—ouvi uma voz rouca, e raivosa dizer.

-A gente, só está conversando—o homem falou me soltando e, me mantendo, atrás dele.

-Ótimo, conversa com a minha mão, então...—a voz conhecida disse e, eu só vi o homem que estava me agarrando, cair no chão.

Eu estava tão desorientada que, nem conseguia ver quem era, só sabia que o conhecia, eu conhecia aquela voz.

Minha cabeça estava doendo. Mas nada se comparava a dor na alma, era como se uma ferida, que eu tinha lutado tanto, para que cicatrizasse, tivesse aberto, novamente.

E dessa vez, eu não sabia se conseguiria curá-la.

A pessoa estava distribuindo vários socos no rosto do homem, e provavelmente, iria o deixar inconsciente.

Eu queria lhe dizer para parar, senão ele iria matá-lo, mas, eu não conseguia, abrir minha boca. Só caí no chão, colocando minha cabeça entre meus joelhos, sentindo meu coração doer e meu rosto se molhar, pelo choro quente que caía dos meus olhos.

-Ruby...Ruby, você está me ouvindo...fala comigo...—ouvi alguém me chacoalhar, parecendo estar desesperado.

Eu estava sem forças psicologicamente, e pelo que parece, estava afetando minha força física.

Senti duas mãos, segurando meu rosto e me levantando, e consegui ver aos poucos o rosto da pessoa.

-Allan...—falei num fio de voz e, depois não vi, mais nada.

Simplesmente, apaguei.

...

Acordei estranhando o lugar onde eu estava. Parecia ainda estar de noite, mas, definitivamente, não era o meu quarto. Senti meu corpo mole e, de repente, a memória de tudo o que tinha acontecido, veio na minha mente, me fazendo suspirar forte e cansada. E por instantes, lembrei da ultima coisa que, eu tinha visto.

O rosto do Allan.

Virei-me para o lado, vendo em cima da cama, umas peças de roupa, que eram minhas.

Eu estranhei, porque, elas não estavam na minha bolsa, e eu não me lembrava de nunca ter estado nessa casa, para ter deixado roupas, aqui.

De qualquer modo, eu não estava com cabeça, para pensar nisso, então, só peguei as roupas e me dirigi á casa de banho, que ficava logo dentro do quarto.

Ao abrir a porta deparei-me com um banheiro enorme, com direito até a banheira, no canto. Porém, não fiquei muito tempo observando, só entrei debaixo do chuveiro, para ver se limpava minha alma e toda a sujidade que eu estava sentindo, no meu corpo.

Eu estava me sentindo suja, abatida, dolorida, e estava com os braços todos roxos, com marcas de dedos. Me deixei ficar, vários minutos com a água escorrendo no meu corpo, e quando eu fui me ensaboar, senti um cheiro familiar, e logo me veio á cabeça, que talvez, eu estivesse no banheiro do Allan.

No momento nada importava, eu só queria saber de me limpar e, talvez, me purificar da dor que me consomia, por dentro e por fora.

Saí do banho, me olhando no espelho, em seguida,  vendo a mesma Ruby de anos atrás, com medo e sem coragem, de enfrentar o mundo.

Saí do banheiro, indo vestir as roupas que estavam em cima da cama. Já vestida, peguei meu celular e vi que estava descarregada. Olhei para a pequena cómoda ao lado da cama, e tinha um pequeno relógio lá, apontando que, já estava de madrugada.

Deixei o quarto devagar, e fui descendo as escadas, reparando que estava, tudo escuro.

Cheguei na sala e observei o Allan deitado no sofá. Me aproximei dele, vagarosamente, notando que ele estava dormindo, bem sereno. Resolvi voltar-me, e ir para o quarto, para não o acordar.

-Ruby...—ouvi ele chamar meu nome, com a voz de sono e voltei-me, vendo-o acordar.

-Desculpa, eu não queria te acordar—me desculpei.

-Você está bem?—ele perguntou, com um tom de voz, preocupado.

-Não estou, mas, vou ficar—falei mais para mim, tentando me convencer.

-Você está com fome? Eu posso preparar algo para você comer, bem rápido—ele sugeriu se levantando e apontando para um lugar, que pareceu ser a cozinha.

-Estou sem fome, obrigada...só preciso descansar—falei e ele assentiu.

-Tudo bem, se precisar de algo, é só chamar—ele disse e eu balancei a cabeça, em afirmativo.

Eu voltei para o quarto e deitei-me na cama, tentando, dormir um pouco. Depois de tanto remexer em cima dela e pensar num monte de coisa ruim, finalmente, acabei pegando no sono.

...

Acordei e vi que já era de dia, voltei meu rosto para o relógio e, notei que ainda eram, seis horas da manhã.

Dormi, pouquíssimas horas.

Retirei-me do quarto e desci as escadas, não encontrando ninguém na sala, senti um barulho vindo de outra parte da casa, e fui seguindo o barulho, até me deparar com a cozinha, onde Allan estava cozinhando.

Era inédito, o que eu estava vendo, e de alguma forma, me relaxou, vê-lo tão descontraído, cozinhando.

-Bom dia...—falei e ele se voltou para mim, sorrindo simples.

-Você dormiu bem?—ele perguntou, colocando umas comidas, em cima de um balcão.

-Digamos que a cama ajudou muito—comentei e ele riu.

O que era verdade, já que a cama dele era super macia e confortável.

-Já estou terminando, de fazer o pequeno almoço—ele disse apontando para a bancada cheia de comida.

-Então você cozinha, mesmo? Pensei que fosse ironia do Aaron, quando ele comentou—exprimi, um pouco surpresa.

-Eu desenrasco—ele disse tentando, ser modesto e, eu o olhei de forma irónica.

-Essa é a frase, que toda a pessoa que sabe cozinhar muito bem, diz—afirmei e ele sorriu.

Sentei-me na cadeira em frente ao balcão e fiquei vendo ele cozinhar. Ele parecia ter bastante jeito, e as comidas que estavam em cima do balcão, tinham uma cara ótima, e o cheiro, nem preciso dizer.

-Allan, da onde surgiram essas roupas?—perguntei curiosa.

-Ontem, a Jean me ligou, porque, a Lacey estava preocupada que, você ainda não tinha chegado em casa, então, tive que lhe contar o que aconteceu, e ela foi para sua casa, tranquilizar sua tia e pegar umas roupas, pra você—ele contou e eu suspirei.

-E como, você chegou até mim?—perguntei, mais curiosa ainda.

-Depois que você saiu eu fiquei bastante apreensivo, estava tarde, e você foi sozinha no meio daquela rua escura, eu nem consegui nadar, fui atrás de você—ele contou e eu sorri.

-Obrigada, mais uma vez, se você não tivesse chegado, nem sei...—falei tentando, não lembrar disso, mas, falhei, redondamente.

-Ruby...os teus braços—ele apontou ao notar, e se aproximou, para os analisar—que filho da puta...—ele rosnou com raiva, e saiu da cozinha, voltando tempo depois, com uma caixinha branca—vou passar uma pomada, senão vai ficar, muito roxo—ele informou e ficou procurando a tal pomada, dentro da caixa.

Ele passou uma pomada branca, de forma cuidadosa e delicada, pois, meu braço ainda, estava dolorido.

-Pronto, daqui umas horas, vai melhorar—ele avisou e eu assenti.

-Bom dia...Ruby?—Aaron estranhou ao me ver—Não me diga que finalmente vocês do...—ele ia falar, mas, Allan o interrompeu.

 Votem, comentem, e me sigam, por favor.

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