Galaxy in your eyes | WONG YUKHEI

Galaxy in your eyes

"If you wanna run away with me, I know a galaxy

And I can take you for a ride

I had a premonition that we fell into a rhythm
Where the music don't stop for life

Glitter in the sky, glitter in my eyes

Shining just the way I like
If you're feeling like you need a little bit of company
You met me at the perfect time"

(Levitating - Dua Lipa)

Galaxy despertou no segundo toque do alarme do celular, do qual era dependente graças à rotina que a colocava em um fuso horário diferente a cada final de semana.

Droga. Tinha passado rápido demais dessa vez.

A jovem se recusou a abrir os olhos de pronto, tateando a mesa de cabeceira em busca do aparelho e o desligando depois de algumas tentativas às cegas. No início, preocupava-se em ser mais rápida para não acordar o rapaz que dividia a cama com ela, mas hoje conhecia muito bem seu sono pesado: era preciso muito mais do que um despertador para acordar Wong Yukhei.

Ainda assim, no instante em que o quarto caiu de volta em um silêncio perturbado apenas pelo som baixinho da respiração do rapaz a mulher abriu uma fresta dos olhos para se certificar de que ele continuava no décimo sono, um sorriso discreto escapando pelos cantinhos dos lábios com a cena: Lucas estava por toda parte. Em sua cama, onde ele se esparramava de bruços, um dos braços pesando em torno de sua cintura; em sua pele, adornada pelas marcas da noite anterior e o cheiro caro do perfume dele; em sua mente, o tempo todo.

Galaxy estendeu uma das mãos na direção do rapaz, afastando da testa dele uma mecha dos cabelos agora tingidos de um tom bonito de castanho - seu favorito, até então - e perdendo alguns segundos só olhando para ele. Era quando ele dormia, quando toda aquela energia poderosa se aquietava, que ela sentia que podia vê-lo melhor.

Um garoto. Lucas ainda era um garoto.

Seus olhos sonolentos seguiram se admirando de cada parte dele que tocavam: os lábios entreabertos - o inferior discretamente inchado do que fizeram horas atrás, as curvas dos músculos que se destacavam nas costas e se escondiam sob os lençóis, a tatuagem... Céus! A garota mordeu um sorriso travesso, fazendo um esforço real para se lembrar de dizer a ele o quanto ela parecia ainda mais bonita assim, entrelaçada às marcas vermelhas de suas unhas.

Um garoto tão bonito, ele era. Um com quem ela gostaria de continuar a dividir a cama, mas nunca era tão simples quando se tratava deles.

A mulher rolou com cuidado para fora do abraço, pisando sobre o chão aquecido do quarto do hotel e só então sentindo o tecido fino da camisa branca enrolada em torno de seus pés. Pegou a peça com um meio sorriso, vestindo a camisa arruinada e gostando da textura dela em sua pele - era sofisticado, como tudo sobre Lucas. Confortável, como tudo sobre Yukhei. Em sua expedição até o banheiro, encontrou mais resquícios da noite anterior pelo caminho: a gravata dele, cujo nó ela desfez com pressa assim que o viu vestido com aquele terno, vindo diretamente de uma premiação para a sua cama; os saltos dela, dos quais só se livrou depois que já estava nua sobre ele; os copos de whisky pela metade, que não chegaram a terminar enquanto se embriagavam um do outro.

Galaxy entrou no chuveiro, deixando que a água quente lavasse aquela mistura de sexo, álcool e perfume masculino de sua pele. Não havia muito que pudesse ser feito quanto às marcas que formavam uma órbita de galáxias arroxeadas em seu pescoço e colo, mas não era como se se importasse. Achava inclusive uma graça como no começo ele tinha medo de machucá-la, até que finalmente entendeu que podia usar seu tamanho a favor do prazer de ambos. Descobriu o quanto ela gostava daquilo... De passar alguns dias com lembranças físicas de Lucas - tudo era muito sensorial entre eles, afinal.