Imprevisto
Os dias passaram de forma rápida e com imensa calmaria, quase um mês desde o jantar tinha se passado e nesse período Carla e eu nos tornamos próximas, não diria que temos um relacionamento como mãe e filha mas a considero minha amiga, a proximidade com Eren e Mikasa também seguiu de forma evolutiva, as saídas em alguns finais de semana ou os encontros com Armin se tornaram frequentes. Sem que eu percebesse ou contasse o tempo a família Yaeger se mudaram para a nossa casa, meu pai e Carla dividia um quarto suíte, Mikasa se mudou para o quarto a direita do meu e Eren para o quarto em frente de minha porta.
Faltando apenas cinco meses para o fim do ano a pressão na faculdade se intensificava, percebi que as aulas dos mais novos também aumentavam em níveis de dificuldade, então me ofereci para ajuda-los no possível.
- S/n! - escutei batidas incessantes na porta de meu quarto me forçando a abrir meus olhos que se incomodaram com a claridade originada das cortinas brancas presas nas janelas - S/n! - a voz masculina ressoou do outro lado enquanto ainda batiam contra a superfície de madeira, lentamente me sentei na cama esfregando meus olhos enquanto bocejava.
- Estou acordada! - falei alto escutando o barulho cessar, de forma cambaleante me levantei indo até a porta a abrindo e encarando o homem que vestia uma camisa de mangas longas, calça jeans cinza e pantufas de cor cinza - Deseja algo pai? - perguntei ainda com sono sentindo meus olhos pesarem.
- Sua aparência-... - interrompi sua frase.
- Sim, eu imagino. Acabei por ficar acordada até tarde estudando e escrevendo anotações para um dos trabalhos da faculdade. - esfreguei meus olhos novamente facilmente imaginando as marcas escuras que tomaram conta de minha pele.
- Você realmente precisa de um descanso... - proferiu com preocupação na voz - Porém acho melhor se preparar, o horário para ir a faculdade está se aproximando. - abri meus olhos em surpresa enquanto ele se virava e caminhava pelo corredor em direção da escada.
Entrei novamente no cômodo trancando a porta e andando até a escrivaninha ao lado de minha cama, peguei o desesperador olhando as horas e suspirando ao notar que o aparelho provavelmente tinha tocado mas o estado exausto de meu corpo - adquirido nos últimos dias - impediu meu processamento de escuta e consequentemente acordar no tempo certo.
Caminhei até o banheiro de forma lenta para tomar uma ducha rápida - com tempo suficiente para limpar completamente meu corpo -, voltei para o quarto - coberta com a toalha - indo até o guarda-roupas pegando as peças que usaria naquele dia, vesti a blusa de mangas longas branca, uma calça jeans azul escuro e sapatos pretos, voltei para o banheiro deixando a toalha suspensa em um suporte prendendo meu cabelo em um rabo de cavalo alto. Assim que minha preparação estava pronta peguei minha mochila deixando o quarto para ir à sala.
- Bom dia. - cumprimentei entrando na cozinha depois de deixar a bolsa no sofá recebendo o cumprimento dos dois presentes.
- Armin veio aqui para ir junto dos outros à escola. - falou Carla sentando em uma das cadeiras.
- Ele perguntou se você já se encontrava acordada, e mandou um abraço. - pegou um copo de vidro contendo um líquido rosado, imaginei ser suco de morango.
- Mikasa e Eren irão dormir na casa de Armin, ele disse que você também poderia ir. - informou meu pai colocando um prato com um sanduíche e algumas frutas - maçã, banana, uva e morango -, logo depois pegou um copo indo até a geladeira a abrindo pegando uma jarra e derramando suco de laranja no pequeno recipiente.
- Provavelmente não irei, preciso trabalhar em um dos projetos da escola, a entrega é em duas semanas... - falei com o tom baixo levando o sanduíche à minha boca e comendo um pedaço.
- Não há alguma forma em que possamos ajuda-lá? - perguntou a mulher mais velha me olhando com preocupação, provavelmente por causa das bolsas abaixo de meus olhos.
- Agradeço mas não é necessário, o trabalho é em dupla e já estamos perto de terminar. - falei sincera descascando a banana em meu prato para logo depois a levar à boca mordendo um pedaço.
- Certo. - concordou Carla.
Assim que terminei o café peguei meus materiais saindo de casa com destino à faculdade, depois de quinze minutos no ônibus desci na entrada do campus passando pelos portões de forma rápida e cumprimentando alguns conhecidos pelo caminho antes de entrar no prédio reservado para arquitetura.
Olhei a paisagem através das grandes janelas de vidro do corredor constituída por vário prédios distintos para os cursos designados, grandes campos verdes, algumas árvores espalhadas pelo gramado e bancos de cor branca ou cinza, todo o local contendo grupos de estudantes ou algum guarda que passava olhando a circulação, o céu azul com algumas nuvens que variavam no tom de branco e cinza me fez lembrar do período de chuva que se aproximava.
- S/N! - a voz estridente ecoou por meus ouvidos quando dois braços envolveram meu corpo em um abraço apertado, mantive minha feição calma mesmo com o coração acelerado por causa do susto.
- Hannah, quantas vezes já conversamos sobre sua forma de recepcionar as pessoas?... - proferi me virando para a garota atrás de mim a encarando com um olhar severo.
Hannah Kesty, uma garota bastante animada com pele clara, cabelos castanhos - sempre soltos -, e olhos azuis, o sorriso animado sempre a acompanhava. Nos conhecemos no primeiro ano da faculdade por estarmos no mesmo curso e na mesma sala, pela quase completa ausência de feromonas é fácil a identificar como Beta. Ela sempre foi bastante extrovertida - diferente de mim no primeiro ano - o que a levou a tomar a primeira iniciativa para uma conversa, mesmo que eu tenha achado estranho o tópico do assunto já que foi para me informar a quantidade de garotos e garotas que estavam me observando e perguntando se eu gostaria de sair com alguns deles, mas com o tempo acabei por me acostumar e nos tornamos ótimas amigas.
- Várias vezes... - revirou os olhos com o sorriso sem nunca deixar seus lábios.
- E você nunca leva em consideração... - levei a mão à testa em uma expressão derrotada, ela apenas soltou uma gargalhada.
- Preciso te contar uma coisa. - o tom animado e ansioso me fez a encarar de forma desconfiada, ela olhou para os dois sentidos do corredor antes de continuar a falar - O Kasy me chamou para sair nesse final de semana! - falou claramente segurando um grito de alegria.
Eu não conhecia muito sobre o Kasy, apenas que ele era um Beta de cabelos loiros, pele branca e olhos da cor do mel que estava no quarto ano de Física - segundo a descrição de minha amiga que tinha uma grande admiração e paixão pelo garoto um ano mais novo.
- Fico feliz por você! - falei sorrindo observando ela saltitar em minha frente.
- Isso é tão incrível! Ainda não sei para onde vamos, ele falou que seria surpresa, então não sei que roupa usar... - olhou para o chão de forma pensativa, comecei a andar para a sala com a garota me seguindo.
- Use algo simples mas delicado, provavelmente não irão para um lugar formal... um cinema ou saída à um café talvez? - sugeri, ela negou com a cabeça.
- Não creio que iremos para algo tão... comum. - a olhei com uma das sobrancelhas erguida.
- Qual o problema com cinema ou café? É um bom lugar para um encontro. - entramos na sala de paredes brancas colocando nossas mochilas na primeira bancada de cor marrom claro dividida por três pessoas - eu, Hannah e Bryan - um garoto Alfa com quem eu não mantinha muita intimidade.
- Mas não acho que seja algo que ele me levaria, uma exposição científica combinaria perfeitamente com a escolha dele. - falou sorrindo.
- Então se vista para uma exposição. - sugeri me sentando na cadeira com a mesma tonalidade da bancada, ela afirmou com a cabeça sentando no assento localizado ao meu lado esquerdo.
- Como as aulas hoje irão seguir apenas até uma hora da tarde, o que acha de terminarmos os últimos detalhes da maquete?- perguntou se referindo ao trabalho que deverá ser entregue ao professor em alguns dias.
- Claro, porém não poderá ser antes das três. Vou ajudar a Kaly com o projeto dela. - continuei antes dela perguntar.
Kaly White é uma Ômega de cabelos negros cacheados, pele morena e olhos castanho escuro, cursa o segundo ano de arquitetura. Ela iniciou as aulas uma semana depois da abertura do ano facultativo, me ofereci para lhe apresentar o campus e depois desse dia nos tornamos amigas.
- Qual o projeto? - perguntou Hannah com curiosidade.
- Uma maquete do Hospital Crawford Long. Ela me pediu para acompanha-lá e ajudar a examinar a estrutura. - observei alguns alunos entrarem na sala conversando entre os pequenos grupos.
- Mas ele não é de rede privada? Ela tem permissão para entrar lá e examinar? - perguntou curiosa.
- Se não estou enganada os pais dela trabalham lá, então é mais fácil para ela conseguir a permissão. - cumprimentei Bryan que acabará de entrar na sala sentar em sua cadeira ao meu lado direito.
- Entendi, já que estará livre apenas as três da tarde posso ir te buscar no hospital, o que acha?- perguntou a castanha ao meu lado.
- Certo. - confirmei olhando o professor que usava um terno preto e sapatos sociais e acabará de entrar na sala juntamente de outros alunos.
- Todos em seus lugares. - ele andou até a mesa de formato retangular colocando algumas pastas e a mochila preta na superfície marrom claro.
Depois do recebimento de diversas informações as aulas acabaram com a chegada das treze horas, organizei meus materiais esperando Hannah terminar a organização dos dela e saímos da sala com destino à saída do campus, conversamos sobre assuntos triviais com o foco principal no Kasy e o encontro dos dois.
- S/n! - a voz melodiosa e gentil invadiu minha mente me levando a olhar para a garota morena que vinha caminhando graciosamente em nossa direção, um macacão de cor amarela - criando um lindo contraste com sua pele de cor achocolatada - junto de sapatilhas plataforma negra e livros nas mãos - Olá Hannah! - cumprimentou a Beta ao meu lado.
- Olá Kaly! - falou a castanha de forma animada.
- Irei pegar sua amiga emprestada por algumas horas, se não se importar. - sorriu segurando os três livros com o braço direito e envolvendo meu braço com o esquerdo, percebi seu rosto ganhar um leve tom avermelhado.
- Claro, claro, sem problemas. - a outra usou a mão para acenar na frente do rosto, levei meu olhar entre as duas com uma das sobrancelhas arqueadas.
" Em qual dia me tornei mercadoria? " Me perguntei soltando um suspiro.
- Qual o problema? - perguntou a Ômega, apenas neguei com a cabeça afirmando que estava bem - Certo então, podemos ir agora? O motorista está esperando. - sorriu animada me guiando até o estacionamento da faculdade, me despedi da Hannah com um aceno de mão antes de entrar no automóvel de cor preta deixando minha mochila junto de meus pés - A viagem não irá demorar muito, prometo que tentarei ocupar o minimo possível de seu tempo. - abriu a própria mochila retirando um bloco de notas e uma caneta do estojo.
- Não se preocupe com isso, temos até três horas. Depois disso Hannah irá me buscar para trabalharmos no nosso projeto. - respondi as possíveis perguntas que ela faria.
- Claro. - abriu o bloco de notas olhando algumas anotações - Você poderia me falar algumas dicas que possivelmente irei precisar? Estou com com medo de errar em alguma coisa... - falou preocupada retirando a atenção do caderno e a dirigindo a mim.
- Claro! - sorri para a Ômega que ficou com a face rubra.
Conversamos sobre arquitetura por alguns minutos, respondi perguntas e ajudei a aprimorar algumas ideias que a menor já tinha. Assim que chegamos ao prédio de vários andares com pintura na cor branca e um gramado de frente para a construção, entramos no estacionamento e peguei minha mochila antes de descermos do carro andando até a recepção, fomos recebidas por uma das enfermeiras que ficaria responsável por nos guiar pelos corredores. Hange Zoe, uma mulher Alfa, alta, de pele clara e cabelos castanhos, usando óculos de lentes retangulares cobrindo os olhos de cor castanho escuro, usava uma blusa branca e calça preta com um jaleco cobrindo as roupas. Estranhei o comportamento extrovertido pelos primeiros minutos, mas me acostumei rapidamente.
- Aquela é a área onde ficam os quartos dos pacientes que contem alguma doença contagiosa. - apontou para um prédio de alguns andares separado do principal por um caminho de pedras e gramas com arbustos.
- Creio que terei que pesquisar as medidas e imagens sem entrar na área, certo? - perguntou a ômega ao meu lado.
- Infelizmente não podem entrar, apenas se quiserem adquirir alguma do-... - a interrompi.
- Agradecemos, mas iremos preferir as pesquisas. - afirmei olhando para a menor percebendo que ela estaria montando alguma ideia para entrar no prédio afastado.
- Mas não seria importante examinarmos a construção pessoalmente? - me perguntou com ingenuidade.
- Devemos ficar distante de certas ocasiões. Um trabalho não merece tantos riscos, mesmo que seja algum de conclusão de curso. - completei meu raciocínio olhando a morena me olhar com compreensão e a castanha me olhar com certo orgulho.
- Está certa! Parabéns por pensar assim, outros alunos já arriscaram entrar, decisão estupida na minha opinião. - se virou nos guiando pelos corredores - Aqui é a parte de fisioterapia e psicologia. - passamos pelas grandes portas com uma placa indicando o nome das áreas no idioma inglês - O nosso hospital fornece todos os cuidados possíveis, então a arquitetura é bem elabora e grande. Gostaria de olhar a maquete quando ficar pronta. - a enfermeira olhou a ômega com ansiedade.
- Claro! - concordou sorrindo - Estou fazendo o meu melhor! A S/n também está fazendo uma maquete. - informou sorrindo com orgulho.
- Algum prédio em especifico? - me perguntou curiosa.
- Uma cidade... - sorri levemente envergonhada.
- Incrível! Posso ver quando estiver pronta? - acenei com a cabeça.
- Teremos uma exposição alguns dias depois da apresentação oficial para os professores, sera acessível para todos os interessados. - informei.
- Ótimo! Posso levar o Erwin e o Levi também! - afirmou animada e me obriguei a segurar a curiosidade sobre os dois nomes masculinos ao arriscar e fazer alguma pergunta indelicada - Aqui é a área cirúrgica. - apontou para outra porta de grande porte - Infelizmente vocês não estão permitidas a ultrapassar as portas. Mas não se preocupem, não sou boa em desenhar mas posso pedir ao Levi para fazer um esboço para você, ele é perfeito em tudo o que faz. - falou com orgulho na voz e uma leve indignação.
- Quem é Levi? - perguntou a Ômega e suspirei aliviada por ela fazer a pergunta que estava em minha mente.
- Levi Ackerman, um dos melhores cirurgiões do hospital! Ele é INCRÍVEL! - gritou a ultima palavra.
- É seu Ômega? - perguntei estranhando o fato do nome dele ressoar em minha mente e minha súbita curiosidade a respeito do homem.
-Oh, não! - negou rapidamente - Meu Ômega é o Erwin, mesmo que ele não pareca um Ômega graças ao porte físico... - sussurrou audível - Levi é apenas um amigo próximo. Ele não costuma demonstrar muito afeto e como sempre mantem a expressão séria ou indiferente todos parecem ter medo dele e evitam se aproximar, mesmo que ele seja consideravelmente pequeno para a idade, constantemente culpando o sub-gênero por ser Ômega. - olhou para os dois sentidos do corredor observando alguns médicos passarem de forma rápida antes de se aproximar de nos e sussurrar - Porém, eu creio que ele seria baixo mesmo se fosse Alfa. - sorriu divertida nos guiando pelos corredores novamente - Aqui é a área dos médicos e enfermeiros, lugares como salas de reuniões, escritórios particulares ou salas para descanso. - olhei para as portas com curiosidade.
" Que cheiro é esse?..." me perguntei sentindo o odor fraco e doce entrar por minhas narinas.
- Bom, acho que por hoje é apenas isso. - olhou o relógio que levava no pulso - Já está no meu horário, preciso voltar a trabalhar. - informou nos guiando para a entrada do hospital, entretanto, antes de cruzarmos o penúltimo corredor cessei meus passos encarando o chão.
- Estão sentindo esse cheiro? - perguntei franzindo as sobrancelhas para as duas mulheres que estranharam minha parada repentina.
- Que cheiro? - perguntou a ômega farejando o ar.
- Não sei explicar. - comecei a andar adentrando os corredores com as duas me seguindo - É algo doce que transmite calma. - apressei meus passos me aproximando da ala cirúrgica - Está vindo daqui! - forcei a abertura das portas, porém, antes de conseguir dar um passo para dentro do pequeno corredor contendo outras duas portas a frente com avisos em sua superfície senti meu braço ser segurado e meu corpo ser puxado para longe da entrada, olhei com raiva para a Alfa que me arrastava.
- Você não pode entrar nessa área simplesmente por que sentiu um cheiro saindo dela, é contra as regras! - afirmou seria me puxando mesmo que eu utilizando todas as minhas forças para evitar o distanciamento - Todos que estão além das portas estão trabalhando salvando vidas, você não pode simplesmente entrar e arriscar o procedimento de alguma cirurgia. - parei de me debater processando as palavras que foram proferidas pela maior, me mantive em silêncio recebendo o olhar sério da castanha e o preocupado da morena, depois de mais alguns segundos o som de uma música cortou o ambiente me fazendo retirar uma das alças de minha mochila a deixando pendurada no meu ombro esquerdo, abri o bolso frontal retirando o celular que tocava freneticamente indicando uma chamada de voz com o nome Hannah como contato, arrastei o ícone verde levando o aparelho a orelha.
- Oi... - falei com um pequeno desconforto nascendo em meu peito por ainda receber os olhares das duas a minha frente.
- Onde você está? - sua voz parecia preocupada e ansiosa - Estou te esperando no estacionamento do hospital a vinte minutos.
- Estou indo. - afirmei iniciando minha caminhada de volta à entrada do prédio desligando a chamada assim que ela fez um som de confirmação.
Depois de andar por alguns corredores chegamos a saída com Hange nos acompanhando até o estacionamento, procurei o carro cinza de Hannah com os olhos o encontrando em uma vaga próxima a entrada do local, andei até o automóvel com as duas me acompanhando e olhei para o banco do motorista encontrando a Beta que nos cumprimentou, antes de entrar no carro me virei para a enfermeira.
- Me desculpe pela confusão, Hange... - murmurei encarando o chão.
- Sem problemas! Vou deixar passar, dessa vez. - esfregou meus cabelos de forma carinhosa.
- Peço perdão com toda a minha sinceridade. - ela bateu em meu ombro me incitando a olha-lá com confusão.
- Já falei, não precisa se preocupar. Você não é a primeira a querer entrar na ala cirúrgica. - me confortou - E eu gostei de conhecer vocês duas! - afirmou - Espero que consigam ir bem nos trabalhos.
- Obrigada! - agradecemos juntas.
- Visitem o hospital outras vezes, irei ficar feliz em falar com vocês novamente! - sorriu.
- Certo! - confirmei recebendo um abraço da Alfa seguido de um da Ômega que me desejou boa viagem e agradeceu a ajuda antes de minha entrada no banco traseiro do carro colocando o cinto de segurança.
- O que você aprontou no hospital? - perguntou Hannah assim que saímos da área do estacionamento e entramos na pista.
- Nada... - murmurei deitando minha cabeça na janela de vidro olhando os carros que passavam de forma rápida.
- Sabe que não pode me enganar. - o tom divertido em sua voz me fez negar com a cabeça.
- Tentei invadir a área reservada às cirurgias... - murmurei com culpa na voz, mas ao contrario do esperado a culpa foi por não ter conseguido passar pelas portas, por ter desistido de forma rápida.
- Okay... como eu te conheço a bastante tempo posso afirmar que tem um bom motivo por trás. - falou com convicção.
- Um cheiro... - olhei sua expressão surpresa e confusa através do retrovisor - Um cheiro doce e calmo que me chamava, não consegui me conter e tentei forçar minha passagem pelas portas. - gravei o momento em que ela me olhou com as sobrancelhas franzidas.
- Acha que poderia ser ele? - frisou a referência.
- Eu sei que era ele Hannah, eu deveria ter tentado mais! - soquei minha coxa com frustração tomando minha voz.
- Calma, você pode voltar outro dia. - tentou me confortar - Provavelmente no horário de almoço e procurar por ele.
- Mas... - engoli em seco o nó que se formava em minha garganta - E se ele não estivesse conduzindo a cirurgia? - ela me olhou pelo espelho na tentativa de passar calma - E se ele estiver na mesa de cirurgia? Ele poderia estar soltando seu ultimo suspiro de vida nesse momento Hannah, E EU NÃO ESTOU COM ELE! - lágrimas de frustração e decepção desciam por meu rosto no momento em que me encolhi levando minhas mãos aos cabelos os puxando-os na tentativa de desviar os sentimentos que me consumiam.
- CALMA S/N! - gritou parando o carro na parte da pista reservada para automóveis que adquiriram algum problema e não poderiam ficar no meio do caminho, em seguida ela retirou o cinto girando o corpo para me alcançar através do espaço entre os bancos - Escuta! - segurou meu rosto com força me fazendo a olhar - Ele está bem, eu sei disso! Tenho certeza que seu Ômega é forte assim como você e que também está batalhando para te dar orgulho! - voltei meus olhos para o banco ao meu lado - Amanhã nós voltaremos no hospital e você irá conhecer o SEU Ômega! Entendeu? - puxou meu rosto para que eu a olhasse e assim fiz, lentamente concordei com a cabeça sentindo minhas lágrimas cessarem aos poucos - Assim está bom! A Alfa que eu conheço é forte e fará de tudo para conquistar seu Ômega e fazer ele se orgulhar! - sorriu com orgulho me olhando secar as lágrimas e acenar com a cabeça de forma confiante - Boa garota! - passou a mão por meus cabelos antes de corrigir a postura no banco colocando o cinto novamente, ligando o carro e o levando para a pista.
- Mas Hannah... o que eu vou falar para ele? - perguntei procurando algum suporte.
- Que ele é seu. - respondeu de forma óbvia.
- Ele não é uma mercadoria Hannah. - revirei os olhos.
- Que ele é seu e você é dele, que tal? - sorriu quando escutou minha risada.
- Não Hannah. - neguei com a cabeça.
- Consegui uma risada. - afirmou orgulhosa.
- Engraçadinha... - murmurei divertida - Ei, Hannah... - chamei com o tom de voz hesitante.
- A felicidade não durou nem cinco minuto... - murmurou derrotada - Fala.
- E se ele já estiver com uma ou um Alfa? - perguntei insegura.
- Ele não vai estar. - afirmou convicta.
- Como pode ter tanta certeza? - perguntei a olhando duvidosa - Ele já pode ter a família dele, esposa e filhos...
- Almas gêmeas. Você procurou por ele, então ele também está procurando por você! - me silenciei olhando pela janela os carros passarem de forma rápida.
"Meu Ômega..." sorri tentando imaginar a possível imagem dele em minha mente.
Alguns minutos depois da nossa conversa o início de uma música ecoou no lugar fechado, levantei minha cabeça notando Hannah começar a dividir a atenção entre a pista com os carros e a bolsa de cor bege no banco do passageiro ao seu lado, apenas alguns segundos após ela se distrair com a bolsa escutei um barulho de buzina ecoando por minha cabeça e não consegui lutar contra minha consciência me fez mergulhar em um mar tão escuro quanto um buraco negro.
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Oiii gente! Finalmente trouxe mais um capítulo! Esse eu demorei para escrever, mas pelo menos saiu grande ksksks, e então, o que acharam? Nosso babe finalmente foi mencionado!!! Hihi! Creio que o próximo capítulo será na visão dele, então se preparem. ^^
Perdão se alguma personalidade escapou da linha, desculpa de verdade!
Ainda não sei como definir o estilo de minha escrita, então peço desculpa por qualquer problema, me desculpem os erros também e as partes bugadas!
Bem, é isso, ATÉ A PRÓXIMA!!! Amo vocês!