Escrava Sinhá [Concluída]

By AutoraRianne

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ESSA HISTÓRIA VAI TE PRENDER DO INÍCIO AO FIM! Dandára, uma das mais belas moças, cativa da fazenda Álva... More

Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capitulo 5
Capítulo 6: O batizado + final da primeira fase.
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capitulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 44
Capítulo 45
Capítulo 46
Capítulo 47
Capítulo 48
Capítulo 49
Capítulo 50
Capítulo 51
Capítulo 52
Capítulo 53
Capítulo 54
Capítulo 55
Capítulo 56
Capítulo 57
Capítulo 58
Capítulo 59
Capítulo 60
Capítulo 61
Capítulo 62
Capítulo 64
Capítulo 65
Capítulo 66
Capítulo 67
Capítulo 68
Capítulo 69
Capítulo 70
Capítulo 71
Capítulo 72
Capítulo 73 - Parte 1
Capítulo 73 - Parte 2
Capítulo 73 - Parte 3
Capítulo 73 - Parte 4
Capítulo 74 - Parte 1
Capítulo 74 - Parte 2
Capítulo 74 - Parte 3
Capítulo 74 - Parte 4
Capítulo 75 - Parte 1
Capítulo 75 - Parte 2
Capítulo 75 - Parte 3
Capítulo 76
Capítulo 76 - Parte 2
Capítulo 76 - Parte 3
Capítulo 77 - Parte 1
Capítulo 77 - Parte 2
Capítulo 77 - Parte 3
Capítulo 77 - Parte 4
Capítulo 78 - Parte 1
Capítulo 78 - Parte 2
Capítulo 78 - Parte 3
Capítulo 79
Capítulo 80 - Parte 1
Capítulo 80 - Parte 2
Capítulo 80 - Parte 3
Capítulo 81
Capítulo 81 - Parte 2
Capítulo 81 - Parte 3
Capítulo 82
Capítulo 82 - Parte 2
Capítulo 83
Capítulo 83 - Parte 2
Capítulo 84 - Parte 1
Capítulo 84 - Parte 2
Capítulo 84 - Parte 3
Capítulo 85
Capítulo 86 - Parte 1
Capítulo 86 - Parte 2
Capítulo 87
Capítulo 88 - Parte 1
Capítulo 88 - Parte 2
Capítulo 89 - Parte 1
Capítulo 89 - Parte 2
Capítulo 90 - Parte 1
Capítulo 90 - Parte 2
Capítulo 91
Capítulo 92
Capítulo 93 - Parte 1
Capítulo 93 - Parte 2
Capítulo 94
Capítulo 95
Capítulo 96
Capítulo 97
Capítulo 98
Capítulo 99
Capítulo 100
Capítulo 101
Capítulo 102
Capítulo 103
Capítulo 104
Capítulo 105
Capítulo 106
Capítulo 107
Capítulo 108
Capítulo 109
Capítulo 110
Capítulo 111
Capítulo 112
Capítulo 113 - ESPECIAL
Capítulo 113 - ESPECIAL - Parte 2
Capítulo 113 - ESPECIAL - Parte 3
Olá, leitores! (Surpresa)
Capítulo 114
Capítulo 115
Capítulo 116
Capítulo 117
Capítulo 118
Capítulo 119
Capítulo 120
Capítulo 121
Capítulo 122
Capítulo 123
Capítulo 124
Capítulo 125 - Penúltimo Capítulo
Capítulo 126 - Último Capítulo
Maria Vitória
Carta da Autora
Curiosidades
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Capítulo 63

171 16 12
By AutoraRianne

 








                       No dia seguinte, Cipriano estranhou os escravos não estarem de pé. Pois, muitas vezes, nem precisava chamá-los.



         - O que há?    - Perguntou ele para o capataz de guarda.
         - Cantaram, dançaram, e bateram os tambores quase a noite toda.
         - O quê? E você permitiu?
         - O que poderia fazer? Com certeza estavam fazendo aqueles rituais esquisitos.
         - Bando de bruxos! Se querem fazer baderna, que façam trabalhando!
         - E se eles... Estivessem fazendo algo contra... Essa fazenda? Como por exemplo uma praga?
         - Então você deveria ter impedido, imbecil!  Agora vá, saia da minha frente! Esses escravos vão se arrepender... Saia!
         - Claro... É... estou saindo.




                     Cipriano abriu a porta, e deparou-se com os escravos dormindo. Ele então, gritou para que todos acordassem, fazendo eles levantarem em um pulo.




         - E então... Cantaram? Dançaram? E com certeza beberam...  Bando de inúteis. Façam isso... É o mínimo que podem fazer para tentar fugir dessa vida miserável de vocês. Mas não se esqueçam, vocês têm trabalho. Todos de pé! Ou todos irão para o tronco!




                    Cipriano bateu com o chicote no chão, e saiu, deixando os escravos assustados.




         - É... Amanheceu.   - Disse Rosário.
         - E agora estamos aqui, prontos para a noite, certo?  - Perguntou Edmundo.



          - Certo!   - Responderam.



         - Quando a família chegar, farão um sinal, como uma coruja. Não me perguntem como, quem fará é a senhorita Virgínia.  - Disse Rosário.
         - A Virgínia? Ela virá?   - Perguntou Maria Vitória.
         - Tem uma idéia para distrair o capataz da porteira, espero que dê certo.




                 Maria Vitória sentou-se atordoada, e sentiu-se feliz, pois chegou o dia de ir embora, e de se ver livre. Tudo haveria de dar certo. Os escravos também seriam libertados das garras do Barão, vivendo longe.



         - Está cansada, filha?
         - Na verdade estou bem disposta.
         - Que bom! Fico imensamente feliz por isso, te ver bem é uma alegria. Ainda sente febre?
         - Não... Até agora nada. Acho que a notícia de estar livre hoje mesmo, fez com que eu me empolgasse, e acabasse melhorando.
          - Fico tão aliviada, pois pensei que te perderia. Quase não estava acordando, mal ficava de pé...
          - A fraqueza ainda está em mim, mas não me impedirá. Estou bem para ir até a horta, campo, ou o que for preciso. Sei que a noite estarei fora daqui.
         - Meu coração até fica apertado...
         - Ei, tu vais comigo, não se preocupe.
         - Não é isso... É que tenho medo... Essa invasão na fazenda me parece um tanto perigosa.
         - Não se preocupe, tudo ocorrerá bem.
         - Maria Vitória, esses capatazes estão todos armados. São muitos, não sei exatamente o que pode acontecer... Eu tenho tanto medo, meu coração está tão aflito...
         - Fique calma, tenha energias positivas! Tranquilize-se.




                      Maria Vitória beijou o rosto de Dandára, e saiu para perto de Rosário.






                   Edmundo chegou perto de Dandára, abraçando-a, e a acolhendo.


         - Você está bem?
         - Edmundo... Sobre hoje a noite...
         - sei, está aflita, não é?
         - Como sabe?
         - Dandára, conheço-te a muito tempo. Sei dos teus sentimentos. Sei quando está triste, aflita, preocupada...
         - Será que dará certo?
         - Eu não sei... Nunca participei de uma fuga. Mas muitos aqui sim, infelizmente voltaram, foram pegos.
         - Foi tudo muito precipitado, Edmundo. Tudo muito rápido... Eu tenho muito medo...
         - Dandára, respire um pouco, não fique aflita, isso irá piorar... Rosário explicou tudo que foi dito pelo senhor Celso, tenho certeza que tudo acabará bem.
         - Assim espero.
         - É melhor sairmos logo... Daqui a pouco alguém chega aqui novamente, e muito mais agressivo.
         - Sim... Eu vou.




                  Dandára não conseguia esconder a preocupação, pois tudo parecia muito precipitado. Com os capatazes soltos, armados, e furiosos, tudo parecia perigoso, e realmente era.





                     Cila chegou perto de Rosário, e disse:



         - Leve para a cozinha, aquelas ervas que ficam perto da horta, aquelas que os capatazes pensam ser apenas mato. Prepararei uma fusão, e o Barão tomará no jantar.
         - Sim, levarei no cesto, junto as frutas. Tomarei cuidado para que não vejam.
         - Faça isso.
         - É... Dona Cila?
         - Diga...
         - É... Nada não. Quando tudo isso passar, nós conversamos.
         - Sobre o quê, menina?
         - Não se preocupe, depois falo. Melhor começarmos logo esse dia.
         - Assim você me preocupa.
         - Fique tranquila, vamos logo.











                         Maristela estava de pé em frente à janela. Peixoto dormia. Ela estava inquieta, e precisava falar com alguém. Então, apressada para que a noite chegasse logo, ela jogou um travesseiro em Peixoto.

   

          - Acorda, acorda, acorda!
          - Ai... O que foi? O que aconteceu?
           - Peixoto, você fica aí dormindo... Eu preciso conversar.
           - Maristela?! Ô Maristela... me acordou para conversar?
           - Ah Peixoto... Estou tão nervosa, ansiosa... Preciso conversar com o meu marido.
           - Eu sei, eu sei... Me diz, o que te deixou nervosa?
           - Como assim o quê? Hoje a noite irão tirar Maria Vitória, com a mãe, e os outros da Fazenda. Isso me deixa aflita, ansiosa para que a noite chegue logo.
          - Eu sei como é... Será que dará certo?
          - É claro que sim, Peixoto! Aliás, estarei na hora exata!
          - Lá aonde?
          - Ai, Peixoto, ainda está dormindo? Estou falando que estarei lá na fazenda do meu pai.
          - É... Então, Maristela, eu realmente queria falar com você sobre isso. Você não vai!
          - O que disse?
          - Que você não vai! É uma invasão, é perigoso. Você não vai!
          - Eu não acredito nisso, Peixoto... Minhas sobrinhas estarão lá, e você quer que eu fique aqui parada?
          - Maristela, tenho certeza que as meninas não passarão da entrada. Você ficará aqui, com a nossa filha, e eu irei. Não sei exatamente o que farei lá, mas irei.
          - Se você vai, eu também vou!
          - Não vai, Maristela!
          - Peixoto, quem está lá, presa naquela fazenda, é a minha sobrinha. E quem está , prendendo ela, é o meu pai. Então eu vou!
          - Maristela, estou pensando na sua segurança. Então por favor, entenda que hoje você ficará aqui, sentada, bonitinha, aguardando o meu retorno.




                     Maristela deu leves tapas em Peixoto.



         - Você não me ouve, você quer que eu fique aqui sem saber de nada, e você sabe que eu não suporto ficar desinformada!
         - Meu amor, você ainda vai me agradecer.
         - Agradecer pelo o quê, Peixoto? Olha... Esquece, eu vou atrás de alguém que me escuta...
         - Maristela, não fique chateada...
         - Vou atrás da minha filha, rum.





                Peixoto sorriu, e Maristela saiu indignada com a atitude do marido.




         - Berenice... Filha, está acordada?   - Disse Maristela, batendo na porta do quarto.
         - Olá, mamãe... Estou sim. Pode entrar.
          - Que ótimo!   - Disse Maristela, entrando, e indo em direção a filha.
          - Também não conseguiu dormir mais? Eu estou tão ansiosa por hoje a noite...
          - Ai filhinha, não sabe o que aconteceu.
          - O quê? Algo grave?
          - Algo gravíssimo!
          - Mamãe, está me assustando.
          - Pois prepare-se! Seu pai... Imagina, o seu pai!
          - O que tem o meu pai?
          - Seu pai ordenou que hoje a noite eu fique aqui em casa, enquanto todos estarão lá na fazenda.




              Berenice começou a rir, enquanto estava sentada em sua cama.




         - Então foi isso?
         - Acha pouco? Seu pai nunca me impôs essas coisas, filha. Ah... Eu não quero ficar aqui...
         - Mamãe, o papai está preocupado com sua segurança, ele tem medo.
         - É? Pois ficaremos as duas aqui, sentadas, bonitinhas, esperando ele voltar.
         - Eu esperava isso, imaginei que ele fosse me deixar aqui. Aliás, imaginei que vocês dois fossem me deixar aqui.




                       Maristela suspirou, sorriu, e disse:



         - Filha, eu não quero ficar aqui.
         - Então...  a senhora vai mesmo o papai não querendo?
         - Eu? Logo eu que sou uma mulher tão obediente ao marido?
         - Mamãe, eu te conheço... E conheço bem.
         - Ah, é mesmo? Então saiba que vou, aliás, nós vamos. Mas você nem pense em entrar na fazenda, ouviu? Assim que o Peixoto sair, encontramos ele lá. Mas você ficará dentro da carruagem.
         - Não é mais fácil falar para o papai que nós vamos?
         - O Peixoto quando põe algo na cabeça, ninguém tira. E ainda ficará no meu pé o dia todo. Farei surpresa. Tenho que ir! Minhas sobrinhas estarão lá, e devo ficar atenta, para que nenhuma delas, e nem seu avô se machuquem.
         - Está bem. Mas... mamãe... A senhora não tem medo do Barão?
         - Medo do meu pai? Claro que não! Apesar de que cada vez mais pareço conhecê-lo menos.
         - Não dá pra acreditar em tudo que ele fez, não é? Será que se minha avó fosse viva, isso tudo teria acontecido?
         - Não! Com certeza não. Sua avó era o total oposto dele... Era maravilhosa.
         - Queria tê-la conhecido.
         - Teria amado ela, e ela teria amado você. Aliás, ela teria amado a todas vocês...
         - Ontem a senhora sentiu-se mal, não foi? Após ouvir que meu avô tentou agarrar a Iracema.
         - Eu imaginava... É algo terrível, e difícil de aceitar. Porém, tenho que manter a postura. E claro, aceitar que o meu pai não é um bom homem.
         - Sinto muito, mamãe.
         - Eu também sinto, minha filha. Mas está tudo bem... Quer dizer... Vai ficar tudo bem. Agora levante-se, vamos tomar nosso café da manhã, e seguir rezando para que o tempo passe logo.
         - Sim, vamos!




                   Berenice se levantou, e vestiu-se com a ajuda da mãe. Estavam ansiosas para a noite, que haveria de chegar.















                       Ana Laura andava inquieta pela sala, pois, ao acordar, teve uma conversa parecida com a de Peixoto, e Maristela. Celso não queria permitir sua ída até a fazenda.



         - Laura, ainda está com isso?
         - Estou insatisfeita, não vou esconder isso.
         - Laurinha, por favor, entenda que será melhor assim.
         - Não, Celso! Ficarei aqui, aflita, sem saber de nada?!
         - Você ficará aqui, cuidando da casa, para receber as pessoas que virão.
         - É verdade... Não havia pensado nisso.
         - Está vendo? Tem que ser assim.
         - Celso... Mas e a Hilde? Ela trabalha para nós... E se acabar falando algo para alguém?
          - Chamarei ela para uma conversa. Vou esclarecer tudo, e confiar em seu silêncio.
          - Sabes que ela tem muito preconceito, até mesmo da Iracema que é indígena.
          - Mas ela trabalha em nossa casa. Deve aprender que aqui ela recebe nossos convidados, e os trata bem. Irei esclarecer isso.
         - É bom. Então estarei aqui, esperando vocês retornarem, mas estarei aflita!
         - Fique tranquila, te peço isso. E... O Tião, e a Iracema?
         - Estão no Jardim. Acordaram, e estão... Acredito que sentindo a natureza como a própria Iracema diz.
         - Eles são boas pessoas, não são?
         - São sim, meu amor. São maravilhosos! Corações grandes, puros, sem nenhuma maldade... Espero sinceramente que no fim de tudo isso eles fiquem bem.
         - Também desejo muito isso, de coração!
         - Ah, meu amor... outra coisa que me deixou muito feliz.
         - O que foste?
         - A Virgínia.
         - Virgínia? Algo especial?
         - Ela está mudada, Celso. Assim... Continua com seus comentários únicos, não é? Porém, está mais disposta, percebeu que até se ofereceu a ajudar? Deu idéias, soluções... E ela diz não gostar da Maria Vitória, muito menos dos escravos. A Virgínia de uns tempos atrás não moveria uma unha por nenhum deles.
         - Eu me lembro bem disso! Confesso que achei que ela não tivesse jeito.
         - Eu também pensei, mas ela me surpreende a cada dia que passa. É impressionante!
         - Ela está crescendo, Laura. Está amadurecendo, se conhecendo a cada dia.
         - Isso é verdade... Mas agora pensei nos meus pais. Será que estão em São Paulo, será que encontraram meu tio?
         - Eu espero que sim. E agora possam se dar conta de quem é o Barão.
         - Fico preocupada, Celso.
         - Ô meu amor, eu te entendo. Mas olha... Confia em mim, tudo acabará bem... Eu prometo.





              Celso beijou Ana Laura, acariciando seu cabelo. Logo depois, juntos, conversaram com a empregada, a qual ordenaram a receber, e tratar bem aqueles que ali estariam. E claro, que não contasse para ninguém.













                     Malvina estava na sala. Estava quieta, pensativa, quando escutou a porta. Ela fez questão de abrir, e surpreendeu-se.



         - Olá, posso ajudar?
         - Dona Malvina?
         - A própria. O que deseja?
         - Não estás me reconhecendo? Sou Lázaro, irmão de Leôncio, vosso genro.




                Malvina respirou fundo.




         - Pois não... Desculpe, não o reconheci de fato. Entre.
         - Com licença... Essa é minha esposa, Branca. Poderia informar-me se Leôncio encontra-se em vossa casa?
         - Encontra-se sim, junto a minha filha.
         - Podemos vê-los?
         - Claro!




                          Leôncio chegou na sala, e correu para abraçar o irmão.



         - Sabia que conhecia sua voz, meu irmão! Olá, Branca... Que alegria! Como chegaram até aqui?
         - Sabíamos que estaria aqui, em São Paulo. Demoramos a encontrá-los, procuramos muito pela residência dos condes. Finalmente encontramos.



         - Sentem-se, fiquem a vontade!   - Disse Malvina.



                Eugênia chegou na sala, e surpresa cumprimentou os cunhados. Estava um pouco nervosa, pois não os via a tempos, e eles sabiam da mentira.



         - Perdoe-nos, chegamos sem avisar... Mas... Como estão? E o senhor conde Afonso?
         - Meu marido está doente. Sofreu uma forte emoção por parte da filha dele, não é mesmo Eugênia?




              Eugênia respondeu:



         - Sim, sofreu. Acredito que vocês saibam de Maria Vitória, não sabem?
         - Sim... Sabemos. Depois meu irmão conversará comigo. Deve-me explicações.   - Disse Lázaro.
         - E por falar em Maria Vitória, onde ela está?   - Perguntou Branca.




                 Leôncio estranhou.




         - Como assim onde ela está? Ela está na fazenda do meu pai. A deixei quando vim atrás de Eugênia.




                 Lázaro e Branca se entreolharam, mas nada revelaram.



         - Ah, claro... Ela está sim.   - Disse Lázaro.
         - E como ela está?   - Perguntou Eugênia.
         - É... Eu... Não.. cheguei a vê-la. Quem avisou-me da vinda de vocês foi a Maristela... Mas... Maria Vitória deve estar bem.
         - Espero que aquele velho miserável ao menos esteja tratando ela bem.




         - Eugênia, por favor, você está falando do nosso pai!   - Repreendeu Leôncio.
         - Eu sei disso, e acreditem, sinto muito. Porém, não posso negar meu ódio pelo Barão.




                 Malvina levantou-se.



         - Com licença... Irei ver o meu marido. Se desejarem algo, Eugênia os acolherá.
         - Fique bem, dona Malvina. E melhoras ao senhor Afonso.   - Disse Lázaro.
         - Obrigada!





                     Malvina saiu para o quarto de Afonso, e Lázaro chamou Leôncio para conversar.



         - Meu irmão, por favor, venha comigo.
         - Vamos lá fora, Lázaro. Conversaremos melhor.



                      Os irmãos saíram, e Branca chegou perto de Eugênia.



         - Minha querida, como você está?
         - Péssima. Meu pai adoeceu, e... Você sabe de tudo.
         - Eugênia, não pude acreditar... Como fez isso por todos esses anos?
         - Não me pergunte isso, por favor. Existem coisas difíceis de se explicar.
         - Eu entendo, Eugênia. Acredito como deve ser difícil para você... Não é tão simples...
         - Sei que devo satisfações a família, o que fiz foi errado. Mas saiba que o Barão é sujo, nojento, e tenha certeza que ele é o pior de todos nessa história.
         - Que o Barão não vale nada, disso estou ciente. Nem imagino como deve ter sido para você viver naquela casa.
         - Você não faz idéia, Branca. Um verdadeiro inferno! Mas vem comigo, deve estar cansada.
         - Sim, realmente estou.
         - Venha se deitar, descansar os pés, é necessário.
         - Fico muito agradecida!






         - Aonde você estava com a cabeça Leôncio? Viveu um romance com uma escrava, a engravidou, fez sua atual esposa criar a filha da outra, mentiu para a família inteira... Será que você enlouqueceu?
          - Perdoe-me, meu irmão, eu sei que...
          - Sabe? Não sabes de nada! Veja a confusão que você criou... imaginou se nossa mãe estivesse viva, a vergonha, e desgosto que ela teria?
         - Nosso pai também é culpado. Praticamente comandou toda a história, depois fugiu.
         - Você foi junto com ele! E agora, hã? Como tudo ficará? Sua filha presa na fazenda...
         - Como assim Maria Vitória está presa na fazenda?
         - Eu... Eu quis dizer que ela está na fazenda, presa nessa história, nessa vida.
         - Minha filha... Tenho pensado muito nela. Fico preocupado, foi tudo muito rápido. Não sei o que pode estar passando...
         - Ela está... Não sei como está.
         - Meu irmão, eu precisei vim atrás de Eugênia, coitada, brigou com nosso pai, estava atormentada.
         - Nada justifica o que fizeram, porém, entendo ter vindo atrás da sua esposa. Leôncio, sou o seu irmão mais velho, você poderia ter falo comigo.
         - Eu fui covarde, Lázaro! Fui fraco, muito fraco... Agora, até o meu sogro está doente.
         - Espero que ele melhore, de verdade! Agora... Você precisa voltar para a fazenda!
         - Não posso voltar agora. Eugênia não vai querer sair de perto do pai. Por favor, volte você, e vá ver minha filha, e me mantenha informado através de cartas.
         - Leôncio, você não entendeu a gravidade da situação. Tem... Tem coisas que você pode fazer... Entende que seu sogro não está bem de saúde, mas você precisa voltar, e rápido!
         - Mas o que há, Lázaro? O que tu tens? Insiste que eu volte para a fazenda... Há algo de errado acontecendo?
         - Eu não sei! Mas e se estiver, me diz, como fica? Sua filha está , sozinha, sabe-se lá o que se passa na mente daquela menina.
         - Estou a dias aflito, pensando em Maria Vitória. Porém, não posso deixar o meu sogro aqui, doente. E minha própria filha foi quem pediu que eu vinhesse atrás da mãe adotiva dela.




                 Lázaro pensou um pouco.




         - Está bem, eu entendo. Mas não demore, por favor.
         - Não vou demorar, prometo.




  Lázaro pegou no ombro de Leôncio.




         - Entendo que você é o mais novo de nós, meu irmão. Mas vocênão é o rapaz de anos atrás, aquele que se casou com Eugênia forçado. Agora você é um homem, deve agir como um.













                 Leôncio nada respondeu, apenas abraçou o irmão. Depois, juntos, seguiram para dentro, e Lázaro foi ver a esposa no quarto que Eugênia lhe mostrou onde ela descansava, enquanto Leôncio, seguiu para ver o sogro.



         - Lázaro? É você, querido?
         - Sim, Branca. Sou eu.
         - E então, como foi? Contou para Leôncio que Maria Vitória está presa na fazenda?
         - Não, Branca. Eu não tive coragem. Estou sem acreditar ainda, Maristela estava dizendo a verdade, e Ana Laura também quando tentou nos alertar.
         - Mas o que o Barão tem contra essa menina para fazer isso? Coitada.
         - Meu pai pode está maluco. Não tenho dúvidas!
         - O que tu vais fazer?
         - Eu não sei, Branca. Sinceramente eu não sei.
         - Não acha que Eugênia, e Leôncio merecem saber o que está acontecendo?
         - Sim, merecem. Eu vou contar... Hoje a noite, assim que pensar em uma forma, eu irei falar com eles.
         - Não demore... Não sabemos o que realmente está acontecendo naquela fazenda.
         - Pensarei direito. Agora descanse, por favor, é preciso.
         - Tu estás aflito, como poderei descansar, e deixar-te aqui, sozinho?
         - Estou aqui, estou bem. Não se preocupe.
         - Deite-se comigo, por favor. Não pode se alterar, Lázaro!
         - Certo. Vem, deite-se ao meu lado.




                       Lázaro deitou, e Branca foi ao seu lado. Porém Lázaro estava inquieto por não ter confiado em sua filha Ana Laura, e não ter acreditado em Maristela.













                        Leôncio estava na porta do quarto do Conde Afonso. Malvina estava sentada na cama, quando notou a presença dele.



          - Deseja alguma coisa, Leôncio.
          - É... Sim dona Malvina. Gostaria de falar com a senhora, e com o Conde.
          - Meu marido está descansando, não pode falar.



         - Posso sim! Entre Leôncio, chega mais perto.   - Respondeu Afonso.
         - Muito obrigado, senhor!
         - Imagino que tenha algo importante para dizer.
         - Sim, eu tenho.
         - Pois diga.




         Leôncio respirou fundo, e disse:




         - Vim para pedir perdão. Pedir perdão a vocês, por ter feito Eugênia criar uma filha que não era dela, e tê-los enganados com essa história. Por ter prometido ser um bom marido para vossa filha, e ter fracassado miseravelmente. Eu peço perdão, e assumo, a total culpa por toda essa confusão, e claro, pelo mal estar de Eugênia.
         - Estás dizendo, que teve a grande culpa na história?
         - Sim, senhor. Eu sou culpado. A minha própria irmã, Maristela, chegou a dizer-me isso.
         - E o seu pai?
         - É quem manipulou tudo. E eu, claro, fui fraco o bastante para dizer não.
         - Não teria criado sua filha?
         - Teria, mas não dessa forma. Hoje vejo que eu faria tudo diferente se fosse possível.
         - Admiro você ter vindo até aqui, Leôncio. Foi de muita coragem assumir sua culpa. És sincero, não é?
         - Sou sincero, senhor. Digo mais... Eugênia passou por muitas coisas, a falta do meu amor, a culpa de não poder ter filhos... As humilhações vinda do meu pai.
         - O Barão... Juro, assim que eu estiver melhor, irei pessoalmente falar com o Leopoldo. Ele me deve satisfações sérias.
         - Eu entendo. Mas o senhor precisa se recuperar, ainda está fraco.
         - me sinto forte o suficiente para falar.




                   Malvina interferiu.




         - Eugênia pediu para você vir até aqui?
         - Não senhora, vim por vontade própria. A propósito, a senhora, dona Malvina, não deveria culpá-la tanto assim... Eugênia veio atrás de afeto, um mínimo possível... E a culpa foi minha. Eugênia veio atrás de amor, que ficou muito perturbada na fazenda, teve crises, e... Enfim, compreenda a vossa filha, a acolha, acredito que isso será para o bem de todos.
         - Amo a minha filha, não tenha dúvidas disso. Mas o que fizeram...
         - O que eu fiz, dona Malvina. Eugênia fez apenas o que lhe foi ensinado. Obedeceu ao marido, e lhe foi fiel.




                     Malvina calou-se, e quis chorar, mas se segurou.




         - Devo dizer a vocês, que aprendi a amar a Eugênia. Senti isso vindo para cá, quando senti saudades, e preocupação de onde ela estaria de fato. Quero recomeçar ao lado dela, e conseguirei isso. Ela irá recomeçar, com a ajuda de todos vai conseguir!
         - Sabe, Malvina... Nosso genro parece sincero. E tens total razão.



            Malvina suspirou, e disse:



         - Então todos estamos de acordo. Meu marido, então...
         - Então nós perdoaremos por completo a nossa filha. Tentaremos entender a Eugênia, e admiramos a sua vinda até aqui, Leôncio.
         - Eu os agradeço imensamente.
         - Agora, me prometa uma coisa.
         - Claro que sim, o que quiser.
         - Fará Eugênia feliz!
         - Eu farei senhor, prometo pela minha honra. Mas há algo que eu também gostaria de pedir.
          - Diga.
          - Gostaria que... Vocês não negassem a minha filha. Maria Vitória tem grande carinho pelos avós maternos adotivos, e com certeza os considera muito.



                     Malvina sorriu, e olhando para Afonso, respondeu:


         - Nós jamais negaríamos a Maria Vitória. Não tem a mínima culpa, e foi criada por nós durante anos. Tenho um carinho imenso pela minha neta, não se preocupe.
         - Digo o mesmo que a minha esposa, Leôncio. Maria Vitória continuará sendo nossa neta, e assim será até nossos últimos dias.
         - Obrigado! Muito obrigado!




                    Leôncio abraçou os condes. Eugênia chegou a porta do quarto, e ficou surpresa com o que viu. Malvina a chamou, fazendo-a juntar-se a eles.













                  O dia passou, e a noite chegou. Cila estava pronta para servir o jantar do Barão, com as ervas que lhe dariam sono pesado.





                Maria Vitória sentia seu coração ainda mais acelerado, e Dandára sentia sua aflição aumentar cada vez mais.



         - Está muito perto... Muito perto mesmo.
         - Que todas as divindades do bem nos protejam, minha filha!
         - Que assim seja, minha mãe.




               Mãe e filha se abraçaram.







                      Cila serviu o jantar, e Leopoldo o aprovou.


         - Escrava velha... A comida está... Diferente. O que pôs aqui?
         - É... Um tempero diferente, sabe, senhor.
         - Espero que não seja veneno.
         - Isso jamais, senhor!
         - Espere aí, depois quero que massageia meus pés, estou exausto.
         - Sim, senhor. Eu o espero.










                     Maristela apareceu vestindo uma calça de Peixoto, e isso surpreendeu Berenice.



         - Mamãe, o que está fazendo? Aliás... O que a senhora está usando?
         - Berenice minha filha, estou indo a luta!
         - Mamãe, pensou o que meu pai achará disso?
         - Ele não vai achar nada! Eu não vou ficar aqui, sozinha, de braços cruzados. Você está pronta?
         - É... Eu acho que sim.
         - Perfeito! Vamos seguindo para perto da Fazenda do seu avô. Mas já sabe, fique dentro da carruagem!
         - Sim, mamãe. A senhora está engraçada vestida de homem.
         - É mesmo, é? Hum... Sei. Acha que o Peixotinho vai gostar?
          - Eu acho que ele vai surtar.
          - Ai que emoção! Vamos, vamos!





                    Peixoto chegou até a casa de Celso, dizendo que Maristela ficou em casa junto a Berenice. Pois, mal sabia ele o que sua esposa aprontava.



                  Fausto estava na sala, ao lado de Celso, Tião, Iracema, e Ana Laura.


         - Estão prontos?    - Perguntou Celso.
         - Chegou a hora da guerra!   - Respondeu Iracema.
         - Vamos com calma, Iracema.



                        Virgínia desceu as escadas, muito bela, e provocante.


         - Virgínia, que vestido é esse?
         - Ana Laura, eu tenho que estar muito bonita. Serei a atração da noite.
         - se trocar agora!



         - Não temos tempo para isso. Deixe Virgínia, estamos atrasados!  - Disse Fausto.



         - Então vamos logo.   - Respondeu Tião.



         Celso beijou Ana Laura.



         - Tomem cuidado, por favor.
         - Pode deixar, meu amor. Tudo dará certo!
         - Assim espero. Estarei aqui, esperando por vocês. Vão com Deus!
         - Amém, meu amor!




               Ana Lauro pediu moderação a Virgínia e desejou que tudo corresse bem, e que ninguém saísse de lá ferido. Ela estava aflita, preocupada, e estava ansiosa.


         - Espero de coração que ocorra mesmo tudo bem.   - Disse Celso ao sair.
         - Guerreiros estão perto da Fazenda. Iracema já sabe disso.
         - Então vamos, realmente está na hora. Entrem na carruagem, vamos já! E que seja o que Deus quiser.






  Continua...

 

 



 

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