Kamily, ou como costumam me chamar... Mily, ou como eu gosto de ser chamada... Mommy. Isso significa que eu mando na porra toda, porque eu sou foda.
Espera, espera... vou te explicar melhor essa história. Eu cresci na rua, meus pais? Nunca nem vi. Me virei durante dezoito anos, é isso que me faz forte... eu mesma.
Kim Namjoon, a única pessoa que merece minha admiração, ele é tipo um irmão mais velho, foi ele quem me achou naquela caixa de papelão na rua, ele só tinha oito anos na época, mas mesmo assim me criou.
Na rua você tem que lutar e não é só por um pouco de comida, ou por um lugar pra dormir, você fica mais forte com cada humilhação, a cada tombo, tudo isso te ensina a lutar e foi o que eu fiz, lutei até chegar onde estou. Mas onde você está? Boa pergunta.
Pouco a pouco fui me juntando com pessoas, e mais pessoas, e mais pessoas, até ter gente o suficiente pra assaltar um banco, isso mesmo, eu assaltei um pequeno banco de Busan e não foi só isso. Fomos crescendo tanto até nos tornarmos uma das maiores gangues da Coreia, dominamos tudo que podemos, vamos onde queremos, fazemos o que queremos, quando queremos, somos os reis da porra toda e no comando de tudo isso lá estou eu, a Mommy.
Mas acho que isso foi o suficiente pra vocês entenderem.
***
Lá estava a garota, sentada em sua mesa, pensando em como resolveria seus problemas.
- Então Mommy, o que vamos fazer? - Um garoto a questionou.
- É, eles pegaram o Sebastian, o nosso melhor contato pra armas.
- Silêncio! Eu tô tentando pensar seus imbecis. - A garota, aparentemente irritada, disse. - Vocês... vão comandar uma busca atrás deles, levem pelo menos seis pessoas.
- Sim Mommy. - Um dos meninos disse e os dois se foram.
A garota bufou fechando os olhos não aguentando mais receber notícias de que membros de sua gangue estão desaparecendo.
- Tá muito estressada. - Mily ouviu a voz familiar de seu "irmão" e logo o abraçou.
- Onde esteve? Faz dias que não o vejo.
- Eu tava por aí, só dando uma volta.
- Não é seguro ficar por aí, nosso pessoal anda desaparecendo, acho que é a gangue de Daegu.
- Ah para, eles não chegariam a esse ponto.
- Eles são tão misteriosos, ninguém sabe o nome do líder deles e eles são conhecidos por sempre conseguirem o que querem, então não é seguro você ficar por aí enquanto nosso pessoal anda desaparecendo.
- Ei, maninha, calma, eu consegui mais gente.
- Como assim?
- Eu encontrei um galpão abandonado com mais de duzentas pessoas que não tem casa, eu disse que os alimentaria e arrumaria um lugar para eles ficarem se jurassem lealdade à gente.
- Namjoon, fez isso por alguém? Não fez?
- Sim, por você.
- Não foi por mim, você não se importa com essas coisas, tem alguém no meio dessas pessoas que você quer proteger, te conheço bem e sei quando quer proteger alguém.
- Com licença... Nam, as outras pessoas acabaram de chegar. - Um garoto baixo, de lábios carnudos e com uma face adorável entrou.
- Tudo bem, vá na frente, eu vou daqui a pouco, vou terminar de falar com a minha irmã. - Namjoon disse e o garoto apenas assentiu, saindo logo em seguida.
- Nam? Agora descobri quem é.
- Mily, ele é só um garoto, sabe que me preocupo com as crianças que moram na rua.
- Joonie, ele não é uma criança, deve ter uns dezoito anos, tá mais que na cara que vocês já têm uma certa intimidade.
- Tá, eu me senti atraído por ele, mas é só atração, não quero me envolver, não quero magoá-lo, então só seremos bons amigos. Agora vamos, precisamos falar com os novos membros.
Kim Namjoon não gostava de ferir os sentimentos dos outros, ele sabe o quão poderosos pedem ser, não queria se envolver e nisso ele estava certo, mas será que ele errou ao dizer que era somente atração?
Mily e Namjoon foram até o estacionamento, onde todos estavam. Sim, é um prédio abandonado, todinho para eles fazerem o que bem entenderem.
- Fala aí gente, eu sou a Mommy e o que eu quero é o mesmo que vocês, um lugar no mundo, pra poder viver, morar, quero que nunca mais na minha vida eu tenha dificuldades pra comer ou me aquecer. Eu passei a minha vida inteira lutando pra me manter viva e vou continuar lutando para que cada um de vocês possam ter uma ótima condição e criar seus filhos para que sejam felizes, mas para isso preciso que se juntem a mim, preciso da sua lealdade e seus serviços. Esse prédio é todinho nosso, vocês podem escolher um quarto, cabem todos vocês aqui, mas preciso que me respondam uma coisa, vocês estão comigo?
- Sim! - Todos responderam em uníssono.
- Ainda bem, porque se não estivessem vocês voltariam pro buraco de onde vieram, mas como estão comigo... apenas comam e descansem, os mais fortes terão que vir falar comigo amanhã de manhã. - Ela terminou seu discurso e iria voltar para a sua sala.
- Belo discurso de boas vindas. - Um garoto pálido disse. - Não deu pra perceber se você queria que confiassem em você ou se queria que tivessem medo de você.
- Não acredito em confiança, quando você mais precisa dela, ela não existe mais, o medo é minha garantia de que vou conseguir o que preciso. - A menina respondeu, nem ligando e nem reparando na aparência o garoto.
No dia seguinte, como ela havia pedido, os mais fortes foram até ela. Ela explicou tudo que tinha que explicar e depois foi para um bar próximo com seu irmão e alguns amigos. Ela não iria encher a cara por causa dos problemas, apenas iria aproveitar. Mas um incômodo não previsto tinha que atrapalhar...
- Oi, você é a Mily? - O mesmo garoto do dia anterior a questionou.
- Depende de quem quer saber. - A garota encarou o belo rosto e o belo corpo do garoto a sua frente, não o reconhecendo já que nem prestou atenção da última vez.
- Eu sou Min Yoongi, eu... ouvi rumores de que você anda dizendo que manda nisso aqui. - Yoongi disse sarcástico.
- É verdade, por quê?
- Bom, que tal eu ditar as ordens e você as executa? Vai ser melhor e... você não tem cara de que sabe o que faz então... eu mando e você obedece, Mily.
A garota apenas sorriu e se aproximou do garoto belo e pálido.
- Pra você é Mommy, se você não gostou do meu jeito de comandar então mete o pé, se tentar me desafiar vai falhar igual a muitos outros e não vai ser um branquelo bonitinho que vai conseguir...
- Me acha bonitinho? - O garoto sorriu esperto.
- Eu não terminei. - Ela ficou séria. - Ninguém manda em mim, vou fazer com você o que faço com os outros, te dominar e te domar feito um cachorrinho que adimira a sua dona. - Cada fala, cada palavra era mais um passo e menos espaço entre eles. - Porque como eu já disse várias e várias vezes... sou eu quem mando na porra toda.