Chamas de Petrichor {trilogia}

By bzllan

11.3K 2.5K 18K

Era curta a lista dos medos que afligiam a pequena garotinha de olhos cinzentos. Primeiro, Azura não gostava... More

Apresentações e Agradecimentos
Premiações e Extras
1. O Primeiro de Muitos
2. O Conto de Sonca e Marama
3. Marin e Vera
4. As Bodas de Sonca e Marama
5. Emblema Vermelho
6. O Nascimento de Kaha, o Forte
7. Sozinha
8. Arandianos
9. Está Viva
10. A Nova Criança
11. Convidados
12. O Levantar de D'Ávila
13. Bem Vinda a Arande
14. Justiça
15. Tereza
16. É Melhor Abrir Teu Olho
17. Recomeçar
18. Subúrbios
19. Acalentadoras Palavras
20. Olhos Negros
21. Gruta de Ahern
22. Convite
23. Encontrados
24. Badalar do Sino
25. Segredos Revelados
26. Kinos
27. Fugas
28. Única Chance
29. Uma Vida Inocente Por Milhares
30. Primeiro Amor
31. Histórias do Passado
32. Sangue Necessário
33. Torahk
☾ PARTE 2 ☼
34. Dois Meses
35. Daisy
36. Espíritos do Bosque | Parte 1
37. Espíritos do Bosque | Parte 2
38. Deixe Que Me Temam
39. Retribuir o Favor
40. Segredos do Passado e Retornos ao Lar
41. O Mundo Deveria Temê-la.
42. Tormenta
43. Encontros e Reencontros
44. Sob Os Panos
45. Início Do Fim
46. Fúria No Estreito N'ova
47. Montanha Russa
48. Retomar As Rédeas
49. Armas Nas Mãos e Silêncio
50. Vingança e Justiça
51. Assim Como Todos Eles
52. Deuses, Universo e Pura Fúria
53. Lírio
54. Satisfações Ao Coração
55. Avessos
56. Elo Inquebrável
57. Incógnitas
58. Pequena Rebelde de Sorte
☾ PARTE 3 ☼
Prólogo
59. Pássaros Azuis
60. Utopias
61. Tomada De Decisões
62. Mudança de Tempos
63. Juras e Promessas de Logo Voltar
64. Brisa Glacial
65. O Sol Não Nasceu
66. Lágrimas Negras
67. Quarentena
68. A Mente Que Prega Peças
69. Som Do Silêncio
70. Caçador e Presa
71. Barulho
72. Brincando Com A Morte
73. Velório Simbólico
74. Oito Horas
75. Obscuro Coração dos Homens
76. Devotos Da Tirania
77. Constante Trajetória Até O Fim
78. Portador De Más Notícias
79. Visita Póstuma
80. Deuses Ou Pura Sorte
81. Poder e Amor
82. Três Flechas
83. Confidentes
84. Livre Arbítrio
85. Incerteza da Morte
86. Pandemônio e Cheiro de Morte
87. Cela ou Abrigo?
88. Lágrimas De Chuva
89. Na Palma Da Mão
90. Outros Tempos
91. Última Esperança
92. Da Nequícia e Diabrura, Os Braços Abertos de Pouri
93. Labaredas No Céu Sem Estrelas
94. Um Pouco de Fé
95. Ele Me Disse Para Voar
96. A Última Partida
97. Cinquenta Entre Centenas
98. Vagalumes
99. Pó De Sono
100. Delicadeza De Um Furacão
101. Liberdade Amarga
102. Água Salgada e Medo Camuflado
103. Xadrez
104. Por Todos Eles
105. Onde Tudo Termina
106. Questão De Tempo
107. A Traição Mora Logo Na Esquina
108. Corpo Vazio
109. Ajude A Gente A Descansar
110. A Vingança É Cega
111. Pouri | Parte 1
112. Pouri | Parte 2
113. Legado
114. Os Que Ficaram Para Trás
115. Ter Com Quem Contar
Epílogos
Agradecimentos

Prólogo

584 166 983
By bzllan

Era curta a lista dos medos que afligiam a pequena garotinha de olhos cinzentos.

Primeiro, Azura não gostava do escuro. Ela era nascida de Petrichor, descendente de Sonca e Marama, os deuses do Sol e da Lua. Qualquer ausência de luz causava-lhe um pânico que ela não conseguia verbalizar, mesmo com seus quatro anos de idade.

Segundo, Azura não gostava do mar. Aquela pequena criatura que mal chegara ao mundo recusava-se a botar os pés na água salgada, mesmo que seu pai dissesse que Morgana a protegeria, não importa o que acontecesse.

Terceiro, Azura tinha medo da solidão. Desde sempre fora ela e o pai. Mesmo assim, a pequena nunca esteve sozinha. A vida em Petrichor lhe proporcionou uma gama de amigos imensa e uma infância estupenda.

Por fim, a pequena Azura não gostava de ouvir aquela história.

Seu pai contou-lhe imensuráveis crônicas sobre o passado, sobre os deuses que a protegiam durante o sono, sobre Sonca e Marama, sobre os espíritos do Vale e sobre as crenças de Petrichor. Também lhe contou as histórias macabras do Velho Mundo, quando os deuses estavam em guerra e a natureza se revoltou contra os bons cidadãos que habitavam a terra, transformando-os em Kinos, no Mal, nos seres vagantes de milhões de anos que, dizia a lenda, ainda perseguiam os prófugos perdidos do Vale de Awa.

Nem mesmo essa história a assustava tanto quanto a do Rei Sohlon. Isso porque Azura já o tinha visto. Ela se lembra quando o Rei Sohlon, rei de tudo o que o Sol toca, viajou da Cidade de Crisântemo para Petrichor com sua guarda pessoal.

Mesmo pequena, ela se lembra do homem das lendas parado bem a sua frente, no cavalo mais vermelho que ela já vira. E, mesmo pequena, ela se lembra do olhar de Sohlon - aquela não era uma visita amigável. Era uma intimação. Era para certificar-se de que seus subordinados andavam na linha.

Azura pediu ao pai naquela noite que lhe contasse sobre o Rei Sohlon, o homem mal-encarado do cavalo vermelho.

O pai da pequena lhe contou, com todos os eufemismos possíveis, a história que ficou conhecida por todos do Vale de Awa como o Amanhecer do Sangue.


Sohlon não era um homem mau. Ele era apenas um garoto de vinte e poucos anos cujos pais reinavam no Vale de Awa, sentados nos tronos da Cidade de Crisântemo.

Quando o pai adoeceu e veio a falecer repentinamente, Sohlon assumiu seu posto.

A partir do momento que sentou-se no trono, seu coração foi corrompido pelo poder e pela riqueza. Ele queria mais. Ele queria tudo. Enquanto não conquistasse a mais mísera faixa de terra do Vale de Awa, não se contentaria.

O então garoto visitou um Oráculo. Ele cavalgou dias e noites com seu cavalo para encontrá-lo no Deserto de Maloo.

Quando finalmente o encontrou, o Oráculo presenteou o novo rei com uma profecia:


"A você, rei Sohlon, tudo o que o Sol tocar lhe pertencerá. Todas as terras, todas as vidas, todas as riquezas, assim como condiz com seus sonhos de fortunas infinitas.

Porém,

seu triunfo está datado, meu jovem.

Quando o segundo filho nascido de família humilde bater em sua porta suas paredes se desmoronarão e o Aclamado sentará em seu trono, trazendo a você e a sua família a desgraça da morte e o fim de sua dinastia".


As palavras do Oráculo fizeram Sohlon enfurecer-se, escurecendo sua alma e o restante de sua bondade.

Assim que Sohlon voltou a Crisântemo, sua primeira ordem como Novo Rei foi uma chacina - ordenou que todos os segundos filhos homens de todas as famílias de todo o Vale de Awa fossem executados e que todos os que ousarem tê-lo, dali em diante, seriam condenados à morte pelo desrespeito às leis da dinastia de Sohlon.

Na mesma madrugada, o exército de Sohlon vagou pelas ruas dizimando casas e famílias, destruindo lares e matando crianças. O Amanhecer do Sangue nunca fora esquecido.

Não demorou muito para que a profecia chegasse à boca do povo, justificando os atos do monarca ditatorial.

Desde então, todos os que ousaram ter uma segunda criança do sexo masculino foram delatados sob recompensas em dinheiro e executados pelas mãos do carrasco.

Azura tinha fascínio pela história. Não sabia se era medo, se era intriga, ou o que quer que fosse. Ela tinha apenas quatro anos, mas a crônica do Amanhecer do Sangue nunca saiu de sua cabeça. E assim, com revolta e repúdio, Azura cresceu.

Continue Reading

You'll Also Like

52.1K 4.2K 66
Anos após a guerra, novos vilões banidos para uma nova ilha e o desaparecimento da herdeira do trono, o rei Ben e a rainha Mal decidem voltar a receb...
48.7K 3.3K 40
Estevão perdeu sua família. Seu filho em um atropelamento é morto. Sua esposa, na mesma noite se matou, enquanto ele bebia para tentar esquecer a dor...
5.8K 704 8
☀︎︎ˢʰᵒʳᵗ ᶠⁱᶜ ᵇᵉᵃᵘᵃⁿʸ☽︎ Any Gabrielly Rolim Soares, uma jovem engenheira de 24 anos que é apaixonada pelo Natal. Any foi mãe um pouco nova, com apenas...
20.1K 1.1K 43
dizem que o amor e o ódio andam lado a lado ! Venha descobrir os mais diversos sentimentos e dores que o amor e o ódio pode causar !