Enquanto Houver Sol...

By starvante_

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BRASILAU| TAEKOOK | +18 | shortfic Jeon Jungkook, estudante de medicina e residente no Brasil há quase dez an... More

Um amor nasce.
Eu Vou Temer a Luz.
Eu Vou Fazer Você Ficar.
Eu Vou te Deixar Livre.
Nosso amor viverá.

Nossos Olhares Vão se Encontrar.

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By starvante_

• vão ter muitas referências à músicas brasileiras, espero que vocês gostem disso! em breve eu farei uma playlist, mas por enquanto se quiserem ouvir algo enquanto lêem, recomendo bastante Legião, Cazuza, Raul Seixas e Nando Reis ;)

boa leitura 💘

🌕

— É como pisar em nuvens, sabe? Ou, sentir seu interior se revirar em borboletas. É emocionante e também causa ansiedade, é tão intenso e tão gostoso, que acabamos cegos. Não conseguimos e nem queremos, sentir nada além dele, é algo que completa e transborda ao mesmo tempo.

É...excitante.

Noites em claro, sorrisos bobos e o coração disparado todas as vezes em que os olhares se encontram. Muitos sentem, e poucos compreendem essa fúria em chamas dentro do peito. Alguns almejam senti-lo por completo, já outros, não se abrem para a possibilidade de vivenciar o formigamento na ponta dos dedos ou das pernas mais molengas do que gelatina de morango.

Contudo, há um fato verídico: todos que passam por essa experiência saem machucados pelo menos uma vez.

E dói.

Porra! Dói como o inferno, e as lágrimas, elas nunca parecem ser suficientes. Mas, tudo bem, porque quando isso passa, uma fortaleza se instaura ao redor de tudo, nos protegendo para a próxima rodada. E um novo ciclo se inicia, desde as borboletas no estômago, até a dor infernal. E não me pergunte o porquê.

O amor, é simplesmente assim.

——————— ☀︎———————

"Ele tinha olhos opacos e um sorriso raro, ele fazia minha alma gritar. Era gentil e delicado. Kim Tae – como eu o chamava – gostava de Legião, e Cazuza, e ritmos sublimes... me lembro bem." — Luz

[ São Paulo, verão de 2017]

Tudo começou no primeiro dia daquela estação quente e chuvosa, nenhum vento ou brisa pairava o lugar. O brilho do sol estava centralizado entre as nuvens, queimando as cabeças da multidão que andava pelas ruas movimentadas da grande capital. Faziam exatos 36 graus celsius, uma temperatura insuportável – mas, para quem estava acostumado a ser luz, era um clima agradável.

Ainda é cedo, era o que ele ouvia em seus fones de ouvido no volume máximo, enquanto caminhava de forma preguiçosa pelas ruas movimentadas de São Paulo, porém Renato Russo mentia.

Jeon Jungkook estava atrasado para sua aula de farmacologia básica.

Balançava sua cabeça no ritmo da música e cantarolava o refrão enquanto aguardava o sinal ficar verde. Ainda é cedo, Renato dizia. E talvez ele estivesse certo, pois, a Luz me disse que assim que seus olhos cruzaram com os do homem ao seu lado, sentiu que o tempo estava regressando. Jungkook sentiu os carros pararem, as pessoas congelarem e somente os dois orbitarem naquele lapso de momento.

Ela disse que os olhos amendoados carregavam um mistério indecifrável, mas, ao mesmo tempo, fazia seu coração encher-se de ternura, a Luz ficou completamente fascinada ao observar os mínimos detalhes da figura ao seu lado.

E então, ele sorriu.

Um sorriso tão doce quanto rapadura, um sorriso que acalentava seu espírito agitado, um sorriso de aprovação... E quando entendeu o significado daquele repuxar de lábios, foi que Jungkook percebeu; estava cantarolando alto demais – malditos fones e barulhos da cidade.

Sorriu de volta.

Os olhos da Luz apagaram-se no exato instante em que o homem observou as ruguinhas surgirem ao redor deles, já os dele, iluminaram-se como luzes de natal, era algo completamente mágico, assimilando-se a um eclipse.

E foi ali que percebeu... Aquele homem, ele era o oposto de si, se escondendo da luz com suas roupas pretas e boné de marca, enquanto Jungkook, permitia o beijo do sol lhe atingir através da regata branca que usava.

Ele era a Escuridão.

E a Luz, estava se perdendo cada vez mais naquele sorriso que aumentava de tamanho a cada segundo que passava. Jungkook sentia sua alma estremecer todas as vezes que o homem de preto desviava o olhar por estar envergonhado. Ela me disse, que aquele primeiro contato foi inexplicável, algo... Celestial.

O sinal abriu e o verde começou a conduzir a multidão apressada para o outro lado da rua, forçando ambos a caminharem e desviarem seus olhos um do outro, por segundos — segundos cruciais, que abriram as portas para que um vento frio e inoportuno se instalasse na espinha de Jungkook. Ele chegou ao outro lado do asfalto, na esperança de vê-lo novamente e quem sabe começar um assunto aleatório, mas, o sol estava impiedoso, não deixava espaço para uma sombra refrescante nascer.

Consequentemente, ele não estaria ali.

A luz continuou seu caminho apressando seu passo, para adentrar o campus da USP o mais rápido possível, vez ou outra olhando para trás na esperança de ver uma sombra, mesmo que Renato tivesse berrado ao pé de seu ouvido e feito Jungkook vacilar por instantes ao achar que ainda era cedo, ele sabia que não poderia acreditar fielmente no poeta.

"tsc! Eu devia ter escutado o Cazuza, no final das contas, o tempo não para." — pensou.

🌓

— Preciso que encontre uma pessoa pra mim.

Foi a primeira coisa que Jungkook disse ao chegar no local de trabalho de Guilherme — a grama verdinha do campus. O garoto branquinho e de cabelos descoloridos segurava uma latinha de mentos com uma das mãos, enquanto com a outra, digitava algo no celular .

— Boa tarde também, Jeon. Oh! Eu? Eu estou ótimo, obrigado por perguntar. — debochou.

— Sem drama. — revirou os olhos e sentou-se ao lado dele. — Tá esperando cliente?

— Não, só o otário do Rafael. — bloqueou o celular e olhou para Jungkook — To na larica, e ele tá me devendo um lanche.

Jungkook riu.

— Quem diria que, Guilherme Min e Rafael Jung, seriam melhores amigos. — ironizou.

— Ninguém diria que eu seria seu amigo, e aqui estou eu, não? — arqueou a sobrancelha.

— O emo rebelde e o pagodeiro indomável. — Jungkook ignorou o que ele disse.

— E você, o mauricinho cult. — Guilherme sorriu.

— Vai se foder. — o empurrou com os ombros — Enfim, pode achar esse cara pra mim?

— Depende. Qual o nome dele? — voltou a digitar no celular.

— Se eu soubesse procurava no facebook. — Constatou o óbvio.

— Curso?

— Não sei. — sorriu sem jeito.

— Porra, Jungkook! Onde você viu ele?

— No sinal aqui perto. — Guilherme riu descrente. — Eu sei que ele estuda aqui também, tá legal?

— E sabe como, gênio?

— Primeiro: ele estava segurando uma porrada de livros, só pode significar que ele é estudante — Guilherme pronunciou algo como "hm", indicando a Jungkook que ele deveria continuar a falar — Segundo: a carteirinha de acesso à biblioteca estava presa no pescoço junto com o cartão de ônibus. — Guilherme arqueou a sobrancelha, Jungkook havia reparado em cada detalhe desse tal cara. — E terceiro: eu sinto que ele está aqui em algum lugar, é bizarro, eu sei. — Jungkook suspirou e olhou ao redor — Mas eu sinto.

— Sente o quê? — um rapaz lindo usando uma blusa do Flamengo, se aproximou atraindo a atenção dos dois.

— Porra, Rafael! Achei que ia morrer de fome.— Guilherme disse, e logo em seguida se levantou.

— É só parar de usar essa merda que você não vai ficar com tanta fome assim. — disse Rafael.

— Tanto faz, vamo? — Guilherme revirou os olhos.

— Eu nem falei com o Jungkook direito, calma ai. — sorriu para a Luz. — O que você está sentindo? Sabe que tá tendo surto de dengue, né? Toma cuidado.

Jungkook e Guilherme riram.

— Não é bem isso que tô sentindo, Rafa. Mas, obrigado pela preocupação. — Jungkook se levantou também. — Bom, agora eu vou indo, tenho que passar na biblioteca ainda, e... Guinho, por favor! Eu sei que você consegue isso pra mim. — implorou e Guilherme apenas balançou a cabeça concordando – Ótimo! Vejo vocês depois. — sorriu e começou a caminhar para longe da dupla.

— Os olhos de jabuticaba dele te convencem rapidinho, não é? — Rafael iniciou uma provocação e Guilherme ignorou. — O que ele quer dessa vez?

— Achar um cara.

— E você tá bem com isso? — Rafael perguntou preocupado, e Guilherme suspirou

— Não é uma questão de estar bem, é que... — observou Jungkook ir se distanciando mais e mais — Eu não resisto a nenhum pedido dele, e ver ele feliz é a minha prioridade. — Guilherme balançou os ombros se rendendo finalmente as insinuações constantes que Rafael fazia.

Não adiantava mais negar, Jungkook atraía todos de uma forma incomum, ele preenchia todos os lugares com sua energia exorbitante, Jungkook era especial e uma peça muito importante na vida de todos que tinham o prazer de lhe conhecer. E com Guilherme, não era diferente, mas, o comerciante do campus estava começando a se apaixonar. Algo que ele repudiava com todo o seu ser, tornou-se um sentimento muito bem-vindo por ele, após Jungkook invadir sua vida, como o sol na janela pela manhã.

— Forças guerreiro, — Rafael disse — ah! Você vai no pagode?

— Você sabe que eu não curto pagode... — Guilherme começou a falar e Rafael montou sua cara em uma expressão completamente ofendida. — Fora que o pessoal que frequenta a roda de samba, prefere cerveja, ninguém vai comprar de mim. Além de não me divertir, não vou faturar.

— Vou fingir que não ouvi a parte sobre você não gostar de pagode, e te dizer o porquê de você ir. — apontou para Jungkook caminhando de cabeça baixa. — É a sua chance, o Jeon também vai.

— Chance de me foder... — Guilherme disse.

— Ou, chance de ser fodido... — Rafael disse sorrindo malicioso.

— Por obséquio, senhor Jung. O senhor poderia pagar a porra do meu lanche? — mudou de assunto.

—  Só se disser que vai no pagode. — Guilherme tinha uma mania de cutucar a bochecha com a língua quando não queria admitir a derrota, e foi isso que ele fez. O que resultou em Rafael sorrindo para os quatro ventos daquela universidade. — Ah, só tenho dinheiro pro pão de queijo. — Rafael falou,  enquanto caminhavam em direção à lanchonete.

— Melhor do que morrer de fome.

- - -

"Se eu fosse ele, onde me esconderia?" — Jungkook pensava enquanto observava as árvores e as pessoas que passavam por ele. "Essa universidade não é tão grande assim, é?" Talvez se estudasse algo relacionado ao tamanho dos lugares, ou, simplesmente parasse de tentar se enganar, saberia que aquele campus era imenso, e encontrar alguém que ele não sabia o nome, ou curso, seria quase impossível.

Mas, Jungkook não era o tipo de pessoa que desistia fácil, e se seu pressentimento lhe dizia para continuar se iludindo e agir como se fosse trombar com aquele homem a qualquer momento — como naqueles filmes americanos que passam na sessão da tarde — então ele iria procurar a Escuridão em cada canto daquela universidade, desde os prédios até os banheiros.

Começando pela biblioteca.

— Boa tarde, Cida! Como você está nessa tarde maravilhosa? — a mulher grisalha parou de digitar e olhou para o garoto debruçado na bancada.

— O que você quer, Jungkook?

— Credo! Não pode mais ser educado nesse país! — fingiu ter sido ofendido.

— uhum — voltou a digitar — desembucha logo, moleque!

— Você por acaso... Viu algum garoto todo de preto entrar aqui hoje?

A mulher riu.

— Você sabe quantas pessoas de preto entram nessa biblioteca por dia, garoto? Sério? Você realmente está me perguntando isso?

Jungkook deitou sua cabeça no balcão tentando se lembrar de mais algum detalhe que o ajudasse na descrição. E se arrepiou ao recordar do olhar intenso que o homem possuía.

— Ele também é descendente de coreano, e... — forçou sua mente tentando não pensar na beleza estonteante do homem e sim em detalhes que poderiam ser úteis. — AH!

— Shh! Jungkook! — Cida o repreendeu em um sussurro.

— desculpa. — sussurrou de volta. — Ele tem uma tatuagem no pescoço, uma rosa ou algo parecido com uma. — a mulher se afastou do teclado e finalmente começou a pensar em possíveis candidatos para o homem que Jungkook procurava.

— Coreanos tatuados... Sabia que tem mais pessoas que batem com essa descrição, do que você pode imaginar? — fez uma pergunta retórica.

— Foco, Cida! — a mulher suspirou.

— Tenho três pessoas em mente, e uma você já conhece, aquele branquelo maconheiro. — Jungkook arregalou os olhos — Você acha que eu sou idiota? — ele balançou a cabeça negando. — Os outros dois são amigos e estão aqui quase sempre, mas, não sei o nome, desculpa.

— Como você não sabe o nome? Você é bibliotecária!

— Exatamente, e revelar informações pessoais de gente que eu não conheço é errado! — Jungkook queria argumentar mas foi impedido pelo olhar fulminante da mulher. — Eu já te dei mais informações do que eu gostaria, use sua inteligência e o seu amigo esquisito pra descobrir o resto.

— Muito obrigado, Cida querida! — Jungkook sorriu falso e saiu do prédio. — Bom... Pelo menos eu sei que ele realmente estuda aqui. — murmurou pra si mesmo e respirou fundo.

"Espera aí!" O garçom interrompeu a história do homem. "A Luz procurou a Escuridão só porque eles trocaram olhares?" Ele perguntou incrédulo.

O homem sorriu.

"Acho que você não entendeu quando eu disse que os opostos se atraem..."

"Claro que entendi! Só não faz sentido que essa Luz tenha ficado toda alvoroçada, apenas por uma troca de olhares."

"Não foi apenas uma troca de olhares." O homem suspirou. "Você acredita em amor à primeira vista?" O garçom tombou a cabeça pensando em uma resposta e por fim negou. "Ah! Então o problema não está na Luz, mas, em você que ainda não vivenciou um amor assim, não acha?"

O garçom ficou calado.

"Não se sinta mal, amores assim, são muito difíceis de sentir, é necessário que todos os astros e constelações conspirem à favor de ambas as partes e lhes concedam o privilégio de conhecer a outra ponta de seu fio."

Não é uma simples troca de olhar, não são apenas sorrisos compartilhados pelo medo de verbalizar qualquer coisa. Trata-se da sensação fulminante que começa no pé do estômago e queima tudo, como o fogo em palha. É o fato de não conseguir controlar os instintos, ou, a vontade de sentir seu interior formigar só de estar perto da outra parte.

Jungkook estava se sentindo assim, capaz de roubar mil rosas, ficar sem respirar e até mesmo, morrer de fome, caso não conseguisse se encontrar novamente com a Escuridão.

A Luz estava exageradamente desesperada.

🌗

Camisa 10, preenchia o ouvido de todas as pessoas presentes naquela festa, alguns cantavam, outros apenas dançavam, outros ainda, somente desfrutavam de suas cervejas geladinhas conversando em paz.

— Seria muita ilusão eu torcer para ele aparecer por aqui? — Jungkook olhou ao redor — Afinal todo mundo da faculdade vem...

— Sonhar nunca desistir. — Guilherme comentou desinteressado.

— O que foi? — Jungkook perguntou preocupado — Eu sei que você não gosta de pagode, mas, cê tá muito calado...

Guilherme suspirou e observou Rafael no meio da roda de samba, dançando como se não houvesse amanhã e bebendo como se não tivesse aula no dia seguinte. Ele poderia inventar alguma desculpa, mas, sabia que Jungkook não iria engolir qualquer papo furado. Em determinados momentos, Jungkook agia como se estivesse dentro dos pensamentos de Guilherme, e aquilo o incomodava, ja que ele não conseguia esconder suas frustrações, nem ocultar seus medos.

Mas, o que afligia Guilherme no momento, tinha relação direta com aquela euforia que Jungkook estava sentindo. Ele já havia visto o estudante de medicina ficar emocionado por outras pessoas, já vivenciou de perto seus romances platônicos, e aquilo nunca o incomodou de fato. Contudo, agora era diferente, além de Guilherme nutrir sentimentos a mais por seu amigo, ele sentia que aquela euforia não iria passar tão cedo, sua espinha se arrepiava ao notar que uma simples troca de olhar, foi capaz de desestruturar as paredes coloridas de Jungkook.

O que Guilherme não conseguiu, em anos convivendo com ele.

Jungkook não havia trocado palavra alguma com o homem misterioso, mas, agia como se o conhecesse de outras vidas, como se eles devessem se encontrar. E aquilo machucava Guilherme, porque, mesmo que um belo dia ele tivesse a sorte de provar os lábios de pêssego do amigo, ele sabia que não iria passar disso, ele sabia que Jungkook não pertencia a ninguém.

A Luz é livre e ampla. Não vai iluminar um lugar só por muito tempo.

Porém, com o homem misterioso, ele não tinha tanta certeza assim. Os olhinhos de jabuticaba de Jungkook, davam indícios de que ele não iria desistir tão fácil. E a única coisa que Guilherme poderia fazer era ajudar. Afinal, ver o sorriso contagiante de Jungkook, era mais do que suficiente para ele.

— Hm... Não vai adiantar eu mentir, né? — Guilherme disse, e Jungkook sorriu negando — Cara, a gente tá numa festa, tem um monte de pessoas bonitas e diferentes aqui, você com certeza é o centro das atenções. Todo mundo mataria só para experimentar o seu beijo. — Guilherme suspirou e olhou dentro dos olhos de Jungkook, sentiu seu corpo se arrepiar, quando se viu sendo puxado para mais perto daquele olhar. — E você tá fissurado em um flerte comum, em um cara que encontrou no semáforo. Jungkook, você vai encontrar com ele de novo, disso eu não tenho dúvidas. Então, porque você não relaxa? Tá parecendo aqueles maridos que saem escondidos.

"Não foi só uma troca de olhar" — Jungkook sorriu, ele sabia que Guilherme tinha razão, e mesmo que seus pensamentos só tivessem um dono, ele deveria se divertir.

— Você acha mesmo? — Jungkook perguntou, ainda olhando para os pequenos olhos de Guilherme. — Que alguém mataria por um beijo meu?

Guilherme sorriu, e se aproximou com seus lábios finos rente ao ouvido de Jungkook.

— Eu mataria. — se afastou minimamente só para observar o brilho banhado em lascívia que surgiu nos olhos de Jungkook.

"O quê?" O garçom exclamou. "Não acredito que a Luz pegou outra pessoa! Você disse que ela era a alma gêmea da Escuridão, que eles se apaixonaram à primeira vista, mas, ela não esperou pela Escuridão."

"A Luz é a alma gêmea da escuridão." O homem disse firme. " Mas, ela não é de ferro! Se uma pessoa linda e divertida está dando em cima de você, por exemplo, você vai jogar a oportunidade fora? Ou, agarrá-la, no sentido literal." Sorriu.

O garçom pareceu compreender o que ele estava querendo dizer.

"Bom, considerando que a Luz não conseguiu se encontrar com a Escuridão de novo..." O garçom disse. "Mas, se essa pessoa é apaixonada pela Luz, ela não vai se machucar? Quando ver ela se envolvendo com a Escuridão?"

"Só os loucos sabem."

"Você sabe." O garçom refutou. " Mas, não vai contar ainda." Ele suspirou vencido, e atendeu mais um cliente. "Então... A Luz beijou outra pessoa, mas, e depois? O que ela sentiu ao ter lábios, que não eram de sua alma gêmea, lhe tocando. O que ela fez depois disso? A Escuridão aparece?"

"Pra quem não estava interessado no início, até que a história te cativou, não?" O homem perguntou, e o garçom ficou sem graça. "Eu estou bêbado, mas, percebo tudo." Sorriu  "Quanto a Luz, ah! Ela se sentiu nas nuvens com aquele beijo, isso eu garanto. Não houve arrependimento, se é isso que te incomoda."

Quem um dia irá dizer, que não existe razão, nas coisas feitas pelo coração? Nem mesmo os loucos ousariam dizer tamanho absurdo, porque, os loucos sabem que tudo o que o coração faz é com um propósito por trás. Mas, naquele momento, o motivo que levou o coração de Jungkook bater mais rápido que as  asas de um beija-flor, ainda era desconhecido, ele apenas estava vivendo tudo o que havia para se viver, e se permitindo.

Voando com o Tempo.

E Jungkook, ele não se arrependeu. Na verdade, ele gostou muito de ter conhecimento sobre o interesse de Guilherme em si, além de realizar um desejo antigo, beijar alguém com piercing na língua. E bom... Foi muito melhor do que ele poderia imaginar, aquela bolinha gelada, deixava tudo ainda mais excitante e quente. Jungkook estava explodindo em adrenalina e querendo mais daquela corrida eletrizante, em mais ruas e avenidas de seu corpo.

Só que, antes que pudesse embarcar em mais uma rodada de beijos e toques maliciosos com Guilherme, ele sentiu.

Aquela mesma intuição que lhe disse: "sim, o homem misterioso estuda aqui", agora gritava em seu ouvido, para que ele virasse para trás. Sentia o gosto ferroso do sangue, sentia o desespero de seu coração em querer sair do peito para se encontrar com sua outra metade, sentia suas pernas lhe traírem e seu pescoço travar. E ao mesmo tempo em que tudo conspirava para que ele permanecesse parado no lugar, uma força misteriosa lhe puxava para trás —como uma corda amarrada em seu tronco, fazendo com que Jungkook se virasse de vez, e perdesse todo o ar dos pulmões ao avistá-lo novamente, o estudante de medicina sabia que havia algo de errado com sua pressão, que subia e descia drasticamente, acompanhando o ritmo da sua respiração.

Jungkook sentia que havia algo de errado acontecendo, ou, algo muito certo, ele não conseguia distinguir ainda.

Não sabia se era a jaqueta de couro, o boné preto, ou, aquela calça que marcava perfeitamente todas as curvas deliciosas do homem, mas, Jungkook só tinha um pensamento.

"Porra! Ele está mais lindo do que nunca."

— Eu disse que vocês se encontrariam de novo. — Guilherme sussurrou no ouvido de Jungkook.

— C-como sabe que é ele? — Jungkook perguntou, sem desviar o olhar do homem, que estava conversando com outras pessoas, e mostrando aquele sorriso de rapadura novamente.

— Seu olhar diz tudo. — Guilherme sorriu tristonho e se afastou. — Eu vou fumar um, boa sorte. — deu tapinhas nas costas do amigo/amor da sua vida, e saiu cabisbaixo para o beco mais próximo.

— Guinho! E-eu... — antes que pudesse ir atrás do amigo, ele sentiu.

Sentiu de novo, aquela corda lhe apertando e puxando em direção à Escuridão, sentiu seu coração queimar seu corpo por dentro, suas pernas fraquejarem e sua intuição sussurrar ao pé de seu ouvido: é ele!

Sentiu novamente o poder e a intensidade, de ter as orbes amendoadas lhe olhando dos pés à cabeça. Aquele olhar estava corroendo sua alma e apagando todas as velas acesas dentro de si. E quando o homem sorriu para Jungkook, não restou dúvidas, sua intuição estava mais do que certa.

Era ele.

"OPA!" O garçom gritou, mas o sertanejo que tocava no bar abafou o ruido. "A Escuridão apareceu! E ela ainda sorriu? Meu Deus!" o homem riu da animação do atendente. "Você disse que a Escuridão também te contou a versão dela... O que ela sentiu ao reencontrar a Luz? E o mais importante... Ela viu sua alma gêmea aos beijos com outra pessoa?"

O homem gargalhou dessa vez e terminou de beber sua cerveja.

"A Escuridão sentiu muitas coisas... Mas, eu só conto quando você me trazer mais uma dessa aqui." Apontou para a garrafa vazia.

——————— ☀︎———————

E ai? me digam o que acharam!
conseguiram pegar a referência de todas as músicas? espero que sim haha!

até breve! 🌙

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