Apesar do medo de precisar encarar Daniel mais uma vez, eu senti um medo maior ainda de perder mais alguém... De perder Diego.
Levantei com dificuldade do banco, e fui caminhando com passos leves pelo corredor, tentando chegar na sala sem ser notada. Ao chegar no final do corredor, na porta para a sala, engatinhei rapidamente para trás do balcão que dividia a sala da cozinha. Só tinha uma coisa que eu poderia fazer para ajudar Diego, e eu nunca havia testado isso antes. Era tudo, ou nada.
Tentei observar o que acontecia, espiando pela lateral do balcão, para achar o momento certo.
- Vem com tudo o que você tiver, você não é homem pra agredir uma garota imobilizada, seu covarde! - Diego gritava. Era a primeira vez que eu o via fora de seu estado calmo sem gaguejar. Diego não estava nervoso, ou emocionalmente desarmado. Diego era o mais puro ódio que alguém seria capaz de alcançar.
Com um golpe rápido, Diego chutou Daniel, que vinha correndo em sua direção, bem no meio do peito, fazendo o mesmo se chocar contra sua própria força e se desequilibrar. Antes que Daniel pudesse recobrar a consciência, Diego atirou duas facas, curvando-as para duas costas. Daniel as puxou, e atirou de volta em Diego. Um erro, e muito do bem feito. Daniel tinha uma força monstruosa e não sabia ao certo qual o poder de Diego.
No mesmo instante Diego devolveu as facas na mesma intensidade, uma em sua coxa esquerda e outra em sua virilha, logo em seguida o atirando para um lugar que eu não tinha total visão.
- O que foi, docinho? - Diego perguntou, olhando no fundo dos olhos de Daniel com satisfação ao ver sua dor. De repente Diego recuou, aparentemente sem saber o que fazer.
- Diego, querido... Me ajude, por favor... - Era a voz de Grace. - Não me deixa morrer só de novo...
- M-mãe.... Eu... - Merda, merda, merda, Diego! Não, por favor...
- Diego, por que me deixou ir só? - Era a voz de Eudora. Merda, como Daniel...? Matt! Merda, era ele! Ele se passou por Matt, e eu não sei ha quanto tempo. Merda!
- E-eu... - Diego começou a recuar. Eu entendo o que ele estava passando. Os jogos de Daniel eram pesados demais até pra quem sempre conviveu com ele e já sabia como lidar.
- Sabe, Diego... Eu estava lá - Daniel falava, na forma de Eudora. - A forma como ela sussurrava seu nome e perguntava o por que enquanto morria... Foi uma das melhores coisas que vi aqui. - Diego tentava não chorar, tentava se concentrar em fazer algo mas tudo o que conseguia era recuar cada vez mais. - "Diego... Por que..." Era tudo o que ela falava. Eu acertei o tiro bem no meio do peito! - Daniel ria, enquanto Diego caía de Joelhos. - Só não foi melhor que ver sua namorada nova desmaiada enquanto eu podia fazer o que quisesse com ela... - Merda eu... Eu não sei o que aconteceu comigo.
- Cala a boca! - Diego gritou, avançando em Daniel, quando ele se transformou em mim.
- Não, Daniel... Por favor, não me machuque mais... Era a frase que ela mais dizia quando estava comigo. E com você? - Diego recuou um pouco novamente, mas agora estava cima de Daniel, tentando recobrar o controle e acabar com isso. Eu precisava agir.
Me arrastei até o fogão e liguei uma das bocas. Pus as duas mãos para a sorver o fogo. À medida que as chamas me esquentavam eu me sentia um pouco mais forte, até que finalmente eu me senti superaquecer, e senti meu corpo ascender de novo.
Saltei o balcão e parei no meio dos dois, tentando não encarar Daniel.
- Deixa ele em paz! - gritei, começando a queimar Daniel o máximo que eu conseguia. A intensidade da situação era tanta que comecei a me sentir fraca novamente. Talvez devesse ter ficado mais tempo no fogo.
- Thessália, não! - Diego gritou ao me ver tentando me alcançar antes que eu caísse.
Eu ainda estava acordada, apesar de não conseguir me mover. Diego cravou mais duas facas no peito de Daniel e...
De repente tudo ao meu redor parou, como se a terra tivesse parado de girar. Tudo era um grande cenário parado na minha frente. Uma mulher loira, a mesma que eu via quando estava presa por Daniel, chegou e começou a reclamar coisas que eu não conseguia ouvir direito, sobre não deixar sua missão principal por uma vingança infantil.
- Desculpe, eu só queria provar meu valor - Diego falou.
A mulher mexeu em uma mala preta que carregava consigo, e de repente como se nada nunca tivesse acontecido, Eles somem e tudo volta ao normal. O tempo volta a correr e a terra, a girar.
Daniel não estava mais lá, apenas eu e Diego. Eu comecei a levantar para ajudar Diego a se recuperar tambem.
Notas:
Boa noite! Gostaram do capítulo?
Espero ter deixado todos putos e curiosos, boa noite!