Nem sempre gostei de café
Mas nos últimos tempos tenho apreciado
Xícaras após o desjejum
Não sei que tempos...
Às vezes, amiga, nada é o que é,
E tudo que temos ansiado
Reduz-se a tantos e tantos momentos
Que se tornam apenas um
Pegue as atendentes, por exemplo:
Algumas são mais carinhosas
Mas outras tiram um expresso sem igual
Às vezes, quando quero conversar,
Não me importo do café estar aguado
Mas noutras, quero apenas o melhor aroma,
O melhor café –
A nada dou a devida atenção
Nada é o que é...
Nem sempre gostei de café
Mas num dia li nalgum lugar que fazia bem
E desde então a cada bebericada
Tenho me sentido mais poético!
Mas, amiga, você que é poeta deve saber...
Na verdade o café ajuda a evitar infarto
Em quem está farto é de viver
E, mesmo, assim, há apenas uma chance,
Uma porcentagem
Uma incerta indefinição:
Da vida se fartar, ou infartar,
Eis a questão...
Eu não sei em que medida o café me ajudou
A ser mais poeta
Com qual matemática
Tem me auxiliado a tocar n’alma alheia
Mas sei que nunca fui tão poeta
Nunca fui tão eu mesmo
Quanto quando estava contigo
E o mundo todo estava alheio...
Nem sempre gostei de café
Mas será que foi ele quem me tornou mais poeta
Ou fui eu quem, acreditando nisso,
Não me importei de expor-me em verso?
Sei que hoje, amiga, uns tem me chamado assim:
De poeta
De conhecedor d’alma alheia
Mas como posso conhecer a alma de alguém
Senão da mesma forma que te conheci
E a trouxe para dentro de mim mesmo?
Se eu sou poeta, isso também é por sua causa,
E de todos os seus versos que adentraram minh’alma
E de todas as conversas sem sentido
E de todas as xícaras de café que não tomamos
Pois a poesia, como o amor, não faz sentido,
Nem se mede em porcentagens
Mas, de alguma forma sabemos,
Bem lá no fundo
Que ela é tudo que é
raph'11
ŞİMDİ OKUDUĞUN
você é um poema
ŞiirUma rima rápida é como um trovão de poesia: O retoar atordoa, e a luz se propaga com maestria. O que será um trovão de poesia? Imaginamos um trovão no céu chuvoso, ou uma chuva de palavras descoordenadas? Será que o trovão se refere apenas ao sentim...