café com poesia

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  • İtfaf edildi Flavia Lopes
                                    

Nem sempre gostei de café

Mas nos últimos tempos tenho apreciado

Xícaras após o desjejum

Não sei que tempos...

Às vezes, amiga, nada é o que é,

E tudo que temos ansiado

Reduz-se a tantos e tantos momentos

Que se tornam apenas um

Pegue as atendentes, por exemplo:

Algumas são mais carinhosas

Mas outras tiram um expresso sem igual

Às vezes, quando quero conversar,

Não me importo do café estar aguado

Mas noutras, quero apenas o melhor aroma,

O melhor café –

A nada dou a devida atenção

Nada é o que é...

Nem sempre gostei de café

Mas num dia li nalgum lugar que fazia bem

E desde então a cada bebericada

Tenho me sentido mais poético!

Mas, amiga, você que é poeta deve saber...

Na verdade o café ajuda a evitar infarto

Em quem está farto é de viver

E, mesmo, assim, há apenas uma chance,

Uma porcentagem

Uma incerta indefinição:

Da vida se fartar, ou infartar,

Eis a questão...

Eu não sei em que medida o café me ajudou

A ser mais poeta

Com qual matemática

Tem me auxiliado a tocar n’alma alheia

Mas sei que nunca fui tão poeta

Nunca fui tão eu mesmo

Quanto quando estava contigo

E o mundo todo estava alheio...

Nem sempre gostei de café

Mas será que foi ele quem me tornou mais poeta

Ou fui eu quem, acreditando nisso,

Não me importei de expor-me em verso?

Sei que hoje, amiga, uns tem me chamado assim:

De poeta

De conhecedor d’alma alheia

Mas como posso conhecer a alma de alguém

Senão da mesma forma que te conheci

E a trouxe para dentro de mim mesmo?

Se eu sou poeta, isso também é por sua causa,

E de todos os seus versos que adentraram minh’alma

E de todas as conversas sem sentido

E de todas as xícaras de café que não tomamos

Pois a poesia, como o amor, não faz sentido,

Nem se mede em porcentagens

Mas, de alguma forma sabemos,

Bem lá no fundo

Que ela é tudo que é

raph'11

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