Perdida

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eu gostava de subir para escola no fim de tarde e observar todas as cores do céu, parecia que eu conseguia pegar o universo com as mãos e fazer dele o que eu quiser.
  eu admirava a força de vontade dos dançarinos que eu via entrarem para a escola de dança que também havia entre a rodoviária e minha escola, eu assistia e observava cada dançarino dando o seu melhor todo dia, de pouco em pouco, mesmo que fosse preciso aparecer duas ou três vezes na semana para treinar mais.
  eu gostava de sentir o vento forte em mim quando eu subia até a escola enquanto estava apreensiva demais pensando no tema da primeira aula, e talvez tenha sido nesse dia minha primeira crise de pânico.
   depois que eu parei de ir as aulas por que eu havia me formado eu parei de observar o céu todos os dias, eu não conseguia observar todas as cores e mudanças que eu tanto gostava de ver.
    hoje, enquanto estava atendendo no caixa da loja que eu trabalho, eu olhei para fora, da única janela que tinha ali, uma janela que fica na praça de alimentação do shopping, eu ouvia passos, gritos, conversas de desconhecidos, era uma bagunça de barulhos cheia de confusão, eu continuei olhando para fora, o céu ecoava um azul claro e um roxo acinzentado, e as vezes no final de tarde a crise existencial gosta de me fazer uma companhia.
  ainda sentindo um nó na garganta, pensei sozinha "talvez eu nunca vá ser amada de verdade, e se ninguém entender as minhas crises?" "Tenho medo de respirar, de não respirar, de morrer, de ficar sem ar, de morrer cedo demais, de não aproveitar a vida o suficiente, de quem eu amo me esquecer, de chorar sozinha e não ter ninguém para me abraçar"
    nos últimos meses minha vida vem sendo uma grande junção de medo, e as pessoas que eu mais queria que me dessem conforto agora, decidiram ir embora, ou estão longe, ou talvez nunca mais me vejam, e eu não sei lidar com isso também.
   talvez eu deva esquecer, ou talvez eu esquecendo eles, eles se esqueçam de mim, mas, vai fazer alguma diferença?
    as pessoas estão perto de mim pela minha insistência ou porque querem?
    eu voltei a pensar em pessoas que eu não deveria pensar e isso está acabando  comigo.
    Acordei várias vezes noite passada, eu olhava o celular a cada cinco minutos pra ver se alguém havia mandando mensagem, talvez eu deva parar de esperar, talvez não, talvez não valha a pena. 
   ontem eu li um livro que eu ganhei do meu pai, eu amo ganhar livros por que eu sei que não importa quanto tempo eu demore para ler, ele ainda vai estar lá aguardando ser lido.
   agora é madrugada, minha cabeça dói, meus olhos não suportaram ver a luz hoje, tudo que eu senti foi tristeza e raiva e o mais assustador é que eu não sei porque, as crises de pânico as vezes são pesadas demais para lidar, e eu ainda sou nova nisso.
   ninguém sabe metade do que eu sinto quando eu tenho uma crise de pânico, mas é como se eu estivesse perdida, como se meu corpo se movimentasse sozinho e flutuasse. eu olho para as pessoas, mas é como se eu não estivesse lá, as minhas crises de pânico podem ser comparadas a eu perdida no espaço por horas sem poder respirar e ainda continuar viva por horas, com a falta de ar ainda tentando me matar. talvez para mim, viver seja isso, morrer e continuar viva todos os dias.
  talvez viver seja amar e não ser amada de volta, ou esperar um amor que nunca vai aparecer, talvez viver seja ter um amor da sua vida que nunca vai aparecer, talvez viver seja nunca viver um conto de fadas.

Ai ajuns la finalul capitolelor publicate.

⏰ Ultima actualizare: Aug 26, 2021 ⏰

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