Levanto com o toque do meu despertador e não vejo Heyoon na cama.
Depois de fazer minha higiene pessoal, coloco meu tênis e desço.
Eu fico esperando Heyoon.
No início foi difícil levantar para correr tão cedo da manhã, mas agora eu já estou acostumado, e confesso que me sinto muito melhor fisicamente.
Vinte minutos passam e ela não aparece.
Mando uma mensagem para ela mas ela não me respondeu.
Fico olhando para a casa dela, para ver se ela está lá dentro, mas eu acho que é impossível.
Ela é muito orgulhosa.
- Bom dia Lamar. - Senhor Jeong parece do nada.
- Bom dia. - Digo sem graça.
Será que ele me viu encarando a casa dele?
- Como vai? E a escola? - Ele é simpático, não sei por que ele e Heyoon brigam todo.
Sua aparecia é de cansado. Olhos com olheiras e as marcas de impressão pelo rosto. Provavelmente ele não dormiu a noite.
- Bem. - Digo. - Heyoon está em casa?
Ele me olha surpreso com a minha pergunta, eu sei que é muito estranho eu perguntar por ela, por que geralmente eu nem falava com ela.
- Não. - Ele diz. - Vocês são amigos agora?
Eu não diria amigos...
- É... Mais ou menos. - Digo.
- Fico feliz em ouvir isso...- Ele diz. - É ela não tem amizades boas, você é um bom menino.
Como assim não tem amizades boas? Sina é uma pessoa maravilhosa.
- Tenho que ir trabalhar. - Ele destranca o carro. - Eu não sei se ela vai voltar hoje, então não fique esperando e vá se arrumar, senão vai se atrasar para a escola.
- Okay. - Digo. - Bom trabalho.
Ele concorda e entra no carro.
- Sr. Jeong. - Eu o chamo. - Não se preocupe com Heyoon. Ela está bem. Ontem eu conversei com ela.
- Se você falar com ela, pede para ela falar comigo. - Ele diz.
- Tudo bem.
- Obrigado. - Ele me dá um sorriso fraco e sai.
Para onde será que ela foi?
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Estamos na quinta aula e Heyoon ainda não tinha aparecido e também não respondia as minhas mensagens. Eu já estou ficando preocupado.
Mesmo ela sendo a valentona do colégio ela nunca faltava a escola. Nunca. Nem quando estava doente.
- Lamar. - Noah me chama. - Onde você está cara? No mundo da lua?
Olho para a lousa e vejo que a professora já encheu ela de atividades. E eu ainda estava na primeira linha.
- O que foi? - Pergunto.
- Você está estranho hoje. - Ele diz. - Aconteceu alguma coisa?
- Não aconteceu nada. - Digo começando a copiar a atividade.
O sinal toca e a professora nos libera.
É a hora do almoço e depois de guardar a minha mochila no armário e vou até a cantina.
Ignoro todas as perguntas dos meus amigos, por que nem eu sei como responder.
Não entendo porque estou tão preocupado com a Heyoon. Mas eu sei que ontem ela me mostrou um lado mais humano e isso me fez ter uma visão diferente dela.
Antes ela era a menina inacessível, má e perversa. Mas ontem eu percebi que tudo isso que ela tenta passar é uma mentira. E que ela liga sim, que ela se importa. E ela tem sentimentos.
Depois de pegar a comida sentamos no nosso lugar de costume e eu fico olhando para a mesa da Heyoon que está vazia.
- Por que será que a Heyoon não veio? - Diarra pergunta.
- Como vou saber? - Eu pergunto como se não soubesse.
- Será que ela finalmente desistiu da escola? - Noah diz. - Espero que sim, a escola ia ter mais paz se ela não tivesse aqui.
- Que isso Noah. - Diarra fala. - Ela nunca fez nada contra a gente, e eu acho que ela é legal. Eu gosto do estilo dela.
O estilo das duas são tão diferentes. Heyoon usa muito preto e maquiagem escura e Diarra não. Ela prefere cores vivas como vermelho e amarelo.
- Eu acho que ela dá muito medo. - Noah diz dando os ombros.
- Falando nela... - Vejo Ela atravessar o refeitório com uma bandeja na mão, aparentemente tudo está certo com ela.
Respiro aliviado. Que bom que ela está bem.
- Chegou quem não devia acabou minha alegria. - Noah diz.
Ele é tão infantil.
Heyoon assistiu o resto das aulas e também respondeu uma mensagem minha dizendo que tudo está bem.
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Heyoon entra no meu quarto pela janela que desta vez eu deixei aberta.
- E ai. - Ele senta na minha cama.
- Oi. - Digo.
Eu não sei se tenho direito de perguntar onde ela estava.
- Eu pensei no próximo passo. - Ela diz. - Acho que devemos trabalhar mais na sua confiança. Você é muito inseguro. E isso é um problema.
Eu também concordo com ela. mas eu sou tímido, então é muito difícil. Mas o momento não é meu, temos que focar na Heyoon.
- Tem razão.- Eu digo. - Mas acho que isso pode esperar.
Ela me olha confusa.
- Você tem que se resolver com seu pai. - Digo.
- Isso não é problema seu. - Ela ríspida.
- Eu sei que não é. - Respondo. - Eu vi seu pai hoje. Ele estava mal. Provavelmente não dormiu a noite toda preocupado com você.
- Não me interessa. - Ela diz.
- Pois deveria, ele me pediu para te pedir para ligar para ele.
- E desde quando você virou garoto de recado do meu pai? - Ela já estava ficando alterada. Se fosse antes eu ficaria com Medo, mas agora eu sei que ela não é ruim e que ela também está machucada.
- Eu só estou preocupado com você. - Digo. - Seu pai também está.
- Eu não preciso da sua pena. - Ela se aproxima de mim. - Não estou te pedindo pra se mater na minha vida.
- Eu não tenho pena de você.- Eu digo. - Eu me preocupo com você.
- Eu não quero a sua preocupação. - Diz. - Não preciso de você. Não se meta da minha vida. Não somos amigos!
Ela se afasta de mim indo até a janela mas eu seguro seu braço.
- Heyoon. - Digo. - Não fale isso, me deixe te ajudar.
- Me ajudar? - Ela ri irônica. - Eu já estou bem grandinha pra precisar de ajuda. Ainda mais de um Zé ninguém como você.
Eu posso sentir o ódio no seu olhar.
Ela puxa o braço e passa pela janela.
Pego o meu travesseiro e jogo na parede.
Eu estou com raiva. Não dela, mas de mim.
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😔😔