Quando colocou sua mão no braço dele, sentiu os músculos abaixo. Os negros olhos permaneciam fixos nos seus enquanto colocava a mão em cima da dela, prendendo-a no seu calor. Emma quase estremeceu, foi por muito pouco. O que acontecia com seu corpo?
Viu, então, um cálido sorriso surgir nos lábios de Whitmore.
— Divertindo-se em seu primeiro baile?
— Por enquanto sim, é tudo muito novo e muito diferente das festas no campo.
— Não tenha dúvidas — respondeu, afetuoso. — Entretanto, posso garantir que você e Amanda não ficarão sentadas em nenhuma dança. Há muitos cavalheiros aqui para encher os cartões de baile e garantir uma noite memorável.
Emma sorriu em retribuição, agradecendo a atenção. Sabia que ele cobrou alguns amigos seus para estarem ali naquela noite. Mas existia apenas uma pessoa que ela estava interessada.
Ao ouvir os primeiros acordes de uma valsa, Whitmore parou.
— Não me dei conta de que essa dança é uma valsa. Você tem permissão para dançar ou precisamos retornar?
— Tenho permissão, sim.
— Ótimo — disse ele, tomando-a entre seus braços e unindo-se ao resto dos bailarinos.
Durante a dança, Emma estava alheia demais ao mundo para ter preocupações. Sua cabeça estava na próxima dança, naquela que teria com Edward, seu futuro marido. Sabia que seria perfeito, por isso não conseguia parar de sorrir levemente.
Quando voltou a si, a valsa com o duque estava quase terminando. Não se deu conta de como transcorreu com suavidade a dança e não precisou se preocupar com nada pois ele era um bailarino excelente, guiando-a com maestria pelo salão.
Voltando os olhos para seu par de dança, percebeu que o duque a olhava com uma leve careta, parecia estar sentindo dor. Se deu conta de que havia feito exatamente a mesma coisa que fez com Nick, e que não foi tão suave assim a dança. Ela pisou no pé de um duque! Tudo bem que era um duque que conhecia, mas não tirava a importância do acontecimento vergonhoso. Sentindo o rubor já lhe esquentando o rosto, ofereceu um sorriso envergonhado e desandou a falar.
— Sua Graça, por favor, peço que me desculpe! É minha primeira vez em um baile oficial e creio que estou nervosa demais para controlar meus pés. Se perguntar ao Nick, verá que lhe pisei no pé dele também e...
— Não se preocupe, Lady Emmaline, está tudo bem — garantiu ele, muito calmo. Era sua impressão ou a voz dele estava rouca?
Agradecendo sua paciência, eles encerraram a dança e retornaram para a roda. O duque continuava com uma expressão sombria, e já não a olhava mais. De qualquer forma, quem estava sorrindo era Emma, ansiando o que viria na sequência.
Ela queria dançar com ele, tudo que importava era estar pela primeira vez nos braços de Edward. Quando esteve, finalmente, sentiu apenas felicidade borbulhando em seu âmago. Cuidou ao máximo para não pisar no pé do terceiro e mais importante homem com quem dançava. E quando retornou da dança com Edward, o duque já não se encontrava mais no salão.
Sorrindo, aceitou a limonada que um cavalheiro à sua esquerda lhe oferecia, mas não conseguia se concentrar na conversa ao seu redor. Nem percebeu quando ele deixou o seu lado e Amanda tomou seu lugar. Como era romântica! Mal terminou a dança e já imaginava seu futuro com Edward.
— Emma, você está com um sorriso bobo — rindo, Amanda estalava os dedos na sua frente para tirá-la da imaginação. — Por favor, se recomponha antes que todos os lordes desse salão achem que você é louca!
— Ora, Mandy, eu já estou louca e você sabe o motivo. — E tomou um gole da morna e aguada limonada do Almack's para disfarçar seu sorriso.
— O que não quer dizer que você precise se entregar na frente das demais debutantes de Londres. Inclusive do objeto de sua afeição — apontando discretamente para seu irmão.
Todos ao seu redor sabiam de sua afeição por ele. Olhando-o, ela sentiu o coração afundar ao vê-lo de braços dados com uma mulher desconhecida, que sussurrava em seu ouvido algo que o fez rir.
— Você, melhor do que todos, sabe que seu irmão ainda não corresponde aos meus sentimentos. Mas estou decidida a provar que até o final da temporada, ele estará.
Balançando a cabeça, Amanda olhou tristemente para sua melhor amiga desde a infância:
— Emma — começou cautelosamente —, e se você estiver procurando demais em uma pessoa que...
— Não — interrompeu-a —, eu tenho certeza do que estou falando.