Visitei o playground de um deus

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Dizem que quando você está prestes a morrer sua vida passa diante de seus olhos, no meu caso eu fui jogar bilhar com um deus.
Mas vamos voltar um pouco à história. Depois de comermos alguns sanduiches que gentilmente o Sr. Stone preparou para Maia (sim, ele deu os sanduiches exclusivamente para ela, porém Maia decidiu os dividir comigo), voltamos para nossa aventura floresta adentro.

A cada passo a mata se tornava mais densa. O caminho era muito íngreme, precisamos nos esgueirar por de baixo de galhos, subir e descer colinas, e os mosquitos estavam me fazendo sentir saudades dos gnolls, certamente preferia estar em uma batalha do que nessa expedição na floresta.

Porque a barreira mágica tinha que ser dentro da mata? Seria muito mais interessante se fosse à beira mar, decorada com tochas e pranchas de surf. Era assim que eu imaginava o Hawaii: um eterno luau, com nativos usando colares de flores e dançando ula. Mas até agora não ouvi sequer um aloha.

― Ainda falta muito?! ― perguntei ofegante. Estava com minha espada em mãos, cortando os galhos que invadiam nosso caminho, e também por segurança é claro, se alguma coisa aparecesse do nada estaria preparado.

― Estamos quase chegando ― respondeu Maia. Seus cabelos estavam desgrenhados e suas roupas sujas, devido às intempéries da floresta. ― O centro da barreira mágica fica logo depois daquele riacho ― disse ela apontando para um pequeno riacho que cortava a floresta.

Finalmente ― pensei. Tudo que eu queria era sair desse lugar.

Mas uma coisa estava me incomodando há algum tempo. Depois que os gnolls nos atacaram tudo estava calmo, calmo até demais. Normalmente os monstros não nos deixam dar dois passos sem pular em nosso caminho tentando nos matar, ou pior, nos roubar.

Bem, talvez no Hawaii os monstros não trabalhassem à tarde, ― pensei afastando essa ideia de minha mente ― quem sabe nesse momento todos estavam surfando em uma praia qualquer, aproveitando o sol e tomando água de coco. ― Pelo menos era nisso que eu queria acreditar.

O riacho não possuía correnteza, porém era largo e precisaríamos atravessá-lo a nado. Joguei minhas coisas para o outro lado, para facilitar a travessia. Maia fez o mesmo.

― Muito bem, ― disse eu fazendo uma reverência ― primeiro as damas.

Maia fez uma careta para mim e pulou na água. Em poucos segundos atravessou o riacho e chegou até a outra margem. Mas algo aconteceu, no momento em que ela pisou em terra um pó verde a envolveu, fazendo com que ela caísse inconsciente no chão.

― Maia! ― gritei.

Preparei-me para saltar também, mas pouco antes de me jogar dentro da água, ouvi um latido agudo e irritante. Virei-me e dei de cara com um pequeno pinscher latindo em um tom pouco ameaçador.

Grrrhh! ― rosnou o pequeno animal.

Minha primeira reação foi ignorá-lo, pular no riacho e nadar até Maia. Porém o cachorrinho rosnou e avançou em minha perna, de algum modo me segurando.

― Me larga cachorro! ― gritei sacudindo a perna. Mas como um cãozinho minúsculo desses poderia ter tamanha força?

Maia continuava desacordada na outra margem, eu estava tentando de todas as formas chegar até ela e ajuda-la, mas um pinscher de mais ou menos vinte centímetros estava me segurando.

― Solte-o precioso ― disse uma voz doce e delicada.

No mesmo instante o animalzinho afrouxou a mordida soltando-me. Ele andou em volta e sentou-se como se estivesse de guarda. Sem entender o que estava acontecendo, olhei rapidamente para a voz misteriosa que me libertou do feroz cachorrinho.

Oliver Turner e os caçadores de dragões - A chama sagradaDonde viven las historias. Descúbrelo ahora