Adrien sentiu um balde de água fria em sua cabeça. Ele queria uma pista, uma deixa de Marinette para que pudesse se jogar de cabeça naquela situação e esclarecer tudo, mas parece que não foi dessa vez...
Conversaram mais um pouco sobre assuntos aleatórios enquanto terminavam o vinho.
Adrien:—Melhor eu ir, já está tarde - disse se levantando da cadeira. Pegou Hugo no colo e novamente o levou para o quarto, mas dessa vez sozinho. Colocou o garoto na cama, puxou a coberta e dessa vez deu-lhe um beijinho na cabeça. "Boa noite filho" - sussurrou baixinho e saiu do quarto. Desceu as escadas e Mari estava sentada ao piano.
Adrien:—Saudades de tocar?
Mari:—Sinto...às vezes...já faz muito tempo...
Adrien:—Toca alguma coisa pra mim?
Mari:—Não sei se dou conta...-riu
Adrien:—Por favor...pode ser qualquer coisa, até "cai cai balão"-riu
Mari:—Também não é pra tanto, né? Deixe-me ver se ainda sei uma que gostava muito...
*Tradução de Remember Me = Lembre de mim*(do filme Viva, a vida é uma festa)
Lembre de mim,
embora eu tenha que dizer adeus
Lembre-se de mim,
não deixe que isso faça você chorar
Pois, mesmo que eu esteja longe,
eu seguro você no meu coração
Eu canto uma música secreta para você todas as noites
mesmo estando separados
Lembre-se de mim,
embora eu tenha que viajar muito
Lembre-se de mim,
cada vez que você ouve um violão triste
Saiba que estou com você a única maneira de ser
Até que você esteja em meus braços novamente
Lembre de mim...
Adrien sentiu os olhos molhados. Seu peito apertara de um jeito que chegava a doer. Mari tocou calmamente enquanto ele estava sentado na cadeira ao lado, onde ele ficava ensinando Hugo. Ele a olhou e não conseguiu mais se conter:
Adrien:—Eu me lembro...
Mari:—O que?
Adrien se levantou da cadeira e se ajoelhou ao lado de Marinette. Colocou a mão em seu rosto delicadamente e disse:
Adrien:—Era você! Eu me lembro...lembro do brilho dos seus olhos, mesmo que estivesse escuro. Lembro do desenho dos seus lábios, mesmo que tenham sido poucos beijos. Lembro da sua pele, mesmo que eu a tenha tocado com tanta volúpia. Lembro da sua voz sussurrante, mesmo que o álcool alterasse seu timbre...Era você Mari, naquela noite, naquela praia, naquele barco. Como eu poderia esquecê-la...
Marinette não sabia o que dizer. As palavras faltavam e as lágrimas sobravam em seus olhos. Adrien a abraçou forte, como se quisesse compensar todos os anos que estiveram afastados.
Mari:—Precisamos conversar.
Adrien:—Tudo bem...quando você quiser.
Mari:—Eu preciso lhe contar...é que...bem...Hugo
Adrien:—Hugo é meu filho, não é?
Mari o olhou assustada:—Como sabe?
Adrien:—Deixe eu lhe mostrar uma coisa.
Adrien pegou o celular e mostrou uma foto para Mari.
Mari:—Mas esse é o...
Adrien:—Esse sou eu com 5 anos, Mari. Apesar dele ter os seus lindos olhos, ele é uma cópia minha.
Mari:—Então você já sabia?
Adrien:—Eu desconfiava, mas não tinha plena certeza. Mas quando você falou que seu aniversário era 1 de julho...eu juntei as pecinhas do quebra cabeça.
Mari:—Naquela noite eu...eu não sabia que...me desculpe - começou a chorar
Adrien:—Ei, tá tudo bem...vem, vamos sentar ali no sofá. Sou eu quem tem que pedir desculpas! Desculpe por não estar com você todo esse tempo...
Mari:—Você não teve culpa. Encontrou uma doida bêbada no meio da noite querendo transar e, bem, você é homem, é natural...o meu comportamento que foi...
Adrien:—Ei...jamais repita isso! Mari, eu transei com você não foi porque você estava bêbada e eu quis me aproveitar, eu jamais faria isso. Mas é que nos poucos minutos que nos falamos, eu senti algo por você que nunca tinha sentido antes...foi diferente, entende? Eu quis ficar com você, mas você sumiu...
Mari:—Mas foi você quem foi embora e me deixou lá...
Adrien:—Eu disse a você que ia no carro buscar um casaco, porque você estava com a minha camisa e ainda estava com frio. Eu fui correndo, não demorei nem 5 minutos, mas quando eu voltei você tinha sumido...e eu não tinha nem o seu nome...
Mari:—Alya e Luka me encontraram lá e me levaram pra casa. Um mês depois descobri que estava grávida! Minha mãe me colocou pra fora de casa e o Luka saiu também. Ele alugou um apartamento e cuidou de mim. E quando o Hugo nasceu, ele cuidou da gente. Ele foi mais do que um irmão pra mim, sabe? Se não fosse ele, eu não sei o que teria sido de nós...
Adrien:—Eu queria tanto poder voltar no tempo, queria mesmo...
Mari:—Você com certeza não teria topado ficar com uma desconhecida na praia - riu sem graça
Adrien:—Não ponha palavras na minha boca, princesa. Eu jamais teria saído daquele barco. Eu estaria com você desde aquele dia e nunca me arrependeria. Hugo é o melhor presente que a vida poderia ter me dado. Pena que não participei desses 5 anos ao lado dele...mas nunca mais me afastarei.
Mari:—Princesa? Eu me lembro disso...
Adrien:—Você foi a única mulher na minha vida que eu chamei de princesa, e será a única para sempre!
Adrien inclinou seu corpo e beijou Mari. Um beijo delicado, gentil, que foi de intensificando a medida que ela permitia. Suas pequenas mãos agarraram os fios loiros na nuca de Adrien da mesma forma que suas mãos grandes agarraram a cintura da mulher. Estavam no sofá e em instantes Adrien estava deitado com o corpo de Marinette sobre o dele. Suas mãos deslizavam pelas costas da mulher sob a fina malha da sua blusa, enquanto ela agarrava seu pescoço e seus cabelos. De repente o celular de Adrien tocou e Mari se assustou.
Mari:—Melhor você atender, pode ser importante.
Adrien não queria parar o beijo, mas conforme Mari se levantou rapidamente de seu colo, ele achou que seria melhor atender a ligação.
Adrien:—Oi - disse se recompondo. Tudo bem, passo aí daqui a pouco.
Mari disfarçou o olhar e ajeitou sua blusa.
Mari:—Melhor você ir, tá tarde já...
Adrien:—Tudo bem. Volto na sexta para a aula de Hugo?
Mari:—Sim, claro.
Adrien:—Precisamos conversar sobre ele. Como vamos contar?
Mari:—Pode me dar mais um tempo?
Adrien:—Sim, claro. Mas saiba que quero estar com vocês o mais rápido possível.
Mari:—Outra hora conversamos sobre isso, está bem?
Adrien:—Tudo bem. Boa noite princesa
Adrien deu-lhe um selinho e foi embora. Marinette fechou a porta e não sabia o que sentir: euforia, alegria, tesão, medo, ansiedade, pavor, calafrios, vertigem, felicidade, paixão...era tudo ao mesmo tempo, como como se seu corpo fosse um liquidificador batendo tudo aquilo como uma grande vitamina. Foi para seu quarto e olhou seu filho na cama. Amava-o mais que a si mesma: sempre foram um para o outro...e agora ela teria que dividi-lo com o pai...não estava preparada para isso...