Deslizei o dedo sobre o cartão, e o abri.
" Cléozinha a gente ficou, mesmo assim eu não tiro você da cabeça."
Safado. Entrei fechei a porta, e como não sorri? Peguei um papel e uma caneta na mesa de centro e escrevi:
"Gamado."
Colei na porta dele, mas nem bati. Quando entrei:
- Ai que lindas. Quem te deu?
- Meu vizinho mãe Cida.
- Nossa princesinha, mal chegou e já tá arrasando corações.
Sorri, admirando minhas flores. Tirei uma foto e mandei pra Duda.
- Cida me arruma um jarro pra eu por e não murchar por favor.
A Cida foi pegar o jarro e quando olhei pro lado, as meninas saíram do quarto e eu me senti no 'the walking dead', pareciam zumbis.
- "Êh" bom dia meninas, vamos dar um jeito de arrumar essas carinhas.
- Ai Cléo, tô passando mal preciso de um remédio.- Falou a Ju.
- Tem ali no balcão.
- Que isso? Flores ? Quem deu? Hmmmmm danada.
- Foi meu vizinho, fofo né?
- Que invejinha branca amiga. Tem cartão? - Falou Analu.
- Tem, aqui. - Entreguei a ela.
As meninas leram o cartão e ficaram cheias de picaretagem.
Almoçaram, marcaram um dez e depois foram pra casa, na Lapa. Cida foi ao mercado e fiquei sozinha de novo. Até a mamãe chegar.
- Oi filha. - Falou ela me abraçando.
Dei um oi seco e nem a abracei de volta, peguei o cartão e fui pro meu quarto.
Sei que sou mimada, mas é que sou carente da atenção dos meus pais, de passeios em família, mas eles só pensam em trampar. Sei também que é o meu sustento, mas queria ser mais importante que isso. Botei os fones de ouvido e dormi. Dormi não, entrei em coma porque quando acordei já era dia seguinte e meu celular despertou às 6h da manhã, no horário da escola, aff, da nova escola.
Levantei, tomei banho. Vesti uma calça destroyed, a blusa de uniforme e um tênis vans preto. Peguei meu óculos e botei. Minha mochila já tava arrumada desde a mudança. É vermelha e florida na parte do bolso da frente. E sai.
Quando saí do quarto a mãe tava me esperando. Me deu um abraço e disse que me amava muito, me desejou um bom dia de aula e disse que no sábado faríamos nosso passeio e que já estava tudo combinado com o pai.
- Também te amo mãezinha. - Falei toda entusiasmada.
Tomei um café da manhã e quando saí do flat meu vizinho tava saindo do seu.
- Oi Cléozinha. - Falou ele sorrindo.
- Oi João. - Quando olhei pro uniforme dele, era igual ao meu. - Nossa! Mesma escola.
- Então, será que posso te dar uma carona?
- Pode sim. - Sorri.
Descemos até o estacionamento e entramos no carro.
- Pronta pra escola nova Cléozinha?
- Pronta.
- Lá é legal você vai gostar.
Ele ligou o rádio e ficamos cantando last hope feito loucos enquanto ele dirigia.
- Pronto, chegamos.
- Uau, que grande. - A estrutura do Colégio era como a de um castelo, pelo menos por fora.
João abriu a porta pra mim, quando eu desci do carro, me senti no BBB, todas as caras olhando pra nós, desci jogando o cabelo, mas não foi um gesto planejado.
- Vem, vamos. Ali a galera. - O João disse.
Quando olhei, percebi que a turma toda que estava no luau estudava ali. Chegamos lá cumprimentando a todos.
- Chegou o casal 10. - Falou a Gil.
Eu ri sem graça demais, tecnicamente não éramos um casal. Ainda não.
- Então Cléo qual é a sua turma? - Perguntou a Diana, minha best.
- É, pera aí deixa eu ver. 3009.
- Ah então você tá na minha turma, da Gil e do Ric. - Ela respondeu.
- Legal bom que não fico sozinha.
O sinal tocou e então entramos. Me despidi do João, ia dar beijo na bochecha, mas ele virou e acabou se tornando um selinho. Safado.
A Gil como sempre foi me apresentando as pessoas da turma que andava com ela.
- Esse é Max. - Max era um tom mais afeminado, se é que vocês me entendem. - Ana, Paulo e Victoria.
Entrou uma loira na sala. Jogando o cabelo, com três meninas seguindo-a e eu perguntei:
- E aquela ?
- Beatriz, ela namorava o JP.
- Namorava é? hmmm, interessante.