prólogo

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"Baby, eu iria para a guerra por você

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"Baby, eu iria para a guerra por você

Construo um exército se você precisar de mim, sim

Porque me perder é melhor do que perder você

Você não sabe que eu morreria por você

Se eu soubesse que você iria sobreviver?

Porque me perder é melhor do que perder você"

LOSING YOU – WONHO

21 de dezembro de 2020, às 8h31min

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21 de dezembro de 2020, às 8h31min.

— Oi, aqui é a Delilah, no momento eu não posso atender, mas você pode me deixar um recado! Então depois do sinal, você sabe o que precisa fazer...

— Oi. — Faço uma pausa, esperando. Eu sei que não existe nenhuma chance de eu ouvir um "alô" do outro lado da linha, mesmo assim, continuo ligando para ela. — Só precisava ouvir a sua voz. Ou quem sabe, dizer que sinto tanto a sua falta que, às vezes, é impossível respirar. Eu acho que... — Uma risada constrangida espreme minha garganta, é a risada mais sem emoção que já dei. — Estou te ligando todos os dias para ouvir a sua voz e mesmo que pudesse atender, acho que não faria. Você deve ter tirado tantas conclusões... Sem ter ideia de como eu me sinto e o que é verdade, o que é mentira. Delilah eu... só queria ter tido a oportunidade de dizer o quanto... — Minha voz cessa no meio da frase, meus dedos rumam em direção aos olhos e os aperto com as pontas. — O quanto eu amo você. E o meu único arrependimento é não ter percebido antes.

Encerro a ligação. Encaro o celular, os minutos da gravação me provocam na tela.

Nos últimos vinte três dias, liguei por três ou quatro vezes ao dia, sabendo que nunca ouviria sua voz animada do outro lado da linha. E eu sempre soube que toda sua euforia quando eu ligava se tratava de mim.

Apaixonei-me por Delilah devagar, os últimos meses com ela foram como ter um pedaço do paraíso sob a ponta dos dedos. Meu mundo inteiro resumiu-se a ela, não de um momento para outro, mas pouco a pouco ela passou a ser meu primeiro e último pensamento do dia.

Você nunca sabe onde toda a história muda o percurso, mas acho que Delilah nunca foi só a estrada que eu percorri, ela era o meu destino. Um desastre, porém, perfeito.

A última vez que a olhei nos olhos, sabia que não tinha nada que pudesse falar ou fazer que a convenceria a ficar. É o impacto da realidade, você se dar conta de que nunca estará no controle de tudo, por mais que pareça. Delilah não queria me ver, ela não precisava ouvir meu pedido de desculpa ou minhas explicações. Ela queria ficar longe de mim, o mais distante que fosse possível.

Eu vi tudo. O instante em que seu coração parou de me amar. Acho que nunca nada doeu tanto antes quanto aquele momento onde seus olhos me imploraram para deixá-la ir. E eu a deixei, porque faria qualquer coisa para que ela me perdoasse, mas agora me arrependo de não tê-la impedido.

As coisas estariam melhores se o acidente não tivesse acontecido.

O buquê de rosas em frente à lápide é singelo, mas não posso mais fugir. Perdi minha mãe há quase três anos e, às vezes, não consigo visitá-la no túmulo porque é difícil imaginar que uma pessoa que fazia parte da sua vida, não está mais lá. Por um motivo ou outro, deixa de ser essencial e você precisa reaprender a viver sem ela.

O nome Eline Lynch manchado pela exposição ao tempo atrai minha atenção e não consigo fixar os olhos em outro lugar. Quero ter forças para contar a ela, mas ao mesmo tempo, vou parecer ridículo por conversar com uma lápide.

Será que ela sabe que meu pai se casou e está feliz? Sabe que Willa está se tornando uma mulher tão incrível quanto imaginamos que seria? E tem ideia de que, seu filho mais velho, é um babaca completo?

Meus joelhos se dobram diante da grama úmida e a neve cobre a parte superior ondulada da lápide. Minhas botas impermeáveis afundam no manto fofo de gelo e quando expiro, uma nuvem densa de vapor escapa da minha boca.

O ruído da máquina de neve passando nas ruas e a agitação de Humperville numa segunda-feira de manhã não penetram minha bolha. E sinceramente? Nos últimos dias só quero que algo aconteça e me faça sair dessa paralisia. Mas tudo que aconteceu, até agora, foi que Delilah está em coma há vinte e três dias após uma pancada na região do sistema ativador reticular.

Eu estagnei. Toda a minha vida parou.

E eu não sei se consigo sem ela. 

Desastre Perfeito: Ato II | Série The Reckless #2 [prévia]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora