Os olhos ainda estavam conectados, nenhum dos dois ousava desvia-los. Quando a voz doce se cessou, Namjoon sentiu como se sua cabeça girasse. Mexeu seu corpo querendo saber se era realmente ele quem realizava os atos, por algum motivo sentia-se hipnotizado pela voz e beleza de Seokjin.
– E-eu... – O loiro começou nervoso, ainda tentando entender o que estava acontecendo – Me desculpe, eu não deveria...
– Não diga nada. – O tritão pediu deixando o dedo indicador sobres os lábios do mais novo.
Se aproximou ainda mais do padre, deixando seu rosto encostado no peito do outro. Tentava ao máximo controlar o seu coração – que batia desesperadamente em seu peito – se sentindo péssimo. Sabia o poder que sua voz tinha sobre os humanos, mas aconteceu de forma tão natural que não soube se conter.
Não entendia aquelas reações, ele sentia que quando estava com aquele humano, perdia totalmente a noção de seus atos. Como se o corpo forte lhe atraísse como um imã, e a voz grave lhe enfeitiçasse – sendo que era o próprio tritão que podia enfeitiçar a qualquer humano –, como se nada mais importasse.
Seu corpo e sua alma queriam estar sempre perto dele, mesmo aquilo sendo tão perigoso e tão errado.
Namjoon levou as mãos até os fios rosas, acariciando-os. Sua mente ainda tentava processar todos os acontecimentos. Parte de si gritava que aquilo era errado e pecaminoso, enquanto a outra parte de si gritava para tomar Seokjin em seus braços e nunca mais deixa-lo sair. Sua mente tentava o confortar com pensamentos positivos, que toda aquela proximidade era uma início de uma grande amizade, mesmo que as vezes sentisse algo romântico o envolvendo. Repetia em seu íntimo que aquilo era algo comum e saudável, o pecado aconteceria apenas se os pensamentos passassem a ser impuros e sexuais. E quando acontecia, se repreendia e expulsava aqueles pensamentos de si – ou ao menos tentava.
– Nós precisamos voltar... – Sussurrou baixinho fazendo com que Seokjin se arrepiasse.
Os dois se afastaram a contra gosto, suas peles pareciam prendê-los, impedindo que se separassem.
– Vamos... – Sentou-se, sacodindo a calda nas águas que caíam sobre as pedras.
Os dois passaram pela cachoeira, voltando a nadar pelo rio, em direção ao acampamento.
[...]
Observar alguém dormir nunca pareceu ser tão bom como estava sendo para Jimin naquele momento. O rosto irritantemente bonito era o alvo dos olhares profundos do Park. Se perguntava como um humano podia ter tamanha beleza, conhecia muitas sereias e achava que nenhum outro ser ultrapassaria a formosura delas. Até aquele médico cair – literalmente – em sua vida.
Depois da discussão que tiveram, o fada passou a ser mais sensível em relação aos sentimentos do Jeon. Passou a trazer comida e água em horários específicos, sempre garantindo que Jungkook estive bem alimentado e sem sede. Sentia-se estranho por está se preocupando sempre com o moreno. Seu cuidado para com ele era tanto que acabava se esquecendo do colar e de sua importância.
– Por que você está me olhando assim? – Foi despertado de seus pensamentos pela voz rouca do maior.
– Oh... – Corou – Eu só estava distraído – Desviou o olhar e se levantou rápido.
Jungkook franziu o cenho, por um momento pensou que estava delirando, ou o menor realmente estava corado?
– Você está se sentindo bem? – Perguntou encarando o Park como se ele tivesse duas cabeças.
– Claro que estou. – Respondeu nervoso – E você? Como está sua perna? – Se aproximou do médico, fitando o membro machucado.
– Eu estou bem... – Não tirou os olhos dos fios rosa – Está bem melhor, estamos cuidando bem dela. Obrigado.
Jimin apenas acenou com a cabeça. Limpou os ferimentos e enfaixou o lugar mais uma vez. Tentava a todo custo não encarar os olhos extremamente escuros que lhe encaravam tão firmemente como ele mesmo fazia a momentos atrás.
Pegou as poções que usava e tentou se levantar de forma rápida para fugir de toda aquela atenção que recebia do moreno. Mas seus movimentos não bem calculados, – por estar nervoso – acabou tropeçando em seus próprios pés.
Os frascos voltaram para frente prontos para atingir o Jeon, e para tentar evitar, Jimin jogou o que tinha em suas mãos para o lado, vendo seu corpo se chocando contra o outro, antes machucasse seriamente o moreno lembrou de suas asas. Tentou voar para longe, mas foi impedido pelas mãos firmes que agarraram fortemente sua cintura, aquela ação evitaria sua queda – caso não voasse.
Sentiu o toque de Jungkook em seu corpo e paralisou, perdido demais para saber o que fazer. O médico balançou o corpo do Park deixando uma perna de cada lado de seu próprio corpo – protegendo seus ferimentos – ainda com as mãos cravadas da cintura do outro.
Nenhum dos dois parecia saber o que fazer e muito menos pareciam querer se afastar, as bochechas do moreno arderam tendo noção da proximidades que estavam. Podia sentir a respiração do rosado se chocar com seu rosto e se sentiu estranhamente bem com isso.
Jimin grunhiu se afastando, tão envergonhado quanto o maior.
– Me desculpe. – Pediu.
Olhou para os frascos caídos no chão e correu para eles. Analisava os que não tinham quebrado e os pegava de volta.
– O que está acontecendo, Jimin? – Ouviu Jeon questionar.
– Como assim?
– Você está estranho... – O moreno lhe encarava com uma certa dúvida – Eu fiz algo?
– Não, Jungkook. – Tentou finalizar o assunto.
– E por que me olha dessa forma? – Insistiu – Tudo que você demonstrava era sua ironia e deboche, mas.... – O olhou nos olhos – Não é isso que você está mostrando agora. – Levou a mão até o pulso fino do outro – O que está acontecendo?
Jimin viu-se perdido, não sabia como responder aquilo, até porque nem ele fazia ideia da resposta. Parecia estar inebriado pela presença do mais novo e encantando por sua voz; a boca fina e rosada nunca pareceu ser tão atrativa.
Sacodiu a cabeça de um lado para o outro querendo afastar aqueles pensamentos, mas isso deixou Jeon ainda mais confuso. Estava preocupado, o fada nunca tinha se comportado daquela forma. Se perguntava se ele estava doente.
– Não tem nada acontecendo, humano. – Tentou parecer convincente – Você que deve estar delirando. – Levantou na tentativa de se afastar.
E mais uma vez foi impedido pelo maior.
– Não minta para mim. – Disse firme – Pensei que estávamos começando do zero, sendo totalmente honestos dessa vez.
O Park sentiu que poderia puxar seus próprios cabelos. Maldita hora que tinha feito as pazes com aquele humano, maldita hora que passou a vê-lo com outros olhos.
Maldita hora que sua boca pareceu ser tão convidativa.
– Eu apenas estou confuso, okay?
– Com o quê? – Mais uma vez o médico o impediu de se afastar.
– Comigo mesmo! – Bradou – Por que deveria cuidar de você e isso é tudo!
– Mas?
– Mas, nada! – Revirou os olhos.
Se levantou pisando forte para longe do outro. Respirou fundo tentando acalmar os ânimos, o moreno só estava se preocupando consigo, ele quem realmente estava estranho.
Preparou uma pequena casca de coco com comida e serviu para Jungkook.
– Não estou com fome, obrigado. – O moreno respondeu calmo.
– Você não comeu mais cedo. – Mais uma vez revirou os olhos – Tem que comer algo.
– Você também não. – Rebateu.
– Só coma!
– Coma comigo? – Pediu calmo e divertido – Precisa se alimentar...
O Park se deu por vencido e deixou a comida no meio dos dois. Ambos começaram a se alimentar lentamente sem trocar uma palavra sequer. Vez ou outra Jungkook encarava o menor tentando saber o que se passava em sua mente, nunca tinha visto Jimin agir daquela forma.
Iria descobrir o que estava acontecendo com o outro, e completamente determinado para isso.
[...]
– Nos vemos mais tarde? – Seokjin perguntou.
– Sim... – Namjoon preparou-se para ir a margem – Até logo, Jin.
O tritão sentiu uma sensação gostosa em seu estômago com o apelido, tinha sido a primeira vez que Namjoon o chamava daquela forma.
E foi estranhamente bom.
Quando o humano saiu do rio, o de fios rosas nadou para longe. Não conseguiu ir para onde queria, pois foi impedido por um Taehyung desesperado.
– O que aconteceu? – Perguntou ao ver a preocupação no olhar do outro.
– O Yoongi... – Soluçou – Eles levaram o Yoongi...
– O quê?
– É minha culpa, Jin. – As lágrimas desciam com força pelo rosto bonito – Se acontecer algo com ele, eu nunca vou me perdoar.
O mais velho encarou a floresta por onde Namjoon foi de forma apreensiva. Nunca o padre fez algo para machucá-lo, mas ele não conhecia os outros humanos que estavam com ele. E foi ensinado desde novo que não deveria confiar neles, e o quão cruéis eles poderiam ser.
O loiro ao chegar no acampamento, se espantou ao ver a pequena criatura presa em uma das árvores. A pele tão pálida poderia ser facilmente confundida com as nuvens, e de longe pôde ver Hoseok com os olhos totalmente presos no ser.
Ao notar a presença do Kim, o esverdeado se encolheu puxando as pernas para perto de seu peito. O humano pôde jurar que viu as pequenas presas branquinhas serem expostas para si.
– Quem é ele? – Perguntou quando viu o Jung se aproximar.
– Os outros capturaram ele perto da margem...
– Capturaram? – Namjoon arregalou os olhos – Por que fizeram isso? Solte-o agora, Hoseok. Isso não é certo!
– Eu sei, eu sei. – O ruivo balançou as mãos tentando acalmar o amigo – Eu iria fazê-lo, mas Jaebum não achou uma boa ideia. Ele pode nos atacar.
– Claro que irá nos atacar. – Disse como se fosse óbvio – Vocês o capturam e o amarram, o que acha que ele faria?
O capitão olhou mais uma vez para a criatura vendo a face que demonstrava ser totalmente inofensiva.
– Vamos soltá-lo amanhã. – Disse firme – Começaremos a nos mover agora, vamos montar acampamento em outro lugar. Para garantir que ele não virá atrás de nós.
Namjoon acenou positivamente, olhou de forma preocupada para o esverdeado. Hoseok se afastou quando Jackson os chamou para comer.
Os homens se sentaram ao redor da fogueira comendo algumas frutas e partes de pequenos animais assados. Jung e o loiro se encaravam vez ou outra como se conversassem silenciosamente. Ouviram alguns passos se aproximarem e logo, Jeongy apareceu. Sehun foi o primeiro a se levantar chamando o outro marujo para perto de si.
– Demorou, quase fui atrás de você... – Oh falou de forma divertida tirando um sorrisinho sem graça do menor.
Enquanto todos continuavam comendo, Hoseok juntou algumas frutas e se levantou. Recebeu o olhar curioso de todos do grupo, mas preferiu apenas ignorá-los. Se aproximou do ser alado no canto, deixou as frutas perto o suficiente para que ele pudesse pegar, mas não para conseguir lhe tocar.
– Aqui. – Mostrou as frutas recebendo um olhar questionador – Não precisa ter medo. Como eu disse mais cedo, eu vou soltá-lo logo. – Sorriu – Eu já teria feito se estivesse sozinho, mas também devo me preocupar com o bem-estar dos outros. – Olhou os olhos brilhantes do menor – Eu espero que possa entender. Trarei água para você, aguarde um pouco.
Yoongi observou o homem se levantar e andar para longe. Encarou as frutas sem saber se deveria ou não comer. A conversa que o ruivo teve mais cedo com o outro homem o fez pensar um pouco, embora eles agissem como se ele não estivesse ali, ambos demonstraram querer libertá-lo.
Lembrou-se de Taehyung e – talvez – da boa intuição do mesmo, o tritão só seguia aquele humano porque o achava bonito, não iria negar que sentiu ciúmes. Mas agora, amarrado e vendo o homem cuidar de si, e ter lhe protegido dos outros mais cedo o fez dar um pequeno voto de confiança a ele.
Se perguntava se o humano que estava com Jimin era igual a Hoseok, ou se era igual aos demais. Só pedia aos deuses que seu amigo ficasse bem, e que seu namorado estivesse bem também.
E ele...
Bom ele, tentaria sobreviver.
Tentaria tirar de sua mente o jeito gentil que aquele ruivo o olhava. Porque ele nunca confiaria em um humano.
Nunca.
N/A
Não esqueçam de seguir a outra autora da fic CaDeMi0
Vão lá dar uma olhadinha no perfil dela, que ela arrasa.