- Mas a minha filha... Ela vai ficar bem? - Questionou dona Marieta, mãe de Marina.- Eu sabia que se envolver com aquele marginal não ia dar em boa coisa! - Claudionor, o pai da moça disse.
Carol já havia conhecido aquele casal na época que Edu e Marina começaram a namorar. Certa vez ela e Siri foram ao cinema junto de Edu e Marina, depois do cinema, Edu deixou a namorada em casa e Carol viu o casal no portão. Em sua lembrança os pais da moça eram bem mais jovens, no entanto haviam se passado vinte anos daquela rápida visita a casa de Marina e quem estava na sua frente eram dois senhores de idade que beiravam aos setenta anos e pareciam ter saúde debilitada, principalmente Cláudionor, por isso Carol mediu as palavras que ia usar com eles.
- Ela teve uma queda e os médicos acharam melhor deixá-la em observação. - Carol explicou.
- Menina que só dá trabalho! - Claudionor rezingou. Se livrou do braço da mulher que lhe apertava. - Eu vou até ali...
- Eu vou com você... - Marieta se ofereceu gentilmente.
- Fica aí! Eu já disse que não preciso de babá! Só vou comprar uma água.Irritado, Claudionor se afastou resmungando alto deixando Marieta e Carol a sós. A senhora estava muito sem graça, Carol sentiu dó dela, mas após uma distância segura, Marieta esclareceu a situação a irmã de Edu.
- Meu marido tem Alzheimer. Ele descobriu recentemente e está revoltado com o mundo... Acha que me tratando mal vai resolver alguma coisa. Não ligue para as grosserias dele, por favor.
Carol arregalou os olhos assustada.
- Mas ele está bem? Assim... Ele não pode de repente perder a consciência.
- Poder até pode. Essa semana mesmo esqueceu onde estava e como voltar pra casa. Sorte que o pessoal da nossa agência do banco o conhece há mais de 30 anos... - A mulher lamentou. - Não é fácil não, viu menina... E ele não aceita cuidador e nem enfermeiro, minha vida é praticamente essa... Cuidar de uma criança de 69 anos teimosa e cheia de vontades.
Carol ainda estava preocupada.
- E se ele se perder aqui?
- Essa semana eu comprei um relógio pra ele com GPS, rastreio pelo celular. Não deve ir pra longe. - A mulher explicou. - Mas diga... A minha filha vai ficar bem? Fale a verdade... O que ela teve?
De acordo com os médicos, Marina teve uma hemorragia por conta da queda piorando um quadro já instável de pré eclampsia. Carol já tinha ouvido falar em pré eclampsia pois Michele já havia sofrido da mesma complicação na gravidez de Jorginho, Carol não sabia de muita coisa, apenas que a pressão arterial da gestante ficava alta colocando em risco ela e o bebê. Felizmente Michele foi assistida e tudo se resolveu da melhor maneira, Carol pedia a Deus para que Marina tivesse a mesma sorte que a cunhada.
Com cuidado, Carol explicou a dona Marieta o que o médico havia lhe explicado. Marina estava na UTI, em observação, pois sua gravidez era de risco. Também explicou a Marieta tudo que lhe contaram sobre a queda. A mãe de Marina lamentava bastante todo o ocorrido.
- Era pra eu estar do lado da minha filha essa hora... É que o pai dela não aceita essa criança de jeito nenhum e agora eu preciso estar do lado dele, eu acabei afastando da minha filha e... - Chorosa. - Aconteceu essa desgraça toda... Eu tô me sentindo tão culpada...
- Não fica assim... Eu vou pegar uma água para senhora... Se acalma, por favor...
Carol deixou a mulher sentada em um banco nos corredores do hospital e foi providenciar um copo d'água para Marieta. Voltou minutos depois. Enquanto a mulher sorvia a água, Carol lhe dizia algumas palavras de acalanto. As duas foram interrompidas pela chegada de uma enfermeira perguntando sobre a família de Marina.
- Nós... - Carol se manifestou. - Somos nós... Aconteceu alguma coisa?
A enfermeira fez um gesto afirmativo.
- Vocês são o que?
- Eu sou cunhada dela... Ela é mãe. O que aconteceu?
A enfermeira sorriu para Carol.
- Parabéns... O bebê acabou de nascer... - A enfermeira parabenizou. Um sorriso se abriu no rosto de Carol enquanto Marieta soltava um "Graças a Deus". - É uma linda criança do sexo feminino.
- Uma menina? - Carol murmurou comovida.
Uma lembrança gostosa de infância veio em sua mente. Tinha uns oito anos e Edu já tinha treze para catorze. Era uma apresentação de ballet dia dos pais, Raul como sempre estava ausente e a cadeira reservada ao pai de Carol estava vazia. Os outros pais estavam todos presentes, ela pensou em desistir de se apresentar quando alguém lhe disse que alguém havia ocupado a cadeira de seu pai. Um tanto desconfiada, Carol foi espiar quem era e avistou Edu. O garoto ainda estava com o uniforme do futebol. Um dia antes ela tinha lamentado com o irmão que não estava muito afim de dançar pois o pai não veria e ele estava ali. Tinha matado o horário do futebol apenas para vê-la. Com um nó na garganta, Carol se apresentou e no final da dança correu para abraçá-lo. Após a apresentação, ela e Edu foram lanchar em um MC Donald's em frente ao estúdio de dança. Outras meninas também lançavam por ali com sua família.
- Por que você veio?
- Se o papai não pode vir, eu como mais velho assumo o comando. - Brincou. - Agora você tem que me obedecer em tudo que eu mandar.
Carol deu a língua.
- Bobo! - Edu riu. Comia batatas fritas. Carol estava em uma fase que não sabia se tratava o irmão mais velho como adulto ou como criança, ele já não participava das brincadeiras junto com ela e Siri, andava mais interessado nas meninas, uma penugem já começava a aparecer em seu rosto. - Du... Um dia você vai casar? - Edu deu os ombros. Só toparia casar se fosse com a Deborah Secco, sua musa de adolescência. - E você tem vontade de ter filhos?
- Só se for menina... Menino nasce parecido com a mãe, menina não... - Sorriu. - Vai ser gatinha que nem eu...
- Babaca!
Era loucura pensar que aquela conversa já fazia 23 anos. E agora estava ali, prestes a conhecer a filha de seu irmão.
- Ela nasceu? Mas... Está bem? - Carol questionou.
- E a minha filha? - Marieta perguntou. - Eu posso falar com ela?
- Ela está anestesiada. Tivemos que fazer uma cesariana. Ela não acordou ainda, está em observação. - A Carol. - A criança nasceu em perfeito estado. - Carol e Marieta agradeceram silenciosamente. - Nós a colocamos na incubadora, apesar de ter bom peso ela é prematura e está com icterícia. Se vocês quiserem, podem visitá-la.
- Eu quero ver a minha filha...
- Mas ela não está acordada.
- Não importa. Eu quero vê-la. Eu posso?
A enfermeira fez um gesto afirmativo. Primeiro deixou Marieta na porta da UTI E depois Carol na maternidade. Após a jornalista se higienizar e colocar um traje especial, sua entrada foi permitida na maternidade. Carol foi guiada pela enfermeira até a incubadora onde descansava um bebê recém nascido. Era uma garotinha. Ela tinha o tom de pele claro como o de sua família, uma penugem castanha escura no alto de sua cabeça e tinha um bom tamanho para uma prematura. Ao se deparar com a menina, Carol abriu um sorriso e logo reconheceu traços de sua família herdados pela criança, o rosto quadrado de Siri, o nariz do irmão mais velho e sua própria boca bem desenhada na recém nascida. Os cabelos eram pretos e lisos puxando a origem oriental de Marina. Os olhos não eram pequenos com os de Marina, grandes e levemente rasgadinhos. A garotinha estava de olhos fechados, mas estava acordada, mexia os lábios como se sugasse o ar.
- É ela? - Carol questionou sem conseguir esconder a emoção em sua voz embargada.
- É sim. Sua sobrinha. - A enfermeira afirmou. - Ela é prematura, mas nasceu com bom peso, os pulmões estão funcionando bem... Só está com esse probleminha da icterícia e está muito agitada porque ela sente falta da mãe. - Fez uma pausa. - É uma menina linda... - Disse com um sorriso. Deu um tapinha de leve no ombro de Carol. - É importante que ela sinta a presença de uma figura maternal. Faz bem pra ela. Tente conversar com ela, estabelecer contato... Ela precisa disso.
Carol fez um gesto afirmativo, a enfermeira foi chamada pela enfermeira chefe e Carol teve então seu primeiro momento a sós com sua sobrinha. Agachou-se para seu rosto ficar da altura da incubadora.
- Oi bebezinha... Tudo bem? - Questionou. - Eu sou a tia Carolina. Irmã do seu pai... - Emocionada. - Você pode me chamar de tia Carol, tia Cá. - Brincou. - Eu vou apertar muito essa bochechona fofa que você tem... - Disse com um sorriso. Colocou sua mão dentro do compartimento e fez um carinho sobre a barriga da sobrinha que parecia ter gostado do contato e se acalmado. Carol sorriu. - Você gosta de carinho? - Pressionou os lábios. Estava preocupada. Via tanto do irmão naquela criança. Um medo de não vê-lo nunca mais assombrou seu coração. Meneou a cabeça em um gesto negativo para evitar os maus pensamentos. - Fica preocupada não... - Garantiu a sobrinha. - Vai dar tudo certo pra nós duas... - Como se entendesse o que Carol queria dizer, a garota esboçou uma espécie de chorinho em acordo. - É... Já deu tudo certo!
(...)
- Tudo certo aí, Rafa? - Edu questionou preocupado. Quando abriu a porta com a arma empunhada em sua direção, Rafa tomou um susto tão grande que deu um passo para trás, pisou em falso e torceu o tornozelo gravemente. Edu teve que carregá-la para dentro do galpão e acomodou Rafa em uma cadeira. Deixou a garota sozinha e foi providenciar algo para tentar amenizar sua dor. Voltou com gelo embrulhado em um meião de futebol velho improvisando uma bolsa. Fez a professora estender a perna e colocou a bolsa sobre seu tornozelo. - Foi mal o susto, é que a gente sempre tem que ficar em alerta...
- Como você consegue viver assim? - Rafa questionou enquanto pressionava a bolsa de gelo sobre sua pele. - Pior que isso não é nada perto do que a gente já passou hoje... A gente te procurou pela cidade toda! O que você tem na cabeça, cara?! Tua irmã, teu irmão estão loucos com você e com medo de... - Edu ouvia tudo de cabeça baixa. Era o mínimo que poderia fazer. Rafa estava certa em lhe passar aquele sermão. Se pudesse não envolveria Siri e Carol naquela história, mas era uma medida extrema. Queria ver seu filho crescer, ser um pai presente, não poderia continuar levando a mesma vida de antes. Rafa percebeu a resignação do cunhado e parou de falar. - Quer saber... Deixa isso pra lá... Você está bem?
Edu fez um gesto afirmativo.
- Por enquanto aqui é seguro.
Marina que havia arranjado aquele esconderijo a Edu. Um velho galpão abandonado localizado na periferia de São Paulo. Na rua não havia muitos vizinhos pois era uma via curta e cujo único estabelecimento comercial era um depósito de bujões de gás. Poucas pessoas passavam por ali. Aquela seria sua última noite no galpão. De madrugada havia marcado com Dóris, uma policial de sua confiança em uma igreja católica daquele bairro. Deixaria a bíblia dentro da caixa de correspondências da igreja e então daria adeus a São Paulo. Sentiria falta daquele lugar pois adorava a megalópole, mas por uma questão de sobrevivência jamais voltaria a cidade. Rafa olhou em volta, ela estava assustada. Jamais imaginou que passaria por uma aventura daquelas. Tudo para salvar a pele de Carol.
- Você vai mesmo?
Edu fitou a cunhada, fez um gesto afirmativo e sorriu saudoso. Apesar de não ser tão próximo como Siri era de Rafa e ser completamente o oposto da personalidade da professora, Edu simpatizava muito com ela. Rafa era inteligente, prestativa, fazia bem aos seus irmãos, como não gostaria dela? Eram opostos sim, mas não deixava de admirá-la.
- Não tenho escolha, Rafaela... Ou é isso ou eu morro.
A garota fez um gesto afirmativo.
- Seus irmãos vão sentir sua falta... Eles te adoram, Edu... - Fez uma pausa. - Talvez se você se entregasse... Eles não iam dar as costas pra você.
Edu sorriu. Imaginava que não iam mesmo. Podia até ver Carol e Siri lhe visitando no presídio, ansiosos por notícias de seu julgamento. Não era por falta de apoio que não se entregava a polícia.
- Rafa, você já ouviu falar em Cliff Jump?
Rafa pensou um pouco.
- É tipo um esporte não é? Que a pessoa sobe em um penhasco e se joga em queda livre em um mar, em um lago ou cachoeira, não é?
Edu fez um gesto afirmativo.
- Exatamente. Minha vida sempre foi isso. Cliff Jump. Eu sou um cara viciado em adrenalina... Sempre fui, mas quando eu soube que a Marina estava grávida... - Fez uma pausa. - Você não tem ideia como as coisas mudam quando você descobre que gerou uma vida... Como o mundo ganha uma nova dimensão, como a visão muda... Eu tenho um bebê que precisa de mim... Eu me entregar agora seria como pular de um penhasco em queda livre... Se eu for pra um presídio agora, eu vou acabar morrendo porque eu sou visado... Eu não posso fazer isso... Entende?
Rafa compreendia Edu. Por mais que não tivesse coragem de tomar a mesma atitude que ele o compreendia. Ia falar qualquer coisa quando seu celular tocou. Era um número desconhecido. Atendeu.
- Alô?
- Rafa, sou eu...
- Oi, amor... - Com dificuldade, Rafa se levantou. Tinha aquela mania de falar no celular enquanto andava. Era uma maneira de controlar sua ansiedade. Edu foi atrás da cunhada. - Tudo bem? Onde você está?
- Eu tô no hospital... Esse telefone é da Marina... Você conseguiu?
- To aqui com ele... E ela?
- Ela está sedada. Nasceu o bebê. - Emocionada. - É uma criança linda...
- Nasceu? - Rafa repetiu.
Edu arregalou os olhos.
- Nasceu? - Rafa fez um gesto afirmativo. Edu retirou o telefone de sua mão e acionou o viva voz. - Cá? Nasceu?
- Ela é linda... - Edu sorriu emocionado. - É uma menina linda...
- Menina? - Edu questionou com a voz embargada. - Como ela é, Cá? Como ela é? Ela tá bem?
- Ela é linda... Tua cara...
Edu não se aguentou, se sentou sobre a mesa do cômodo e se colocou a chorar de felicidade. Não conseguia falar. Uma menina!
- Alô?
- A gente tá aqui, Cá... - Edu disse também emocionado. Respirou fundo. - E a Marina? Esta tudo bem com ela?
Edu estava tão nervoso que apenas começou a raciocinar após ouvir o nome da namorada e várias perguntas apareceram em sua mente. Por que Rafa veio sozinha? Por que Carol não veio com ela? E por que o adiantamento do parto? Resumiu todas as suas dúvidas em uma questão.
- O que aconteceu?
- Eu não quis te preocupar, mas a Marina teve uma complicação no parto... Eu deixei a Cá com ela e vim sozinha...
Edu se preocupou.
- Ela está bem? O que aconteceu com ela? Por favor, fala!
- Ela teve que fazer uma cesariana porque teve complicações de pré eclampsia. - Carol explicou. Ela está sedada. A família dela está aqui, mas os médicos disseram que logo ela acorda. - Tá tudo bem...
- Você não está mentindo?
- Não! - Carol afirmou. - Foi o que me disseram.
Apesar das palavras da irmã, Edu manteve um semblante preocupado. Carol tinha uma outra questão para resolver.
- Du... Tão perguntando o nome da bebê? Vocês conversaram sobre isso? Sim, eles tinham conversado.
- Ela ia decidir se fosse menino e eu decidiria se fosse menina... Mas a gente queria ver a carinha dela antes... Você tem foto dela?
- Eu vou ver se eu consigo... Já te mando. Beijo.
Os dois desligaram. Edu olhou Rafa e a garota se desfazia da mochila. Finalmente o dinheiro e a bíblia estavam nas mãos de seu dono. Rafa deixou sobre a mesa.
- Tá entregue... Eu acho que... - Rafa fez um careta de dor. - Edu, acho que vou ter que chamar um carro...
- Mas aqui...
- Com esse pé assim eu acho que não vou conseguir andar...
Edu olhou. O tornozelo de Rafa estava mesmo inchado.
- Bom... Acho que se eu não aparecer não tem perigo... - Rafa fez um gesto afirmativo chamou o carro por aplicativo. Por conta do Ano Novo não encontrava nenhum carro livre.
- Espera um pouco. Logo desocupa um.
Rafa fez um gesto afirmativo. Olhou em seu relógio de pulso. Dez pra onze. Esperava mesmo que logo aparecesse um carro.
(...)
- Demoraram! - Higuain disse aos seus capangas assim que desceram de um carro. Estavam em cinco. - Daqui a pouco o passarinho sai da gaiola.
- É esse trânsito aí, chefe... Mas a gente trouxe todos os corre. Maior briga pra achar gasolina...
- Trouxeram?
- Trouxemos...
Higuain fez um gesto afirmativo. Com traidor não tem perdão.
- Primeiro a gente pega a grana... Depois só tocar o plano.
Um dos bandidos riu.
- Hoje que a chapa do Einstein vai esquentar... Literalmente!
(...)
- Daqui quinze minutos o carro chega. - Rafa disse. - Essa época de fim de ano é foda. - Os dois ficaram em silêncio. - Ano Novo, literalmente vida nova pra você.
- Eu espero! Obrigado viu, Rafa! Você tá me salvando e permitindo que eu tenha essa vida nova com a mulher que eu amo e com a minha filha... - Fez uma pausa. - Você e a Carol são a minha inspiração.
- Nós?
- É... O casamento dos meus pais foram uma merda. Eles só sabiam se ofender, se machucar...
Não tinham cumplicidade, respeito, carinho que vocês têm uma pra outra... Tem pessoas que a gente olha na rua e vê que foram feitas uma pra outra... Tipo você e a Carol...
Rafa sentiu sua pele esquentar.
- Edu... As coisas não são bem assim... Vida de casada não é fácil e... - Fez uma pausa. - Eu sai de casa...
- Que? - Edu se surpreendeu. - Como assim?
- A sua irmã fez algo e ela está me escondendo... Eu não sei mais o que pensar sobre isso porque eu amo ela, mas...
Edu fez um gesto negativo. Inconformado.
- A Carol precisa entender que a culpa não foi dela... Se tem alguém culpado nessa história é o Roque...
Rafa se surpreendeu.
- O Roque? O Roque, aquele Roque?
- Por isso que eu não queria que ela soubesse o que aconteceu com ele... A Carol tem uma cabecinha do caralho também... Que merda!
- O que aconteceu com a Carol e o Roque? - Edu encarou Rafa. - Edu... Essa pode ser a chance de salvar o nosso casamento... O que aconteceu?
- Foi logo que você ficou com ela... Ele...
Edu não teve tempo de completar a frase. Vários estampidos estouraram nos ouvidos dos dois. Primeiro Rafa pensou se tratar de fogos por conta do Ano Novo, mas entendeu que não era quando viu o ombro de Edu se banhar em sangue. Vários tiros eram disparados em direção ao galpão e as balas entravam pois a construção era de madeira. Ferido, Edu puxou Rafa para junto de si tentando protegê-la. A porta da frente foi arrombada. Para tentar dificultar a vida de seus carrascos, Edu deu um tiro na lâmpada desligando a luz do local. Viram a silhueta de Higuaín surgir na entrada.
- Sem gracinhas, Eistein! Você tá cercado! Passa o dinheiro! - Rafa estava próxima da mochila. - CADE A MINHA GRANA, FILHO DA PUTA?