Capítulo Vinte e Seis

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Matias Fonseca

Fazia anos que eu não sentia essa sensação tão boa e prazerosa que é abraçar o meu pai. É duro e doloroso lembrar da última vez que nos abraçamos dessa forma... com amor. Porém, maior que a tristeza é a minha felicidade em o ter em meus braços. Poder sentir a rigidez de seus braços, o calor de seu abraço, a proteção e carinho que esse gesto transmite. É surreal!

- Eu te amo, me perdoa. - É isso que ele sussurra em meu ouvido e eu paraliso por um instante.

Seus braços me apertam e ouço o barulho de seu choro, o que é uma enorme surpresa para mim. Meu pai está chorando abraçado a mim, dizendo que me ama e me pedindo perdão. E isso não é um sonho, eu sei que é a realidade, porém parece tão louco.

Eu sempre sonhei com esse momento, quando o meu verdadeiro pai voltaria para mim, mas depois de alguns anos eu achei que isso seria impossível. Mas veja onde estamos... está finalmente acontecendo e não tenho ideia de como reagir, do que dizer. Sinto meus olhos cheios e as lágrimas não demoram a se derramar por minha face. Meu peito está cheio, meu coração bate em uma frequência rápida, há um frio em meu estômago, é uma situação em que me sinto totalmente extasiado.

Ele voltou para mim.

Fecho meus olhos e afundo meu rosto em seu peito, fungando ao me sentir tão acolhido nesse abraço. É o meu pai, ele está vivo, ele foi me salvar, ele novamente está aqui por mim. E ele me ama. Ele me ama!

- Você é o meu bem mais precioso, perdão por tudo que fiz e falei nos últimos anos. Não há um só dia que não me arrependa de tudo e sei que vou carregar essa culpa até minha morte. Você não merecia nada disso. - Sua voz soa rouca e extremamente embargada pelo choro.

Sou afastado de seus braços e suas mãos pegam meu rosto, fazendo meus olhos se cruzar com os seus, que são idênticos aos meus.

- Eu fui a pior pessoa do mundo com você, mas prometo que a partir de hoje vou fazer tudo que tiver ao meu alcance para ser o melhor pai do mundo a você, aquele que você sempre mereceu. - Ele diz e sinto a sinceridade em suas palavras, seus olhos não o deixam mentir. Eu vejo que finalmente tenho meu pai comigo, após longos e tristes anos.

- Está tudo bem, pai. Eu estou feliz apenas por ter o senhor vivo e me abraçando - respondo, sincero.

Seus olhos me analisam e vejo mais lágrimas caindo de seus olhos. Ele balança a cabeça em negação e então volta a me abraçar com força.

- Eu não mereço ter um filho como você, mas juro que serei diferente. Meu maior objetivo será te manter seguro e feliz. Você nunca mais sairá dos meus braços.

Sorrio ao ouvir suas palavras, pois é exatamente isso que eu quero. Estar para sempre em seus braços acolhedores. Aqueles que me abraçavam sempre que eu estava triste, feliz ou apenas para me fazer sentir sua presença.

[...]

Caminho pelos corredores do hospital empurrando uma cadeira de rodas enquanto ouço os resmungos do meu pai, ele insistiu em ver Ícaro e mesmo sem entender muito bem eu estou o guiando até o quarto do meu namorado. Ok, nos parecemos acertados, mas ainda não sei realmente como reagir, principalmente com relação ao meu namoro. Levando em consideração que foi o fato de eu ser gay que me levou a toda essa situação com meu pai.

Para o meu alívio Sandro está ao nosso lado e por algum motivo desconhecido por mim sorri. Faço uma careta, suspirando e enfim chegamos ao quarto em que meu namorado e provavelmente sua família está. Respiro fundo e bato na porta antes de abrir. Me sinto extremamente nervoso, por isso junto minhas mãos ao entrar, para que ninguém note o quanto elas estão trêmulas

Vogelfrei | Livro 02 - Trilogia Destinos Where stories live. Discover now