Wild World

By FoxYax

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Em um mundo onde muitas pessoas acreditavam que o sobrenatural era somente baboseira de filmes que passam aos... More

Prologue.
The Chosen Ones.
Let's Introduce Ourselves.
Necessary Changes.
You Are Not Alone.
Disagreements.
Punishment.
Mission Failed.
A Little Oversight.
Kissing The Devil.
If I Ain't Got You.
A Necessary Fight.
Shake It Off.
Learning From Mistakes.
Rise Up.
All I Want For Christmas Is You.
When the Darkness Comes.
What Does That Mean...?
Losing Sanity.
Everything Will Be Fine, If We Stay Together.
Do You Remember?
Costume Party.
Are You Afraid?
I Won't Apologize Anymore.
Do You Know Me?
Avoid You.
A Night To Remember.
New Hair, New Moments.
Playing In The Rain.
Funtime, Memories and... Love.
Conclusion.
The Spirit and The Darkness.
Happy Birthday.
Final Test.
First Day in Hell.
Are You Looking For Me, Child?
One More Clue, One More Lie!
Let's Talk About Us.
A New Loyalty Covenant.
Hey Jude.
Pink Flames, Meetings and Farewells.
It's Time for the Inevitable.
Make Good Use of It.
You Did Your Best, And More.
Let's Go Back Home.
Old Town Road.
Traitor.
Studying the Old Enemy.
We'll Be Together Forever.
The Ruin of the False Order - Part One.
The Ruin of the False Order - Part Two.
Leaving Sadness Behind.
New Protocol.
First Steps.
Questions and Answers.
Small and Considerable Step Forward.
Tricked and Betrayed.
Twenty Four Hours to the End of the World.
The Secular Battle Has Come.
In The End, We Are All Destined For Something.
In My Dream, I Want To Be With You.
And Now, What Do We Do With All These Feelings?
Marked Forever By An Incredible Journey.
Epilogue: Wild World.
Bonus Chapter: Current Days.
Novidades!

I Think It's Time To Break Up.

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By FoxYax

O dia havia amanhecido e Irene estava em sua primeira xícara de café. SeulGi estava terminando de se arrumar para poder levar as garotas para o café da manhã e Irene observava tranquilamente a mulher terminar de colocar seu blazer. Era incrível a transformação que a mulher tinha quando colocava suas roupas sociais. A imagem infantil da mulher sumia e dava lugar para uma grande mulher, ora séria, ora gentil.

SeulGi nem se dava conta do olhar da Bae sobre si, apenas terminava de conferir sua aparência diante do espelho. Aproximou-se do mesmo apenas para observar sua pele, checando se estava tudo nos conformes, e quando afastou-se do mesmo, virou na direção de sua noiva e finalmente percebeu o olhar da mulher, que tinha um sorrisinho bobo nos lábios.

– O que foi? – Perguntou rindo timidamente.

– Me preocupo tanto com o trabalho, que às vezes esqueço o quanto você é linda. – A mulher disse, alargando mais um pouco o sorriso. – E adorável.

A dobradora de metal soltou uma risada anasalada e aproximou-se da mulher, apoiando uma de suas mãos no braço da cadeira que sua noiva ocupava e a outra sobre a mesa, deixando um breve selar nos lábios da mulher e mostrando um sorriso convencido.

– Eu sou impecável. – Piscou. – Mas, isso só se confirma porque minha futura esposa é você. Só sendo outra pessoa impecável para ter esse coraçãozinho mole que é o meu. – Riu baixinho.

Irene soltou uma risada anasalada, levando sua xícara de café até sua boca, bebendo um pouco do líquido já morno.

– Mole mesmo. – Falou, começando a organizar os papéis de cima de sua mesa. – Não sei como conseguiu enganar as meninas por tanto tempo. Meu pai sempre dizia que mentira tem perna curta, e era bem engraçado ver você toda marrenta pra cima das pobres crianças. – Riu ao se lembrar dos primeiros meses com as novas integrantes de seu laboratório.

– O que eu podia fazer? Estava tímida. – Fez uma careta. – E acho que elas não iriam querer proximidade comigo logo de início, com você sempre é mais fácil.

– É um dom. – Riu. – Sei como me comunicar com outras pessoas. Apresentações e palestras mudam uma pessoa, sabia? Já falei para você estudar algo que você gosta, sabe que dinheiro não é um problema para nós.

– Juro que tenho pensado muito a respeito, tenho pesquisado algumas outras áreas, mas não sei. – Deu de ombros. – Eu gosto de trabalhar com isso, é literalmente a minha vida e ainda mais agora que temos as meninas... – Sorriu largo. – É bom ter mais movimento por aqui, temos uma motivação para não estancar nos estudos.

Irene soltou uma risadinha baixa.

– Você falando dessa forma, parece uma mãe. – A mais velha observou, vendo a outra ficar constrangida. – E as meninas parecem gostar bastante disso.

– E não somos praticamente isso? – Riu divertida. – Yeri é a tiazona.

– Você e Yeri nunca crescem, continuam sendo as mesmas crianças de quando eu as conheci. – Fez uma pausa, rindo baixinho. – A única diferença é que estão mais velhas mesmo.

– E você finge que tem maturidade, como sempre. – Rolou os olhos rindo. – Agora preciso ir, meu amor. As meninas precisam se alimentar. – Deixou um beijo casto na testa da mais velha e sorriu. – Nos vemos mais tarde.

Irene roubou mais um beijo da outra mulher e acenou positivamente com a cabeça. Por mais que quisesse a mulher ali consigo, tinha de deixá-la ir para efetuar seu trabalho, assim como tinha de fazer o seu.

– Não demore para não me matar de saudades, huh? – Falou, antes que a mulher deixasse o cômodo.

– Sim senhora, minha querida futura esposa. – Assentiu colocando o corpo para fora da sala, mas mantendo a cabeça dentro do alcance de visão da outra. – Desculpe, acho muito legal falar isso. – Sorriu, piscando sapeca.

A mais velha sacudiu a cabeça negativamente enquanto sorria para a outra. Ela era daqueles tipos de mulher que, não importava a idade, sempre mantinha seu humor juvenil e seu carisma. Elas eram bem diferentes, e era isso que fazia seu relacionamento funcionar tão bem. Sem mais distrações, a mulher voltou sua atenção para seu computador, onde focaria no término dos arquivos de seu falecido pai.

Era um trabalho árduo e que precisava de toda a concentração que tinha, por isso, uma boa e velha xícara de café sempre a acompanhava nessa jornada. Abriu algumas pastas em seu computador e voltou-se para sua caneta que estava acima de sua mesa. Abriu seu caderno de anotações, descartando algumas observações que havia feito na última vez em que estivera estudando e voltou-se novamente para seu computador, finalmente abrindo mais alguns arquivos não lidos por ela.

Suspirou profundamente e esfregou um dos olhos. Era o momento de estudar um pouco mais sobre aquela situação complicada em que estavam.

Tiffany havia acordado no abraço de Jessica, afinal, havia dormido com a garota em sua pequena cabaninha, assim como prometido. Não trocaram muitas palavras, a situação estava complicada para a Jung e a dobradora de ar sabia disso, por isso poupou a menina de mais falatórios, apenas deitando-se com a garota e oferecendo-lhe um carinho silencioso.

SeulGi buscou as duas, logo após buscou Taeyeon e por último Yuri. A morena sorriu largo para a menina de cabelos médios, selando brevemente os lábios da Hwang em uma espécie de bom dia. Naquele momento Taeyeon soprou o ar com força para fora da boca, como se sentisse cansada, e Jessica não moveu-se um milímetro sequer na direção de sua, até então, namorada. A mulher diante das garotas tentou ignorar o clima ruim que havia se instaurado, sorriu até, mas ao entrar no elevador sentiu-se sendo esmagada lentamente pelo silêncio que ali se fez.

Jessica odiava climas ruins, mesmo sabendo que era uma das grandes culpadas por aquilo. Foi a primeira vez que havia dormido brigada com Taeyeon, desde que haviam se aproximado. Era uma sensação estranha e agoniante, como se estivesse faltando algo - O que de fato estava -, mas tentava se contentar em ocupar a cabeça com quaisquer coisas aleatórias que seu subconsciente projetava em sua cabeça. Estava sendo difícil, mas não morreria por amor.

Tinha uma meta para aquele dia, e talvez até para os outros, que se consistia em: Evitar o máximo possível se aproximar de Taeyeon, ou sequer trocar olhares ou palavras. Parecia um pouco infantil de sua parte, mas como a dobradora de água resolvia seus problemas com seu silêncio, aquilo lhe pareceu cair como uma luva. Como uma ambiciosa exemplar, combatia sempre infantilidade com mais infantilidade.

Tinha dezoito anos, não estava na idade de se comportar sempre de forma adulta, mesmo estando, legalmente, na maior idade. Sabia que, até mesmo pela lei da física, toda ação tem sua reação, então aquilo já era o suficiente para entender que fim levaria aquelas atitudes. Ninguém é perfeito, nem mesmo os mais sábios e maduros. Era a consequência do ser humano: Errar e aprender com seus erros, e estava disposta a aprender com aquilo, já que nunca tivera nenhuma outra experiência com relacionamentos afetivos.

Pouco tempo depois, o elevador havia chego no andar do refeitório. O silêncio absurdo ainda se fazia presente, e todas ali pareciam respeitar o mesmo. Yuri, por sua vez, estava ficando um pouco intrigada com toda aquela situação, mesmo sabendo que ela não tinha que se intrometer em relacionamentos alheios. Tinha entendido e até mesmo concordado com a proposta de Tiffany ir dormir com Jessica, já que sabia que a situação da dobradora de fogo era um pouco delicada. Como não tinha a mínima intimidade com a Kim, infelizmente não podia ajudar nesse sentido.

Elas adentraram o refeitório, ouvindo as mesmas coisas que SeulGi sempre dizia para elas, e foram se acomodar em seus lugares. Surpreendentemente, Jessica apenas recolheu um pouco de suco e um pequeno pote com salada de frutas, indo diretamente para outra mesa, sentando-se na cadeira mais longe possível. Yuri trocou olhares curiosos com sua namorada e ambas puderam ouvir a respiração pesada de Taeyeon ao ver aquela cena. A dobradora de terra sorriu de lado, tentando conter um sorriso largo. Jessica sabia muito bem como fazer com que outras pessoas prendam a atenção em si, pelo seu jeito inconveniente; E Yuri sabia perfeitamente daquilo.

Se a Kim não fosse o motivo das chateações da Jung, com certeza ela levantaria de onde estava e iria falar com a garota, e por mero impulso quase o fez. Mas aquele não era o caso, se contentando em apenas comer em silêncio, evitando contato visual com qualquer uma ali. Não iria forçar diálogo, esperaria o momento oportuno.

Tiffany, impaciente, pegou seu prato com o que desejava comer e levantou de onde estava, olhou para Yuri e a garota entendeu suas intenções, logo vendo a Hwang se dirigir para a mesa de Jessica. Não tinha mais motivo algum para fingir gostar da dobradora de água. Taeyeon olhou para Yuri, que permanecia sentada à sua frente e a questionou com o olhar.

– O que foi? – A morena perguntou.

– Pode ir também, se quiser. – Disse simplesmente. – Eu sei que você também não gostou do que aconteceu. – Deu de ombros.

– Eu não faço questão de ir, e se eu fosse, Jessica não se sentiria à vontade com a minha presença. – Falou, dando de ombros. – A gente tecnicamente já se dá bem, mas não somos próximas, então eu não vejo motivos de ficar em cima dela o tempo todo. Deixo isso pra Tiffany.

– Hm... – Assentiu minimamente. – Tudo bem, então. – Fez uma pausa longa. – Bem, faz um tempo que quero falar com você a respeito do ocorrido entre você e eu, sabe... nossa briga. Principalmente agora, depois do que houve semana passada, não tenho mais porquê evitar você. Digo, antes disso já queria falar que não me sentia tão absurdamente desconfortável em conversar com você. Mas agora, eu e você, estamos quites... – Disse um tanto atrapalhada. – Desculpe, esse não é o melhor momento para falar sobre isso. Deixe para lá.

Yuri respirou profundamente, terminando de mastigar o que estava em sua boca. Levou seu copo de suco até sua a mesma e bebeu generosamente do líquido, abaixando-o mas não o colocando em cima da mesa.

– Sinceramente, eu prefiro falar sobre isso do que ficar em silêncio e alimentar esse clima terrível que está esse refeitório. – A menina falou, bebendo um pouco mais do suco. – Bem... Pode parecer meio robótico o que vou dizer para você, mas todos os caminhos levam à só uma resposta. – A morena suspirou mais uma vez, afastando o prato minimamente. – Sei que o que fiz não tem desculpa e sei que o que você fez comigo não foi... Bem, não foi você. O peso dessa situação toda é mais pesado para mim, principalmente agora, cuidando da minha saúde mental e aprendendo com os meus erros. Você é livre para aceitar isso ou não, mas queria te pedir desculpas já faz um tempo também. Não o fiz antes porque queria respeitar seu tempo.

– Por mim tá tudo bem. – Mostrou um pequeno sorriso. – Pelo menos isso deu certo.

Yuri pigarreou.

– Não quero parecer intrometida, mas já sendo... Como anda suas visitas com Wendy?

– Não sei dizer. – Balançou a cabeça negativamente. – E as suas com a Joy?

– Acho que é notável que estão me ajudando bastante desde que cheguei aqui. – Yuri disse, sem parecer indelicada. – Evitei terapia por anos, pensando que era só frescura e exagero do meu pai. Agora que sou praticamente obrigada a fazer... Vi que ele estava certo em se importar tanto comigo. – Fez uma pausa para que pudesse voltar sua atenção para a comida. – E você, já fez terapia antes daqui?

– Não. – Disse soando um pouco mais amarga que o esperado. – Eu sempre soube que seria bom, mas... – Pigarreou, na tentativa de se retratar. – Meus pais não tinham condições para isso. É a primeira vez que tenho contato com essas coisas.

– Entendi. – Disse, estalando a língua. – Pode parecer meio bosta no começo, mas aos poucos você consegue se abrir da forma que elas querem que se abra.

– É... – Assentiu, brincando com os talheres inconscientemente. – É o que dizem.

Taeyeon ponderava sobre muitas questões ali, sobre seus pais, sobre seu psicológico, sobre sua dobra, sobre o caos no mundo lá fora, mas principalmente sobre o seu próprio caráter. Ela não se conhecia o suficiente. Aos poucos seu apetite se esvaía, não queria continuar ali, mas também não queria voltar para o quarto. Não sabia mais o que fazer para tentar pôr as coisas em ordem, já que no final tudo acabava se bagunçando ainda mais.

Alguns poucos minutos de silêncio se fizeram à mesa. Yuri tentava se concentrar em não puxar algum outro assunto com a menina, pois ela parecia bem distante da realidade atual, com suas razões. Mas acabou sendo inevitável não puxar algum assunto, já que a mesma era ansiosa demais para continuar com aquele silêncio insuportável que pairava por ali desde o ocorrido com a dobradora de água.

– Queria pedir desculpas por ontem também. – Falou, sem nenhuma dificuldade. Estava sendo sincera. – Fui um pouco intrometida e acabou resultando naquilo tudo, então... Foi mal aí.

– Não é culpa sua. – Riu tristemente. – As coisas estão desandando há algum tempo, o que aconteceu ontem iria acontecer uma hora ou outra. Claro que me incomodou e sua namorada também colaborou demais para a piora do meu humor, mas o peso não é todo de vocês. – Suspirou, largando de vez os talheres. – No final das contas, ainda sou eu que namoro com Jessica e ainda sou eu magoando ela, mesmo que sem querer.

– Sei que ainda não é da minha conta, mas... – Yuri riu soprado, tentando aliviar a tensão. – Eu imagino que você deve estar passando por várias coisas complicadas, vários conflitos internos e essas coisas todas, mas... Converse com ela. – A dobradora de terra disse em um tom quase de piedade, como se a situação estivesse se virando contra ela. – Eu sei o quanto é ruim você esperar por respostas que nunca chegam. Isso mata a gente por dentro, entende? Você não está cem por cento errada em toda essa história, mas é bom nós vermos onde estamos errando para tentar consertarmos. Querendo ou não, estamos aqui para amadurecer. – Fez uma pausa. – Contra a nossa própria vontade, mas tudo bem.

– Esse é o problema. – Disse com certo desespero. – Eu nunca tive outras relações do que as que tenho aqui dentro, quando as coisas complicavam para o meu lado, ou eu me resolvia sozinha, ou meus pais me ajudavam com isso. Nem que fosse apenas me dando um abraço, eu sabia que teria eles comigo. – Jogou o corpo contra o encosto da cadeira. – Eu não sou sua amiga, muito menos de Tiffany, a única pessoa que tenho aqui dentro é Jessica, que é minha namorada. Agora estamos com problemas e eu não tenho a quem recorrer, nem uma ligação para os meus pais eu posso fazer. Eu não consigo mais controlar a minha própria vida e isso me apavora. – Soltou rapidamente. – E eu sei que não adianta falar disso para Jessica, porque eu sei que só parecem desculpas esfarrapadas para encobrir a minha ausência.

– Posso ser bem sincera com você? – Yuri perguntou, vendo a outra concordar minimamente com a cabeça. – Bom, então, né. Eu não sou nenhuma especialista e nem alguém próxima de você para eu falar esse tipo de coisa, mas... – A dobradora de terra pigarreou. – Eu acho que você deveria parar de pensar um pouco sobre a sua vida com os seus pais, entende? – A menina sorriu amarelo, vendo a expressão confusa no rosto da outra. – Pensa comigo. Uma hora, você vai amadurecer, certo?

– Sim? – A outra disse incerta.

– Então, quando isso acontecer, você será responsável por tudo que você fizer, e às vezes, seus pais não vão estar lá para te ajudar sempre. – A menina falou. – Eu não sei como é na sua casa, mas meu pai sempre me educou para que um dia eu fosse uma pessoa "livre". Minha orientação sexual é um exemplo disso, já que ele sempre me apoiou, mas sempre me alertou que muitas pessoas não vão "me aceitar" em uma sociedade. – Yuri tentava falar da forma mais sutil que conseguia, para que a outra não a julgasse mal. – Esse é o correto de se fazer, educar um filho, avisá-lo que existem certos "limites", e deixá-los ir... Tá me entendendo? – Fez uma pausa, piscando algumas vezes ao se deparar com a expressão completamente perdida da outra. – É que pelo que você diz, seus pais parecem te proteger de todo mal do mundo. Isso não é muito legal, entende? A superproteção pode te transformar num mísero coelhinho indefeso no meio de uma grande floresta de predadores, que nós apelidamos carinhosamente de vida.

– Eles são superprotetores, mas com motivo. – Se limitou a dizer, pensativa sobre o que acabara de ouvir. – Não estou invalidando o que você disse, eu quis dizer que entendo bem o seu... – Pigarreou. – O seu exemplo. Enfim...

Com um longo suspiro, Yuri voltou a comer sua comida.

– Se tem um motivo, ok. – A menina falou, sem fazer contato visual com a outra. – Mas comece a pensar um pouco sobre o que você faria nessas situações, porque como agora, você não tem seus pais para te ajudar. – Fez uma pausa, levando a última garfada de panqueca até a boca. – Porque conhecendo a sua namorada, ela não vai facilitar para você. Ela já fez demais isso.

– Eu sei. – Taeyeon disse mais para si mesma do que para Yuri. Olhou disfarçadamente para a Jung e suspirou. – Eu sei.

Irene estava em seu escritório, lendo uma das últimas partes dos arquivos astrológicos de seu pai. Havia lido coisas desconexas e até um pouco desnecessárias para a situação atual onde se encontrava com as quatro meninas. SeulGi e Yeri estavam de frente para o quadro de anotações, onde tinham vários mapas, papéis e post-its colados ao mesmo. Estava tudo muito desorganizado, mas agradecia aos céus pelas outras se encontrarem no meio de tanta bagunça acumulada.

Não tinha muito tempo para organizar aquilo, já que ficou praticamente meses sem pensar em outra coisa a não ser a pesquisa de seu pai e na saúde mental das quatro meninas. Respirou profundamente ao que viu o último ponto final daquela página, recostando-se sobre sua cadeira, soltando um longo suspiro ao que encarou as partes em branco do arquivo. Olhou de relance para sua noiva.

– Acabei. – Falou, simplesmente.

– Todos os arquivos? – Yeri perguntou, intrigada.

– Sim. – Respondeu. – Todos eles, cada palavra.

– Ainda estamos muito avulsas... – SeulGi disse com o cenho franzido. – Não pode ser só isso.

Irene se levantou vagarosamente, arrumando suas roupas.

– Está tudo muito vago. Palavras sem sentido no meio do texto, numerações estranhas que eu pensei que fossem coordenadas, mas no fim não eram... Está tudo muito estranho. – A mais velha disse, caminhando em direção das outras mulheres. – A única coisa que sei, é que temos o básico e, talvez, um pouco do intermediário sobre o assunto.

– Seu pai não era interessado por enigmas quando jovem, querida? – SeulGi disse indo em passos rápidos até o computador da mulher. – Essas numerações devem ser algo importante, é claro. Ele não as colocaria ali à toa, precisamos rever esses arquivos com muita calma.

– Você pode estar certa, mas todo estudo sobre enigmas que eu me recordo, são extensos e muito complicados. – Irene respondeu, cruzando os braços tendo uma expressão pensativa ao rosto. – Se realmente existir algo por trás disso, não será revelado em dois ou três dias. Levará semanas ou até meses. – Fez uma breve pausa. – E não temos tanto tempo, pois já se passaram dois meses desde o surto de Jessica.

– Em quais arquivos você começou a ver essas numerações, Irene? – Yeri perguntou, mesmo sabendo que seria difícil a mulher lembrar. – Por favor, faça um esforço para lembrar.

– Bom... Acho que a partir da quinta página de arquivos já apareceram algumas palavras desconexas. Já os números... – Fez uma pausa para conseguir se lembrar. – Acho que a partir da décima quinta.

– Nos envie cópias dos arquivos pelo e-mail. Todas iremos reler isso individualmente, iremos tirar nossas próprias conclusões e nos reuniremos para discuti-las. – SeulGi disse suspirando pesadamente.

– Anotem os números que encontrarem. – Yeri complementou.

– Pode deixar, farei isso. – Irene disse. – Além disso, vocês já pegaram os resultados dos exames de sangue da Taeyeon? Aquela mecha branca no cabelo dela... Me intrigou um pouco.

– Bem lembrado. – Yeri disse assentindo, virando-se e buscando uma pasta, entregando-a para a mulher. – Aqui está, com certeza estou mais intrigada agora do que antes de saber o que está escrito aí.

A mais velha agradeceu e pegou os papéis do exame da mais nova. Passando algumas páginas adiante, a mulher leu de relance enquanto tentava entender o que estava escrito por ali. Eram coisas que ela nunca havia visto antes, o que a deixaram um pouco intrigada com o que estava acontecendo com a dobradora de água. SeulGi, vendo as expressões da outra, chegou perto da mesma e tentou ler tendo Irene segurando os papéis. Não conseguiu e desistiu.

– Posso ler, meu bem? – Perguntou, apontando para os papéis.

– Ahn, claro. – Disse piscando algumas vezes, entregando os papéis para sua noiva.

Como sugerido pelas mais velhas, aquele exame estava acompanhado de uma espécie de relatório para que a compreensão das mulheres fosse mais fácil. Neste, resumidamente, dizia que a alteração encontrada nos exames de sangue da dobradora de água era muito específica e atípica, por esse motivo o hemograma da garota precisou passar por uma perícia muito mais aprofundada do que normalmente era feita. Dentro desse processo, os laboratoristas resolveram conferir o DNA de Taeyeon, encontrando algo nunca visto: o gene que é responsável pela coloração do cabelo, o MC1R, havia ramificações cristalizadas. Em outras palavras, aquela parte específica estava congelada e havia desregulado a coloração capilar da dobradora de água.

– Então quer dizer que aquela mecha se deve ao congelamento dos genes dela? – SeulGi disse ainda embasbacada.

– Sim. – Yeri assentiu soprando o ar para fora da boca, nitidamente tensa. – Acredito que pela falta de habilidade com o que fez... em Irene, acabou por afetar a si mesma, mas em seu caso, é irreversível.

– Isso é terrível. – Lamentou a mais velha. – Pelo menos não foi o que pensei. – Sentou-se em uma das poltronas presentes no local. – Pensei que fosse pelo... Vocês sabem. Pelo raio que Jessica a lançou. Aquilo foi assustadoramente impressionante.

– De fato. Tiffany também me impressionou bastante. – Yeri comentou erguendo as sobrancelhas brevemente.

– Essas meninas estão progredindo muito rápido, inclusive, bem mais rápido que vocês duas. – A mais velha fez uma observação. – Não sei se foi pela possessão do Breu ou por outra coisa, mas é impressionante.

– Agora meu esforço é em vão, Irene? – Yeri cruzou os braços, em uma nítida brincadeira para afastar o clima ruim. – Elas são de outra geração e posso me defender usando o argumento de que sou dobradora de um elemento secundário.

– De fato. – Riu brevemente a outra. – Ainda não sabemos até onde vão os poderes das outras quatro. As que mais se destacam são Jessica e Tiffany, que trabalham espetacularmente bem. Parecem almas gêmeas. – Sorriu soltando um suspiro.

– Vamos ter que nos esforçar mais para treiná-las, elas não são mais as mesmas menininhas indefesas e amedrontadas com a própria sombra. – SeulGi disse com certo orgulho.

– E isso me lembra que devemos avisá-las sobre a volta dos treinamentos. – A mulher disse, olhando para as duas mulheres respectivamente. – Acho que devemos nos organizar com os arquivos e logo mais nos encontrarmos com elas, para que possamos conversar com elas adequadamente. – Levantou-se. – Certo?

– Certo. – Yeri mostrou o polegar positivamente, sendo acompanhada por SeulGi.

Por fim, as mais velhas começaram a se organizar. Tinham muito trabalho a fazer e Irene estava determinada a arrumar um pouco da bagunça e desorganização presente ali. Suspirou tentando afastar o cansaço físico e mental que sentia há um tempo, e tentou focar em uma única coisa: Terminar seu trabalho mais cedo para que pudesse descansar um pouco. Estava ficando cada dia mais exausta.

Não muito longe dali, naquele mesmo horário, Jessica estava deitada em sua cama enquanto ouvia música em seu fone de ouvido. A melhor coisa que havia naquele quarto, sem dúvidas, era seu Ipod. Podia passar dias sem assistir televisão, jogar videogames ou qualquer outro tipo de entretenimento, mas não conseguia passar um único dia sem ouvir música. Era parte de si mesma.

Naquele momento, escutava uma música que gostava bastante. A música Electric Love do BØRNS preenchia seus ouvidos, fazendo seus pés se moverem no mesmo ritmo da batida da música. Normalmente não escutava muito esse estilo de música, mas ultimamente estava se dando bem com aquele estilo musical. Talvez pelas batidas serem bem intensas, misturando instrumentos como bateria e teclado em uma só melodia. Aquilo a fazia lembrar que, há uns anos atrás, havia pedido uma guitarra para sua mãe, dizendo que aprenderia e faria sua própria música um dia.

Ledo engano.

Era apenas uma fase bem específica de sua vida, onde gostava bastante da cor preta, de maquiagem um pouco carregada demais e pulseiras de couro com spike. Uma época que a menina queria esquecer que tinha passado, já que parecia mais uma daquelas adolescentes revoltadas, mesmo tendo tudo que sempre quis. Desistiu da ideia da guitarra por um tempo, mas presa ali naquele laboratório, sem acesso a mais nada do lado de fora, aquela ideia estava voltando para sua cabeça. Seria uma ótima distração.

Aos poucos o refrão tomava conta dos ouvidos da menina, fazendo a mesma fechar os olhos e sentir as luzes azuis e vermelhas de sua fita led atingirem suas pálpebras. Seu quarto era iluminado apenas com aquilo, e já que não tinha janelas, davam uma coloração muito bonita para o mesmo. Seu peito subia e descia em uma respiração calma e lenta, como se estivesse em um estado profundo de relaxamento. Era uma pena aquilo ser apenas tédio. Abriu seus olhos novamente, encarando o teto de seu quarto, tendo seus cabelos espalhados pelos travesseiros. Uma de suas mãos estava repousada sobre seu peito, sendo possível sentir, vez ou outra, os batimentos de seu coração contra o mesmo.

Respirou profundamente e tentou pensar em algo para fazer, mesmo sendo um pouco limitada já que a maioria das vezes, sempre que ficava entediada daquela forma, passava seu dia com a dobradora de água. Naquela altura do campeonato, não seria boba como das outras vezes. Não iria atrás da menina, mesmo que sua situação com a outra estivesse um pouco complicada, não poderia mostrar para Taeyeon que... Ainda se importava.

Não entendia o porquê da menina ser daquela forma. Jessica não era fria o suficiente para não entender os motivos de Taeyeon não querer muita conversa, mas não era sobre isso que estava chateada; Estava chateada por Taeyeon ter evitado-a por dias, e tentado esconder isso de si. Aquilo doía como uma ferida aberta em seu peito. Afinal, elas eram namoradas, qual o motivo da dobradora de água a evitar tanto?

Será que havia feito alguma coisa errada naquela noite? Será que havia a machucado? Será que Taeyeon não havia gostado tanto assim? Será que não beijava tão bem assim? Ou será que Taeyeon não estava pronta de fato para aquilo e acabou por adiantar demais as coisas?

– Droga. – Murmurou, levando sua mão até sua testa, descendo lentamente até seus olhos, esfregando-os.

Decidiu por levantar-se e tomar um banho quente. Retirou os fones de seu ouvido e os largou por ali mesmo, sem ter muitas opções de onde deixar o mesmo. Não queria mais ouvir música e nem ficar no alvo das luzes azuis e vermelhas de seu quarto. Arrumou seus cabelos para trás e pegou um elástico de cabelo novo, acima de sua pequena penteadeira ao lado da porta do banheiro. Levou-o até sua boca e arrumou seus cabelos com as mãos, para que pudesse prendê-lo em um rabo de cavalo alto o suficiente para que não molhasse no banho.

Adentrou o banheiro e passou a se despir, deixando as roupas acima do pequeno cesto de roupas sujas, para que pudesse pegar uma nova muda de roupa assim que saísse do banho. Já despida, ligou o chuveiro na temperatura mais alta que conseguiu ajustar e checou a temperatura mergulhando uma de suas mãos na água. Soltou um gemido aliviado ao ver que a água estava perfeita para que pudesse relaxar adequadamente e entrou debaixo do chuveiro, tomando muito cuidado para não molhar seus cabelos limpos.

Demorou o tempo necessário no chuveiro e logo que terminou seu banho, desligou o mesmo e se enrolou em sua toalha. Sentia sua pele formigar pela temperatura quente e podia ver a coloração pouco avermelhada de seus braços. Sentia os músculos de suas costas bem mais relaxados e um pouco menos doloridos. Secou-se brevemente no banheiro e saiu do mesmo, vendo todo o vapor que havia se acumulado no mesmo sair para seu quarto. Pegou uma muda de roupa em seu cabide e tratou de se vestir, para que pudesse sair um pouco de seu quarto silencioso.

Quando terminou de se vestir e organizar minimamente sua cama, pegou seus fones e seu IPod, verificando brevemente a bateria do mesmo. Com tudo pronto, foi em direção à sua porta e abriu a mesma, caminhando até a pequena varanda da sacada, a fim de sentir um pouco a brisa do lado de fora. Não podia voltar para casa, mas pelo menos podia ver a natureza ali fora.

Taeyeon se sentia tão entediada quanto a dobradora de fogo, tendo a mesma atitude algum tempo mais tarde. Mas quando pôs os pés à porta da sacada, percebeu a presença de Jessica e por um tempo se questionou se deveria retornar ao quarto e deixá-la quieta, ou se deveria ficar por ali mesmo, em silêncio. Até deu as costas, no intuito de realmente ir embora, mas sua mente fez o favor de relembrar as palavras da Jung, que insistiam em acusá-la de estar fugindo de tudo.

Se o fizesse novamente, tudo pioraria e não conseguiria ter coragem para fazer o que tanto pensou. Não iria evitar Jessica mais uma vez, era o momento de deixar de ser tão covarde. Engoliu em seco e respirou profundamente, antes de caminhar até a grade da sacada, recostando-se contra ela sem nada dizer. Jessica havia percebido a presença da outra, mas permaneceu como estava, com seus fones e olhando para qualquer lugar lá fora.

Era notável o desconforto em ambas as partes, mas principalmente em Jessica. A Kim tinha total ciência de que a garota não queria conversar naquele momento e nem vê-la, não tirava sua razão, mas aquela conversa não poderia mais ser adiada. O único problema é que não fazia ideia de como iniciar esta bendita conversa e aquilo começava a deixá-la inquieta, se remexia impaciente, olhava repetidas vezes para Jessica, pigarreava, balançava os próprios pés e, é claro, alongava-se.

Mas nenhuma palavra saía de sua boca.

Após a discussão que tivera com sua namorada, havia pensado a respeito do que todas haviam dito para si, havia pensado na própria situação, mas principalmente na de Jessica. E se sentia a pessoa mais ridícula do mundo, pois havia feito todo um roteiro em sua cabeça e o ensaiado inúmeras vezes, mas ali, diante de Jessica, sequer conseguia pronunciar um "olá".

Jessica, impaciente com a inquietação da outra, apenas bufou e, sem olhar para a garota, disse:

– O que você quer?

– Ahn... – Foi o que conseguiu dizer.

– Qualquer pessoa que chegar aqui vai perceber que você está querendo dizer alguma coisa. – Jessica retirou apenas um dos fones, bufando mais uma vez. – Seja direta, você nem deveria estar aqui.

– Ok. – Assentiu. – A minha intenção não era essa ao vir aqui, mas já que você estava aqui primeiro, achei que seria propício termos a conversa que precisamos ter. – Disse sem rodeios. – Não podemos adiar isso por mais tempo.

Jessica apenas arqueou as sobrancelhas e fez uma cara de tédio, acenando positivamente com a cabeça para que a outra prosseguisse.

– Isso não vai mais funcionar. – Começou. – Digo, eu e você. Não estamos mais nos entendendo faz um tempo e não vem só me machucando, como também está te machucando. – Fez uma pausa e recebeu um olhar mais atento de Jessica, o que acabou por deixar Taeyeon um pouco mais nervosa do que já estava. – Eu já havia dito a você antes, ainda preciso aprender muito sobre essas coisas e, sinceramente, eu tenho muita coisa na minha cabeça. Tenho outras preocupações e o que nós temos requer muita responsabilidade. Você tem suas expectativas quanto a um relacionamento e eu temo não conseguir supri-las. – Disparou, desviando o olhar. – Minha cabeça está muito cheia, existem tantas questões a serem resolvidas... – Se sentia cada vez mais pressionada e já não sabia mais como terminar o que havia começado a dizer. – E para falar a verdade, o peso das suas expectativas está me atrapalhando em muitos aspectos. Seria melhor que terminássemos por aqui, assim nem eu, nem você sairíamos mais machucadas disso. Eu só... não consigo mais lidar com mais essa preocupação.

Jessica não sabia nem mesmo o que responder diante de tantas coisas que havia ouvido da dobradora de água. Seus olhos estavam atentos no rosto da menina, mas sua mente parecia vagar por outro lugar. Piscou algumas vezes e voltou a encarar as árvores lá fora, sem dizer absolutamente nada. Estava tentando assimilar tudo que acabara de ouvir, sem que derrubasse lágrimas amargas.

– Não vai dizer nada? – Questionou Taeyeon, nervosa com o silêncio da menina.

– Não preciso. – Jessica falou, fria como gelo.

– Vai ser só isso? Eu me planejei por horas, e vai ser só isso? – Perguntou mais uma vez embasbacada. – Tudo bem que não consegui me expressar como queria, mas... eu não sei!

– E você queria o que, ein?! – Disse a outra, sem fazer contato visual. – Que eu dissesse: "Oh, muito obrigada pelas belíssimas palavras, me sinto lisonjeada". – Cuspiu as palavras, arqueando uma das sobrancelhas. – Desde o momento que chegou aqui eu já me senti desconfortável, e agora, estou bem pior. Obrigada. – Sorriu ironicamente, ainda olhando para as árvores do lado de fora.

– Eu sei que estou incomodando você, mas eu não pensei que teríamos um monólogo. – Taeyeon disse virando-se completamente para Jessica. – Isso iria acontecer um momento ou outro, mas... – Se interrompeu, passando as mãos umedecidas contra sua própria roupa. – Deixa pra lá.

– Mas o que? – Jessica questionou, direcionando seu olhar para a menina. – Vai ressaltar mais um pouco o quanto é difícil ter um relacionamento comigo? Ou vai me dizer que você está preocupada demais com seus assuntos para não conseguir prosseguir com esse relacionamento? – Fez uma pausa, soltando uma risada incrédula. – Francamente, Taeyeon. Eu esperava ouvir essas coisas de todo mundo aqui, menos de você. Mas é o que dizem, não é? Às vezes, nem tudo é o que parece ser. – Ficou em silêncio por alguns segundos. – Não devia ter acreditado em você.

– Sim, Jessica! Realmente é muito difícil namorar você, você é imprevisível demais. Eu nunca sei como me portar perto de você e mesmo que goste de você como eu nunca gostei de ninguém, era muito mais fácil lidar com você quando éramos apenas amigas. – Disse nitidamente ofendida. – Eu nunca menti pra você para que não acredite em mim dessa forma.

– Ah, mentiu sim. – Jessica disse tranquilamente, engolindo em seco por sentir um nó se formar em sua garganta. – Porque eu sou tão leiga quanto você sobre relacionamentos, mas a única coisa que eu sei, é que quando nós amamos, nós não machucamos. – Falou, tirando seus fones de ouvido. – E você, Taeyeon, me machucou como se eu fosse um grande nada para você. E eu to extremamente cansada das suas desculpas, cansada das suas explicações que só fazem sentido na sua cabeça, cansada de ter que esperar por você dar um único sinal de vida! – Fez uma pausa para controlar a vontade que tinha de chorar, mesmo sabendo que logo não teria mais forças para aquilo. – Você não pode simplesmente me culpar pelo fracasso desse relacionamento. E não pode dizer... – Sua voz saiu por um fio, tendo seus lábios trêmulos e seus olhos marejados. – Que é difícil namorar comigo. Só porque eu me preocupei mais com você do que comigo. Você. Não. Pode. – Falou, tendo sua voz cada vez mais baixa.

– Você sempre exigiu muito de mim! – Disse também sentindo sua garganta fechar. – Pra você pode ser quase nada, mas pra mim é muito. Falar sobre como eu me sinto é extremamente difícil, eu não conseguir assimilar as coisas muito rápido e preferir me isolar é uma característica minha. O que você esperava? Que eu mudasse da água pro vinho em questão de horas? – Riu anasalado. – As suas expectativas são muito altas, Jessica. E ao mesmo tempo que você foi a melhor coisa que me aconteceu aqui dentro, também foi o que mais me deu dor de cabeça. Tudo o que fiz foi pensando em você, até mesmo quando me afastei, o que eu queria era não afetar você com a minha negatividade, mas como você mesmo disse, as minhas explicações só fazem sentido na minha cabeça. – Deu de ombros. – Você sempre interpreta as coisas ao seu modo.

– Sim, só fazem sentido na sua cabeça. Que lógica tem você se afastar de uma pessoa que quer te ajudar, apenas para não "prejudicar" a pessoa que nem ao menos se afetava com a sua negatividade? – A dobradora de fogo enxugou algumas lágrimas com as costas das mãos. – Você é muito infantil, Taeyeon. Eu pensava que eu era mimada, mas você é pior ainda. – Fez uma pausa revirando os olhos. – Espero que sua dor de cabeça melhore bastante depois que eu sair de sua vista, porque já que eu sou um ser humano horrível para você, eu vou fazer questão de nunca mais dirigir um mísero "Bom dia" pra você. – Cruzou os braços, fungando. – Tá bom o suficiente para você?

Taeyeon ficou em silêncio. Tinha seu maxilar trincado e as lágrimas de frustração corriam por seus olhos. Queria dizer mais coisas, mas já não sabia mais o que. E, por mero impulso, o fez.

– Eu não deveria ter me deitado com você. – Disse em meio a um riso soprado. – Nada disso estaria tendo essa seriedade toda se as coisas não tivessem sido consolidadas ali. Aquilo aconteceu no pior momento possível. Nós estávamos vulneráveis. E agora veja só onde estamos!

Jessica piscou algumas vezes, tentando mais uma vez assimilar o que havia escutado da outra. Sentia seu estômago revirar-se e sentia uma dor em seu peito, muito parecida com um soco. Olhou para a menina em uma expressão furiosa, aproximou-se o suficiente para que suas respirações se encontrassem e, por alguns segundos, Taeyeon franziu os olhos por medo do que a outra pudesse fazer consigo, virando seu rosto minimamente. Surpreendentemente, Jessica foi soltando cada vez mais o ar em seus pulmões, em soluços que não fazia questão alguma de esconder.

Taeyeon aos poucos voltou sua visão para a menina e encontrou a mesma ali, parada no mesmo lugar, com lágrimas rolando em seu rosto e nariz levemente avermelhado. A dobradora de fogo tinha todos os motivos para xingá-la, mas a única coisa que conseguia fazer naquele momento era chorar. A dobradora de água piscou algumas vezes, sem entender muito bem o que estava acontecendo, até que Jessica se pronunciou.

– Eu acreditei em você a cada segundo que passei ao seu lado. Você me mostrou e me fez sentir muitas coisas que eu não fazia ideia que eram possíveis ser vistas e sentidas. – Sua voz era carregada de tristeza. As lágrimas que caíam de seus olhos davam ênfase no que estava sentindo naquele momento. – Me desculpe por ter fantasiado uma vida inteira com você, Taengoo. E me desculpe por ter me deitado com você, porque sei que deve ter sido péssimo pra você, já que infelizmente eu dei o meu melhor e, mesmo assim, não consegui ser o suficiente para você.

Taeyeon tinha o queixo levemente caído, já que esperava tudo, menos aquilo. Antes que pudesse pensar em algo válido para responder a menina, Jessica saiu dali tendo um de seus braços contra seu próprio rosto, tentando esconder seu choro. A dobradora de água pode ouvir o barulho da porta do quarto da Jung ser aberta e, logo depois, ser fechada.

– Merda. – A menina disse para si mesma.

Havia se expressado erroneamente mais uma vez e era lógico que não existiria mais uma oportunidade para que se explicasse. E o que a despedaçou ainda mais por dentro fora ouvir o apelido dado por Jessica sair de sua boca uma última vez, após uma série de mal-entendidos. Tudo estava acabado, ainda que houvesse pendências, Taeyeon sabia que era definitivo.

Ambas haviam findado aquele ciclo. Da pior maneira.

Voltou para o seu quarto e, como sempre fazia, chorou. Não era mentira que tinha sentimentos por Jessica, não era mentira que estava magoada e que queria evitar mais dores para a Jung. Mas também não era mentira que sentia dificuldade em estar em relacionamento, não era mentira que era difícil entender o que Jessica queria, não era mentira que Jessica havia mostrado para si o que era um relacionamento, com todos os lados bons e ruins da coisa. Apenas uma coisa era mentira: Jessica, na verdade, era muito mais do que suficiente para ela. Mas Taeyeon era muito mal resolvida para conseguir sustentar um relacionamento naquele momento.

Ela era fraca.

Mas Jessica jamais ouviria aquilo, não daria abertura alguma para quaisquer futuras explicações. Havia ouvido demais por muito tempo. E estava não apenas cansada, estava exausta de tudo isso. Ela estava cansada de palavras que havia machucado seu coração inocente, por isso não iria mais suportar uma única briga que fosse. Por mais que na cabeça de Taeyeon, todas aquelas palavras fizessem sentido, na de Jessica não era bem assim. A dobradora de água dizia coisas que, para um bom entendedor, meia palavra bastava.

Seria muito difícil para Jessica desvincular-se de Taeyeon, pois nunca imaginou que um dia terminaria tudo daquela forma. Pela menina ter sido sua primeira amiga ali, imaginou que se tudo começasse a caminhar para o fim, elas ainda seriam amigas no final de tudo. Mas o destino havia lhe pregado uma peça novamente, como se já não bastasse tudo que já estava passando.

Seu corpo estava pressionado contra sua porta, enquanto seus olhos marejados encaravam o interior de seu quarto, sem muito foco. Sentia seu coração se acelerar em seu peito e estava tão forte que conseguia até mesmo ouvir os batimentos. Aos poucos, o ar de seus pulmões foi saindo lamentavelmente, em um choro sofrido e dolorido. Seu corpo que estava escorado contra a porta, agora deslizava até se encontrar com o chão, fazendo os joelhos da menina ceder e deixando Jessica sentada ao mesmo.

O choro passou a se intensificar, fazendo a menina que dobrava fogo morder seu lábio inferior numa tentativa de conter aquilo. Suas mãos estavam trêmulas e abraçava seus joelhos como se, de alguma forma, fosse a sua única companhia naquele momento. Estava voltando a sentir a pior sensação de todas: A sensação de abandono e a sensação de ter sido enganada, assim como fora com sua primeira experiência de amizade. Desde aquela experiência, havia jurado para tudo que é sagrado que nunca mais deixaria que seu coração fosse vulnerável novamente. Mas lá estava ela.

Completamente vulnerável.

Estava começando a ficar cansada de pagar de durona o tempo inteiro, pois isso já estava esgotando todas as suas energias. Queria voltar no tempo e nunca ter parado ali, pois todos os seus problemas começaram desde que havia pisado seu pé ali dentro. Mais do que nunca, quis ir para casa e fingir que sua vida era a vida de que todos desejavam ter. Aquela angústia percorria todo seu corpo, fazendo seu peito esmagar seu coração; Era sufocante.

Fechou os olhos com toda força que tinha e soltou um grito estridente, tentando livrar-se de todas aquelas sensações que a sufocavam. Não se importava se Taeyeon, Tiffany ou se Yuri ouviriam aquilo, pois não aguentava mais guardar tantas coisas para si. Não podia mais deixar aquilo tudo dentro de si, pois o peso das palavras da dobradora de água haviam mudado algo dentro do seu interior.

A noite por fim caiu, dando lugar a um céu coberto de estrelas e com um lindo brilho de uma lua minguante. O escritório da mais velha finalmente estava organizado, limpo e, agora, exalava um doce cheiro de lavanda. Havia feito um excelente trabalho com a ajuda das outras duas mulheres, a quem era muito grata. Fazia tanto tempo que não organizava aquele escritório velho, que havia até mesmo se esquecido a cor do piso do chão. Riu-se de seu próprio exagero.

– Muito obrigada pela ajuda, meninas. – Falou Irene, soltando sua respiração pela boca. – Se não fosse por vocês, eu demoraria meses até organizar tudo.

– Não precisa agradecer, nós gostamos de te ajudar no que for. – Yeri disse, sorrindo gentilmente.

– Vocês são uns amores! – Exclamou, abraçando as duas mulheres ao mesmo tempo, rindo junto delas. – Passamos tanto tempo aqui, que a noite já caiu e nós não concluímos nossa pesquisa.

– Mas concluiremos um pouco mais tarde, meu bem. – Falou SeulGi. – Por agora, precisamos conversar com as meninas e levá-las para o jantar. Quando elas voltarem para seus quartos, nós vamos separar os arquivos e cada uma vai tentar fazer sua parte para tentar achar algo escondido. Creio que vamos achar alguma coisa, o pai de Irene era tão inteligente e calculista quanto ela mesma.

Irene riu, revirando os olhos.

– Tudo bem, então. – A mais velha concluiu, ajeitando sua postura e pigarreando brevemente. – Se organizem para que possamos buscar as meninas para o jantar. Vou esperar vocês.

E então, as outras duas organizaram as últimas coisas que precisavam e foram acompanhadas por Irene até a porta de saída do escritório, andando pelos corredores brancos e silenciosos do laboratório. Ao chegarem no elevador, Irene apertou o botão que era direcionado ao andar das quatro dobradoras, em um silêncio agradável. A música clássica soava nas caixas de som do elevador, fazendo a mais velha cantarolar a melodia.

Ao que chegaram no andar das meninas, caminharam até o último elevador que levava até os quartos das mais novas. Yeri buscou Yuri e Taeyeon, enquanto Irene, Tiffany e Jessica. SeulGi apenas aguardou a vinda de todas para que se dirigissem ao refeitório para que pudessem jantar todas juntas. O que era costumeiro para todas presentes ali.

A única diferença grande que haveria ali, era que Irene não esperaria que as meninas comessem para que pudesse falar o que queria. Quanto antes falasse, melhor para as meninas digerirem a informação de que voltariam a treinar. Por isso, todas foram até o elevador para que pudessem chegar ao refeitório, o que não demorou muito para acontecer. E, durante o pequeno trajeto, o clima pesado foi perceptível por todas ali.

– Enfim, minhas meninas, precisamos conversar sobre uma coisa bem importante. – A mais velha disse com seu sorriso gentil, quando chegaram ao refeitório. – Preciso dizer antes que vocês começarem a comer, para que vocês processem a informação.

As quatro se atentaram à mais velha.

– Então. – Soltou uma risada nervosa. – Sei que está muito cedo para vocês e que o assunto ainda é delicado para algumas, mas é necessário dizer. Preciso que lembrem que isso não é uma brincadeira e que todas aqui sabem a gravidade da situação, certo? – Foi dizendo tranquilamente. – Vamos ter que retomar a rotina de treinamentos. Sei que todas vocês já evoluíram muito com a dobra de vocês e isso me enche de orgulho, mas para a nossa atual situação, ainda não é o bastante. – Fez uma breve pausa ao encarar as meninas. – Nem mesmo SeulGi e Yeri foram páreas para o domínio da escuridão ou Breu. Elas foram treinadas durantes anos, e mesmo assim, foi uma situação um pouco complicada. – Parou sua visão sobre a dobradora de água, pigarreando e desviando o olhar. – Então preciso que todas retornem para a rotina de treinamento que vocês estavam habituadas, mesmo sendo acompanhadas com Joy e Wendy.

Tiffany respirou profundamente e cruzou os braços, notavelmente incomodada, o que não passou despercebido pelas três mulheres.

– Tiffany, se quiser falar algo, não se prive. – Yeri disse sorrindo minimamente.

– Já que me permitiram, vou falar. Não é querendo ser chata e exigir coisas por aqui, mas... – Arrumou sua postura à cadeira. – Eu acho que devem ter percebido que nós todas estamos passando por um momento de muito estresse, assim como vocês. Sinceramente, não vejo problemas em voltarmos com os treinamentos, mas vocês acham que isso de treinarmos umas com as outras para resolvermos nossos conflitos interpessoais ainda é eficaz? Agora precisamos aliviar nossas frustrações, estresses e afins de outra maneira. – Falou pontualmente, tentando não ser grossa.

– Realmente. – Yuri comentou.

– Você tá certa, Tiffany. Vocês entram em conflito demais umas com as outras, então posso dizer que é uma boa pontuação da sua parte. – Irene disse, pigarreando. – Mas acho que vocês já tem o suficiente para aliviar um pouco o estresse, então não sei o que posso fazer para ajuda-

– E se você nos levasse para algum outro lugar? Tipo algum lugar afastado da cidade, para que nós pudéssemos descontar todo nosso estresse por ali? – Jessica falou, chamando a atenção das outras meninas. A menina estava quieta desde que havia sido buscada em seu quarto, e sua cara não era tão boa.

– Tipo um ferro-velho. – Tiffany concluiu a frase da amiga.

Taeyeon coçou a garganta, arrumando o colarinho de seu uniforme.

– Tipo isso. – Jessica disse, amarga.

– Então... Vocês querem, simplesmente, quebrar coisas completamente aleatórias? Apenas para descontar a raiva acumulada de vocês? – SeulGi perguntou, fazendo uma careta.

– Sim. – Tiffany e Jessica disseram em uníssono, enquanto Yuri sorria amarelo e Taeyeon permanecia quieta.

Silêncio.

– Ahn, ok. – Irene disse, fazendo uma careta tão estranha quanto de sua noiva. – Acho que podemos providenciar isso. Mas só permitirei com a supervisão de Wendy e Joy, pois elas que acompanham vocês em relações psicológicas. E isso envolve estresse acumulado. – Fez uma pausa. – Estou ficando velha demais para essa geração, porque na minha época, nós aliviamos o estresse com se-

– Querida! – SeulGi interrompeu a outra, soltando uma risada nervosa. – Pelo amor de Deus...

– Que baixaria. – Yeri disse, cruzando os braços.

– Desculpe, estava tentando aliviar a tensão. – Irene riu culpada.

Tiffany pigarreou mais uma vez, arrumando levemente seus cabelos médios.

– Mas é isso, esse é o ponto. Precisamos aliviar um pouco o estresse que sentimos para que não aconteçam mais brigas entre nós. – Tiffany continuou. – Porque querendo ou não, guardar estresse não faz muito bem pra saúde e só vai prejudicar nossas relações interpessoais. – Fez uma pausa para olhar de relance para Taeyeon. – E algumas de nós já não se dão bem, desde o início.

Taeyeon apenas suspirou pesadamente.

– Eu sinceramente estou ficando cansada de tantas discussões e desentendimentos. Acho que vocês já me ajudaram bastante com a minha própria personalidade, e eu vejo que, assim como Tiffany disse, algumas de nós realmente não se dão bem. Às vezes isso se dá pelo estresse e pela pressão da situação toda. – Yuri disse, vendo que Tiffany não estava só sugerindo algo bom, mas sim querendo alfinetar um pouco a dobradora de água. – A terapia me ajuda bastante, sabe? E eu realmente sou muito grata por terem feito isso comigo. Mas acho que terapia não ajuda todo mundo, já que algumas pessoas não conseguem se abrir adequadamente, e isso tá tudo bem, sabe?

Taeyeon olhou para a dobradora de terra e suspirou aliviada, sorrindo minimamente para a menina, agradecida pelas palavras que não conseguia dizer.

– Entendo sim, querida. – Irene sorriu compreensiva para a dobradora de terra. – Bem, já que insistem tanto, terei que providenciar isso. Mas como eu disse, vou conversar com Wendy e Joy a respeito disso. Tudo bem para vocês?

– Por mim, ótimo. – Jessica respondeu, com os braços cruzados.

Com a conversa findada, as mais velhas se despediram das mais novas e deixaram o refeitório. O clima não estava o mais agradável de todos, mas era inevitável depois do ocorrido entre Jessica e Taeyeon. Mesmo Tiffany não sabendo do que tinha acontecido, já tinha uma certa ideia do que havia ocorrido ali. Não queria se intrometer como da última vez pois aquele momento era muito frágil, tanto para a dobradora de fogo quanto para a dobradora de água, então optou pelo silêncio.

Jessica se sentou à mesa, mas dessa vez olhou desesperadamente para a dobradora de ar, como se estivesse implorando para a mesma sentar ao seu lado. A menina de cabelos médios suspirou, sorrindo para tentar tranquilizar a outra. Sem pensar duas vezes, sentou-se ao lado da dobradora de fogo e se acomodou em seu lugar, buscando a mão da menina e acariciando o lugar quando o encontrou. Provavelmente conversaria com a menina mais tarde sobre o que havia acontecido, então não estava muito preocupada com aquilo.

Yuri, consequentemente, sentou-se ao lado da dobradora de água com o maior sorriso amarelo. Não tinha intimidade com a menina e nem era descarada o suficiente para forçar uma amizade com a garota. Optou, mais uma vez, pelo silêncio.

– Tiff. – Jessica chamou a menina baixinho, vendo a mesma virar sua cabeça em direção a si mesma. – Posso te fazer uma pergunta?

– Claro, meu amor. – A dobradora de ar sorriu docemente para a outra.

– Será que eu posso, ahn... – Jessica ruborizou levemente. – Dormir com você hoje? Precisamos conversar sobre algumas questões que está visível demais.

– Tudo bem, amiga. Eu aviso para Yuri que vou dormir em seu quarto. – A menina respondeu tranquilamente.

– Não! – A menina falou um pouco alto demais, pigarreando logo em seguida pois aquilo atraiu a atenção de Yuri e Taeyeon. – Quer dizer... Não vejo problema em dormir com vocês duas. Posso dormir no chão, não tenho problemas quanto a isso.

Tiffany estava com um sorriso amarelo completamente congelado ao rosto, piscando algumas vezes tentando entender o que tinha acabado de ouvir.

– Ahn... Tá? – Foi a única coisa que conseguiu responder.

– Certeza? Posso mesmo? – Jessica perguntou, pois não tinha se convencido da resposta da outra.

– Acho que sim, né? – A menina de cabelos médios falou. – Achei que você não gostasse de conversar dos seus assuntos com Yuri, mas tudo bem, Jess. Se você quer, não vejo problema nisso.

– Acho que não posso mais me limitar em escolher as amizades que quero ou deixo de querer. Eu e Yuri não somos pessoas muito compatíveis, mas acho que com um pouco de esforço isso pode mudar. – Falou forçando seus lábios para baixo, tentando engolir o orgulho. – Ela tá se esforçando para mudar, então não vejo motivos para continuar a mesma também. Todo mundo aqui tem que evoluir, de certa forma.

Tiffany arregalou os olhos sutilmente.

– Quem é você e o que fez com a minha melhor amiga? – Tiffany perguntou ironicamente, recebendo uma cotovelada da menina. – Credo, estou brincando.

– Palhaça. – A dobradora revirou os olhos, se concentrando em sua refeição.

Taeyeon permanecia em silêncio, só estava ali porque sabia que Yeri, SeulGi e Irene não permitiriam sua permanência no quarto. E ali, entre as outras, se sentia ainda mais avulsa do que quando estava em seu quarto. Se sentia péssima, mesmo sabendo que aquilo era o melhor para as duas, as coisas haviam acontecido da pior maneira possível e era difícil ter que ver Jessica após aquilo.

Ainda tinha sentimentos pela Jung, pelo costume, se sentia impulsionada a se aproximar da garota, mas não poderia o fazer. Seus olhos não desgrudavam da garota, doía ainda mais saber que era culpa sua a insistência de Jessica em se afastar tanto de si. Começava a sentir o peso da situação ao ver Jessica se esforçando para aproximar-se de Yuri e se afastar de si. Não imaginava que terminar um relacionamento seria tão doloroso.

Precisava se concentrar em sua própria refeição para evitar seus pensamentos sobre a dobradora de fogo, mesmo sabendo que seria muito difícil.

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