you got me wrong and i played along

128 11 2
                                    

Jeongguk.

Eu não quero os seus olhos

Ουπς! Αυτή η εικόνα δεν ακολουθεί τους κανόνες περιεχομένου. Για να συνεχίσεις με την δημοσίευση, παρακαλώ αφαίρεσε την ή ανέβασε διαφορετική εικόνα.

Eu não quero os seus olhos. Não quero. Juro que estou tentando me convencer de que não os quero. Por isso reitero a minha falta de vontade: para transformá-la em realidade, para manifestá-la em nosso mundo como a única verdade cabível. Mas é difícil, muito difícil, praticamente impossível inverter a tal ponto a ordem das coisas — beira o impensável, e, a esta altura, acho até que se transforma em estupidez. Afinal, como posso não querer os seus olhos quando eles são tão insistentes? Como posso ter sucesso em me esquivar deles se eles não param, nem por um instante, de buscar e puxar os meus?

E eu sei que tenho culpa. Não fui nada sensato ao vir para esta festa hoje. Eu deveria ter imaginado que, num momento ou noutro, você iria aparecer. Esta situação era completamente evitável, mas eu nunca ajo como deveria agir. Na maior parte do tempo, na verdade, não contenho a mim mesmo. Mas estou me esforçando — talvez não tanto como poderia, mas juro que estou. Então eu vim para esta festa e prometi a mim mesmo que vou me segurar, que não vou te olhar, porque sei o que acontece quando te olho. Sei, sei mesmo, só eu sei, e sei melhor do que gostaria de saber. Só não sei se estou pronto para enfrentar o que acontece quando é você quem me olha; quando são os seus olhos, estes novos olhos que eu não quero e que temo conhecer, que sustentam e envolvem os meus.

Eu não te olhei diretamente desde o instante em que você chegou justamente porque você está me olhando, e, agora, te olhar enquanto você me olha se tornou um perigo. Sei que se você ouvisse o que eu penso me acharia idiota, mas estou falando sério. Uma troca de olhares, neste momento, é um verdadeiro risco. Aliás, menos do que isso já é um risco. O fato de estarmos no mesmo lugar é arriscado o bastante. E eu não preciso te olhar para saber que você está me olhando. As pessoas não mentem quando dizem que é possível sentir o peso de outros olhos quando depositados sobre a sua pele. E eu sinto o peso dos seus. Sinto, sinto o peso, mas também o vejo, e tal como o vejo, eu vejo você. Contudo, vejo você e vejo o seu peso sem de fato vê-los, porque a visão humana tem uma capacidade curiosa que às vezes se desapercebe. Eu te vejo como vejo o meu nariz — sob uma sombra, sob uma tentativa constante de esquecimento. Sei que você não sai daqui, sei que está bem marcado e recordado em mim, assim como tenho plena consciência de que você está apoiado numa parede a poucos metros de mim, vestindo a sua jaqueta jeans de sempre, calças pretas e sapatos brancos. Mas tento me confortar sob a ignorância da sua presença. Assim eu me privo de enlouquecer — ou ao menos finjo que atraso o processo.

A festa está animada, mas tranquila, tão tranquila que nem sei se podemos chamá-la de festa. Talvez fosse preciso mais algumas dezenas de pessoas para denominá-la de tal forma, mas também não me parece adequado aludir a este amontoado de gente como uma simples reunião. Ao meu ver, não somos mais do que existências mútuas e individuais, vários eus agrupados numa mistura heterogênea. Não me permito olhar para você, mas olho ao redor e, em volta, vejo os meus e os seus colegas, os seus e os meus amigos. E vejo também que, ainda que conversem entre si, que riam, que se olhem, que bebam e que fumem para transcender, eles não saem de si mesmos. São fora e são dentro. Incapazes do abandono próprio.

mil milhas [taekook]Όπου ζουν οι ιστορίες. Ανακάλυψε τώρα