Os enfeites de natal que caíram da árvore

Heiligabend

Na fase 4 da Copa dos Contos Edição de Natal, os autores devem fazer um conto com o tema "CRIAR UMA NOITE MÁGICA E ESPECIAL DE NATAL", e adequar a história ao gênero Ficção Histórica, com limite de palavras entre 1.500 e 4.000.

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⚠️⚠️ATENÇÃO:⚠️⚠️

Essa história se passa no período da Segunda Guerra Mundial, portanto contém referências ao nazismo e ao antissemitismo. O autor NÃO compactua com qualquer ideal nazista, fascista, antissemita ou similares.

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"... enquanto isso, as tropas alemãs avançam pelo Oeste, conquistando todas as cidades por onde passam, aprisionando grupos rebeldes e punindo desertores. Os corajosos soldados lutam em defesa da soberania alemã, e em nome do nosso líder Adolf Hitler. As últimas informações é que as tropas conquistaram Toruń nesta madrugada. Os soldados avançam em direção a Varsóvia e... schhhhhhhhhhh"

— Ah não! Foi dar pau logo agora que estava na melhor parte! Annika, pegue as velas na cozinha!

Papai estava bravo porque o rádio começou a chiar, de novo. Levanto-me prontamente, pulo sobre as pernas da mamãe e vou até a cozinha. Abro a segunda gaveta e pego três velas grossas. Entrego-as para o papai, que acende uma a uma e coloca sobre o apoio da lareira.

— Agora sim! Decoração pronta. Podemos comer. — Ele exclamou, orgulhoso do seu trabalho.

— Parabéns Otton. — Tio Hanns abraçou forte o papai e olhou toda a decoração. Desde a árvore enfeitada com bolinhas e luzes, a guirlanda pendurada na porta de madeira, a mesa de jantar posta com um belo arranjo no centro, até as meias cafonas que papai pendurava todo ano na lareira. — Parabéns mesmo, ficou uma bela merda.

Papai fechou a cara e começou a dar tapas na cabeça do seu irmão, que não parava de rir.

— Tenha modos, Hanns! — Mamãe disse — As crianças estão aqui.

Os dois pararam instantaneamente e acenaram com a cabeça.

— Desculpe Bherta. — Tio Hanns sentou-se comportadamente e sem protestos.

Não sei porque mamãe implica tanto com palavrões. Todos os dias eu aprendo um novo na escola ou em casa mesmo. Mamãe e papai esquecem que as paredes daqui de casa são finas, então eu consigo ouvir eles brigando a noite e se chamando de todo tipo de coisas. Além disso, eu já tenho 12 anos, não é como se fosse tão inocente como meu irmão Kristoff, que só tem 8 meses.

— Vamos comer? — Papai anunciou — A mesa está posta.

Tio Hanns olhou para mim e lançou o desafio: Quem chegar por último é filho de judeu! — Ele saiu em disparada e eu logo atrás. No pequeno caminho até a mesa de jantar, eu consegui ultrapassá-lo e chegar primeiro à mesa. Cantei minha vitória.

— Haha, você é filho de jude-eu! Vai ter que se entrega-ar!

Tio Hanns deu risada.

— É mesmo? Você sabe que a Gestapo leva a família toda, não sabe?

É claro que eu sabia. Tio Hanns sempre me ensinava como a Gestapo atuava desde que ele foi aprovado na polícia nacional. O nosso Líder diz que os judeus não eram boas pessoas. Eram ladrões, oportunistas e mesquinhos. Judeus não eram o tipo de gente que prestava, por isso toda a família era levada para as prisões.