Hermione se sentia de mãos atadas. Durante um breve momento, realmente acreditara que Draco conseguira convencer Gina a não seguir com frente com a eutanásia, mas, logo em seguida, Gina o expulsara de sua casa.
Ela e Draco tinham aparatado no Central Park. Bem, Draco aparatara, na verdade. Ela o seguira quase que por... mágica, como diriam os trouxas. Poderia ter rido da ironia se não estivesse tão preocupada consigo mesma.
Os dois estavam sentados no gramado, debaixo de uma velha árvore. Hermione observava algumas crianças brincando por perto.
— Eu realmente não acredito que a Weasley... — Draco começou a dizer.
— Ela apenas estava tentando ser uma boa mãe. Tentando manter as crianças longe de ...
— Um Comensal da Morte maluco.
— Não era isso que eu ia dizer.
— Mas essa é a verdade.
Hermione olhou para ele. O loiro não parecia triste ou irritado, apenas um pouco... envergonhado, talvez. Ela voltou seus olhos para as crianças, pensando em Zoe e Denise.
— Acho que eu teria gostado de ser mãe — ela refletiu em voz alta.
— Você seria uma boa mãe — ele disse depois de um tempo.
— Obrigada. — Hermione desviou o olhar das crianças e encarou o horizonte. — Acho que eu nunca saberei agora.
— Ainda não é o fim, Hermione. Podemos voltar ao hospital, eu posso falar com sua amiga Fran e...
— Não, Draco — ela o cortou.
— ...falar com aquele idiota, o tal Sanders.
Ela balançou a cabeça e olhou para ele.
— Pare. Eles simplesmente irão te colocar em uma camisa de força se você lhes disser algo assim. Ninguém acreditará que eu ainda estou aqui, uma vez que apenas você pode me ver e falar comigo.
Ela podia ouvi-lo respirando pesadamente e quase podia enxergar as engrenagens do seu cérebro trabalhando.
— Espere — ele olhou para ela, seu rosto clareando. — Há mais alguém!
— Quem?
— Vamos lá.
Draco se levantou e aparatou. Ela o seguiu, sem saber do que se tratava, mas com uma pontinha de esperança no peito.
***
Hermione percebeu que eles estavam em uma biblioteca. A Biblioteca Bruxa dos EUA. Ela já estivera ali algumas vezes quando ainda estava completamente viva.
— Draco, não me entenda mal, eu realmente não tenho nada contra passar um tempo em uma biblioteca — ela disse enquanto tentava acompanhar os passos rápidos e largos dele ao longo dos corredores. — Mas o que exatamente viemos fazer aqui?
— Viemos atrás de alguém — ele lhe informou resumidamente, olhando de relance para ela durante um segundo. — Ah, lá está ele.
Hermione olhou para a direção apontada e viu Joey, um dos "especialistas" que Draco havia levado ao apartamento para mandá-la para a luz.
— Você está querendo me salvar ou me matar mais cedo do que o esperado?
Ele sorriu para ela.
Ela não pôde deixar de notar nesse momento — mesmo na horrível situação de corrida contra o tempo em que se encontrava — que ele ficava ainda mais bonito quando sorria e seus olhos cinzentos brilhavam e...
— Granger?
Ela percebeu que estava o encarando e desviou o olhar.
— Hum?
— Eu estava dizendo que acho que ele pode nos ajudar.
Os dois se aproximaram de Joey, que catalogava alguns livros.
— O espírito está com você, certo? — o bibliotecário disse quando os viu. — Você não pode trazer essa coisa aqui, cara.
Draco o ignorou.
— Você estava certo. Ela está viva.
— Maneiro! — ele acenou com a cabeça, abrindo um sorriso que Hermione achou um pouco bizarro.
— Ela está em coma e em breve eles suspenderão a magia que a mantém viva.
— Isso não é maneiro. — O sorriso dele sumiu. — Vocês dois estão se dando bem agora?
Hermione olhou nervosa para Draco. Ele sorriu para ela. Novamente. Então ele voltou os olhos para Joey.
— Nós estamos... nos conhecendo outra vez.
— Sim, estou vendo. — Joey acena. — De fato, ela tem sentimentos fortes por você, cara.
Hermione tem vontade de cavar um buraco e se enterrar viva naquele instante. Ou melhor, enterrar Joey vivo. Como ele ousava? Insinuar que ela tinha... sentimentos por Draco Malfoy? No máximo, ela tinha uma gratidão muito forte por ele estar ajudando-a. Mas era apenas isso. Certo?
— Sério? — Ela escuta Draco perguntando a Joey, sem olhar para ela.
— Não, eu não tenho e...
— Uma grande áurea vermelha acabou de surgir — Joey interrompeu Hermione. — Alguém além de apaixonada está envergonhada também.
— Ambas as afirmações estão incorretas. — Ela se voltou para Draco: — Olha, podemos retornar ao assunto original?
Draco a observou durante alguns segundos, quase como se estivesse procurando em seu rosto por algum traço verdadeiro do que Joey dissera. Ela tentou manter a expressão em branco.
Draco acabou voltando seu olhar para o bibliotecário.
— Você conhece algum feitiço que a faça voltar para o corpo?
Joey balançou a cabeça.
— Você está fazendo a pergunta errada, cara.
— Por quê?
— Olha. — Ele deixou de lado os livros que manuseava. — Eu tenho um dom. Não pedi por ele, mas eu tenho. Eu posso sentir esses fantasmas especiais. Ocultos.
Hermione teria revirado os olhos se ela não fosse a prova não-tão-viva de que os tais fantasmas ocultos realmente existiam.
— Então eu também tenho o dom? — Draco perguntou de forma cética.
— Cara, por favor. Você definitivamente não o tem.
Draco franziu o cenho.
— Mas se eu não tenho esse dom, como posso vê-la e falar com ela quando ninguém mais pode?
— Exatamente. — A expressão de Joey era triunfante.
— Exatamente o quê?
— Essa é a pergunta certa.
***
Draco e Hermione voltaram para o apartamento. Ela não sabia mais o que poderia fazer e parecia que o bruxo que andava de um lado para o outro dentro de poucos metros quadrados também não.
— De que porra ele estava falando? Salazar, eu sinto como se a resposta estivesse na nossa frente. Mas eu não consigo compreender.
Ele finalmente se sentou no sofá ao lado de Hermione.
— Isso é ridículo — ela desabafou. — Como resolver um problema que é impossível de ser solucionado? Pois nada me parece mais impossível.
— Quero dizer, por que eu me mudei para o seu apartamento, para começar? Por que posso te ver, se ninguém mais pode? Por que eu estava naquele restaurante quando aquele cara desmaiou? Tudo parece estar conectado de alguma forma.
Ele começou a folhear aleatoriamente os livros sobre fantasmas que ainda ocupavam a mesa de centro.
— O que está fazendo? — ela o questionou.
— Eu não sei... apenas sinto como se estivesse deixando algo escapar. — Ele retirou um pedaço de pergaminho que estava dentro de um dos livros — Essa é uma famosa especialista. Ela mora em São Francisco. Podemos pegar o flu e...
Enquanto pensava no que ele dizia, Hermione abaixou os olhos e viu algo.
— Onde você conseguiu isso? — ela o interrompeu, apontando para o objeto ao lado dele. — Essa foto estava no hospital.
— Sim, eu... — Ele desviou o olhar em direção ao objeto, parecendo envergonhado. — Eu peguei. Apenas... não tinha certeza se iria te ver novamente e... bem, eu não deveria ter feito isso.
Hermione acenou com a cabeça.
— Está tudo bem. Eu apenas... eu realmente adoro essa foto. Apesar do quão turbulento foi esse dia. — Draco a encarava com uma expressão de curiosidade. Ela explicou: — Eu tinha acabado de receber minha aprovação para estudar Medibruxaria aqui.
Ele bufou.
— Não tenho dúvidas de que você conseguiu facilmente, tendo em vista todos os oito "O"s que deve ter conseguido no N.I.E.M.
Ela riu.
— Foram nove, na verdade.
Ele riu balançando a cabeça e se recostou, acenando para que ela continuasse com o restante da história. Hermione sorriu.
— Mesmo estando imensamente feliz, mais tarde, nesse mesmo dia, eu tive uma discussão com Harry e Rony. Nenhum dos dois havia retornado a Hogwarts para concluir o último ano. Harry começara seu treinamento de auror, ávido por salvar o mundo novamente e alimentar seu complexo de herói. Rony... Rony se perdeu para a fama. Ele também iniciara no departamento de aurores, mas abandonou o treinamento pouco mais de um mês depois. Alguém lhe oferecera a oportunidade de escrever um livro sobre a guerra. Ele o escreveu e o livro realmente foi publicado. As páginas são preenchidas basicamente com fotos dele e com uma narrativa pouco verossímil de seus feitos. Não sei se você chegou a ler, mas... Harry e eu quase não somos citados, o que eu realmente não tenho nada a reclamar.
Draco negou com a cabeça.
— Não li, mas eu ouvi falar. Jamais gastaria meu precioso tempo lendo qualquer coisa que saísse do cérebro de avestruz do Weasley.
Hermione riu, balançando a cabeça.
— Ele basicamente vive da fama agora. Quase um Gilderoy Lockhart menos bonito. Enfim, quando recebi minha aprovação, já havia recebido as de outras cinco escolas. Uma delas era a britânica. Harry e Rony acreditavam que eu ficaria com essa vaga, mas... bem, eu realmente queria um tempo de toda a... fama. Eu me sentia sufocada. Queria apenas ser uma garota normal novamente.
Draco mais uma vez acenou com a cabeça. Ela tomou isso como um incentivo para continuar:
— Então... quando eu informei a eles que estava me mudando para cá, foi horrível. Eles me acusaram de estar os abandonando, o que realmente doeu demais. Como eles poderiam dizer isso, depois de tudo o que eu havia feito por eles durante todos os anos em Hogwarts e durante a guerra? Eu não entendi...
— Nem eu entendo... — Draco murmurou.
— Então eu simplesmente me mudei. Pouco tempo depois, Gina veio jogar quadribol pelo time de Nova York, então nós duas dividimos um apartamento até o dia do casamento dela. E o meu relacionamento com Harry e Rony nunca mais foi o mesmo. Hoje em dia, somos apenas conhecidos.
Draco bufou.
— O azar é todo deles, Hermione.
Ela sorriu. De alguma forma, seu nome se tornava mais bonito aos seus ouvidos quando saía dos lábios dele.
— Eu realmente não me arrependo dessa decisão. Meu único arrependimento é... é quando reflito sobre o que eu estava fazendo com a minha vida nos últimos anos. Quando penso sobre ela e... tudo o que me lembro é trabalho. Quero dizer, eu amo meu trabalho, mas... tudo se resumia apenas em trabalhar, trabalhar e trabalhar e... — Oh, não. Ela realmente não queria chorar. Tentou secar as lágrimas com o dorso da mão. — ... e me esforçar tanto. E para quê?
— Você ajuda as pessoas. Salva as vidas delas. Isso é muito mais do que a maioria de nós tem feito.
— Sim. Eu salvo diversas vidas. Inclusive a minha. Eu salvei a minha vida para vivê-la mais tarde. Mas eu simplesmente não... eu nunca pensei na possibilidade de que esse mais tarde não existiria.
Draco se aproximou dela no sofá.
— Não, não diga isso. Ainda há tempo. Vamos ver essa especialista...
Hermione sabia que ele estava tentando ajudá-la. Mas ela não queria viajar quilômetros atrás de uma mulher que provavelmente não poderia fazer nada pelo seu caso. Se aquela fosse sua última noite de vida, ela queria apenas... vivê-la, finalmente.
— Sabe... Eu não quero passar minha última noite chorando. — Limpou as lágrimas que restavam em seu rosto. — Ou... enfrentando o meu destino. Quero fazer uma coisa... com você.
Draco levantou a cabeça e, surpreso, olhou para ela.
— Certo. Tudo bem, ótimo. — Ele se levantou do sofá. — O que você quer fazer? Quer ir para Paris? Sem problemas, eu posso encontrar uma chave de portal. Quer visitar uma praia de Bali? Faremos isso! Qualquer lugar do mundo que você quiser.
Hermione sorriu. Tudo aquilo parecia ótimo e, se ela fosse ser sincera consigo mesma, realmente gostaria de viajar para aqueles lugares com ele. Mas, naquele momento, queria fazer algo que não fazia havia muito tempo.
Relaxar.
***
— Está nervosa?
— Um pouco.
— Por quê?
— Eu não sei.
— Como pode estar nervosa se eu sequer posso te tocar?
— Acho que estou mais nervosa exatamente por esse motivo.
Hermione havia dito a Draco como gostaria de viver sua última noite. Eles estavam deitados na cama, um de frente para o outro. Mesmo sendo incapaz de dormir na sua atual condição, ela queria simplesmente descansar e permitir que as preocupações desaparecessem de sua mente. Como há muito não fazia.
— Por quê? — Draco a questionou novamente.
Hermione mordeu o lábio inferior, tentando encontrar a melhor maneira de colocar em palavras algo que ela vinha pensando já havia algum tempo.
— Sabe no hospital, quando você tocou a minha mão? — Ele assentiu e ela continuou: — Eu senti. Quero dizer, o meu espírito sentiu. Eu não sei como, mas acho que se você pudesse realmente me tocar... Talvez eu fosse capaz de voltar para o meu corpo.
Ele a encarou durante alguns segundos e então levantou a mão esquerda. Com esperança, Hermione levantou a sua direita, aproximando-a lentamente da dele. Houve uma... faísca.
— Eu quase posso sentir isso — Draco afirmou.
— Eu também. Acho que sei qual é meu negócio não-finalizado.
— Você me dirá o que é?
Ela se sentou na cama e olhou para ele, sentindo-se pouco grifinória ao sorrir e dizer:
— Não ainda.
***
Eles haviam passado boa parte da noite conversando sobre coisas aleatórias que nunca haviam tido oportunidade de conversar antes: Hogwarts, as matérias que gostavam e coisas trouxas. Eles fugiram apenas de três assuntos: a guerra, a família de cada um e a provável morte de Hermione.
Ao amanhecer, Draco havia pegado no sono. Hermione não o culpou, aqueles dias tinham sido tensos para ambos.
Ela se levantou da cama e se sentou na poltrona, pondo-se a observar suas feições enquanto ele dormia. Ele havia envelhecido bem. Sua pele de marfim, a ossatura facial bem definida, o nariz aristocrático e a boca bem desenhada, proporcional ao restante de sua face. Ele realmente era bonito. Atraente. E não apenas isso. Ele realmente havia amadurecido desde a época em que costumava ser um garoto mimado e preconceituoso; e isso permitira que sua inteligência se sobressaísse, pontuada pelo sarcasmo ocasional que lhe atraía e...
Não. Não. Não.
Esse caminho era inútil.
Ela já estava praticamente morta.
De que adiantava alimentar algo em sua mente e em seu coração?
Era tarde demais para isso.
Quando ele abriu os olhos cinzentos, o coração dela quase parou.
Ah, legal.
Ela acabara de ter a certeza de que realmente estava apaixonada por Draco Malfoy, faltando pouquíssimas horas para desaparecer de vez da face da terra.
— Granger? — ele sussurrou com a voz rouca de sono, ainda sem tê-la visto sentada na poltrona e se virando para procurá-la do outro lado da cama. — Hermione? HERMIONE? — Ele se sentou, gritando.
— Estou aqui — ela se apressou em lhe dizer.
— Ah bom. Achei que tinha sumido. — Ele relaxou visivelmente, jogando as pernas para fora da cama e começando a calçar os sapatos. — Acho que eu sei o que fazer.
— Do que está falando?
Ele levantou a cabeça, olhando para ela.
— Hermione, quando nos reencontramos, eu dizia que você estava morta. Mas... era eu quem estava morto e... e você me trouxe de volta. Você me salvou. Agora é a minha vez de te salvar.
As palavras dele afetaram os sentimentos dela mais do que Hermione gostaria de admitir. Forçou-se a manter a voz neutra ao perguntar:
— Como?
— Eu vou roubar o seu corpo.
Ele simplesmente saiu do quarto, como se tivesse lhe informado a previsão do tempo daquele dia. Hermione se levantou e foi atrás dele.
— Draco! Draco, o que está pensando? Você não pode fazer isso!
— Por que não? — Ele se virou para olhá-la.
— Porque você vai ser preso!
— E daí? Se algo acontecer com você, acha que eu ligo para onde vou estar? Eu já perdi todos aqueles com quem me importava o bastante para isso. E agora eu realmente me importo com você, então não dou a mínima para o que aconteça comigo caso dê tudo errado. No mínimo, isso nos dará um pouco mais de tempo.
— Você precisaria saber muitas coisas para ao menos ter uma chance...
— Você sabe o que é necessário. Você irá me dizer o que devo fazer.
Ela mordeu o lábio e pensou durante algum tempo, encarando-o. Ele não apenas queria ajudá-la a escapar da morte, ele parecia precisar fazer isso. Bem, aquela não era a hora de ser ética, afinal, tratava-se de seu próprio corpo. E ele estava decidido, de qualquer forma. Ela suspirou.
— Certo. Você vai precisar de alguém sem escrúpulos.
Draco, repuxando o canto da boca, sorriu para ela.
— Eu conheço a pessoa certa para isso.
***
Pouco tempo depois, Hermione, Draco e Blaise Zabini aparataram a alguns metros do hospital e começaram a caminhar apressadamente até lá.
— Por que exatamente iremos buscar suprimentos médicos? — Zabini questionou Draco.
Hermione se surpreendeu ao ouvir aquilo. Mas então, o que esperar de Draco Malfoy? Ela parou na frente do loiro, impedindo-o de continuar andando.
— Você não disse a verdade a ele?
Draco simplesmente deu a volta ao redor dela, recebendo um estranho olhar de seu amigo, que o viu simplesmente circulando o nada.
— É confidencial — Draco respondeu a pergunta de Zabini, ignorando Hermione.
— Certo. E estamos com tanta pressa de buscar essas coisas porque...
— Confidencial, Blaise.
O outro apenas revirou os olhos.
— Você tem que dizer a verdade para ele — Hermione afirmou.
— Ainda não.
— Ainda não o quê? — Zabini perguntou.
— Ainda não chegamos — Draco mentiu.
Zabini parou de andar, segurando o braço do outro bruxo.
— Draco, seja honesto comigo. A sua amiga imaginária também veio, não é?
Draco não respondeu. Simplesmente puxou o braço e continuou a caminhada. Uma Hermione irritada e um Zabini preocupado foram atrás dele.
Enquanto entravam e caminhavam pelo hospital, Hermione quase se sentiu de volta a uma de suas muitas aventuras com Harry e Rony. Ela riu para si mesma ao imaginar a fúria de Draco caso lhe contasse isso. Talvez ela devesse.
Finalmente, chegaram no depósito.
— Certo — Hermione disse. — Pegue uma maca. Você precisará também dessa poção mantenedora da pressão sanguínea e dessa outra aqui, que a manterá respirando.
Draco começou a pegar os frascos.
— Draco, que diabos você está fazendo? — Zabini perguntou, ainda parado à porta.
— Ok. — Draco se virou em sua direção. — Eu tinha certeza de que você não viria caso eu te dissesse a verdade.
— Eu realmente quero ouvir isso?
Hermione quase pode ouvir Draco respirando profundamente.
— A minha amiga imaginária não é imaginária. É realmente o espírito de Hermione Granger. Ela está em coma no andar de cima e estão prestes a cessar a magia que a mantém viva. Nós iremos levar o corpo dela para um lugar seguro.
— Sério? — Zabini parecia cético.
— Sério.
— Você deveria ter me contado isso antes.
— Você não teria acreditado em mim.
Hermione tinha sérias dúvidas de que ele acreditava agora. Ela o viu avançar lentamente, passando por ela e parando em frente a Draco.
— Draco, permita-me te levar até a ala psiquimágica. Lá há pessoas que podem te ajudar.
— Pare de insinuar que eu estou louco! Não há tempo para isso. Ela estará morta em meia hora!
— Diga que eu sei que é difícil para ele — sugeriu Hermione.
— Granger está parada atrás de você agora. Ela diz que sabe o quanto isso é difícil para você.
— Ok — disse Zabini. — Se ela realmente está bem atrás de mim, pergunte a ela o que eu estou fazendo com a mão nesse momento: pedra, papel ou tesoura.
Ele fechou a mão em punho.
— Pedra! — gritou Hermione.
— Pedra — repetiu Draco.
— Tesoura!
— Tesoura!
— Pedra de novo!
— Pedra de novo!
Zabini levantou o dedo do meio.
— Agora ele está me mostrando o dedo.
— Você está mostrando o dedo para ela? — Draco levantou as sobrancelhas, parecendo irritado.
— Que porra de feitiço é esse Draco?
— Não há feitiço algum! — Draco gritou, já no limite de sua paciência. — É ela! Hermione Granger!
Zabini coçou a cabeça e respirou fundo.
— Mesmo se ela fosse real... você sabe o que está arriscando aqui por essa mulher? Você pode ir preso! Ainda mais considerando o seu histórico de Comensal da Morte, cara. Eles não pensarão duas vezes.
— Eu não me importo!
— Por que não? — Zabini franziu a testa.
— Porque eu estou... eu estou apaixonado por ela! — Hermione ouviu Malfoy gritar. Ele se voltou para ela, encarando-a intensamente, seus olhos brilhando como aço em chamas. Ela nunca antes o vira daquela forma, tão vivo, tão... sincero. — Eu estou apaixonado por você.
Pela primeira vez em sua vida, Hermione Granger estava sem palavras.
***
Notas: Uau! Esse foi um capítulo intenso não é mesmo? Acho que eu não surpreendo ninguém ao dizer que é um dos meus capítulos favoritos! Me contem nos comentários o que acharam e não se esqueçam de votar se tiverem curtido!